quinta-feira, 30 de junho de 2016

O crónico cronismo


Compreendo as críticas a capas como a que o A BOLA hoje apresenta, mas não acho que seja essa a razão do declínio. A capa é a capa, é a maquilhagem do jornal, a roupa; o que verdadeiramente interessa é o que é escrito pelos profissionais do ofício e pelos convidados. É precisamente aqui que a pobreza se torna franciscana.

Exceptuando ilustres excepções, os jornais desportivos estão pejados de crónicas pavorosas - textos horríveis, mal escritos, mal pensados, cheios de ódio e clubismo doentio. Onde estão as crónicas que nos iluminam o dia? Por que razão se convidam pessoas apenas por serem "famosas"? Qual é o interesse em acompanhar os delírios de Eduardo Barroso, Sílvio Cervan ou Miguel Sousa Tavares senão pelo facto de estarmos a ler o que escrevem e o que pensam (mal) um cirurgião, um político e um comentador televisivo? Que sentido faz ler uma pessoa apenas porque é famosa? O mediatismo ensina a gostar de futebol, a saber escrever, a apaixonar o leitor?

Tudo aquilo é angustiante porque não tem qualquer valor. Uma sucessão de frases-feitas com críticas idiotas aos árbitros e piadas broncas aos adversários, nada mais. O "meu Sporting", o "Carrega, Benfica", o "Somos Porto" de dezenas de adeptos VIP que espalham a mediocridade pelos jornais, que incitam a maus pensamentos e péssimas acções, que são o espelho mais fiel de uma sociedade corrompida pelos interesses pessoais.

Onde estão as crónicas dos ilustres, daqueles que nos faziam e fazem aprender mais sobre o jogo, gostar mais do jogo, viver mais o jogo? Onde está o brio de um Director que convida a mediocridade para tentar vender mais jornais através do mediatismo do medíocre cronista? Onde estão o Carlos Pinhão, o Assis Pacheco, o Artur Semedo, o Artur Agostinho, o Rui Tovar, o O'Neill, o Cesariny, o Ruy Belo, o Galeano? Isto podia ser tudo um bocadinho mais bonito.

É preciso invadir a Polónia com pastéis de nata e cozido à portuguesa. Cheira a uma goleada por 1-0.


quarta-feira, 29 de junho de 2016

9 letras para Iniesta


Tantas voltas dadas, tanto texto a tentar fixar o que é Iniesta num poema. Será porventura a única forma de agradecimento, esta vontade de devolver através de palavras o tudo que tem sido recebido na última década. É tão impossível a vida, a frase não sai, parece sempre que é pouco mesmo quando conseguimos retratar o herói de alguma forma que não o desconsidera, que o eleva acima da mera linha da vida. E, no entanto, parco. Limitado. Curto. Frágil. Incompleto. Até ler, numa entrevista de 2013 feita a Perarnau, uma daqueles mágicas descobertas. O escritor usa apenas uma palavra, não mais do que isso: 9 letras a pintar o quadro que Andrés Iniesta é quando joga.

Ingrávido.

Leu bem. Ingrávido. Apenas isto: ingrávido. Vamos ajudar o leitor menos atento, vamos abrir o dicionário

"adj. Liviano, ligero. Que no se halla sometido a un campo de gravedad:
en el espacio los astronautas se vuelven ingrávidos."

Andrés Ingrávido Iniesta. Andrés Ingriesta. Andrés Inigrávido. Ingrávido. Assim, simples.  Como um astronauta sem campo de gravidade.


Para que serve a estatística num jogo tão complexo?

 Qual será a causa desta histeria pelas estatísticas? Os jornais e os programas de televisão optam tantas vezes por debitar dados estatísticos porque as pessoas acreditam mesmo que isso tem algum interesse ou é porque não sabem abordar o jogo de outra forma? O que é que interessa se a Itália nunca perdeu com a Alemanha? Serão as equipas italianas que nunca perderam com as equipas alemãs as que vão entrar em campo daqui a 3 dias? São os mesmos jogadores? Será o mesmo contexto? Os mesmos momentos de forma? Os mesmos treinadores? Os mesmos modelos?

"Em 1967, um esquilo alemão defecou em cima de um esquilo italiano. Mais tarde, em 1982, um cão de origem italiana mordeu um guaxinim de Dresden. É muito provável que o Alemanha - Itália acabe empatado.". Portugal não perdeu com a França em 2000 porque tinha perdido com a França em 1984 nem perdeu com a França em 2006 porque tinha perdido com a França em 1984 e em 2000. Portugal perdeu com a França em 1984, em 2000 e em 2006 porque os franceses eram melhores. Mas até podiam ser piores e ganhar. E isso nada teria de fatal destino estatístico. Isto é bola, pá, não é uma repartição de finanças.

terça-feira, 28 de junho de 2016

O Hino do Benfica

Há cerca de 2 anos, com o intuito de que os mais novos conhecessem a História do clube, dei a ideia de recuperar o Hino do Benfica - "Avante, avante p'lo Benfica" - com um arranjo mais moderno do Maestro Victorino d'Almeida que pudesse passar no Estádio da Luz para todas as gerações cantarem. A AABE naquela altura tinha vários projectos em marcha e o assunto ficou adiado.

