quinta-feira, 28 de agosto de 2014

E o Benfica é...



27/08/2014 – Distraído pela descontracção dos meus primeiros dias de férias, incauto e determinado a esquecer o mundo, embriagado pela sede de descanso sem horários ou obrigações, decido lembrar-me incessantemente de me esquecer do telemóvel por qualquer canto. Ainda assim, e porque para as mães até no descanso podem acontecer acidentes, decido espreitar o aparelho em busca de alguma chamada perdida. Resultado: Uma mensagem escrita do telemóvel da minha irmã e uma chamada não atendida de um 21… qualquer coisa. Intrigado com tal chamada decidi tentar o retorno, do outro lado surge uma gravação que prosava mais ou menos assim: “Este número pertence ao Sport Lisboa e Benfica e serve apenas para efectuar chamadas, voltaremos a contacta-lo assim que possível”. “Do Benfica?” – Perguntei-me. Mas que poderia o Benfica querer de mim? Nem sequer era o meu dia de aniversário, sendo que nesse dia é habitual que enviem os parabéns em nome de Vieira, mas por mensagem. “Estranho”, pensei.

28/08/2014 – Enquanto tomava a minha “bica” após o almoço e ia folheando o jornal desportivo disponível naquele café, oiço na tv que Salvio havia prestado declarações à imprensa na sequência de uma acção promocional que consistia em ligar para alguns sócios do clube, incentivando-os a irem ao estádio e apoiarem a equipa no próximo jogo (já tinha visto algo semelhante realizado com Lima e gostei da iniciativa. O caminho para voltarmos à humanização do Benfica é este. Aproximar os jogadores dos sócios é a melhor medida nesse caminho que tem que voltar a ser percorrido). Como é óbvio relacionei aquilo que acabara de ouvir com a chamada que havia recebido do tal número do Benfica. Relacionei e, acreditem, amaldiçoei a minha sorte por toda a tarde, não era possível que me tivesse escapado assim a oportunidade de falar, ainda que à distância, com um dos melhores jogadores do clube nos últimos anos. “Puta que pariu a minha sorte”, infernizei eu assim a tarde da minha namorada.

Já de volta a casa depois de uma medonha tarde de praia, ouço ao longe a música “Do I Wanna Know?” dos Artic Monkeys. “É o meu telemóvel, será o Benfica outra vez?”, em feroz passo de corrida fui em direcção ao aparelho e vi… Era mesmo número do Benfica.

Cheio de entusiasmo e felicidade atendi. “Boa tarde”, falou-me uma voz doce e… feminina. Não era com toda a certeza o Salvio ou qualquer outro jogador do Benfica. Esmoreci. “Falo do Benfica Seguros”, continuou a menina. Enraiveci. “Mas que merda é esta” tive vontade de dizer, mas apenas pensei. A operadora falou-me de qualquer coisa sobre um seguro de saúde que, confesso, nem sei sequer descrever, porque o meu pensamento estava cheio de fúria e raiva. “Mas eu agora sou sócio e adepto de alguma companhia de seguros e não sei?”. Respirei fundo e, até porque e telefonista não tinha qualquer responsabilidade no assunto, decidi enrolar a conversa até que ela desligasse.

O Benfica é… Isto. Um clube transformado em empresa de tudo e mais alguma coisa, que vê nos seus sócios e adeptos meros clientes de quem pode obter lucro. O Benfica não é futebol, andebol, futsal, atletismo, voleibol, basquetebol, como já foi ciclismo. O Benfica não é mística Sr. Vieira. O Sr transformou o Benfica numa entidade impessoal que visa o lucro… de todos, menos do clube. Parabéns. O seu objectivo foi conseguido. E já agora, vá para aquela parte e coloque os seguros e o que mais lhe aprouver no sítio que lhe for mais proveitoso!  

Os princípios do Espírito Santo

Nuno Espírito Santo acha que as pessoas devem ter princípios. Faz sentido que assim seja. Afinal, os «finais felizes» que os árbitros recebiam na altura em que o Nuno jogava tiveram de começar nalgum lado.




Gonçalo Guedes integrado na equipa principal.

Excelente notícia. É um talento indiscutível. Apostem nele, que o miúdo responderá à Benfica.

Jesus e o paranormal

Felizmente, Jorge Jesus poderá estar no banco. Uma boa notícia numa fase em que precisamos de todos a rumar para o mesmo lado.

