sábado, 2 de maio de 2009

D. Rui Costa

Basta percorrer as linhas de vários livros que vão sendo escritos nos blogues encarnados para nos darmos conta de que ao Benfica pode faltar tudo mas não falta um D. Sebastião. Rui Costa, para os adeptos benfiquistas, é Deus na Terra e coitado daquele que se digne a dizer o contrário. Para estes, todo e qualquer projecto futuro do clube há-de ter a mão misericordiosa do maestro, há-de ser não a via que em seus fins procurará o apogeu do Benfica mas a poltrona óbvia e sucessória que acomodará o actual Director Desportivo no trono da liderança.
Compete-nos, no entanto, repensar este sebastianismo: que provas irrefutáveis sobre a evidência de que Rui Costa é o homem certo para o clube terão estes adeptos para tão grande demonstração de afinidade religiosa? Os 5 anos em que foi jogador profissional, os 12 anos em que, de longe, jurava amor incondicional a um clube que definhava em estádios vazios, goleadas sofridas por terras galegas e arranha-céus de jogadores medíocres que, por passarem perto do Estádio, eram logo apelidados de novos Eusébios? Compete-nos, não deixando nós de sermos, como qualquer homem de coração aquilino, ideólogos do RuiCostismo, entregar a emoção nas mãos do diabo e questionar: que caralho fez mais Rui Costa pelo Benfica que Chalana, Humberto Coelho, Veloso, Eusébio, Simões, Torres, José Augusto, João Pinto (esse mesmo), Nené ou Bento? A menos sabemo-lo bem: passeou aquela camisola pelos relvados menos dois séculos do que qualquer um destes. A menos sabemo-lo bem: gritava benfiquismo a partir de terras transalpinas enquanto os dessa lista falavam dentro de campo a língua do Benfica.
Urge, portanto, relativizar tudo isto e entender o sentimento dos caros adeptos benfiquistas como uma necessidade, em tempos de crise, de uma crença. Uma crença possível, a única crença, aquela que nasce de um país em ruínas, perdido entre a gloriosa memória e a entediante actualidade. Um país onde qualquer bípede que não seja conotado com outras fronteiras é tido de imediato como o grande e possível rei de toda a nação. Sem que se reflicta, sem que haja, do ponto de vista dos neurónios, mais actividade do que aquela existente em jogos no estádio do Sporting. Mas, tal como nos jogos no Alvalade XXI, as cadeiras às cores podem originar grandes ilusões de óptica.

12 comentários:

  1. Post interessante, um bocado contra a corrente.

    Na minha opinião, só no final da próxima época se poderá fazer um balanço, precisamente pq não acredito em soluções milagrosas.

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  2. Confesso que não esperava este post vindo de ti.
    A minha opinião é conhecida, todos os profissionais do Benfica devem ser avaliados pelos seus resultados, pelo seu cumprimento de objectivos, chame-se Rui Costa, Luis Filipe Vieira, Eusébio, ou seja quem for. E goste-se ou não, o Benfica deste ano é uma triste repetição dos maus filmes que já conhecemos.

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  3. Agent, sem dúvida.

    Americano, uma repetição igual às outras, infelizmente.

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  4. Um benfiquista a dizer mal do GENIAL MAESTRO RUI COSTA? Devo estar doente, só posso.

    E quanto ao Alvalade XXI lava os dentes antes de falares nele. Quem te dera a ti ter um estádio da categoria do nosso.

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  5. Meu caro, não é questão de endeusar ou não alguém, mas julgo que depois de uma direcção com vários anos, com resultados desportivos questionáveis, estar a responsabilizar alguém de grande benfiquismo, que apenas agora chegou, não e justo, nem muito racional.
    Deixa-me dizer o que penso, eu sou benfiquista do coração e é por isso que entendo que para tudo há limites.
    Julgo que os adeptos benfiquistas foram muito pacientes, estiverem quase sempre do lado da equipa, desculpou-se-lhes muita coisa, mas há um momento para dizer basta e deixar de desculpar e passar a exigir, sim exigência, algo que sempre houve e muito no Benfica, que fazia de nós diferentes e melhores que os outros e essa cultura de exigência está a desaparecer.
    ´Não se pode admitir aquilo que se anda a verificar e verifica-se facilmente que falta realmente muita coisa ao Benfica, falta responsabilidade, ambição e fundamentalmente espírito de sacrifício. Numa equipa com ordenados chorudos, tem de se exigir responsabilidade a estes jogadores, eles não lutam, andam a passo e venha o fim do mês, é urgente o murro na mesa e fazer ver a esses cromos da bola, que apenas representam o maior clube português e quem não tem perfil para tal, só há um caminho, porta dos fundos, chulos não, muito obrigado.

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  6. amimnaovistedecerteza4 de maio de 2009 às 17:01

    ui, também se fala em culto de exigência por aqui? o que é isso? deve estar na moda e deve ter um significado diferente da interpretação que lhe dou. os adeptos do Sporting e do slb não são exigentes? mas o que é que os adeptos podem fazer? assobiar e mandar umas bocas, que é o que fazem. quer dizer, o fcp ganha graças ao culto de existência e à conta dos adeptos que tem?!? por favor!...

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  7. Derlei,

    isso dos dentes é melhor falares com o Jesualdo...

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  8. Jotas,

    "estar a responsabilizar alguém de grande benfiquismo, que apenas agora chegou, não e justo, nem muito racional."

    Não estou a responsabilizar ninguém, estou a fazer peguntas.

    Quanto ao resto, de acordo.

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  9. amim...,

    tens muita razão no que dizes.

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  10. Viva!

    Até que enfim!

    Parece que deixei de estar sozinho!

    Até já temia estar a mostrar apenas má vontade ou ter dado em lélé da cuca...

    Obrigado, por me ter revelado que a minha sanidade analítica não é... insanidade.

    Tenho que voltar aqui mais vezes, caramba! Pelo menos, encontro gente sem antolhos...

    Eternamente grato.

    Ruben
    (benfiquista recuperado de maleita grave...)

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  11. Adenda:

    Como muito bem diz, João Pinto (esse mesmo), Simão Sabrosa (ele em pessoa), Gamarra (imagine-se!, que se foi do Benfica a chorar, por não querer sair, e foi o extraordinário central que se viu por esse mundo fora...) e... e... e...

    Antigamente, os benfiquistas e o Benfica não eram ingratos nem se deixavam ir em balelas...

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Vai ao Estádio, larga a internet.