segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Entrevista a Vítor Paneira - Primeira parte


De que clube era em criança? 
Benfica e Famalicão.

Como via um miúdo de Famalicão o Benfica? Achava possível ser profissional do clube no futuro? 
O Benfica era uma meta quase impossível de atingir, mas sempre foi o meu sonho.

É verdade que, tendo prometido ficar mais um ano no Vizela, quando o Benfica o quis contratar pediu para ser emprestado de forma a cumprir a palavra que tinha dado aos dirigentes do seu antigo clube? 
Sim, é verdade, mas também fazia parte do acordo entre os dois clubes.

Qual a sensação de jogar pela primeira vez na Luz representando o Benfica? 
É uma sensação única, ficará recordada para sempre.

Como é ser campeão com a camisola do Benfica? 
É um sentimento indescritível, não consigo encontrar palavras para descrever o que senti ao ver a alegria de milhões de Benfiquistas.

Voltaria a ser preso pelo Benfica? Conte-nos essa história da prisão; há muitos jovens benfiquistas que desconhecem o episódio. 
Claro que sim, o meu sonho sempre foi jogar pelo Benfica, portanto, em qualquer circunstância voltaria a fazer o mesmo. A história é a seguinte: num Domingo em que tive jogo pelo Benfica (não me recordo de momento qual foi o jogo, mas lembro-me que foi longe) e, devido ao meu compromisso, não me apresentei à 1h00 no Quartel do Porto, só me apresentando no dia a seguir o que desencadeou um processo (o qual não entendi) que me levou a essa situação.

Na altura em que jogou no Benfica, os jogadores quando iam ao Porto tinham uma atitude diferente da que vemos actualmente: mais corajosa, com um espírito mais forte e vontade de vitória. A que se deve esta realidade de algum temor que hoje o Benfica transparece sempre que joga no Dragão? 
Os tempos eram diferentes. No meu tempo, nós encarávamos os jogos como uma guerra. A equipa era essencialmente constituída por jogadores portugueses que sentiam muito mais a rivalidade entres os dois clubes daí a nossa entrega total, para nós não existia outro resultado a não ser a vitória ...

No Benfica-Juventus (2-1), depois de um dos golos foi festejar com os adeptos, junto à grade. Disseram-lhe alguma coisa específica? 
A única coisa que me passou pela cabeça foi partilhar aquele momento de alegria com os adeptos. O que senti foi o calor e o carinho deles, as palavras naquela altura não eram importantes.

Melhor jogo de sempre pelo Benfica? O Benfica-Juventus, o Benfica-Parma, Leverkusen-Benfica, o Sporting-Benfica (3-6) ou outro? 
Bayer Leverkusen-Benfica.

Treinavam muito a jogada que deu o terceiro golo em Alvalade no 3-6 ou saiu com algum improviso? Treinávamos, era uma das jogadas que nós trabalhávamos sempre e que surtiu efeito. 

Concorda que a última grande equipa do Benfica foi aquela que acabou em 1994? Sim, concordo.

Acha-se subavaliado? Ou seja: acha que, apesar de lhe reconhecerem qualidade, podia ter mais reconhecimento por ter sido, opinião pessoal, um jogador fabuloso? 
Acho que não, os benfiquistas reconhecem que eu fui um dos Grandes do Benfica e por isso sinto-me muito grato. 

Quantos milhões de euros valeria o Vítor Paneira em 2013? 
(risos) há 20 anos atrás já o Presidente do Benfica não me vendia por 1 milhão de contos (5 milhões de euros actuais). Hoje não sei ...

Sempre que tinha de recuar e jogar a lateral fazia-o com grande competência. Nos treinos procurava preparar-se defensivamente para o caso de ter de servir a equipa nessa posição? 
Sempre fiz mais que uma posição e por isso estava sempre preparado para ajudar a equipa.

Quantas e quais sensações passou no Leverkusen-Benfica? 
Imensas ... Foi um jogo único, que ficou na memória de todos os que participaram nele e em todos os Benfiquistas. Foi um dos jogos exemplo na Uefa.

Como foi jogar sob o comando de Artur Jorge, sabendo que estava a assistir à destruição de uma das melhores equipas de sempre do Glorioso? 
São momentos que temos de recordar anos depois com alguma responsabilidade porque alertei o Presidente Manuel Damásio do que se estava a passar e o que se poderia passar nos anos seguintes.

O que sente um jogador que é dispensado do seu clube do coração aos 29 anos que, como viria a provar em Guimarães, ainda tinha muito para dar ao mais alto nível? 
28, correcção. Para além de jogador era o meu clube por isso foi como parte de mim ter ficado ali, naquele dia.

Quando foi dispensado do Benfica, foi mesmo convidado pelo Sporting? Se sim, o que pesou na decisão de recusa? apenas o amor ao Benfica? Não poderia ter a tentação de assinar pelo maior rival para provar que ainda tinha muito a dar ao Benfica como, por exemplo, fez uns anos mais tarde, João Pinto? 
Não só recusei o Sporting como também o Porto. A minha grande realização foi no Benfica como jogador e não fazia sentido jogar num dos rivais.

Mantém contacto com Artur Jorge? 
Não, é impossível.

