Duas ideias principais - uma boa, outra nem tanto - sobressaem do jogo de ontem e corroboram os indícios que a equipa vinha dando nos primeiros jogos deste 2011: a melhoria qualitativa do futebol da equipa, tendo períodos de beleza e classe impossíveis de igualar por qualquer outra equipa portuguesa da actualidade; consequência dessa qualidade individual mas sobretudo colectiva, a equipa deslumbra-se, ganha confiança em demasia e perde os níveis de concentração (aconteceu em Coimbra, depois da expulsão de um jogador da Académica, ainda na primeira parte, aconteceu com o Olhanense e aconteceu ontem, a ganhar por 3-0). Se a primeira nos deixa confiantes e orgulhosos no futebol que os nossos jogadores praticam, a segunda deixa-nos hesitantes em relação à real capacidade desta equipa em manter-se coesa durante todo o jogo quando chegar a fase em que um erro pode ditar o sucesso ou insucesso de um jogo e de uma prova. Mas são boas as notícias: é que, se o entrosamento e qualidade demonstrados em grande parte dos jogos são difíceis de alcançar (e alcançámo-los), a perda de intensidade em determinados períodos do jogo é, espera-se, facilmente reparada por quem dirige e treina. Aproveitem-se estes sustos para exemplificar o que não deve nunca ser feito e teremos Benfica até final de época em várias provas e vários desafios importantes.
Roberto - É o de sempre: bolas pelo ar para o segundo poste, não existe - ou sai mal ou hesita (ficando desde logo afastado da possibilidade de as defender), raramente as intercepta; bolas de frente, seja em remates de fora da área, seja a sair-se a um jogador isolado, é muito bom. Belíssima defesa a 10 minutos do fim.
Maxi - Está menos interventivo em termos ofensivos, mas justifica-se pela capacidade de Salvio em criar espaços. Defensivamente, cumpre, não andando particularmente inspirado em termos posicionais. Mas isso sempre foi assim. Comepensa com entrega total.
Luisão - Está numa forma soberba. Varre aquela zona toda com imponência. A acrescentar, uma fabulosa assistência de calcanhar para Cardozo no terceiro do Benfica.
Sidnei - Ainda não é o jogador competente que queremos ter quando David Luiz sair (será já em Janeiro?). Tem talento, muito, mas falta-lhe entender a forma como funciona a linha defensiva da equipa e melhorar no timing de saída aos adversários. A jogada que acaba com um jogador do Nacional em frente a Roberto é o melhor exemplo disso. Mas Sidnei só crescerá se jogar. E hoje até marcou e tudo.
Coentrão - Voltou a estar empolgante em termos ofensivos. A defender, esteve bem até que... perdeu duas vezes o duelo com o adversário nos dois golos do Nacional. Não se pode considerar essas falhas de somenos.
Javi - Perdeu menos bolas em zonas perigosas do que é normal, o que pode ser um sinal de que está avisado de que deve corrigi-las. Controlou a sua zona de acção. No resto, o mesmo de sempre: joga simples.
Salvio - Já é o jogador do qual os adeptos esperam que abra as defesas adversárias. Ontem, mais uma vez não desapontou: desequilibrou no lance que abriu o marcador. Além disso, foi sempre procurando os espaços e a profundidade. São fantásticas as cavalgadas pelo flanco, à boa maneira antiga. Às vezes lembro-me de Vítor Paneira, quando o vejo correr quilómetros junto à linha, com a bola sempre controlada. É um belíssimo jogador. Comprem-no. Se o Roberto custou 8,5 milhões de euros, não vejo onde está a dúvida sobre dar 15 milhões por este menino.
Aimar - Que grande jogo! Já há uns meses que não se lhe via um jogo destes (principalmente, porque esteve lesionado). Tem tudo: agressividade no pressing, poder de antecipação das ideias do adversário, criatividade, visão de jogo, inteligência. É um luxo ter este homem no nosso clube.