Hoje vejo na TVI o Presidente Vieira a falar no Hino e o querido Maestro a dissertar sobre ele. Aproveitem e sigam a ideia inicial. Queremos a Luz a cantar Avante, Avante p'lo Benfica!


"Todos por um!" eis a divisa,
Do velho Clube Campeão,
Que um nobre esforço imortaliza,
Em gloriosa tradição.

Olhando altivo o seu passado,
Pode ter fé no seu futuro.
Pois conservou imaculado
Um ideal sincero e puro.

Avante, avante p'lo Benfica,
Que uma aura triunfante Glorifica!
E vós, ó rapazes, com fogo sagrado,
Honrai agora os ases
Que nos honraram o passado!

Olhemos fitos essa Águia altiva,
Essa Águia heráldica e suprema,
Padrão da raça ardente e viva,
Erguendo ao alto o nosso emblema!

Com sacrifício e devoção
Com decisão serena e calma,
Dêmos-lhe o nosso coração!
Dêmos-lhe a fé, a alma!

Eu tenho um sonho e não desisto dele


Renato SanCHES. Não é Sanchez, é SanCHES. Vá lá, não custa nada, tenham respeito pelo nome do rapaz, não desconsiderem a nossa língua. Qualquer sinal de trânsito consegue dizer SanCHES. Repitam ao espelho: San-CHES. SancheS.

SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES. SanCHES.

Desta imagem de heróis, dois já foram vendidos; convinha manter todos os outros. O Tricampeão voltou.


segunda-feira, 27 de junho de 2016

Continuamos a saga de meter dentro do nosso clube gente ligada aos rivais ou a políticos pouco sérios. 


"Luís Bernardo, ex-consultor do Sporting, sucede a João Gabriel. Luís Bernardo é o novo diretor de comunicação do Benfica, sucedendo no cargo a João Gabriel. Bernardo foi jornalista e antigo assessor de António Guterres e José Sócrates quando este era primeiro-ministro. Luís Bernardo é dono da empresa de comunicação WL Partners, empresa especializada em relações com a comunicação social e gestão de crises, e que ajudou na reestruturação da comunicação do Sporting, tendo sido consultor de Bruno de Carvalho."

"É uma decepção que temos de aceitar. Eles foram mais eficientes nos momentos cruciais e temos de superar isso (...) Aceitámos o jogo deles e fomos penalizados. Na segunda parte, fomos para cima e não se viu outra coisa. No primeiro tempo, jogámos de forma errada e isso provocou a nossa derrota", avaliou Iniesta.


Os feios nunca falham um penálti


Um jogo tão bonito rodeado de gente tão feia. Gente que festeja com ódio o penálti falhado de Cristiano, depois outra gente que regozija com o pontapé de Messi para o planeta de onde ele veio - são pessoas diferentes mas a boçalidade é a mesma.

Gente que não gosta de futebol, que não sabe nada de futebol, que só sabe falar em estatísticas e números e títulos ganhos e perdidos - como se o jogo ou a qualidade de extraordinários jogadores como Maradona, como Messi, como Ronaldo, como Iniesta, como Rui Costa pudessem ser postos num gráfico com setinhas para cima e para baixo e estúpidas médias de passes acertados ou dos quilómetros percorridos. Gente que usa o futebol para libertar a sua pobreza de espírito, as inseguranças, as raivazinhas quotidianas, a mais visceral ignorância.

É gente que vai à bola mas só olha para a bola. Gente que não sabe bola. Que não vai à bola com o árbitro, com o colega, com o adversário, com o jornalista, com o dirigente. Gente que não vai à bola com o mundo porque o mundo conspira contra o seu clube. Infelizes patetas que vão votando em Presidentes populistas e vão criando nas suas casas maus exemplos de devoção a gente que fomenta a cultura de guerrilha por não terem cultura nenhuma. Os filhos serão iguais a eles, novos mentecaptos que arrancarão cadeiras em estádios, insultarão o árbitro só por este entrar em campo, dirão que o jornalista x é "avençado" e ficarão muito felizes, estupidamente felizes, quando virem um fantástico jogador ter um momento de erro e tristeza.

O jogo é bonito; pena os milhões de feios que o comentam.


domingo, 26 de junho de 2016

O fado final

1996 - Quartos-de-final
2000 - Meias-finais
2004 - Final
2008 - Quartos-de-final
2012 - Meias-finais
2016 - ?

Portugal é a única Selecção que foi sempre pelo menos aos quartos-de-final nos últimos 6 Europeus. Olhando para a sequência, parece que estamos destinados a ir à final. E perder.


Não percam a exibição de Kroos, que está neste momento a jogar contra a Eslováquia. Tudo nele é classe e critério. Quando decide mal, o mundo pára surpreendido. Estica e encolhe o jogo, leva os colegas presos por um elástico mágico, brinca, surpreende. A qualidade inegável de um super-médio que só não é reconhecido como tal porque tem corpo e feições de um cruel SS em Birkenau.


