Há uma arte no futebol a que o mundo da bola dá pouco relevo. É a arte de dar porrada.
Verdadeiros caceteiros pretendem, geralmente, duas coisas – meter medo e castigar. Serve o mesmo propósito pedagógico. A arte passa por conseguí-lo sem que o árbitro ou a televisão testemunhem. Uma grande referência é o Jorge Costa. Um senhor na arte de aviar. Do seu reportório destaco a arte de saber tropeçar no adversário quando este se preparava para escapar. E com isto evitar um amarelo. No Benfica, não há um único jogador que saiba fazer faltas. Talvez o menos mau seja o Katsouranis.
Mas existe um sucessor. Na minha opinião, já superou o mestre. Primeiro, porque é fisicamente mais capaz. O Jorge era lento e não conseguia levantar a perna acima da cintura e, como tal, não conseguia cravar pitons acima da cintura dos adversários atingindo-os a velocidades baixas. O Bruno não. Consegue elevar o pé à altura da goela do opositor e sendo mais ágil é também muito mais fluído – todo o lance se transforma num movimento homogéneo e plástico em que corre, projecta-se, corta a bola e aterra com uma zona dura numa parte frágil do adversário. Aquele lance, no último clássico, em que tenta pontapear o Suazo na sua área após ter sido pressionado pela bola exalta uma elegância que um bailarino de Conservatório não desdenharia. O seu domínio das Leis de Newton, fundamentalmente da Inércia e a sua aplicabilidade à arte de atingir articulações após disputas aéreas envergonha muito doutorado em Física Clássica.
O Bruno, nos últimos quatro anos a jogar em Portugal tem visto um cartão a cada 8 (8!) jogos (691 minutos). O caceteiro-mor do panteão benfiquista, Petit, um bípede, na minha opinião, muito menos mau, demorava 3 jogos (260 minutos). Entre os jogadores mais violentos/incumpridores encontram-se Suazo, Quim, Moreira, Aimar ou Reyes (Benfica) ou os carniceiros colegas Hulk, Lucho, Benitez (com apenas 4 jogos), entre outros...É ou não é arte?
Para os interessados (www.zerozero.pt):
Bruno Alves (todas as competições):
2005/2006 - F.C. Porto - 668 minutos (2 A / 1 V)
2006/2007 - F.C. Porto - 3185 minutos (7 A)
2007/2008 - F.C. Porto - 3360 minutos (3 A)
2008/2009 - F.C. Porto - 3150 minutos (2 A)
Petit (todas as competições):
2005/2006 - Benfica - 3832 minutos (17 A)
2006/2007 - Benfica - 2808 minutos (8 A)
2007/2008 - Benfica - 2293 minutos (9 A)
2008/2009 - F.C. Koln - 2229 minutos (9 A)
P.S.: É engraçado como sempre ouvi que o Petit era protegido em Portugal. Afinal, também é protegido na Alemanha. É preciso ter influência!
Muito bom post!
ResponderEliminarAcho que os números são elucidativos sobre a qualidade, dignidade e jogo limpo de Bruno Alves. Jesualdo e o pai do jogador já há muito tempo disseram a verdade. Deixem de ser invejosos. Quem vos dera ter no Benfica um central capaz de uma assistência daquela qualidade, como o Bruno fez para o Rooney.
Grande golo do meu Bruninho, ontem, fazia lembrar o Simão dos bons velhos tempos.
ResponderEliminarAposto o testículo direito como o Bruno nunca será nada de jeito fora do Porto, tipo Maniche, Derlei e afins...É uma das coisas que me faz não gostar dos azuis, andam sempre drogados com aquela gana bairrista que têm desde o PC e que no fundo é o vosso Viagra. O Bruno é só um gajo que caiu dentro do caldeirão de gana do PC quando era pequeno...bom para vocês...
ResponderEliminarMuito bom post!!
ResponderEliminarSó não concordo que Bruno Alves tenha tentado pontapear Suazo. Para mim, foi apenas um coice, compreensível por ser próprio da sua natureza.
Saudações Gloriosas
Maldito Petit, até na Alemanha é ajudado.
ResponderEliminarExcelente!
ResponderEliminarDe facto é mesmo arte o que esse menino consegue fazer. Foram anos de aperfeiçoamento e treinou com os melhores, na melhor escola possível...
Armstrong, Phelps, Bolt e agora Alves: todos exepmplos de excelência...
Abraços