Uma nota para os benfiquistas paranóicos (que não são assim tão poucos) que acham que a Via Láctea está contra o Benfica: se na jornada anterior ao Benfica-Sporting o treinador dos leões fosse expulso e pudesse estar no banco no dérbi, quantos textos do paranormal escreveriam vocês? Dediquem-se a exigir competência e trabalho e deixem de ser tontos.

domingo, 24 de agosto de 2014

Uma vitória com sinais preocupantes



Exibição muito pobre e preocupante contra a pior equipa do campeonato. Se, como é expectável, Enzo sair, vamos ter de melhorar muito se quisermos ser bicampeões.


Classificação após a 2ª jornada:

1º Sporting - 4 pontos
2º Porto - 6 pontos
18º Benfica - 6 pontos

O outro nome do Benfica é amor

O benfiquismo desafia a morte. É uma ideia tão suprema, tão superlativa, tão cheia de sentimentos dentro que não é passível de explicação evidente. O benfiquismo existe como a água existe, como existem os grandes oceanos, as ondas do mar, as areias, as montanhas, o amor. 

O benfiquista é tão benfiquista que se chateia com outros benfiquistas - no Benfica não há formas nem fórmulas nem verdades universais. Há muitos benfiquistas e há muitos benfiquismos, nenhum deles o mais certo porque ainda não foi encontrado o molde que represente o que é o Benfica. Como dar nomes, outros nomes, àquela onda que nasce do vento e das forças interiores do mar que vem desaguar, mansinha, junto ao nossos pés? Como explicar a formação de uma montanha que tem milénios de lambidelas de Sol, ar, tempestades, chuvas, nuvens e movimentos de peixes?

No Benfica tudo é difícil porque é fácil ser do Benfica. Uns porque foram levados pelos pais, outros porque se apaixonaram pela cor das camisolas, uns ouviram dizer, outros falaram no Benfica. Cada um, todos, à espera de mais uma jogada, a seguir de um golo, no fim de uma vitória que nunca se fecha numa vitória porque logo a seguir há que vencer outra vez. E outra vez. E outra vez. E depois vencer mais um jogo. E ainda outro. E sempre ganhar. Amanhã é para ganhar. E depois de amanhã também.

Nós não somos do Benfica por decreto divino ou escolha evolutiva essencial. Somos do Benfica porque é fácil e é difícil ser do Benfica. Somos do Benfica porque não há outra forma de existência. Ninguém nos mandou ser do Benfica; fomos lançados para ser do Benfica e somo-lo com todo o orgulho e amor do mundo. Porque o Benfica é vermelho. O Benfica é vermelho e branco. Porque isso nos envaidece. E porque somos um clube lutador. Somos do Benfica antes de sermos do Benfica. Já éramos do Benfica e ainda nem sequer sabíamos que éramos do Benfica. Somos do Benfica porque é bom dizer Benfica e festejar um golo do Benfica e ver, de olhos em lágrimas aquela jogada que promete um golo do Benfica. Vem o fim do jogo, o apito final soa do relvado para as bancadas, e então somos do Benfica aos abraços e aos beijos, uns para os outros, uns com os outros, uns nos outros, todos. 

O Benfica - e que bem que fica! - é este universo que junta planetas, astros, nuvens de cor, dunas infinitas, lugares de ternura. Encontramos Benfica no deserto de Atacama, nas praias australianas, no frio da Sibéria, nos glaciares da Patagónia, em cima dos Campos Elísios, nos canais de Amesterdão, naquela lareira que fuma enchidos, dá fermento ao pão, que aquece pimentos. Que bem que fica o Benfica quando as bandeiras e os cachecóis voam nas mãos dos benfiquistas e pelo céu vermelho ecoa o Hino do Benfica. Ben-fi-ca, Ben-fi-ca, Ben-fi-ca, as goelas de línguas vermelhas soltam os gritos milenares do assombro de uma paixão que não é explicável, não tem teor científico, não apresenta prova corroborada além daquela que os corações aos saltos, os corpos em desvario, as mãos no ar, os pés voando vão soltando pelo Estádio, pelos cafés, pelas casas, pelas ruas, pelo espaço. 