O passe genial do Nani (muito poucos jogadores no mundo fariam aquele passe); o abraço de amor pelo golo entre Adrien e Renato Sanches (muito poucos adeptos, sportinguistas e benfiquistas, percebem este abraço, tão perdidos que estão em ódios sem sentido ); a existência resumida pelo futebol. Não há jogo mais honesto, complexo, brilhante e popular que este. O futebol é uma impossível equação que apaixona o mundo.

sábado, 25 de junho de 2016

La Tomatina



Uma equipa como a nossa, que defende tão mal e tem tanta gente com talento do meio-campo para a frente, não pode ir para um jogo com uma equipa muito superior em termos colectivos a querer defender em bloco baixo, só à espera de saídas rápidas. A única forma de defender a nossa fraca qualidade defensiva é atacar. É ter bola. É tirar a bola ao adversário. Portugal só ganhará este jogo se for capaz de ter coragem para assumir a posse e fazer dela a sua sobrevivência. Defende-se atacando e em zonas recuadas da equipa croata. Se a bola estiver mais tempo longe da nossa baliza será mais difícil marcarem-nos golos. Para isso, é preciso ter no miolo quem saiba recuperar e ter critério na sequência (William), cultura posicional e qualidade com bola (Gomes e João Mário) e o elemento diferenciador (Sanches) que, em segundos, desequilibra e transporta uma bola para uma saída rápida com os nossos dois avançados e a chegada dos médios. Sim, vai ser preciso ter tomates.

E tudo o Bento deixou




Manuel Galrinho Bento faz hoje 68 anos sentado no sofá glorioso do Quarto Anel. Enchia as balizas com o corpo franzino que esticava pernas e braços para o abraço com a bola. Lesto, louco, esperto, intuitivo, genial, romântico, era tão bom que o símbolo do Benfica adornava camisolas amarelas, verdes, azuis, sem traumas ou preconceitos. Era o Benfica num salto, a Mística num voo pela área, o Povo no bigode. Foi e é o número 1 das nossas balizas gloriosas.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Portugal (ainda) no Euro



Portugal 1-1 Islândia

Portugal 0-0 Áustria

Hungria 3-3 Portugal

Conseguimos apurar-nos para os Oitavos sem vencermos um jogo, fazendo só 3pts e conseguindo a qualificação como o terceiro 3ºmelhor por uma questão de golos. Portugal fez menos pontos que dois outros 3ºs e tantos pontos quanto os restantes.

O empate com a Islândia não merece contestação. Exibição muito cinzenta.
Com a Áustria conseguimos fazer uma boa exibição mas faltou marcar.

Com a Hungria foi mais um empate e mais uma exibição cinzenta.

Conseguimos a qualificação para as eliminatórias mas não nos enganemos, isto até agora foi péssimo.

Uma selecção com grandes jogadores e enormes aspirações tem de jogar muito mais.

Pessoalmente tinha muitas esperanças para este Euro. As exibições e os vários escusados episódios têm-me desanimado.

Temos agora 3 dias para melhorar e ou há uma grande evolução ou a vergonha vai aumentar.

No sorteio dos grupos Portugal teve a sorte de calhar com as equipas teoricamente mais acessíveis de cada pote.
Ao terminar a fase de grupos Portugal voltou a ter a sorte do golo da Islândia aos 94 minutos, evitando assim todos os tubarões até à Final.

Agora falta começar a jogar um futebol que justifique esta sorte.

O problema agora é na sorte já não nos calharem os menos bons mas sim os não tão favoritos.
Contra a Croácia teremos o primeiro grande desafio deste Euro. Acabou o facilitismo e o espaço para exibições medíocres ou crises de eficácia.

O tempo para crescimentos pessoais e experimentalismos acabou.
O Fernando Santos não pode continuar a ignorar o Rafa. O Moutinho agora ou vai ou racha. O Eliseu não serve. É preciso definir se a nossa identidade é o losango ou o 4-3-3.

Temos também de decidir se o Cristiano é só um excelente finalizador ou se também é um grande jogador. O Cristiano tem talento para ter bola no pé e jogar em todo o ataque ou só tem capacidade para actuar junto das zonas de finalização?
Sempre defendi que o Cristiano tinha de participar mais no jogo da Selecção pois temos necessidades que não existem no Real.
Hoje o Cristiano já não pode dar à Selecção o que podia ter dado em anteriores competições mas continua sem poder ser limitado à posição 9. A Selecção precisa de mais dele.
Longe dos mitos de ser o melhor do mundo continua a ser indispensável para a Selecção e não pode continuar escondido juntos aos defesas.

E não me venham dizer que com a Hungria o seu posicionamento chegou só porque marcou dois grandes golos (aquele primeiro então é puro espectáculo). Chegou para quê? Chegou para empatarmos com uma das equipas mais fracas do Euro?
(Atenção que é das mais fracas mas com uma excelente ideia de jogo)

Se somos bons temos de o mostrar. Com a qualidade individual dos nossos jogadores temos de conseguir ser bons.

O que também não tem ajudado é esta Federação de fretes.
Pensei que esses tempos já tinham passado e que íamos para França de cara lavada. Enganei-me.

