sexta-feira, 31 de março de 2017
Os grunhos e o Futebol
Um jogo extraordinário. Um clássico. A mais intensa rivalidade do futebol português dos últimos 40 anos. Duas equipas separadas por 1 ponto a 8 jornadas do fim. 65.000 adeptos nas bancadas.
O que deveria ser um motivo de alegria, expectativa e festa, afinal, para 90 por cento de adeptos e dirigentes, é uma doença temperada a paranóias com os árbitros, ódio aos rivais, violência e muita pobreza de espírito.
O jogo lindo que é o futebol merecia gente com cérebros e corações mais saudáveis.
segunda-feira, 27 de março de 2017
Estavam à espera do quê?
A FPF quando decidiu trazer para a Seleção Nacional o pior que o futebol português tem, leia-se as claques e o seu fanatismo estúpido, estava à espera do quê? As cabecinhas pensantes da FPF queriam o quê quando abriram as portas a gente que de futebol gosta bola?
E Sr. Marta Soares - que para o exemplo, representa a classe dirigente do nosso futebol - estava à espera do quê quando se desloca ao estádio do rival, depois do terrorismo verbal que os clubes e seus representantes implementaram entre si? Ah sentiu a vida em perigo? Então mas que ideia faz das pessoas que os dirigentes insistem em educar como tontas e acéfalas? Temo desiludi-lo, mas o que o Sr. experimentou no sábado passado, é corriqueiro cá por baixo, e só não chega à cúpula, porque os senhores das gravatas lançam a gasolina, mas nunca descem do pedestal para lhe sentir o cheiro. Desta vez, incauto, desceu e teve um "lamiré" do ambiente que TODOS vocês semearam no futebol.
Estavam à espera do quê?
terça-feira, 21 de março de 2017
Ponderação da Sorte
Eu não posso acreditar que um treinador que trabalhe o ano
todo e é campeão nacional consiga todo o seu sucesso à base da sorte.
Por mais água que se beba a sorte não pode ser o guia de
todo o percurso futebolístico de uma equipa.
No final da época passada houve um consenso de opinião sobre
a evolução do Benfica ao longo do campeonato. Foi uma evolução que se deveu
muito à integração do Renato Sanches no meio campo e à deslocação e afirmação
do Pizzi à direita.
A equipa ganhou força no centro do terreno, ganhou maior capacidade de
recuperação da bola, de pressionar alto, de rotura ofensiva e de aproximação
dos sectores. Era o monstro Renato a funcionar.
Mas a equipa ganhou muito mais do que essa força. Ganhou um futebol mais
apoiado, mais pensado e com maior qualidade pelo interior do terreno. Era o
futebol do Pizzi a funcionar.
E este consenso foi tão geral que até o treinador do Benfica falou nele no
final da época.
Rui Vitória foi peremptório a afirmar que a grande
transformação do Benfica devia-se ao posicionamento do Renato a 8 e do Pizzi na
linha.
Rui Vitória não se coibiu de elogiar o mérito de ter
devolvido o Pizzi à direita.
Rui Vitória não se escondeu ao afirmar que no Seixal o Benfica não iria
conseguir outro Renato e que por isso teria de ir ao mercado.
Foi? Não.
O que me traz aqui é unicamente a incoerência deste
discurso. Onde antes havia o mérito de uma opção que lançou o Benfica para o
Tri, agora há um retrocesso total no modo de operar.
Como pode Rui Vitória explicar os seus méritos na redescoberta
do Pizzi se agora o trouxe de volta para o meio? Não faz sentido.
E por isto me questiono quanto na Sorte tem apostado o
treinador do Benfica. A lógica do Tri
não retiraria o Pizzi da linha em prol de um jogador com características tão
opostas às suas. A lógica do Tri não colocaria a 8 um jogador tão distinto do
Renato.
A sorte diz-me que a aposta no Renato e a deslocação do
Pizzi foram um golpe não pensado e não trabalhado do treinador. Esta situação
revela que não fossem as lesões do Salvio e nunca o Pizzi teria jogado à
direita nem o Renato teria sido chamado à titularidade.
Porém eu recuso-me a acreditar que seja tudo um bafo de sorte. Recuso-me a
acreditar que em nenhum momento do processo o treinador teve um desenvolvimento
racional que o levou a tomar as suas decisões, a perceber os méritos destas e a
reconhecer o seu sucesso.