O Benfica não é Benfica porque é universal - e é universal; o Benfica é Benfica porque nos aparece no sítio mais estranho, no lugar impensável, no último segundo do mundo, no respirar de um rio ou no salto de uma nuvem. O Benfica é Benfica porque junta o recém-nascido com o quase-morto numa espiral de tempo que encontra velhos, novos e semi-novos todos de mão no peito à espera do golo. E o golo existe. O golo vai ser golo. O golo já foi golo e volta a ser golo porque depois de um golo há outro e ainda mais um golo e no fim o golo de mais uma vitória. Uma vitória à Benfica. Uma vida à Benfica.

Quando morre um benfiquista o Benfica leva uma cicatriz no peito e uma papoila na orelha direita para lançar rumo ao Quarto Anel onde aterra em cheiro, som e glória para se despedaçar em pétalas que cobrem o relvado na hora do golo do Benfica.


Uma Candeia mal iluminada II



“Deste final de época, para além do triplo triunfo e consequentes festejos, sobra ainda a contratação do jogador Candeias, pertença do Nacional da Madeira.

Percebendo que se trata de um negócio de ocasião, por se tratar de um jogador em final de contrato, não consigo encontrar nesta aquisição uma lógica desportiva facilmente entendível. Candeias é um jogador interessante – não mais que isso – que se encontra próximo do seu limite evolutivo. Não vejo no extremo Português uma capacidade para evoluir muito mais do que conseguiu até ao momento, logo, não me é previsível que venha a ter um nível competitivo suficiente para assumir um lugar indiscutível no 11 do Benfica. Naturalmente que é um jogador com qualidade e capacidade para fazer parte do plantel, numa lógica de 2ª linha, mas não mais que isso.

Não obstante, jogadores para constituírem uma 2ª linha do plantel do Benfica já o clube tem sob contrato como Pizzi e/ou Ola John, para lá de Ivan Cavaleiro a quem é preciso dar competição, seja por via de oportunidades na equipa principal, seja por via de um empréstimo a um clube de primeira liga onde se possa impor como escolha principal.

Perspectivando as mexidas naturais do mercado de verão, e na pior das hipóteses, há a considerar as possíveis saídas de Gaitan e Markovic, ou seja, dois jogadores de classe e qualidades inegáveis. Perdendo estes dois fica a pergunta: Candeias é capaz de suprir alguma destas saídas do 11? Obviamente que não. Nem Candeias nem sequer Pizzi, Ola John ou sequer Cavaleiro.

O melhor que consigo prever para Candeias no Benfica é ser o Hugo Vieira ou Steven Vitória do próximo plantel, isto é, contratação para adepto ver (Hugo Vieira) sendo emprestado em seguida ou contratação para preencher uma das vagas na lista a enviar para a UEFA como jogador formado localmente (Steven Vitória).

Em suma, não há em Candeias nada que o diferencie positivamente dos jogadores que já se encontram contratualmente ligados ao clube.

E se a ideia era a de contratar um jovem português para as alas do ataque que pudesse ir evoluindo e conquistando o seu espaço, havia em Ricardo Horta uma solução muito mais promissora, até porque Candeias já conta com 26 anos. Não, não é um “velho”, mas está próximo do máximo que poderá dar, bem diferente do jovem extremo do Vitória de Setúbal e que já pertenceu ao Benfica.”

Este post foi por mim escrito no passado dia 23 de Maio, depois de ver confirmada a contratação de Candeias por parte do Benfica. Os comentários a este post foram muitos e variados, dos quais destaco:

“Quem és tu para falar num jogador que não conheces, quando ignoras tudo sobre futebol, quando falas contra decisões tomadas por especialistas de futebol (Rui Costa e JJ), ignorante dos processos estratégicos que estão por detrás destas decisões?
Os talibans já começam a tentar destabilizar, dar a sua opinião ignorante sobre tudo o que mexe no Benfica. Para ajudar os pasquins que lambem os beiços de satisfação.”

Qual o meu objectivo com isto? Vangloriar-me por ter razão antes do tempo? Passar uma imagem de entendido? Não, longe disso. O objectivo é puro e simples: Demonstrar como um simples adepto como eu, entre milhões, conseguiu perceber o que os PROFISSIONAIS do Benfica não conseguiram.