Que reacção teve à agressão de Sá Pinto ao antigo técnico e jogador do Benfica? 
Achei despropositada e sem sentido (nunca o faria ).

Estabelecendo um paralelismo com o final desta época, o que sente um jogador depois de perder uma final europeia? 
É a vontade de desaparecer e ficar isolado durante muito tempo.

O que sente ao ver o Estádio da Luz vazio numa noite europeia? 
Uma mágoa muito grande. Em qualquer jogo, no meu tempo, teríamos no mínimo 60, 70, 80 mil pessoas.

Enquanto jogador recusou ir para o Sporting. E agora, enquanto treinador? Aceitaria? 
São outros tempos. Possivelmente.

Enquanto esteve no clube, teve 3 Presidentes: João Santos, Jorge de Brito e Damásio. Com que opinião ficou dos 3? 
3 grandes presidentes, especialmente João Santos e Jorge de Brito, mas sendo Presidentes do Benfica serão sempre os meus Presidentes.

Quais os cinco melhores jogadores com quem jogou? E o melhor treinador? 
Ricardo Gomes, Manuel Bento, Rui Costa, João Pinto e Magnusson. Toni e Eriksson.

Como analisa as já recorrentes reacções menos polidas do capitão Luisão (encontrão ao árbitro, insultos aos adeptos), tendo em conta que é o capitão do Benfica? 
Como capitão às vezes temos reacções para defender o grupo que por vezes os adeptos não compreendem. 

O que acha de o Presidente ter dito que não podia ser avaliado pelos resultados desportivos? 
Houve um trabalho extra-desportivo de grande mérito do actual Presidente. Desportivamente tem proporcionado bons plantéis aos seus treinadores.

Acha que a actual estrutura dirigente do Benfica "despreza" bastante algumas das suas grandes estrelas do passado, onde se inclui o Vítor?  
Comigo em particular têm sido correctos.

Acha-se com capacidades para chegar a treinador do Benfica? 
Sim, claro. se fui jogador também posso ser treinador. 

A mística benfiquista perdeu-se definitivamente ou está apenas adormecida? 
Apenas adormecida, a mística nunca se perde. 

E se tu fosses Presidente do Benfica?

Imaginem que são o Presidente do Benfica. Esqueçam tudo o que o actual tem feito e vocês nunca fariam porque são benfiquistas - apoiar corruptos do Apito Dourado para Liga e Federação; mentir descaradamente aos sócios e adeptos do Benfica; antecipar eleições para não ter concorrência; recusar um debate nas eleições; mudar os estatutos de forma absurda para se blindarem no poder; dizer uma coisa num dia e um mês depois o seu contrário; etc, etc, etc.

Esqueçam tudo o que não fariam porque são benfiquistas. Imaginem só que vos acontecia, não por falta de benfiquismo mas por incompetência própria, passarem 10 anos a tentar levar o clube às vitórias, conseguindo apenas 2 Campeonatos Nacionais e 1 Taça de Portugal. Quem, sendo benfiquista, não teria vergonha e não se demitiria, dando lugar a outros que pudessem pôr o clube a ganhar, que é a sua génese e o seu sangue?

É só isto. E isto diz tudo.

Um país que não sabe escolher

Os resultados em Oeiras não podiam explicar melhor o que é este país. Inundado de gente para quem a submissão ao poder, a incapacidade de reflexão e a ausência de princípios morais são viscerais características, Portugal escolhe para o governar quase sempre malandros, quase sempre incompetentes, quase sempre mentirosos. No Benfica, clube com a maior massa adepta do país, não é diferente.


domingo, 29 de setembro de 2013

O benfiquista Abílio

19:43, semáforo vermelho na Praça de Espanha. Vemos de cima, com câmara panorâmica. À esquerda da imagem, filas de carros amontoam-se uns nos outros, junto às árvores. Esperando. À direita, saem avançando devagar, depois acelerando outros carros. Contornam as curvas de passeios, levam luzes, cai a noite. Para onde irá esta gente? Dentro de 4 ou 5 horas, a Praça estará entregue a viajantes solitários, esporádicos, nocturnos. Agora não. Tudo cheio e cansado. Cada um dos humanos sentados na sua casa de rodas leva o coração e a vida, a tristeza e a esperança, fazendo pontos de embraiagem, depois seguindo em segunda, terceira, segunda outra vez, terceira, quarta. E a quinta, a necessária e urgente quinta, que os leve ao sonho, onde está?

Olhos desfocados no horizonte de um céu que ainda tem rosa e lua a rebentar, luzes difusas de casas que abriram cozinhas para o mundo, Abílio espera pelo verde enquanto ouve o hino da Taça dos Clubes Campeões Europeus - chama-lhe sempre assim, detesta o novo acordo ortográfico e as estrangeirices. Sobe-lhe a música dos pedais às pernas, dos joelhos ao estômago, do peito aos olhos. O narrador anuncia: «As equipas estão alinhadas no relvado, o árbitro suíço está vestido de amarelo, o Estádio está composto. Diria um pouco mais de meia-casa. Jorge Fonseca, o que achas?» e o Jorge Fonseca dirá, com os pés no terreno, que talvez esteja menos de pouco mais de meia-casa e que houve uma homenagem a um antigo jogador do Benfica, devidamente premiado com uma medalha por parte do Presidente que «desceu até ao relvado».