Sempre foi claro que o Cristiano não merecia a braçadeira de capitão. Nunca fez por a merecer e muito menos por a manter. A Federação não tem autoridade, olha para o lado e deixa o jogador ter todas as regalias que quer.
Parece que aquilo é tudo dele. É a Selecção do Cristiano. Culpa dele? Não. Culpa de quem não tem tomates para liderar.
O passado é passado, até porque temos muito a acontecer agora.

O Cristiano continua a ser o rei lá do sítio.
Não sabe bater livres mas irá fazê-lo até não lhe apetecer. A família dele quase parece a máfia lá do sítio: aparecem quando querem, falam quando querem e dizem o que bem lhes apetece.

Até agora contei 4 episódios inexplicáveis.

Temos o episódio do passeio matinal em que um microfone voou para o lago e a federação assobiou para o lado. Como seria com outra federação e/ou outro jogador?

Tivemos há poucas semanas o anúncio que a marca CR7 agora calça a Selecção Nacional. Portanto o Cristiano patrocina a Federação, é isso?

No final do último jogo tivemos o episódio em que o Cristiano se vê na obrigação de perguntar ao assessor de imprensa da Federação se é ele que manda ali. O próprio jogador ficou com essa ideia e a federação não o conseguir negar.

E finalmente temos aquele que para mim é o episódio mas inexplicável de todos. Falaram-me disto há umas semanas mas não acreditei. Entretanto fui confrontado com fotos, com o directo do passeio e com o directo da entrega do troféu de melhor em campo ao Cristiano e não tenho mais como ignorar. Estou a falar da presença de um amigo pessoal do Cristiano na comitiva da Selecção.

Digam-me, está um amigo do Cristiano integrado no estágio e no dia a dia da Selecção? É isto possível? É possível que um tal de Regufe ande a ter estas regalias?

Repito. A culpa não é do Ronaldo. A culpa é de quem ali não lhe sabe dizer não.

Nunca iremos vencer nada enquanto os nossos líderes forem tão fracos e subservientes.

Sábado há Croácia. Haverá Portugal?
Quero ganhar o Euro, por favor joguem à bola.

Um cérebro que é uma Bola de Ouro


Messi faz hoje 29 anos. Há pelo menos 10 que nos serve semanalmente iguarias para nos banquetearmos nos sofás das salas, nas cadeiras de cafés, à mesa de restaurantes, na loucura dos estádios. Oferece-nos tesouros de Domingo a Domingo, de Quarta a Quarta, sem regras, leis, senhores de negro negando-nos a entrada na discoteca argentina. Não há horários para o génio.


quinta-feira, 23 de junho de 2016

Kingsley Coman, até agora o melhor jogador do torneio por conseguir correr a 33 quilómetros/hora. Se quiser, pode sair da Gare do Oriente e chegar a Torres Novas em 180 minutos. Genial.


Renato não usa gravatas às riscas


Nos últimos segundos do jogo, uma jogada de futebol altamente profissional e engravatado e, em contraste, a natureza selvagem do miúdo Renato. A sua dança de futebol de rua onde toda a bola merece o respeito de ser perseguida. A Hungria bocejava com ela na defesa, passava-a de pé para pé enquanto os portugueses, que receberam o código através de um papelinho escrito pelo treinador, limitavam-se a esperar pelo final do jogo.

Na parte inferior do ecrã vemos Renato Sanches a querer ir disputar a gloriosa redonda, depois a parar, a pensar nas ordens do Sargento Santos, a hesitar, a ter de cumprir a burocracia, preencher papéis, esperar pela folha picotada, pela factura, pela assinatura do árbitro a selar o encontro. Mas Sanches fervilha, não quer aceitar que aquela bola ande ali a fazer figura de parva, sem alguém que a procure, que a abrace, que a queira dentro de uma baliza. E então, contra tudo o que estava programado, contra todo o pacto de não-agressão luso-magiar, para surpresa dos húngaros, para desespero dos lusos, Renato Sanches corre para ela, pressiona, força o defesa a meter no guarda-redes, dá-lhe uma razão para existir. O puto despatetizou o momento burocrático com a vontade, com a gana, de uma infantil fome de bola.


O futebol invisível


Quando está 2-3, Ricardo Quaresma, na sua ânsia desalmada pelo precoce orgasmo, vai doido querer marcar um canto directo. Entretanto, João Mário, esse príncipe sem coroa, chega e diz

- Man, tem calma contigo. Vamos fazer diferente.

Assustado pela irreverência de João Mário (afinal, confrontar Quaresma ou Ronaldo nesta Selecção será digno de medalha entregue pelo Presidente da República), como menino mimado a quem recusam o saco de gomas, Ricardo não cruza, mete em João Mário, que espera e depois então passa para o cruzamento do cigano, já com a defesa húngara devidamente desposicionada. O resto é história: excelente cabeceamento de Cristiano para as pobres redes de pesca.

A estatística dirá: assistência de Quaresma, golo de Ronaldo. E, no entanto, o poema é todo do João Mário.