E são os “Candeias” da vida do Benfica que nos fazem ter dezenas e dezenas de jogadores sob contrato e mesmo assim não conseguimos iniciar a competição com um plantel claramente definido e com lacunas completamente colmatadas. É este o tipo de organização que reina no Benfica e são casos como Candeias, Djavan, Luís Filipe, Vitor Andrade, Fariña, Eder Luis, Rojas, Andrés Diaz, Cortez, Emerson, Roberto, Hugo Vieira e tantos, mas tantos outros que nos custam a afectação de verbas importantes e que geram endividamento escusado e desmesurado. Talvez um dia saibamos a história completa.  

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Júlio César



E é já depois do arranque da época oficial e da (quase) redenção de Artur que o Benfica anuncia o homem que se pretende que seja o dono da baliza mais Gloriosa do Mundo: Júlio César.

O internacional canarinho, mais que um grande guarda-redes, é hoje em dia, um grande nome. O seu currículo fala por si e faz-se pagar. E o seu valor salarial deve-se exactamente ao seu enorme passado e não tanto ao seu mediano presente e futuro.

Júlio César foi, nos tempos do Inter Campeão Europeu de Mourinho, quase unanimemente considerado o melhor guarda-redes do Mundo. Não acho que tenha chegado realmente a esse patamar, mas é indesmentível que sob o treino de Silvino chegou bem alto na hierarquia mundial.

Após a saída do técnico Português do clube Italiano, o guarda-redes Brasileiro foi paulatinamente descendo de nível, chegando à quase ruina desportiva. Não desistiu e teve em Scolari o seu maior e melhor aliado para renascer das cinzas e voltar à ribalta mundial com a titularidade da baliza Brasileira.

Não, não acho que Júlio César seja, neste momento, um enorme guarda-redes, conforme o enorme encargo financeiro (para os padrões do Benfica) que a sua chegada representa. Não quero com isto dizer que Júlio César é mau guarda-redes ou, tão pouco, inferior a Artur, apenas considero existirem atletas com o mesmo nível desportivo por preços bem mais em conta.

Não obstante, acho que o guardião Brasileiro dará bem conta do recado que lhe é confiado e que, sem qualquer dúvida, ainda é um guarda-redes superior a Artur.

Em suma, podíamos estar melhor servidos, mas Júlio César é solução para o problema que tínhamos, coisa que Romero não seria.

Bem-vindo sejas à família.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O menino d´ouro



De entre tudo o que deu ao desporto, realço o melhor não-golo da História do Futebol - só comparável ao outro melhor não-golo da História do Futebol; aquele lance do Pelé no qual ele deixa a bola passar por um lado do guarda-redes e vai buscar no outro: a jogada notável contra a Alemanha, em que finta 5 dos melhores defesas e médios do mundo e só não consegue ultrapassar o Kopke. Como benfiquista, tenho vergonha de que este jogador tenha sido escorraçado do meu clube. Como amante do futebol, só posso agradecer os anos de pura e rara magia. Parabéns, menino d´ouro.

domingo, 17 de agosto de 2014

Regresso a casa



Sol na Luz, amigos, copos e uma vitória à 1ª jornada. É bom viver no Benfica.

Classificação após a 1ª jornada:

1º Sporting - 1 ponto
2º Porto - 3 pontos
18º Benfica - 3 pontos







Vai à Luz, larga a internet.



Hoje é para matar o borrego de anos e ganhar na primeira jornada rumo ao mágico 34º. Como consegues tu, companheiro benfiquista, que o teu clube tenha sucesso e ganhe títulos? Apoiando. Na internet, dizendo "sim" a tudo? Não, no estádio. É lá que o teu apoio conta. Larga a internet, vai à Luz.

sábado, 16 de agosto de 2014

Entrevista a Carlos Daniel - Segunda Parte

Luís Filipe Vieira tem afirmado por diversas vezes que o objectivo do clube passaria por ter cada vez mais jogadores oriundos da formação no plantel principal. Tomando esta ideia por absolutamente sincera, considera Jorge Jesus a escolha certa para o fazer?
Hoje parece-me uma evidência que essa ideia é apenas um slogan vazio, ao qual verdadeiramente não tem sido dada sequência nenhuma, treinador incluído.

O que acha de João Teixeira? Considera-o mais um 6 ou um 8? Vê nele potencial para um futuro titular do clube?
Sem dúvida um bom jogador e com potencial para isso. Mais um 8, parece-me, mas sem capacidade para ser, no imediato, o 8 que também é 10, no sistema  de Jesus. Lucraria com um terceiro médio criativo à frente. 