Nada disto Abílio ouviu, perdido a focar uma marquise onde lhe parecia que estavam os seus pais e avós, a casa antiga que o tinha criado, a lareira grande com bancos dentro, sacas de batatas e pimentos vermelhos metidos em caixas de cartão com imagens de morangos do lado de fora. Vivia-se bem naquele tempo, poucos luxos é certo mas talvez houvesse uma dignidade entretanto desaparecida na confusão da cidade de luzes e marquises, semáforos, o som do motor, o táxi a debitar chamamentos com vozes de uma mulher a perguntar latitudes. Qual a latitude das saudades? 

O verde apareceu, Abílio carregou no acelerador, levantou a embraiagem, pôs a mão na primeira e pensou que o Benfica tinha de ganhar aquele jogo. Ia a fazer o 11 na cabeça, perdendo-se sempre no lateral-esquerdo e nos médios, sem saber se era o brasileiro que tinha chegado se o sérvio que era muito bom, quando viu uma mão acenar-lhe. É um jogo curioso, o de Abílio, esse de tentar concluir pelo menos três factos sobre a pessoa antes de ela entrar no carro. Há anos que faz isto, surpreendendo-se sempre com a percentagem de acerto. Abílio procura adivinhar três características sobre o seu cliente antes que o cliente abra a porta da sua viatura: profissão, clube de futebol e estado civil. As pessoas têm luzes sem se aperceberem.

Desta vez, porém, Abílio ia inundado de afectos e saudades. Tinha a infância toda no colo e um jogo do Benfica na rádio. Não fez o exercício, limitou-se a parar, esperar pela escolha que o cliente faz da porta a abrir - sempre mais interessantes os que decidem ir a seu lado em vez do refúgio dos lugares traseiros -, ouvir as latitudes - sempre as latitudes -, assentir com um gesto robótico, dizer que "sim, senhor" e seguir viagem por entre as ruas de Lisboa, que apesar de tudo e dos anos ainda o surpreendem pela variedade de becos esconsos, linhas tortas, probições de sinais, belezas que encontra sem aviso nem alertas. O Senhor Figueiredo escolheu refugiar-se, para Abílio um alivio. Podia ouvir o Benfica, lembrar-se do arroz de tomate da mãe e ir estando atento ao telemóvel não fosse a ex-mulher ligar-lhe num assomo de ternura. A verdade é que Abílio tinha pena de não poder ver o Benfica, de não poder ir ver se o refogado já estava no ponto para pedir à mãe o privilégio de atirar o caldo de tomate ao encontro das cebolas amolecidas, de não poder voltar a casa e ter uma pessoa à sua espera. Eram 12 horas por dia enfiado no cubículo, intervalos espaçados para um cigarro e almoço. O resto dividir espaço com desconhecidos, receber dinheiro, dar moedas, dizer "Bom dia", depois "Boa tarde", já sem chama "Boa noite". 

«Goooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooolo, golo, golo, golo, golo, golo, goooooooooooooooooooooooolo, Taca, Taca, Taca, Taca, Taca, Taaaaaaaaaaaaaaaaaaaaacuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaara, Benfica, golo, golo, golo, golo, goooooooooooooooolo, Enzo flectiu na direita, fintou um adversário, deixou em Maxi que cruzou para a área e Cardozo finalizou de cima para baixo, golo, golo, golo, é goooooooooooooooolo do Benfica!». Foi desta forma que Abílio recebeu da rádio a bola no peito, esperou pela gravidade e rematou para as redes. Gritou, gritou muito, tudo, gritou o mundo contra os vidros dianteiros, contra os semáforos e luzes e prédios e praças e becos e carros, contra os Bons-dias, os Boas-noites e as Boas-tardes, os jogos de adivinhação sobre vidas dos clientes, as saudades do arroz de tomate, das ternuras da ex-mulher, dos insultos das pessoas, das moedas do bem e do mal, dos trocos. Ia passando tão perto do golo, seguindo Segunda Circular adentro, em frente à Luz, que sentiu ainda a maresia do cabeceamento de Cardozo, o vento que a bola levou até à baliza, as pernas dos adeptos, os braços dos adeptos, o grito dos adeptos ecoando pelo Estádio. 

Não tinha cachecol, agarrou-se ao pequeno galhardete que tinha agarrado ao retrovisor, beijou-o, soltou impropérios, esmurrou o ar tantas vezes que os átomos em cima do volante acabaram estatelados contra o vidro da frente, cantou: «BENFICA, BENFICA, BENFICA, BENFICA, BENFICA». Foi só depois, muito depois, 2 minutos e 43 segundos depois (eternidade do golo), que se lembrou do cliente que levava no carro. Um senhor aprumado, bigode aparado, elegante, rindo-se muito e fazendo com o punho direito um sinal de comunhão e felicidade. Foi o dia em que Cosme Damião andou pela primeira vez num táxi.

sábado, 28 de setembro de 2013

O problema do Benfica tem bigode

Eis que o adepto benfiquista começa a queimar Jesus em lume brando. O normal. Queimam-se treinadores para não ver onde está o problema. Jesus, com todos os defeitos que tem e não têm sido poucos os erros cometidos, só falha não porque não seja bom treinador mas porque, primeiro, tem demasiada liberdade dentro do clube; porque, segundo, tem tido invariavelmente péssimos planeamentos de época por parte da Direcção; terceiro, a esquizofrenia estratégica de Vieira - desculpa-se constantemente com os árbitros enquanto apoia por duas vezes um corrupto do Apito Dourado, diz ter gostado muito das explicações de Proença no Seixal, entre tantos outros absurdos - aniquila a possibildade de uma época favorável ao treinador.