O calcanhar de Ronaldo



O calcanhar de Ronaldo não é consequência dos três séculos de treino; o calcanhar de Ronaldo é consequência pura do seu mais puro talento. De tanto lançamento de microfones, de idiotice, de fragilidade, de sorrisos ao espelho, de insegurança, o puto Cristiano fez esquecer ao mundo a sua extraordinária capacidade de grande e universal futebolista.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

55 anos de microfones

1961

- Eusébio, diga Bom Dia ao microfone.
- Bom Dia, microfone.


2016

- Ronaldo, aqui ao microfone da CMTV...
- Dá cá essa merda, car... (GLU GLU GLU)

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Fernando Santos - ou a glória ou o espeto


Em cada português, uma lousa onde traçar a vitória no Euro. Gizar a táctica perfeita. Escolher o 11 evidente. É simples, basta "não inventar". Talvez precisemos de um programa informático que reúna 11 milhões de onzes e dali saia então, filtrado por um algoritmo altamente lusitano, os 11 heróis que nos levarão à glória, mesmo que a máquina acabe metendo o Bruno Alves a ponta-de-lança, o Patrício nas entre-linhas e o Cristiano Ronaldo a fechar a ala direita.

Se escolher 11 jogadores para uma competição desta natureza fosse fácil, não era para nós. Decidir implica muito mais do que olhar estritamente para as características individuais de cada jogador. Requer um pensamento mais elaborado e colectivo, precisa de ter coerência com o trabalho que vem sendo preparado nos últimos meses. É por isso que Fernando Santos começa a dar sinais preocupantes.

Desde logo, a escolha por Quaresma em detrimento de João Mário no último jogo. De repente, sob o peso da crítica e das exigências populares por enfiar no relvado os 3 reis magos, o mister sucumbiu à pressão e perdeu a bússola com que vinha norteando as suas opções. Se o que estava trabalhado era um 11 que privilegiasse o entendimento entre 4 médios - dois mais interiores que soubessem furar defesas mais compactas através da movimentação dentro do bloco adversário e abrissem espaços para a entrada dos laterais, um posicional e um "8" em apoio aos dois avançados selvagens lá na frente - não se percebe a opção no jogo com a Áustria, que acabou por nem ser carne nem peixe. Portugal acabou por entrar em jogo em formato delícias do mar e naturalmente pagou por isso.

Sem ponta-de-lança de qualidade inegável, Santos, inteligente, optou por trabalhar uma equipa que tivesse nos seus médios a capacidade para semear com bola, num jogo de posse e pelo relvado, a planta que crescesse até ao golo. Uma linda árvore frondosa que fosse crescendo pelo jogo interior e constantes combinações curtas, usando as alas não para cruzamentos insípidos mas como forma de embuste. É evidente, um cruzamento não é nenhuma erva daninha se tiver o propósito e as condições ideais. Será o passe de André Gomes para Nani no nosso único golo igual a um charuto do Quaresma de meio do meio-campo? Não é, mas há quem queira chamar cruzamento a tudo e justificar cada bola atirada pelo ar sem critério como "mais uma opção válida".

O futebol desta equipa estava a ser trabalhado para uma forma específica de jogar - que, quanto a mim, viria a ter a sua natural glória a curto prazo - mas Fernando Santos, após o primeiro empate, decidiu esquecer-se de tudo isso e foi atrás do palreio (legítimo, porque todo o palreio é legítimo) da generalidade dos palradores lusitanos. Aí cometeu o seu primeiro erro, sobre o qual deverá reflectir e rapidamente corrigir, fazendo reentrar no 11 o único médio (já que não levou Pizzi) que pode elevar o futebol de Portugal à lucidez: João Mário. Na frente, soltar Ronaldo livre e escolher entre Nani ou Quaresma o seu companheiro para os desvarios.

O segundo erro de Fernando Santos derivou do primeiro: após uma aposta incoerente contra a Áustria, a equipa empatou, o futebol piorou (apesar das naturais oportunidades de golo), e o Mister, confrontado com tudo o que prometera, decidiu prometer ainda mais: agora já não íamos só fazer tudo para ganhar isto, agora já sabíamos que só vamos acabar no dia 12 de Julho no Marquês, com 11 milhões de portugueses em cima da cabeleira do Pombal. Era o desespero final.

Na sua bondade, na resposta às preces sedentas de glória dos emigrantes que amam este país de forma absolutamente enternecedora, Fernando Santos despiu-se, passou molho barbecue pela pele, abriu o grelhador e deitou-se em cima das brasas. Resta saber se o povo o vai querer bem ou mal passado.


domingo, 19 de junho de 2016

Um Olhar à Última AG do Clube



Quarta-Feira passada realizou-se mais uma Assembleia Geral do Clube Sport Lisboa e Benfica.

A AG tinha como assunto único a aprovação do Orçamento para a próxima época.

Antes de mais nada é preciso abordar a convocatória para esta Assembleia Geral.

É com muita pena minha que não haja uma comunicação eficaz ou interessada sobre a realização da mesma.

Nota-se que a Direcção não tem interesse.