Por isto tenho de perguntar: Que raio se passou Rui?
domingo, 12 de março de 2017
Celebremos o futebol
Televisão, livros, carrinhos, legos e cassettes fizeram parte da infância de quase todos os miúdos nos anos 90. Não fui excepção. Com a diferença de que sempre privilegiei o futebol. Mesmo na televisão, no tempo dos quatro canais, mais que os desenhos animados era o futebol que me captava a atenção. Os jogos do campeonato nacional, o saudoso Domingo Desportivo ou o Remate na RTP com a Cecília Carmo, os Donos da Bola na SIC com Nuno Santos ou Jorge Gabriel, os jogos da Liga Espanhola e da Liga Italiana ou o Contra-Ataque com o Sousa Martins na TVI fizeram parte minha infância. Eram os meus desenhos animados. Era o que me prendia à televisão. Também vi cassettes. Tenho dezenas delas. Rei Leão, Pinóquio, Toy Story, Aladdin, Pocahontas, enfim, até as organizava por ordem alfabética, por ordem de duração. E qual foi a cassette que vi, que rebobinei para rever vezes sem conta até à náusea? A daquele Barcelona x Atlético de Madrid para os quartos-de-final da Taça do Rei de 1997.
Faz hoje vinte anos sobre esse jogo. Por feliz coincidência, o Zé Luís, meu primo, sabendo que não iria poder ver o jogo, deixou uma cassette a gravar. E graças a isso, vezes sem conta, vi e revi os frangos de Vítor Baía, os contra-ataques dos colchoneros, a classe e os golos de Ronaldo (o verdadeiro, o melhor futebolista que vi jogar e a primeira camisola que tive), aquele remate do Figo à entrada da área e a festa blaugrana após o golo decisivo de Juan Antonio Pizzi, que seria promessa eleitoral de Luís Tadeu nas malfadadas eleições de 1997 em que se elegeu Vale e Azevedo em detrimento do professor do Instituto Superior Técnico.
Não sendo a minha primeira memória sobre futebol, é talvez a primeira memória marcante que tenho. Celebremos o futebol.
quarta-feira, 8 de março de 2017
Não havia necessidade
Sinto-me um Diácono Remédios. Bem sei que a minha intervenção não será profiláctica, até porque o mal está feito, mas o futebol praticado pelo Benfica assim me obriga. Não havia necessidade de assistir ao que se passou hoje em Dortmund.
Sou um resultadista. Não sou um romântico à espera de um futebol cativante para me deixar com água na boca enquanto vejo o Benfica jogar. Quero resultados. Quero vitórias. E não me choca absolutamente nada que o Benfica seja eliminado por uma equipa como o Borussia Dortmund. Mas acreditem que mesmo para um resultadista tem de haver um conjunto de princípios de jogo, defensivos e ofensivos, que devem estar bem delineados e que devem ser cumpridos. Acreditar que os resultados podem surgir sem esses princípios não é resultadismo mas sim depositar a fé, a crença ou o que lhe quiserem chamar em algo de tão arbitrário e fortuito que dá pelo simples nome de... sorte. Há uma diferença enorme entre resultadismo e sorte. E os adeptos que acham que o Benfica esteve bem nesta eliminatória com o Dortmund porque pareceu em condições de discuti-la durante os primeiros 135 minutos da mesma, desenganem-se, porque não esteve. Este Benfica, personificado por Rui Vitória, não é resultadista. É um Benfica que se apoia e que aposta tudo na sorte. E isso é um péssimo princípio para quem quer ganhar no futebol, ainda para mais quando dispõe de um conjunto de individualidades muito acima da média, como é o caso do actual plantel do Benfica. A sorte não dura sempre.