Qualquer que seja o técnico, os erros estruturais, desportivos e de organização continuarão a existir enquanto Vieira e os seus igualmente incompetentes Vice-Presidentes  - uma misturada de lambe-botas com antigos críticos que, a troco de tacho, se venderam e passaram a defender precisamente o contrário do que defendiam antes - por lá se mantiverem. Pode ser Mourinho, Guardiola ou outro qualquer. Com este perdedor a Presidente do Benfica, só de 5 em 5 anos ganharemos um título nacional. Quanto mais rápido os benfiquistas perceberem isto, mais facilmente poderemos lutar por ressuscitar o Benfica.

A Champions será nossa

Excelente jogo do Benfica que só não deu goleada porque sofreu as agruras do clima - uma chuva bastante corrupta -, do relvado - o terreno é claramente avençado -, dos adeptos - portistas infiltrados que até pagam bilhete para ir desestabilizar a equipa -, da bola - há muito que se conhece o anti-benfiquismo deste couro - e do treinador do Belenenses - que inventou um problema de saúde para moralizar ilegalmente os seus jogadores. Contra tudo e contra todos, estamos no rumo certo. O golo do Belenenses? Em fora-de-jogo. Inequivocamente.

Os 10 rinocerontes africanos

Grande parte dos meus amigos está a desistir. Eu estou a desistir. Gente que ia a todos os jogos, a todas as Assembleias-Gerais, que comprava camisolas todos os anos, que pagava bilhetes a outros que nunca tinham ido ao estádio. Gente que, por pior que estivesse o Benfica, tinha orgulho e brio no seu clube. 

Na fase negra do Damásio e Vale e Azevedo, não ganhávamos nada mas não nos acomodávamos a isso. Hoje, não ganhamos nada e há um sentimento generalizado de aceitação. Falamos com benfiquistas apoiantes deste estado de coisas e eles dizem-nos que "estamos a caminho de ganhar". O Benfica nunca pode estar a caminho de ganhar; o Benfica ganha. O Benfica tem de ganhar. Quando deixa de ganhar, deixa de ser Benfica. O pior de tudo é que não estamos a caminho de ganhar absolutamente nada. O rumo que o Benfica está a seguir é o de perder consecutivamente porque não está preparado, não tem capacidade, não tem organização, não tem inteligência, não tem estratégia, não tem rumo. O Benfica continuará a perder porque deixou de achar obrigatório ganhar.

Este Benfica é um Benfica de desculpas, de paranóias, de mentiras. É um Benfica maricas, sempre a culpar tudo e todos pelos seus próprios erros - e aos erros exteriores potencia-os, apoiando corruptos do Apito Dourado, recebendo Proenças no Seixal, entrando em jogos de comunicados ridículos aportizando-se cada vez mais, benfiquicando-se cada vez menos. Os adeptos ouvem mentiras atrás de mentiras, promessas não cumpridas, falsidades, enganos, desvarios há 10 anos e continuam a acreditar em todas elas, sempre que o Presidente vem anunciar um novo rumo, um futuro brilhante, uma nova epopeia.

Não há epopeia nova, brilhante futuro, rumo novo. O único caminho a ser trilhado é o do abismo. Todos os anos vem nova frase para papalvo comer. A deste ano é que estamos endividados até aos cabelos porque "temos o melhor plantel dos últimos 30 anos". Esta gente conhecerá o Benfica? Lembrar-se-á do que foi o Benfica? Há sempre uma desculpa, uma justificação para os sucessivos erros, por mais idiota que seja. Estamos endividados porque temos o melhor plantel dos últimos 30 anos. Outra vez: estamos endividados porque temos o melhor plantel dos últimos 30 anos. Que comprimido para a demência terá esta gente tomado? Nem o plantel é o melhor dos últimos 30 anos nem isso justificaria a incompetência de gestão que afunda o clube numa falência financeira, social e desportiva. Gerir não é endividar o clube e vir justificá-lo com escolhas desportivas. Um clube bem gerido escolhe bem, acerta quase sempre, controla as suas contas. O Benfica é tudo menos um clube bem gerido.

A nova frase feita, a que nos papaguearam este ano, é a de termos um plantel para ganharmos a Champions. Mas qual Champions, caralho? Nem uma Taça da Liga ganhámos o ano passado e agora vamos ganhar a Champions? O Presidente diz a primeira merda que lhe vem à cabeça e lá vão uns milhões de papalvos atrás. Se Vieira fosse para a Benfica TV dizer que nos últimos 10 anos só ganhámos 2 campeonatos, apoiámos corruptos do Apito Dourado, criámos uma situação de ditadura dentro do clube que nem permite que sócios falem em Assembleias-Gerais, entrámos em falência técnica, transformámos a exigência dos benfiquistas numa miserável apatia e num autismo sem paralelo, se Vieira viesse justificar isto tudo porque este ano comprámos 10 rinocerontes africanos que, como se sabe, custam muito dinheiro e exigem que se apoie corruptos do Apito Dourado, se perca consecutivamente e se endivide monstruosamente o clube, estas pessoas acreditariam. Pior: papagueariam a medida.