Há umas semanas deparei-me com a convocatória da AG. Já não me lembro se foi no site do clube ou se foi no site do Record mas tenho a ideia que foi no site do jornal desportivo.
Sei que a convocatória foi também publicada no jornal do clube.

Mas acham mesmo que isto chega?

No inicio da semana fui procurar confirmar a data e hora. Entro no site do clube e não há lá nenhuma informação em destaque sobre a AG. Lá fui eu ao separador “Clube e SAD – Clube – Assembleias/Convocatórias” para poder tirar as minhas dúvidas.

Depois as AGs, principalmente esta última que só teve 160 associados, andam vazias. E admiram-se? Claro que não. É esse o objectivo. Além de não serem quase divulgadas, as AGs no nosso clube para pouco ou nada servem.
Estas aprovações dos sócios são uma mera formalidade sem qualquer ponta de influência. Além disso são poucas as questões e dúvidas esclarecidas.

Continuando sobre a divulgação das AGs.

“O clube é dos sócios”
“O Benfica és tu”
“Os sócios são o pilar do clube”
“Quem manda no Benfica são os seus associados”

Isto é dito e repetido pela Direcção do nosso clube. Aliás, estas frases são colocadas pelo próprio presidente nos Orçamentos e Relatórios e Contas do clube.

Depois vamos a ver e isto só é verdade na altura de angariar votos ou de fazer merchadising.

Ao longo do ano quantas mensagens recebem do Benfica? E mails? Quantas publicidades veêm na BTV? Quantas vezes andou o Director de Comunicação do clube a papaguear no Twitter? Não há um vice-presidente do clube que fala uma vez por semana na Sic Noticias? Não temos uma página no Facebook diariamente activa?

Como se explica o silêncio do clube sobre a AG? Como se explica o silêncio de todos os órgãos de comunicação do clube na semana da AG?

Vou ser sincero. Não sou um telespectador assíduo da BTV. Não sou fã de um canal onde todos os que falam partilham praticamente da mesma opinião. Portanto não sei se o Pedro Guerra, se o Lemos ou se os jornalistas do canal promoveram a AG. Eu não os vi fazer e duvido seriamente que o tenham feito. Se alguém o tiver visto que me informe aqui em baixo na caixa de comentários.

Dito isto, não só a Direcção do clube tem responsabilidade na pouca adesão dos Sócios às AGs do clube. O Sócio tem direitos mas também tem deveres e cabe a nós respondermos à nossa obrigação de nos interessarmos pela vida do clube.

Agora sobre a AG em si.

É público que o Orçamento foi aprovado com 2 abstenções, 9 sócios contra e uns 150 a favor.
É público que o pavilhão estava vazio.

Esta AG foi em tudo parecida com as anteriores.

O Nuno Gaioso é a voz da Direcção. É sempre o único a vir responder aos associados. Nota-se que tem preocupação em esclarecer algumas questões. As que fogem ao âmbito da sua responsabilidade ficam por responder.

Há um aspecto comum no comportamento da Direcção antes e durante as AGs: o desinteresse.
É triste mas é verdade. Estão uns 20 membros do clube ali nas mesas e parece que só dois estão interessados na AG: O Vice-Presidente da Direcção Nuno Gaioso e o Presidente da Mesa da AG Luís Nazaré.

A postura do presidente Vieira é representativa do frete que todos os outros estão ali a fazer. É confrangedor ver o presidente do clube ali sentado num total desinteresse por aquilo que os sócios têm a dizer. Raramente se dirige aos associados e nas escassas AGs em que o decide fazer é para reclamar, atacar, criticar e apontar o dedo. Só fala quando se irrita, só fala quando sente necessidade de se defender.

Há intervenções de sócios que me deixam estupefacto mas tenho de saber aceitar. Mais difícil para mim é aceitar declarações como que fez o Nuno Gaioso nesta AG, certamente movido por um início de campanha eleitoral do presidente em funções. Não vou aqui replicar o que ele disse sobre o Património do Clube por respeito à privacidade que deve existir numa AG.

Quem vai às AGs sabe que há um sócio muito critico com muitas coisas que se fazem no clube. Quem lê as notícias sabe que o LFV considerou injusto o orçamento não ter sido aprovado com 100% dos votos, considerando que tal não aconteceu por acção de um sócio em específico. E já todos sabemos o que este presidente faz quando aparece algum tipo de oposição ou voz discordante. São as “ameaças” nunca cumpridas, a lavagem de roupa suja, as insinuações, enfim os mais variados ataques.

Ah é que desta vez o presidente falou. Muito a esforço, muito contrariado e com muito teatro à mistura, lá falou. Falou não. Gritou, acusou, discutiu, criticou e berrou para o ar todo o tipo de demagogias possíveis e imagináveis. Obviamente que o Doutor Vale e Azevedo não faltou. Felizmente já não temos doutores no clube.

Vieira fez um discurso de levantar uma plateia que adora demagogias. Foi um discurso de início de campanha eleitoral. Vieira fez um discurso de indignar todos aqueles que estão ali a perceber o ridículo do que está a ser dito. Nem o Pedro Guerra consegue fingir acreditar que o Benfica prejudicou a vida empresarial de Vieira.
Mais uma vez, por respeitar a privacidade de uma AG, não irei escrever mais sobre o que foi dito.

