Tiro aos pratos
- Já está. O Benfas foi mesmo o terceiro a cortar a meta e acabou por demorar mais uma jornada para chegar ao inglório final. Até o LFV diz que não ganhámos nada, ficando a sensação que a Taça da Liga é um troféu mais metafísico do que real no nosso futebol.
- Depois de uma semana a clamar pelo Salvador, este foi traído pelo judas bronzeado e - como é exemplo a votação aqui a decorrer – já há malta pronta a crucificar a possibilidade anunciada.
- A verdade é que o peso do banco benfiquista já se fez sentir: Jesus já começa a parecer menos competente, e Quique, mais. Já nem é preciso um contrato para se começar a escolher a cova no cemitério encarnado.
- Sim, porque Jesus foi arrogante. Esquecendo o azar que teve no jogo, ficou patente que o treinador do Braga resolveu ignorar a receita, por todos conhecida, para contrariar o Benfica, e tirou da cartola uns truques e baldrocas que fizeram do Braga um dos adversários que mais se pôs a jeito às parcas armas do onze encarnado.
- Mas Quique não é bestial, e assinou mais umas quantas besteiras. Tantas alterações na penúltima jornada, com jogadores a trocar, regressar ou alternar de lugar, mesmo que acertadas, só sublinham o desnorte ou, pelo menos, a falta de estabilidade que marcou esta época.
- Quem vê Jorge Ribeiro a actuar no lugar que já foi de Léo, automaticamente recorda as palavras de Quique, remoendo os 90 minutos nessa paulada intelectual de que o brasileiro tinha a aprender com o português.
- Revelo-vos a palavra mais panisga da gíria futebolística: “acarinhar”. Começa por ser curioso como povoa o másculo léxico dos que giram em torna do futebol, mas fica tudo esclarecido ao ver o que um pouco de carinho fez ao Cardozo; é bonito...
- A incompetência e genérica falta de classe dos nossos árbitros é frequentemente subestimada. A arbitragem na pedreira de Braga, com amarelos a torto e a direito, conseguindo expulsar, por acumulação, um jogador em 12 minutos (nem que tenha sido o estouvado Yebda) é formidavelmente estapafúrdia. Ainda para mais, quando não mostrou amarelo no único lance violento de que resultou uma lesão (Katsouranis). Genialmente estapafúrdia, já que nesse lance ainda conseguiu amputar o Rúben Amorim ao último jogo da época. E eu digo que é subestimada porque se o jogo fosse outro, qualquer um duvidaria das intenções do árbitro. Desta vez, só pode mesmo ter sido falta de jeito, ainda que seja difícil de acreditar e, para o árbitro, mais humilhante!
- Mas foi mesmo a noite de Quique. Depois de levar na corneta toda a semana, de assistir à oficialização da descrença geral nas suas capacidades, eis que o espanhol prega com três castanhadas que deixaram Jesus de braços abertos, a barafustar com a equipa. E para coroar a noite, na conferência de imprensa ainda lhe perguntam pelo Atlético de Madrid: “Eu nunca falo com outros clubes quando tenho contrato (...)” – Olé!!
- Mas que venha o Jesus, que venha, VEM JESUS! Primeiro por que ando verdadeiramente intrigado com as estonteantes madeixas do senhor – tenho que ver aquilo mais de perto e de forma mais sistemática. Segundo, o nome é mesmo formidável e dar-me-ia um prazer monumental passar um ano inteiro a fazer trocadilhos rascas com o Senhor!!
Um texto magistral que toca, com classe e ironia, um indesmentível problema do Benfica. A volatilidade dos seus adeptos. Estou completamente à vontade para o escrever, até porque em devido tempo marquei a minha posição relativamente ao próximo treinador do Benfica. Há três semanas atrás era Quique e agora continua a ser Quique.
ResponderEliminarNa "mouche". O ponto 4 então é muito bem visto, já que foram poucos os que referiram a evidente arrogância de Jesus, bem patente, até, na formação que escolheu para abordar o jogo...
ResponderEliminarAbraço
Completamente de acordo, excelente texto.
ResponderEliminarÉ incrível como as, até agora engraçadas e típicas, madeixas do senhor Jesus até já parecem apenas ridículas à medida que se vai tornando mais evidente a sua contratação. Somos tão exigentes e instáveis... Às tantas o problema até é o adepto benfiquista... O tal balão de oxigénio de que falava o Ricardo aqui há dias parece que se foi num instante e ainda nem há contrato...
Mais estranho ainda é que um descredibilizado Quique, de uma semana para a outra, dá uma lição de moral e de nível que já começamos a ter pena que se vá embora antes de ir... (Foi só moral e nível, de facto, porque ninguém percebeu aquele onze. Pelo menos atendendo à sua forma habitual.)
Então em que é que ficamos? Fica o Quique? Vem o Jesus? Eu votei Jesus ali ao lado e confesso, se fosse agora não sei se não tinha votado na continuidade do bom palrador bronzeado e patilhudo. Não sei, já não sei o que será melhor, sou mais um volátil adepto benfiquista...
Excelente post! 10 fórmulas perfeitas de análise ao Benfica! O título, então, está delicioso:)
ResponderEliminar1. Não percebo a pouca importância dada a uma Tça que ainda por ima é patrocinada por uma marca de cerveja. Se eu fosse o Presidente, ganhar a Carlsberg seria mais importante do que ganhar a Champions. A sério, sempre foi um troféu, caralho! Nem como marketing são bons, estes gajos...