Nelson Oliveira, Bernardo, Ivan, Dawidowicz, Joao Teixeira, Cancelo merecem ou não estar na equipa A em detrimento de Luis Filipe, Sidnei, Jara, Artur? Ou seja, tendo em conta o desinvestimento claro por parte da Direcção do clube, não faria sentido apostar na evidente qualidade dos jovens da formação ao invés de continuar a confiar em jogadores que ou não o têm ou parecem não estar interessados em mostrar o seu valor?
É sempre simpático responder que sim a isso, qualquer que seja o clube mas a qualidade tem de prevalecer e os jogadores têm de saber aproveitar as oportunidades. Creio que foi tardia e receosa a aposta em André Gomes e que Bernardo Silva justificava mais oportunidades. Já quanto a Nelson Oliveira desaproveitou todas as que teve, Cancelo tem desaproveitado e de Dawidowicz ainda não se pode dizer nada. Ivan Cavaleiro não consigo explicar porque foi aposta e deixou de ser.

Talisca tem aparecido, nesta pré-época, a titular indiscutível na posição "8". Quais as mais-valias que tem em relação a, por exemplo, João Teixeira ou até Bernardo Silva (que é um jogador mais ofensivo)?
Promete muito como médio de transição (que Bernardo não é), com qualidade de passe indiscutível e muito potencial a desenvolver. Não me parece que algum dia vá ser um bom segundo avançado, como acaba de ser testado. É a melhor contratação do Benfica até agora, com Bebé a seguir.

É possível ao campeonato português ganhar competitividade sem perder a capacidade de fazer boas prestações na Europa? O campeonato holandês, por exemplo, antes desta fase do Ajax, ganhou competitividade, mas as suas equipas desapareceram das fases mais adiantadas a nível europeu.
É possível, sem dúvida, isso depende das receitas dos clubes mas não apenas, também de uma maior qualidade no trabalho da formação e num melhor aproveitamento dos valores nacionais.

Vislumbra a entrada de capital russo ou árabe e transformar o Benfica num Chelsea ou PSG?
Não me parece mas não consigo prever se vai acontecer ou não.

Se fosse Presidente do Benfica, e todos estivessem disponíveis nas mesmas condições, quem escolheria para treinar o Benfica: Leonardo Jardim, Fernando Santos, Jorge Jesus, Vilas Boas ou Marco Silva?
São todos competentes e, num determinado momento, todos poderiam treinar qualquer grande em Portugal, como já treinam ou treinaram aliás. (Sim, fugi à pergunta, que era boa). Atenção: não é fácil substituir Jesus no Benfica, pode haver mais um ou dois além dos citados (gosto muito também de José Peseiro e Vítor Pereira, tenho expectativa sobre a evolução de Nuno Espírito Santo) mas a elite fica por aí (com mais um ou dois).

Para além da óbvia necessidade de conquistar títulos de forma consecutiva, o que falta ao Benfica para conseguir quebrar a hegemonia do FC Porto?
Também depende dos adversários, que têm a mesma legitimidade de querer ganhar, mas diria que a ambição de ganhar é decisiva e o Porto tem-na tido em doses superiores às do Benfica ao longo dos anos.

Neste momento, e tendo em conta a preparação e organização dos plantéis, vendas e contratações, qual é a equipa favorita a ser Campeão Nacional?
Vai depender das entradas e saídas deste mês mas Benfica e Porto estão mais próximos este ano. O Benfica tem todas as condições para voltar a formar uma equipa forte e competir com o Porto que se reforçou muito bem, em qualidade e quantidade. O Sporting tem a vantagem de manter a estrutura, até ver, e de ter um excelente treinador mas continua atrás dos rivais.

Se pudesse mudar alguma coisa no futebol português, por onde começava?
Pela obrigatoriedade de os clubes das competições profissionais terem todos os escalões de formação, pela melhoria obrigatória da qualidade dos relvados (sob pena de ter de se jogar em casa emprestada) e pela definição de uma política global, e constante, em relação a preços de bilhetes (com promoção do futebol como jogo de toda a família).