O mais triste de tudo ficou para o fim. O sócio mais visado por LFV tentou sem microfone responder ao presidente assim que o discurso do mesmo marcou o fim da AG. Um senhor já bem avançado de idade foi quase feito voar pelos seguranças presentes no recinto. Felizmente alguns sócios souberam apelar à calma. Mais um momento triste para juntar a outros que tenho assistido nestes últimos anos.

Falta a esta Direcção acreditar no que diz e valorizar os sócios como património do clube, o qual vai muito além da sua marca e presidente.
Por isto não é de estranhar que muitos sejam os sócios que nas AGs vão pedir respostas ou esclarecimentos sobre assuntos que já colocaram à Direcção ou por outras vias ou nas anteriores Assembleias Gerais. A Direcção insiste em olhar para o lado e fingir que não é nada consigo.

Ano após ano ouvimos os membros e apoiantes desta Direcção afirmar que há assuntos e criticas que devem ser reservados para os locais próprios – vulgo AG. Depois nos locais próprios é o que sabemos. Podemos falar, alguns fazem barulho e riem-se para não terem de ouvir e os responsáveis do clube em muitos dos casos assobiam para o lado. Portanto não, não há espaço para debater o clube na privacidade do mesmo. O clube só pode ser e deve ser debatido nos espaços públicos, em qualquer local onde haja um benfiquista a falar e outro a ouvir, em qualquer espaço onde haja um benfiquista a escrever e outro a ler. 

Para terminar uma palavra ao Sr. Luís Nazaré. Não percebo a limitação dos 3 minutos mas pelo menos acabou de vez com a vergonha da buzina que os seus colegas de Mesa tanto adoram.

Esta Direcção já fez muita coisa positiva mas a comunicação ao sócio, a superficialização do papel do sócio e a não-proximidade ao sócio são algumas das suas grandes falhas.

sábado, 18 de junho de 2016

Portugal de Guerreiro Volta a Marcar Passo



E agora a ressaca de mais um empate... 

O que dizer?

Jogámos bem mais do que contra a Islândia. Acho que Portugal fez um bom jogo e foi muito superior à Áustria.

Houve algumas exibições menos conseguidas, alguns cruzamentos sem nexo mas conseguimos não só ter um grande volume de jogo ofensivo como também de criar várias oportunidades de golo.

Em termos defensivos nada a apontar também.

As mudanças no 11 melhoraram a equipa. Podemos discutir algumas dessas mudanças e talvez opções diferentes ainda melhorariam mais a equipa. Contudo, não foi pelas escolhas iniciais de Fernando Santos que não conseguimos vencer.

Fomos péssimos no momento da finalização e a eficácia é crucial num jogo de futebol. Fomos também um pouco infelizes em alguns lances.

Não posso dizer que a Selecção me encheu os olhos mas achei esta exibição mesmo muito positiva.

Onde o Fernando Santos pecou mais foi nas substituições. Aí sim acho que leu muito mal o jogo e prejudicou a equipa. A entrada do Rafa foi muito tardia. A entrada do Éder foi descabida. A entrada do João Mário para a saída do Quaresma foi um travão no jogo ofensivo que estávamos a ter. Se queria tirar o Quaresma metia o Rafa e se queria colocar o João Mário tirava um dos 3 médios.

Acho que o Vieirinha está a fazer um muito mau Europeu.

O Ricardo Carvalho é uma maravilha.

O Moutinho e o André Gomes fizeram uns bons 60 minutos.

O Nani esteve muito bem na primeira parte como jogador mais próximo da área.

O Cristiano fez uma primeira parte horrível e melhorou na segunda. É um monstro a aparecer em zonas de finalização mas não pode falhar tanto. Continuo sem perceber os livres.

O Raphael Guerreiro está a fazer um Europeu enorme. Este miúdo encheu a ala esquerda e fez uma jogatana e grande nível.

2 jogos, 2 empates e 2 pontos. Muito mau.

E esta Áustria não joga a ponta de Futebol. Zero. Bola. Pior futebol que vi neste Euro.

É ganhar à Hungria, fazer os 5pts e segurar os Oitavos.

Está na hora de fazer entrar o Cédric, de incorporar o João Mário neste meio-camo, de evoluir os processos entre os 5 da frente, de dar uma oportunidade ao Rafa e de pedir ao Cristiano que comece a jogar à bola.

Raphael Guerreiro é craque. Não tivéssemos nós o Grimaldo e andava eu aqui a reclamar por não o termos ido buscar.


O Benfica, Benfica de Helena Santos




Helena Santos não brincava em serviço. A águia ao fundo, em cima; o título do álbum "Benfica, Benfica" e uma vestimenta a condizer, entre a túnica hippie e o modelito cigano. Helena Santos buscava o estrelato. Não o atingiu. Para a posteridade, no entanto, esta capa que vai directamente para as preferências dos nerds coleccionadores de preciosidades mais ou menos absurdas.