Gaitan - Eu já não sei o que hei-de dizer mais sobre Gaitan a extremo-esquerdo. Tirando o jogo de Leiria, em que esteve muito bem, o normal dele, desde o princípio de época, é isto: talento desperdiçado. Posicionalmente, melhorou, já acompanha mais o adversário e compensa as subidas do Coentrão mas é só. Tem um número de perdas de bola inacreditável, a decisão é quase sempre errada ou de risco (mesmo quando passa pelo adversário ainda na defesa, muitas vezes decide-se pela finta em vez do passe, que seria a escolha óbvia e mais segura). Expõe a equipa várias vezes durante o jogo a transições perigosas do aversário. Nas provas internas, e com equipas mais fracas que a nossa, isto vai passando. Na Europa, será suicídio persistir neste erro - que só é de casting por estarmos a querer fazer dele aquilo que não é nem será.
Saviola - Esteve no primeiro golo, com um remate forte, esteve no terceiro, recuperando uma bola praticamente perdida, e esteve no quarto, fintando, ganhando a linha e assistindo na perfeição Jara. Dito isto, dizer que não esteve tão bem na decisão em zonas de finalização. Podia ter marcado e assistido em algumas jogadas em que decidiu mal. Acontece, é humano.
Cardozo - Esteve bem na movimentação e fez um golo. Depois saiu. É isto, o paraguaio. Se os penalties a favor do Benfica, fossem assinalados (como são a favor de outros, mesmo quando não existem), o Cardozo já devia ter mais, pelo menos, 4 ou 5 golos. Ontem ficaram mais dois por marcar, enquanto em Aveiro o Porto ganhava 3 pontos com um lance que, sendo penálti, é muito menos óbvio do que os que existiram na Luz, tanto o cometido sobre Salvio como o que aconteceu sobre Saviola. E assim estão 8 pontos de diferença. Este campeonato é uma mentira.
Martins - A culpa não é só dele mas, poucos minutos depois de ter entrado, a equipa passou de um futebol notável para um futebol hesitante e displicente. Perdeu muitas bolas, algumas em zonas perigosas. Precisamos de um médio com outras características como Pinto da Costa precisa de uma cela.
Jara - Ainda peca por alguma euforia e sofreguidão demasiadas, sempre que entra. Mas está lá qualidade e capacidade colectiva. Dêem-lhe espaço para ir entrando. Ainda foi a tempo de marcar o golinho (segundo consecutivo, depois de ter marcado ao Olhanense).
Menezes - Teve frio.
Preocupante não a quebra de velocidade que se aceita numa equipa que imprime alta rotação mas sim o facto de que aliado a essa quebra perde-se o controle dos jogos.
ResponderEliminarDesacelerar para descansar, ok, mas controlando.
Culpa da idade dos jogadores? dalguma imaturidade ainda? talvez, mas a melhorar.
De resto e enquanto a rotação está alta, é um regalo para os olhos!
Entreguem jà as faixas.
ResponderEliminarConcordo contigo: o futebol do ano passado parece ter voltado, no entanto são preocupantes estes "breaks" mentais da equipa a espaços, algo que não havia o ano passado. Dou o meu mea culpa por Salvio. De facto estava enganado quando não acreditava que se faria jogador. Precisamos é dum jogador na ala esquerda para segurar o meio-campo à imagem do que fazia o ano passado o Ramires no lado direito. Precisamos urgentemente com a lesão do Rúben Amorim, Se com equipas mais fracas este tipo de jogo resulta, com equipas mais pressionantes passaremos de facto momentos muito complicados. O problema é que eu também não estou a ver muitas possibilidades e convinha ser alguém no minimo vindo da Europa para não ter problemas com a adaptação (nem sempre se acerta como aconteceu o ano passado com o Ramires). Outro problema com a lesão do Rúben será a faixa direita: o que acontecerá se por acaso o maxi se lesionar ou ficar castigado: não será de mais acreditar no Luis Filipe?. Entretanto dos 17 golos do "agora melhor jogador do mundo e arredores" já vai em quantos penaltis? (E atenção, por acaso o de ontem era mesmo penalti. É estúpido por parte de André Marques, mas é-o de facto)
ResponderEliminarHattori, são essas as nossas prioridades neste momento, lateral e médio de construção. Ou pelo menos deviam ser.