- Tu tens de perceber que isto não se faz de um dia para o outro. 
- Mas... são 10 anos. É preciso mais tempo?
- Claro. Os primeiros 10 foram de recuperação financeira.
- Mas estamos endividados.
- Não estamos nada. Estamos a apostar fortemente no melhor plantel de rinocerontes africanos para no futuro ganhar.
- Mas não ganhamos nada.
- Não ganhávamos. Este ano vamos ganhar a Champions com os nossos 10 rinocerontes africanos. Rinocerontes africanos à Benfica!
- Mas a recuperação não estava feita em 2006? O Presidente não disse que a partir dali seriam os mandatos desportivos? É que passaram 7 anos.
- Foi optimista. O Presidente, como grande benfiquista, acredita muito. Até acredita a mais. Precisamos de mais 10 anos.
- E entretanto o que fazemos? Apoiamos corruptos?
- Foi estratégia.
- Estratégia de quê? De merda?
- Não sejas anti. Estratégia para enganar o sistema.
- Mas os benefícios ao Porto não continuam?
- Sim, porque o sistema é muito forte e precisa de ser desmantelado.
- Apoiando corruptos para os órgãos de poder? Recebendo e gostando muito das explicações de Proença no Seixal?
- Claro, temos de fingir que não sabemos o que se passa.
- Então daqui a quanto tempo é que voltaremos a ser Benfica?
- Já este ano. O nosso plantel de 10 rinocerontes africanos não dará qualquer hipótese.
- E o sistema? Não aguenta a força de 10 rinocerontes africanos?
- Pois, o sistema pode voltar a prejudicar-nos. 
- E então? Voltamos a não ganhar?
- Se não ganharmos, é porque o sistema não facilitou. Mas se não for este ano, será para o outro.
- E se não for para o outro?
- Será daqui a dois anos.
- E se não for daqui a dois anos?
- Não interessa. Estamos muito bem posicionados no ranking.
- O ranking é título?
- É um título, sim. Uma prova da competência desta Direcção!
- Competência não é ganhar?
- Não ganhamos por causa do sistema.
- O sistema que nós apoiamos inequivocamente?
- Já te disse, é estratégia.
- De merda?
- De génio. Mais 10 anos e seremos maiores do que o Real Madrid!
- O Real Madrid também não ganha nada?
- Ganha, mas porque faz parte do sistema.
- Não era o Barcelona?
- São os dois. Eles lá são os dois do sistema.
- E o Manchester? Vamos ser maiores do que o Manchester?
- Vamos. Daqui a 15 anos.
- Em Inglaterra não há sistema?
- Há. O Manchester ganha porque controla o sistema.
- Apoia corruptos para os órgãos de poder?
- Começou por apoiar, sim. Depois de 15 anos, finalmente ganhava.
- Então devemos apoiar inequivocamente o sistema para perdermos durante 15 anos e depois então ganhar?
- Sim. Roma e Pavia não se fizeram num dia.
- Mas o Benfica não devia ter força e inteligência para controlar o sistema? Não é essa uma das responsabilidades de um Presidente competente?
- O Benfica tem isso tudo. Mas os astros estão alinhados com o sistema. Não fosse a força da gravidade, o Sol e a Via Láctea e ganharíamos consecutivamente.
- Mas não disseste que ganharíamos já este ano?
- Sim, vamos ganhar. Endividámo-nos pornograficamente, apoiamos corruptos do Apito Dourado e ganhámos 2 campeonatos em 10 anos para este ano podermos ganhar a Champions com os nossos 10 rinocerontes africanos. É na Luz, não sabias?
- Sabia. Por ser no nosso estádio, vamos chegar à final?
- Sim, é uma crença que tenho.
- E os astros contra nós?
- Apoiamo-los inequivocamente este ano.
- Os astros são corruptos?
- São. Por isso é que os apoiamos. 
- Apoiamos tudo o que é corrupto?
- Sim. É estratégia.
- De merda?
- De génio. Este ano é para ganhar tudo. Inclusivamente o campeonato nacional da internet.
- Na internet não há sistema?
- Há, mas está enfraquecido. Já o apoiámos inequivocamente para o fragilizar.
- E os 10 rinocerontes africanos?
- Fortes. Munta fortes. Seremos maiores do que o Bayern de Munique.
- Já este ano?
- Daqui a dois anos. Este ano é para consolidar a nossa posição no ranking.
- Sendo eliminado da Champions e fazendo pontos na Liga Europa?
- Não. Este ano vamos ganhar a Champions.
- Para termos títulos?
- Não, para consolidar a nossa posição no ranking e vendermos astronomicamente jogadores.
- Vamos vender os nossos 10 excelentes rinocerontes africanos?
- Não faz mal. Depois compramos 10 papagaios louros. 
- Da Malásia?
- Sim, temos lá uma equipa de prospecção fabulosa. O futuro está nos papagaios louros da Malásia.
- Quem disse?
- O grande Presidente. Há que apostar fortemente nos papagaios louros da Malásia.
- E se não ganharmos nada com os papagaios louros da Malásia?
- Teremos de apoiar ainda mais inequivocamente o corrupto Facturas.
- E o Benfica?
- O que é isso?