A sequência de músicas: Benfica, Benfica - Cuidado Raparigas - Encantos de Portugal - Que Linda Lisboa.

Abordando o Portugal - Áustria

Hoje há um jogo entre Portugal e Áustria que pode ser decisivo para ambas as equipas.

Com a Islândia aquilo não correu nada bem.

Não acho é que seja preciso uma grande revolução na equipa. Aliás, até considero que podia entrar o mesmo 11 e não era por aí que teríamos problemas.

As nossas dificuldades não se prendem com a escolha dos jogadores nem da táctica. O problema está nas movimentações e mentalidade. Falo em mentalidade porque parece-me que temos uma equipa a jogar com receio, apostando sempre no seguro. É essencial arriscar. É essencial jogar fácil sem ter medo de o fazer em zonas de maior dificuldade. É no confronto com o adversário que podemos mostrar a nossa capacidade. Não podemos andar a fugir.

Se o Fernando Santos mantiver a mesma equipa eu não tenho nada a apontar. Isso não quer dizer que eu não gostaria de ver algumas alterações por uma questão de gosto e estilo.

Primeira troca que faria era a do Pepe pelo Fonte. Esta é uma mudança que defendo já desde antes do início do Euro. O Pepe não tem sabido representar com dignidade a camisola da Selecção. O seu comportamento com a Alemanha, o seu comportamento em jogos do Real (incluindo a final da Champions) e o seu comportamento no último jogo são demonstrativos disso. Além disso, com a Islândia comprovou não estar num bom momento de forma. O Fonte é bom jogador, é um jogador correcto e está em boa forma. Pode não ser um central tão bom quanto o Pepe mas parece-me ser neste momento melhor para a Selecção do que o madrileno.

O Vieirinha era a minha escolha para a lateral direita mas confesso que não gostei nada da sua primeira parte com a Islândia. Vários cruzamentos falhados e fraco no processo defensivo. Pode ter sido só um mau jogo mas o Cédric pode ter a sua oportunidade.

A minha aposta para 6 é o Danilo. Está melhor que o William e acho-o um muito bom jogador. Aqui a minha dúvida prende-se com o estilo dos adversários. Nesta fase de grupos Portugal enfrenta equipas que nos vão dar a bola e jogar mais recuadas. Nesse contexto talvez o William fosse a melhor opção pois tem uma maior capacidade de conduzir a bola e de passe curto, principalmente de passe pelo centro.
Mesmo achando que o William nesta fase de grupos pudesse ser a melhor opção manteria a minha aposta no Danilo. O jogador precisa ganhar rotinas no sentido de estar o melhor preparado possível para as próximas etapas.

O trio de médios que se segue é onde há mais dúvidas. Temos sempre de ter em conta que estamos numa fase de grupos acessível a qual temos vencer preparando maiores voos.

Continuo a achar que o Moutinho é ainda o nosso melhor médio. Gosto muito do jogador mas reconheço que está ainda num processo de recuperação.
O mais fácil seria tirá-lo, coisa que não acho acertada. Os nossos adversários permitem-nos usar um Moutinho menos bom e fazê-lo crescer na competição. É importante termos o melhor Moutinho a partir dos Oitavos.

Tendo como dupla ofensiva o Ronaldo e o Quaresma (por substituição do Nani), a minha maior dúvida está na restante dupla de médios.
Manter o João Mário com o André Gomes? Incluir o Adrien? O Renato?

Se for para manter uma dupla de dois médios eu não mexia. Contudo considero que nesta fase Portugal deve ser mais ousado.
O nosso Rui Costa tem dito que o Nani poderia jogar mais recuado, como um dos 4 médios. Eu apoio-me neste conceito mas apostando no Rafa para o lugar do André Gomes.
Gosto muito do André e a minha posição prende-se com o facto de jogarmos contra equipas mais fechadas o que exige de nós uma maior criatividade pelo centro. Criatividade, velocidade, capacidade de condução de bola e maior aptidão para o risco.

O Nani anda lento, sem confiança e sem uma ponta de criatividade. O Rafa era o jogador ideal para trazer rasgos criativos ao nosso meio campo e para criar aproximações perigosas à área adversária, onde facilmente poderia combinar com os restantes jogadores.

Escolho o Quaresma e não o Nani pelos motivos já ditos. O Quaresma traz uma imprevisibilidade com bola que o Nani parece já não ter.
A exploração das zonas de finalização ficam mais à responsabilidade do Cristiano.

Usando 4 médios puros é imprescindível que os dois da frente venham buscar e conduzir jogo (nesta altura menos o Cristiano do que o seu parceiro de ataque). Com o Rafa mais recuado essa necessidade já não é tão expressiva.

Dito isto, gostaria pelo menos de ver o seguinte 11:

Rui Patrício, Vieirinha, Pepe, Ricardo Carvalho, Raphael Guerreiro, Danilo, Moutinho, João Mário, Rafa, Quaresma e Cristiano R.

PS: Os livres não servem para alimentar egos nem para dar show. Que os marque quem tiver maior qualidade para colocar a redonda lá no canto onde a coruja dorme.