Não peço para o Benfica jogar aberto nem para subir as linhas. Pensar que poderíamos jogar assim com o Dortmund seria de um romantismo que não se coaduna com a minha forma moderadamente cautelosa de ver o jogo. Mas precisamente por ser cautelosa e não ser medrosa faz com que não abdique de certos princípios de jogo. Falo de princípios de jogo e não de escolhas individuais de jogadores porque apesar de Vitória ter optado por Samaris, Almeida e Pizzi para o corredor central isso não faz do onze do Benfica obrigatoriamente mais defensivo da mesma forma que as escolhas de Mourinho para a final da Liga dos Campeões de 2010 (Pandev, Milito e Eto'o) não fazem do Inter uma equipa mais ofensiva. Está tudo relacionado com as ideias e com os princípios de jogo uma vez que as escolhas dos jogadores não reflectem obrigatoriamente uma ideia de jogo. E se o Benfica tem uma organização defensiva que é francamente boa para a realidade do plantel que apresenta (e aí o mérito deve ser dado ao seu treinador), ofensivamente, com tanto talento individual, torna-se incompreensível a ausência de um plano de jogo, o medo de ter posse de bola e a incapacidade de olhar o adversários nos olhos. É um reflexo de ausência de processos, de pouco treino e espelha o medo que Rui Vitória tem de jogar contra equipas de valia mais ou menos semelhante à do Benfica. Foi isto que se passou este ano com Besiktas, Napoli, Dortmund, Porto e Sporting. Com a certeza de que algumas vezes se perde, algumas se empata e outras tantas se ganha. Mas apostar o destino na sorte parece-me ser extremamente redutor para a qualidade individual que o plantel do Benfica tem.
domingo, 5 de março de 2017
Presimentes
Enquanto fenómeno social, o futebol move paixões que são por vezes difíceis de entender. Existe um certo grau de irracionalidade no jogo que faz com que os adeptos não se consigam distanciar o suficiente para conseguir analisar algumas decisões do próprio futebol, como não acontece em mais nenhuma circunstância da vida. Talvez por isso o patrão do adepto seja um déspota, a mulher seja uma controladora, o dono do café onde vê a bola seja um avarento, o primeiro-ministro seja um aldrabão, os políticos sejam todos corruptos mas o presidente do clube de futebol, ai o presidente do clube de futebol, seja um herói sacrificado, um exemplo de liderança e uma figura de culto.
Algo está errado. Especialmente quando os três grandes se vêem representados por estas figuras. E aqui estou completamente à vontade para falar porque a única vez que votei em Vieira foi há oito anos e o arrependimento chegou menos de um ano depois, não pelo título de campeão nacional conquistado mas pelos negócios pouco claros que começaram a surgir com o Atlético de Madrid. A confiança perdeu-se. Porque um clube é muito mais que os títulos que conquista e o seu presidente deve ser alguém minimamente digno e que represente os valores do clube. Por isso mesmo, apesar de reconhecer o excelente trabalho que Vieira tem feito em áreas como a construção de infraestruturas, a criação de condições para os escalões de formação singrarem, a modernização e profissionalização da estrutura e finalmente o sucesso desportivo, não posso nem irei esquecer as mentiras sucessivas, os negócios pouco claros e a ausência de um debate plural e democrático promovido por constantes fugas aos debates com a oposição, com alteração de estatutos e de datas de eleições para evitar candidatos incómodos.
Este défice democrático criado pelo populismo dirigido às massas por presidentes-ditadores é aliás um fenómeno que não é de hoje e não é exclusivo ao Benfica (nem a Vieira, porque mesmo Vale e Azevedo chegou a ter quase 40% dos votos depois de um dos mandatos mais nefastos de um presidente na História do Benfica). Também o FC Porto, cujo presidente tem mais anos de poder que eu de vida e no qual não me lembro de existir um candidato a desafiar Pinto da Costa, vive este problema de ausência de debate democrático. E o Sporting, claro, depois de ultrapassada a oligocracia do croquete que dirigiu o clube anos e anos a fio, vê-se agora a braços com um demagogo radicalista com um discurso que cativa a maralha e que coloca em xeque qualquer pessoa com ideias e que se oponha ao seu reinado através de comunicados, insultos e perseguições.
Não me identifico com esta gente. E tenho alguma dificuldade em compreender gente inteligente que utiliza justificações como "pelo menos fez obra", "deu-nos títulos" ou "devolveu o orgulho de ser benfiquista/sportinguista/portista aos adeptos". Nem tudo tem de ter um preço, especialmente quando ultrapassa a nossa dignidade ou a dignidade que os clubes devem ter.
P.S. Peço desculpa a todos os que ao longo dos anos foram comentando aqui ou no Eterno os meus posts, mas a partir de hoje só o poderão fazer através do Facebook na página do Ontem Vi-te no Estádio da Luz.