Contas aprovadas

«Estávamos à beira do precipício, felizmente demos um passo em frente»

João Pinto, algures nos anos 90.

Apoia o Proença

«Eu estava lá quando o Pedro Proença foi ao Seixal. Gostei muito das explicações dele»

Luís Filipe Vieira, Agosto 2013.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O chumbo

Fundamental ir hoje à Assembleia-Geral (20h30) e CHUMBAR o Relatório e Contas da época 2012/2013. Por três motivos essenciais:

- Primeiro e mais óbvio: as contas já não são só preocupantes; começam a tornar-se trágicas. A tendência tem sido apresentarmos resultados cada vez mais negativos numa espiral que só terá fim quando esta gente de lá sair e chegar alguém que possa recuperar os pornográficos endividamentos e consequentes juros em que o Benfica está enfiado. Já nem vendas astronómicas servem para compensar o destino rumo ao abismo.

- Porque esta Direcção merece não um cartão amarelo, mas um vermelho. O ano passado levou o primeiro amarelo com o chumbo do Relatório e Contas mas logo a seguir houve eleições e a contestação esboroou-se. É importante voltar a chumbar as contas e forçar a Direcção a assumir responsabilidades.

- Esse assumir de responsabilidades constitui a necessária consequência do terceiro motivo: averiguar se esta gente terá coragem de, em dois anos consecutivos, ver as contas chumbadas e não proceder, como é de lei moral, a nova Assembleia-Geral. Lembro que, na nossa História, só por duas vezes os sócios votaram contra o R&C: a segunda o ano passado - sem qualquer atitude por parte da Direcção, o que é lamentável e absurdo - e na altura de Manuel Damásio - episódio que o "obrigou" a apresentar a demissão (no meio da sua incompetência, esse era benfiquista e tinha alguma vergonha na cara).

Sabemos que estes dirigentes não têm qualquer respeito pelo Benfica e pelos seus sócios; sabemos que, caso as contas forem reprovadas, para esta gente será exactamente igual a serem aprovadas - tanto lhes faz, estão blindados no poder e farão o que quiserem. Mas é sempre bom verificarmos, com actos concretos, o caciquismo que grassa dentro do Benfica. E talvez possa abrir mais uns olhos, que ainda anda por aí muita malta a dormir.

“Quem me conhece sabe”



Facilmente reconheceremos o autor de tão entusiasmante frase, repetida ao expoente do enjoo. Sempre que nalguma intervenção pública, Vieira se sente “apertado” pelas perguntas dos que o interpelam, refugia-se numa qualquer frase que comece por “quem me conhece sabe”, seguindo-se enigmáticas conjecturas sobre o obscurantismo, secretismo e acerto das decisões e métodos que só quem o conhece sabe.

O pequeno problema neste “quem me conhece sabe” do presidente, no que ao Benfica diz respeito, é que, na verdade, quem interessava que o conhecesse, isto é, simpatizantes, adeptos e sócios, não o conhecem.

Para se conhecer alguém é necessário um nível de convívio assinalável, coisa que, clara e obviamente, a esmagadora maioria dos amantes Benfiquistas não têm com o seu presidente. Não têm com este ou qualquer outro que lhe antecedeu e/ou lhe sucederá.

Então como poderão os adeptos conhecer quem os dirige? Apenas pelo que diz e/ou faz ao longo dos tempos.

Se atendermos ao que vai dizendo Vieira a coisa complica-se, já que se torna difícil conhecer o que pensa uma pessoa que diz tudo e o seu contrário em espaços temporais diminutos, sabendo-se apenas que poderá ser alguém que navega ao sabor do que pensa ser a ambição auditiva da sua plateia ou, mais grave, apenas e tão só, um mentiroso.

Se atendermos ao que faz, chegamos à conclusão que Vieira escolheu a presidência errada, isto é, Vieira não serve para presidente de qualquer entidade que ambicione vitórias desportivas, mas estou certo que daria um fantástico autarca, pois não ganha, mas endivida a entidade a que preside e faz obra. Quase que apetece imaginar que o sonho de Vieira seja ligar o Estádio da Luz e o Centro de Estágios do Seixal por sucessivas rotundas.

Em suma e imaginando-me na mente de Vieira, “Quem me conhece sabe… que adoro dizer o que vocês querem ouvir, ainda que me contradiga vergonhosamente, adoro mentir com quantos pelos ostento no bigode e que sou doido por betão, desde que haja quem pague.”