2. É giro ver esta massa volátil a balançar. Parece a política e os gajos que uma vez votam PS, outra PSD. A análise para eles passa por analisar semana a semana, não a época inteira. Portanto se o Benfica não ganhar na última jornada... "VEM JESUS, O QUIQUE É UMA MERDA!"
3. Tão verdade. E o mais curioso é perceber que os dois mudaram a forma de estar durante os 90 minutos. Quique fez de Jesus, Jesus fez de Quique. Basta saberem que vão para o Benfica (ou que vão sair) que ficam assim, doidinhos da cabeça. Ao Jesus um conselho: pá, tu és bom como és, podes gritar, fazer caralhadas, dar pontapés na gramática. Mais ridículo do que um labrego como tu só mesmo um labrego armado em fino...
4. Como o Paulo diz, quase ninguém falou disso e é uma das verdades. Mas acho que mais até do que na equipa inicial onde ele se armou aos mourinhos foi na antevisão do jogo. Não gostei.
5. É preciso lembrar que na equipa inicial Maxi estava a médio direito. Só para que conste.
6. Das piores exibições que vi num jogador do Benfica. Sim, estou a incluir as excelentes aparições de Pringle.
7. É tão bonito. No outro dia vi o Jorge Costa dizer que é preciso acarinhar os jogadores. Os maiores homofóbicos no futebol tornam-se autistas.
8. Foi tão má que me fez barafustar em vários sítios sobre a exibição de Soares Dias. Acho que isto diz tudo.
9. Ele até tem patilhas de matador. Torneou o touro, pôs-se de joelhos em frente ao miura, meteu-lhe a mão no focinho, virou-se, saiu de costas para a besta e a besta ficou com respiração ofegante mas imóvel nas patas, enquanto a plateia deliciada aplaudia freneticamente. Olé!
10. Mais do que dissertar sobre a natureza da ideia de Jesus em mudar de visual, preocupa-me o seguinte: qual é a natureza da preocupação de Jesus? Achará ele que se a farta cabeleira estivesse toda branca o Benfica não o aceitaria? O futebol tem cada uma. São insondáveis os desígnios espirituais.
JA TENS IDADE PARA TER JUIZO E NAO TENS IDADE PARA FAZER PARTE DA "LISTA" DO bRUNO CURVADO, EMBORA TE ESORCES TANTO.
ResponderEliminarvAI UM COMPENSAN?
Obrigado, José Marinho, pelas palavras elogiosas e claramente exageradas! Mas concordo que essa mensagem terá que ser repetida até à exaustão. Sou da opinião que a direcção já fez a cama ao Quique e que seria muito difícil segurá-lo durante uma época inteira...sairia ao primeiro desaire. Mas concordo que a mudança de treinador é acessória. É já demasiado óbvio que a mudança de treinador, por si só, muito dificilmente será suficiente para inverter esta espiral de insucesso.
ResponderEliminarApenasfutebol, sem dúvida! Já me pergunto se terá feito de propósito, dar a mão ao Benfica?! Bah, impossível.
Roger, é bonito e bem português esse ter pena que vá antes de ir... confesso que também me acerta, e acho que sei a razão: Tirando tudo o que tem a ver com a equipa em si (pormenor despiciendo) Quique é tudo o que sempre desejámos para o treinador do Benfica, ou presidente, já que estou com a mão na massa. É a chamada classe...(é que até o “Es una verguenza!” no Quique fica melhor que o “É uma vergonha!” em qualquer treinador português que conheço, ou já sou eu que estou a abusar...?
Ricardo, devias ter colocado esse comentário como post...muito bom! Entretanto só um comentário ao ponto 4. Não gostaste, não gostei, e é bom que nos habituemos; nesse capítulo vai ser bem chato ouvir o JJ semana a semana, ainda para mais se andarmos a levar na boca...
Anónimo,
Meu caro, aliás, meus caros, que vocês aparentam ser todos iguais. Não entendo o vosso empenho, agressividade e, mais importante, não entendo o que dizem, a sério, não é fita, não entendo! O único humano que me lembro de falar assim era o...o...espera aí...será?...: “Sr. Otávio Machado, é você? Directamente da sua quinta, ainda de botins e com internet via satélite, a interpelar-me nessa humilde caixinha de comentários??” Caso não seja, vou tentar responder ao comentário em duas línguas: o português da gente comum e o anonimês:
Português:
Não se chateie comigo. Nem sequer conheço as ideias do Sr. Bruno Carvalho. Sou um zé ninguém que nunca foi a uma assembleia geral...a sério, gaste o seu tempo a mandar comentários para o programa do Rui Santos, ou algo do género! A sério! Sou só um gajo que escreve num blogue, é grátis, experimente. Vá por mim, não vale o esforço...
Anonimês:
A sua espoliação é um autêntico voo de crocodilos no deserto que ameaçam a excentricidade da lei de Bernoulli! Vou ter que fazer puré porque o Bruno Carvalho é um bidé; e compensan não que só serve para pôr nas tampas de esgoto, tá a entender?
Abraço a todos.
aconselho o link para aferir da continuidadde do Quique: http://lateral-esquerdo.blogspot.com/2009/04/o-fabuloso-destino-do-benfica-de-quique.html
ResponderEliminarPensava que era so eu que tinha reparado nas novissimas madeixas de Jesus.
ResponderEliminarFico mais descansado.