P.S. Peço desculpa a todos os que ao longo dos anos foram comentando aqui ou no Eterno os meus posts, mas a partir de hoje só o poderão fazer através do Facebook na página do Ontem Vi-te no Estádio da Luz.
sexta-feira, 3 de março de 2017
Vieira na CMTV, Seixal e nada mais
As palavras ficam a ecoar-me na cabeça. Tenho este defeito.
Fico a pensar nas coisas e quanto mais penso mais quero falar delas.
Principalmente quando as palavras são pomposas mas ocas de sentido.
As entrevistas deste presidente do Benfica são fenomenais para títulos de
jornais. Se queremos ficar entusiasmados agarremo-nos às Capas nos quiosques e
deixemos de lado o muito de nada integral.
Mais de uma década das mesmas coisas, das mesmas promessas e
das mesmas repetições.
Recentemente temos no nosso clube muita gente com tiques de
senado. Não são senadores. São aproveitadores de bons momentos para se sentirem
superiores. O que é falso só pode soar a falso.
No Benfica temos obrigação de ser pró-futebol, de
defendermos os mais altos valores da sociedade e do desporto. Está-nos no
sangue enquanto clube. Contudo, outra coisa é o que está no sangue de cada um,
de cada individuo. Quem não o é finge mal ser.
Faltou muita seriedade ao presidente do Benfica. Quis
brincar com a inteligência das pessoas e passar de fininho pela chuva. Não
conseguiu, não devia ter tentado e saiu risonhamente encharcado.
Pessoas frontais nunca têm tanta necessidade de lembrar que o são.
Entrevista fraca. Pobre. Má. Triste.
Pela postura, pelo discurso, pelo modo como abordou a ida à
comissão de arbitragem, pelo modo como falou da parceria com o Jorge Mendes,
pelo modo como ignorantemente abordou a vida profissional do seu filho, pela
forma como falou de um projecto do qual o clube faz parte, pela palha sobre os
15M e pela incoerente, simplista e falsa abordagem que fez à saída do Jorge
Jesus.
Este presidente do Benfica resume-se a uma coisa positiva:
Seixal.
É aqui o seu grande mérito e é aqui que sempre brilha nas entrevista.
Não é pela abordagem aos jovens jogadores, não é pela forma
como estes são ou não aproveitados no clube, é pela obra.
O Seixal é o grande legado de Luis Felipe Vieira e quando
fala desta obra é quando mais entusiasma.
Aqui dou os parabéns ao presidente do Benfica. A qualidade
do Seixal, os frutos que dá e o maravilhoso trabalho que lá se faz são mérito
seu.
O Seixal é Benfica, o Seixal é o futuro do Benfica, o Seixal
tem de ser ainda mais o presente do Benfica e o Seixal é benfiquismo. É aquilo
que mais pode orgulhar os benfiquistas e é aquilo que melhor alimenta todos
aqueles, que como eu, sonham há anos por ver uma maior identidade Benfica neste
Benfica.
Deixo um conselho a Luis Felipe Vieira:
Entrevistas só sobre a obra do Seixal. Uma hora a falar
sobre o que se fez, como se planeou, como se desenvolveu, futuros projectos,
como se vão fazer, ponto de situação. Uma hora a dissecar este magnifico sonho.
Aí sim poderíamos estar perante uma magnifica entrevista deste presidente.
Desabafo 2:
“Se eu quero vender por 45 ou por 50, ele é que tem de
ir o vender, não sou eu que vou vendê-lo.
As pessoas não
vão pensar que chegam aqui ao estádio da luz a comprar os jogadores do Benfica.
Pode haver um ou outro jogador.
Agora, se nós não estivermos no mercado de certeza absoluta que somos
desconhecidos.”
Alguém percebeu
alguma coisa desta trapalhada?
Pagamos uma
percentagem à Gestifute para fazerem um trabalho que é público que o presidente
do Benfica tem andado a fazer.
Os jogadores do
Benfica são desconhecidos no mercado, os clubes não mandam observadores aos
jogos do Benfica, os desempenhos dos jogadores a nível interno e europeu não
são visíveis além fronteiras e aquilo da "montra europeia" é um mito.
O mito à volta
da venda do Guedes lá caiu.
Quanto ao Ederson parece que nos estão destinados uns
30% parcelarmente pagos.