Qual o jogador mais sobrevalorizado da época transata? E o que menos foi valorizado?
Não é fácil dizer mas o mais sobrevalorizado talvez tenha sido Lucho, que já não estava na plenitude e o Porto (de Paulo Fonseca) também perdeu por esperar dele o que já não podia dar. Um dos menos valorizados foi Rojo, que é o melhor defesa do Sporting e jogador de qualidade indiscutível, além de fazer dois lugares de modo muito competente.

Qual o 11 do ano do Campeonato Português da época passada?
Oblak; Danilo, Luisão, Garay, Siqueira; Enzo, William Carvalho; Markovic, Rodrigo, Gaitán; Jackson.

Quais os 3 melhores jogadores que viu jogar?
São quatro: Maradona, Ronaldo “Fenómeno”, Cristiano Ronaldo e Messi.

E em Portugal, quais os 3 melhores jogadores que passaram pelos relvados nacionais?
São muito mais que 3. Por épocas: Madjer, Chalana e Futre, primeiro; Figo, Rui Costa e João Pinto depois; Deco, Cristiano Ronaldo, Falcao, Aimar. E devo ter-me esquecido de alguns óbvos.

Num 442 à Jesus, escolha o melhor 11 de sempre do campeonato português (portugueses e estrangeiros).
Juntando todos é impossível, e mesmo assim incluo alguns suplentes. Separo estrangeiros e portugueses, se me permitem, mudo para 1x4x3x3 que acaba por ser mais fácil,… e mesmo assim devo ter-me esquecido de algum óbvio.
Portugueses: Vítor Baía; João Pinto (Veloso), Humberto Coelho, Ricardo Carvalho, Fábio Coentrão; Rui Costa (Oliveira), Paulo Sousa, Chalana; Figo, Cristiano Ronaldo (Jordão ou Fernando Gomes) e Futre.
Estrangeiros: Preud´Homme; Maxi Pereira, Mozer, Ricardo Gomes (Aloísio), Branco; Deco (Valdo) Matic, Aimar (Lucho); Madjer (Hulk), Falcao (Jardel) e Di María.


Guardiola é o melhor treinador do Mundo?
É, tem sido nos últimos anos, pela qualidade do futebol e pelos resultados também.

Qual o contributo indirecto de Guardiola no título de Campeão Mundial por parte da Alemanha?
Grande, ao nível de um jogar em que a bola está muito menos vezes com o adversário e em que a equipa não se precipita mas não deixa de atacar. Não será dele o maior mérito mas não é por acaso que a Espanha e a Alemanha ganham com as equipas dele como base. Como o Porto de Mourinho serviu Portugal em 2004 e o misto Juve-Milan favoreceu o título Mundial da Itália em 2006.

Diga-nos os 5 melhores treinadores de sempre e os 5 que podiam substituir Jesus no Benfica sem perder qualidade.
É impossível apenas 5, que houve Vittorio Pozzo, duplo campeão do mundo em 34 e 38 e Hugo Meisl, que criou o Wunderteam austríaco na mesma década; Jimmy Hogan, um inglês de quem se fala pouco mas que esteve na génese dessa grande Áustria e depois da Grande Hungria (de Gustav Sebes) e Herbert Chapman, do Arsenal, que inventou o WM e revolucionou a táctica; Boris Arkadiev, professor de Valeri Lobanovsky e mais este, o czar do futebol científico soviético; Béla Guttman e Otto Glória, na década de ouro do Benfica e de Portugal; Rinus Michels, o inventor do futebol total e Stefan Kovacs, que lhe desenvolveu o conceito no grande Ajax; Johan Cruijff e Pep Guardiola na linhagem do Barça que adora a bola; Helenio Herrera (símbolo do melhor futebol defensivo que ficou como marca em Itália e criador dos mind games)  e Arrigo Sacchi (com ele o conceito zona triunfou, associado ao pressing); Bob Paisley, que ainda melhorou o Liverpool criado por Bill Shankly, e Brian Clough, o da impossível promoção do Nottingham Forest, das divisões inferiores inglesas ao topo da Europa; César Mennoti, porque o futebol também é poema e sonho; Alex Ferguson, pela vontade de querer ganhar e de querer saber sempre mais, José Mourinho, porque sabe tudo de futebol e ganhou como quase nenhum outro. E faltam muitos. Qualquer destes, dos que estão vivos, podia substituir Jesus sem perder qualidade. Não é mau acabar com um sorriso, pois não?