Voltando à condição de mero adepto e sócio – um dos tais que paga o betão, mas sonhava pagar títulos – sinto-me na ânsia de dizer: Quem o conhece sabe que em 13 anos conquistou 2 títulos de campeão nacional de futebol, quem o conhece sabe que não assume os insucessos de quem escolheu e dirige, quem o conhece sabe que o senhor desconhece os valores básicos do Benfiquismo, quem o conhece sabe que está agarrado ao poder, quem o conhece sabe que é incompetente, quem o conhece sabe que não mudará num dia o que demonstrou ser em 13 anos.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Histórias do fim da Arrábida

Na minha aldeia há um louco como há em todas as aldeias. A quota de loucos nas aldeias não deve superar o estabelecido em lei popular: um por aldeia, no máximo dois, se se verificarem as condições ideais para a convivência entre eles. O louco deve poder enlouquecer as vezes que quiser, quando quiser, por uma qualquer louca razão em todos os segundos da sua existência. Havendo outro igual ou parecido, o equilíbrio cósmico pode sofrer nefastas consequências; a mais evidente, claro, a possibilidade de alastrar aos outros todos, os sãos. 

Numa aldeia há só dois tipos de gente: os sãos e o louco. Alguém que se intrometa a meio caminho ou decida, por evidente estupidez, colocar-se junto ao louco, deve ser imediatamente tratado como louco, o que pode enlouquecer muita gente. É imperioso que o louco tenha acesso controlado aos sítios de copofonia e debate futebolístico. 

Pode passear-se loucamente pelo jardim, comer de forma bizarra pedaços de revistas na papelaria do largo central, passar as mãos pelos cabelos de cobre da estátua do homem mais importante da História da aldeia. O louco deve poder atirar-se para a estrada com os carros em movimento - há mesmo gente que incentiva o louco à vertigem da estrada, numa sórdida, mas sã, manifestação de louca liberdade. É admissível que ao louco sejam permitidos desvarios tais como fingir-se de cão, vestir-se de mulher sem ser no Carnaval (época onde todos podem enlouquecer um bocadinho), gritar que a lua está de facto amanteigada, imitar pinheiros, longamente conversar com formigas ou posicionar-se de cuecas a meio da rotunda a dirigir impropérios aos carros brancos que por ali passem - o louco deve poder não gostar de carros brancos. 

Cuidado é quando o louco entra, sem aviso, numa tasca onde vemos futebol. Estraga logo o ambiente, é certinho. Estavam três sportinguistas a ver o Olhanense-Sporting e a dizer mal do árbitro, compenetrados naquela importantíssima função da vitimização patológica, um vitoriano que só fala para dizer que o de Guimarães é a cópia do de Setúbal, duas senhoras acabadas de vir da pedicure das vaginas, e um benfiquista - eu. 

O louco sentou-se ao meu lado. Tirou os dois elefantes que trazia no bolso direito, colocou-os em cima do balcão, ajeitou-lhes as penas, verteu-lhes o leite para um jarro que tinha no bolso esquerdo e pediu uma mini. Ao lado da pata de um dos elefantes, estava uma espécie de carteira; uma coisa que eu uso para enfiar cartões e meter moedas. O primeiro deles, em cima de todos os outros, glorioso orgulhoso gargalhante, o cartão de sócio do Benfica. O louco atirou os 7 olhos que ele tem para o símbolo do Benfica e riu-se sem aquela moderação das pessoas sãs. Riu-se muito, gargalhou mais, ficou feliz. Abriu os braços em dança, fazendo de maestro «Jacinto, serve uma grade de minis a este amigo».

O Jacinto, profundo conhecedor de loucos, exímio especialista na arte da sociologia popular, conhecido comerciante da apurada arte da esperteza, vociferou contra o louco que não dissesse disparates «deixa o rapaz ver o jogo, Fatã, vai ver se os pássaros ainda mijam». Não havia naquele tasco um único pássaro, o que naturalmente indignou Fatã, que sentiu o poder da discriminação torpe inundar-lhe o topo da cabeça, começando a coçá-la sem grandes pudores, retirando pedaços de lenha do seu interior e acendendo a faúlha que avançou, subindo pelos átomos da taberna, até ao tecto e depois descendo aos soluços, em fogo-de-artifício. 

O Montero fazia um golo em fora-de-jogo. Fatã preocupadamente reclamou! Que não podia ser assim, o futebol estava cheio de helicópteros, hediondos horizontes e hipopótamos. Os sportinguistas riam-se uns para os outros e arranjavam nervosas desculpas «ah, finalmente um benefício». Lembrei-lhes do golo contra o Benfica. «Esse não conta, foi milimétrico». Fatã não gostou daquela falta de honestidade e enviou dois tigres da Malásia que tinha em cima da orelha, junto ao cigarro que guardava para a «grande ocasião», comer as figadeiras dos adeptos do Sporting. 

Fatã tinha e esperava uma grande ocasião. Por isso, levava em cima da orelha direita um cigarro com mais de 20 anos. O cigarro estava amarelecido, mirrado, já com pouco tabaco lá dentro. Era um cigarro comprado perto do Estádio da Luz, depois de um grande golo de Rui Águas e um voo de uma águia que voava nos céus de Lisboa antes de ser amestrada à função de faz-palmas. A grande ocasião, dizia-me Fatã, chegaria no dia em que o dia se tornasse noite sem aviso, um momento que juntasse luz e sombra, sol e lua, vida e morte, obscuro e obclaro, mar e terra, música e flores, som e vida, morte e silêncio. Nesse dia, o louco Fatã fumaria aquele cigarro. 