ResponderEliminarPor isso já falei em Sílvio (porque além da qualidade que tem faz as duas laterais) e no tal médio que urge comprar - ou rebuscar, como Miguel Rosa, por exemplo. Depois destas, se quiserem dar um contrato de 6 meses + 1 época (dependente dos primeiros) ao João Tomás acho que não se perdia nada...
Concordo ctg que o Silvio seria uma boa compra, até porque pode fazer as duas laterais, mas há um problema : está no Braga, o que faz que só em último caso é que haja alguma coisa (além do mais também se fala que já está apalavrado com o Porto... por último é português o que faz com que não deva servir para os nossos dirigentes). Quanto ao Miguel Rosa pelo que vi dele, parece-me jogar um pouco mais ofensivo e não ser um indicado para segurar também o meio-campo. No entanto seria bom caso fosse possível tirá-lo do Belenenses e colocar-lhe numa equipa como por exemplo o Naval para ele começar a ter experiência em jogos da 1ª Liga. Tenho esperanças nele, mas começa a ser demais estar 3 anos em equipas que lutam para não descer na 2ª Liga, sendo quase o salvador delas (com excepção do 1ª ano no Estoril).
ResponderEliminarPor falar em Naval para médio de transição podia-se pensar em por exemplo Manuel Curto, que até já foi nosso (jogava era a avançado e bom ... foi o titular no último título português oficial de juniores, numa selecção com Moutinho, Vieirinha e Veloso por exemplo.), que joga como trinco neles, mas me parece que possa também ser um médio mais de transição. Podem-me chamar maluco , mas poderia-se aproveitar ele.
ResponderEliminarOu aproveitar um jogador que até se falou no principio do ano que o Sporting estava interessado: Matsui. Par mim teria apenas o problema de não ser esquerdino, mas poderia ser o tal médio de transição para segura o meio-campo, e teria algumas vantagens: neste momento não deve ser caro, já que muito provavelmente até estará descontente (Grenoble na 2ª Divisão Francesa - foi emprestado a uma equipa russa quando estes desceram, mas parece não se ter adaptado a este campeonato e voltou agora ao Grenoble); está ambientado ao ritmo de jogo europeu(está há já muitos anos no campeonato francês, se não estou em erro chegou mesmo a ser colega de equipa de Yebda); por último lado poderia ser vantajoso também por causa do mercado asiático. E quem viu o Mundial, perceberá que é um jogador com qualidade(embora não desse tanto nas vistas como Honda era ele em conjunto com Hasebe que verdadeiramente faziam funcionar e bem o meio-campo japonês no Mundial do ano passado).
ResponderEliminarO Miguel Rosa é dos mais promissores jogadores que temos emprestados. Até do ponto de vista psicológico é forte - a carreira que tem tido em divisões secundárias mantendo sempre uma regularida acima da média são a melhor prova de que está preparado para aparecer com qualidade no plantel principal. É verdade que é mais ofensivo, mas faz bem e cumpre em posições mais recuadas. Não digo que seja A solução para o Benfica mas é uma delas, com a vantagem de já ser nosso, benfiquista, e adaptado ao futebol português.
ResponderEliminarQuanto ao Curto, confesso que nunca mais acompanhei a sua carreira, desde que saiu do Benfica. Na altura, era um jovem com grande potencial.
As poucas vezes em que vi o Matsui gostei dele, sim. Pareceu-me bom jogador.
as quebras parecem-se sempre pelo estoiro fisico dos alas, salvio e gaitan...
ResponderEliminarse o gaitan acaba por nao se sentir por ali alem, ja que se "esconde" muito do jogo, quando o salvo estoira, é notorio que "falta" gente....
ate porque a defesa aparentemente continua firme e o ataque continua mexido...falta apoio no centro e os adversarios ganham protagonismo...
receio que no jogo com estugarda e em 2 ou 3 internos, isto vai custar caro...penso que é notorio, saiba o JJ corrigir isso.