Até lá, cuidaria dos seus elefantes, dos tigres da Malásia que já não tinham mais ninguém nem fígados para comer, dos pássaros lá fora que sem mijar voavam e não anunciavam por educação ao Jacinto que naquela tasca o cheiro era insuportável para um pássaro. «Há-de chegar, Fatã», «só pode chegar», atirei-lhe eu enquanto comia a grade e bebia as minis. Nunca vi elefantes tão bem cuidados como os do Fatã. 

Obrigatório ateísmo

Se mais razões fossem precisas para sabermos que Deus não existe, bastaria ter em atenção estes dois factos:

- Van Der Gaag, bom treinador e excelente ser humano, foi obrigado a afastar-se do futebol por razões de saúde.

- Pinto da Costa, ser humano de excremência e corrupto inveterado, está há 35 anos no futebol e promete ficar mais uns quantos.

Ser ateu já não é uma escolha. É uma obrigação.

Um clube à deriva é isto

«A estratégia é termos cada vez mais jogadores portugueses no plantel. Este é o último ano em que vamos precisar de vender jogadores» - Luís Filipe Vieira, 23/08/2013

«Benfica não será equipa de portugueses no futuro» - Luís Filipe Vieira, 25/09/2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Perguntem ao Paneira!

Como já anunciado no facebook do blogue, o mito Vítor Paneira aceitou dar uma entrevista aqui a esta taberna. Se quiserem, atirem para aqui perguntas que queiram ver respondidas que depois seleccionarei as melhores e/ou as que se enquadrem melhor na estrutura da entrevista (já tenho o esqueleto).

É o nosso Paneira, companheiros. Sejam criativos. Perguntem coisas que tragam respostas interessantes e desconhecidas. 

Inequivocamente

«Benfica TV é um passo atrás.» - Fernando «facturas» Gomes.

À falta de melhor…



No meu ultimo post, mais concretamente na forma de comentário ao mesmo, ainda que quebrando a “promessa” de não dar a minha opinião sobre o assunto, dei a conhecer o que pensava sobre a situação ocorrida em Guimarães, envolvendo o nosso treinador.


Aquele comentário foi mesmo o único que quis e quero fazer sobre o assunto. Uns concordaram, outros discordaram, tudo legitimo, nada contra. 


Ainda assim, depois de ver a entrevista dada pelo nosso presidente à CMTv, apetece-me suplicar-lhe para que, antes da próxima entrevista a explicar novo caso qualquer no Benfica, passe cá pelo “tasco” e anote alguns argumentos de quem sustenta aquela que for a sua opinião, porque, concorde-se ou não com o acto de Jorge Jesus, argumentar que o nosso treinador nem sabia que eram policias que ali estavam; argumentar que não viu que se tivesse passado algo de relevo para depois admitir, entre dentes, que há coisas que não se devem passar num campo de futebol, desculpe Luís Filipe Vieira, mas isto é mau de mais.


Pergunto: É nesta base argumentativa que o Benfica espera evitar a punição, seja penal ou desportiva, do seu treinador? É com esta força de argumentos que acha conseguir desvalorizar o caso? Repito, passe por cá e facilmente verá argumentos incomparavelmente melhor sustentados.


Desta entrevista fica ainda a certeza de que no Benfica há duas intenções para o mesmo caminho, isto é, Jorge Jesus e o presidente não concordam com os objectivos estabelecidos para a época vigente.


Se por um lado, ainda na defesa de Cortez o disse, temos Jorge Jesus a afirmar peremptoriamente que a grande prioridade é e sempre será o campeonato, sendo a competição europeia uma prova secundária para o clube, ainda que a final se jogue entre portas, por outro temos o presidente a afirmar que se o clube prescindiu de 130 milhões de euros durante o defeso, tendo ainda adicionado investimento, não foi para deixar de poder vencer todas as competições em que estamos inseridos, deixando ainda no ar a clara ideia de que pretende chegar à final da prova europeia.


Perante isto, apetece dizer: Decidam-se! Decidam-se e, já agora, combinem o que devem dizer, para que não digam coisas opostas, pois a malta cá do “ontem” é bem capaz de dar conta e achar que não há quem mande.


Se, perante o investimento feito no plantel e treinador, não posso deixar de exigir o campeonato e a passagem à fase a eliminar da Liga dos Campeões, também me parece utópico afirmar que o objecto passa por chegar à final da prova europeia, ainda que jogada no nosso estádio. Isto é, talvez um meio-termo entre o que diz o nosso treinador e o que insinua, qual propagandista, o nosso presidente fosse a medida certa. Mas numa coisa tenho de concordar com Vieira, não há razões para novos falhanços, por isso “Jorge”, apressa-te a queimar o bloco de desculpas para este ano.


É ainda importante sublinhar, para termos a certeza de que não se esquece nem passou despercebido, que o nosso presidente voltou a afirmar que se não vendeu, teve de aumentar o endividamento. O Relatório e Contas da época transacta está aí, imaginemos o próximo.


Para finalizar, a melhor notícia da noite: A Benfica Tv já atingiu os 210 mil assinantes, facto que, segundo Vieira, já nos permitiu superar os melhores valores oferecidos pela Olivedesportos. Esta é, de facto e sem ironias, a grande e boa noticia da noite.