terça-feira, 29 de março de 2011

50.000 razões para entrar a matar no Domingo

- Evitar um Porto invicto - há muito poucos campeões invictos no Mundo. Em Portugal só há um, o Maior. Curiosamente, além dessa época, o Benfica conseguiu noutro campeonato o feito de sair invicto não sendo campeão. Não é para todos. Não permitir ao Porto juntar-se ao clube dos que não perdem uma época inteira é um aliciante com força suficiente para entrarmos a matar.

- Adiar ao máximo o título dos portistas - Com a vitória no Domingo, o Benfica obriga o Porto a ter de vencer pelo menos mais dois jogos, o que tranformará todo o planeamento do Porto para o resto da época. Esta questão não é de somenos importância e não advém apenas de uma teimosia inútil: pode haver quem tenha esquecido o facto, mas é bom relembrar então que o Porto é nosso adversário na Liga Europa. Permitir-lhes descanso a nível nacional é potenciá-los a nível internacional - aliás, toda a jogada do sistema se baseia nisso: garantir o porto campeão o mais cedo possível para o ataque às taças europeias. Logo, ganhar no Domingo é não só uma questão de orgulho mas uma estratégia de desgaste para o adversário até final da época. E, nesse caso, com benefício para nós, que poderemos abdicar de alguns elementos nas provas internas e eles não.

- Desforra, não vingança, do jogo do Dragão - podemos dar a volta que quisermos, fingirmos que não dói, mas dói. 5-0 é um resultado que fica a moer uns aninhos largos. Por isso, nada melhor do que sarar feridas, ganhando. Se possível, com pagamento igual ao que recebemos.

- Consolidar a nossa qualidade para evitar branqueamentos - Um dos argumentos boçais que os portistas defendem para branquear o favorecimento arbitral que os suportou é precisamente o jogo em que ganharam ao Benfica, no Dragão. Com isso, justificam que são a melhor equipa e que a vitória no campeonato tem a ver com a maior qualidade da sua equipa e não por quaisquer ajudas externas. Nada melhor do que, na sequência da vitória no Dragão para a Taça, por 2-0, continuarmos a demonstrar - mesmo que não seja preciso nem sirva de prova ou falta dela ao que se passou e todos sabemos o que se passou - a nossa qualidade futebolística e a imensa injustiça que foi terem-nos afastado de podermos lutar até ao fim pelo troféu nacional.

- Um bom mote para o jogo da Taça - em termos psicológicos, é muito importante chegar ao jogo da 2ª mão das meias-finais da Taça de Portugal vindos de 2 vitórias consecutivas sobre o rival. Para nós, que ganhamos confiança, e para eles, que começam a duvidar da hipótese de poderem vencer na Luz. Uma vitória na Luz no Domingo será o maior murro no estômago a um adversário que obviamente tem qualidade e importa afrontar na questão mental.

- Potenciar o nível competitivo dos jogadores para a Liga Europa - Após duas semanas de paragem, é importante chegar ao jogo com o PSV na melhor forma física e sem quebras no ritmo competitivo. Um jogo intenso com o Porto favorecerá o rendimento da equipa 4 dias depois. E uma vitória o suplemento adicional para uma entrada fulminante num jogo em que importa conseguir uma vantagem clara para a segunda mão.

- A resposta certa dentro de campo à vergonha fora dele - Nada melhor do que vencer sem contestação, num Estádio onde se aprecia o bom futebol e a festa dos adeptos, para vencer não só o adversário mas a cultura belicista que o Porto demonstra no seu próprio estádio. Às pedradas, às bolas de golfe, aos insultos, à raiva, à cobardia, à boçalidade, à mesquinhez, respondermos com bom futebol, emoção nas bancadas, festejos pelo amor ao nosso clube e nenhum ódio ao rival, será sempre a melhor resposta e a única que devemos defender.

- Equilibrar as contas - a estatística vale o que vale (às vezes muito pouco, outras nada), mas os resultados também servem para aferir da dimensão de cada uma das equipas. Num contexto de bipolarização do futebol português, mesmo quando o jogo já não nos interessa no sentido mais prático do termo (sermos campeões), importa sempre vencer para equilibrar as contas. No ano passado, em 3 jogos disputados com o Porto, o saldo foi positivo: 2 vitórias, 1 derrota (5-3 em golos); este ano, com 3 já jogados, estamos em débito: 1 vitória, 2 derrotas (2-7 em golos). Temos, no entanto, mais (pelo menos) dois jogos para dar a volta às contas. Que Domingo continue o pagamento. Com juros.

- Evitar um Porto campeão na Luz - há quem diga, dos dois lados, que este facto não interessa. Discordo. Eu não quero o Porto campeão no nosso estádio. Como o ano passado ter-me-ia dado muito gozo ter sido campeão no Dragão, este ano qualquer portista, mesmo que o negue, rejubila só de pensar no assunto. Não. Em nossa casa, não. Eles que vão festejar o campeonato para os estádios onde conspurcam o futebol português. Que são basicamente quase todos, tirando a Luz e um ou outro de clubes que ainda vão tendo princípios.

- Derrotar o clube corrompido por Pinto da Costa - mesmo que nenhuma das premissas anteriores estivesse em jogo, há uma que, enquanto aquele ser abjecto estiver no poder, deve merecer sempre a nossa mais incontrolável vontade: vencer aquele porco. Tudo o que contribua para baixar a crista àquele atrasado mental deve ser feito. E isso passa por uma vitória no Domingo.

- Negar um cenário de guerra - se o Porto se tornar campeão na Luz, temo pelas consequências. Não que tenhamos uma cultura de guerrilha igual à dos opositores (pelo contrário) mas porque, tendo em conta todos os actos vergonhosos de que temos sido alvo, poderá haver quem, farto da impunidade de que gozam os portistas, transcenda os limites do bom-senso e se torne igual aos que criticam. E, nesse caso - falemos de forma clara -, perderão toda e qualquer legitimidade para apontar críticas aos outros. Confio na clarividência e paixão pelo jogo dos benfiquistas mas não posso meter a mão no fogo por milhões de pessoas que se sentem, com razão, injustiçadas. Uma vitória do Porto em Lisboa, com consequentes comemorações, poderá ser o rastilho para uma qualquer tragédia. Esperemos que não. E nada melhor do que ganharmos e com isso evitarmos cenários de vergonha, mais um, para o futebol português.

7 comentários:

  1. Nem mais!

    Disseste tudo. Ou quase.

    Falta referir que foi em parte a derrota contra os corruptos no início da época que nos empurrou para baixo em termos de moral e esta equipa sem confiança não vale nada. Pelo contrário, moralizá-mo-los a suplantar as suas deficiência e a fazer um bom arranque.

    No Benfica despreza-se o capital psicológico que estes jogos têm. A moral que dão e que tiram aos jogadores e às equipas.

    No Benfica têm sempre a tendência para desvalorizar estes jogos e não os encarar da melhor forma. Eles pelo contrário encaram-no sempre como se do jogo da vida se tratasse. Talvez por aí nos últimos anos claudiquemos sempre, mesmo quando a equipa deles apresenta mais fraquezas.
    Eles neste momento têm uma equipa forte, pelo que não vale a pena moralizá-los.

    Espero para ver de que forma será encarado este jogo.

    Será que o Benfica já mudou o chip? Será que já preparam-se bem psicológicamente para estes jogos?

    Veremos.

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  2. Durante anos foi um trauma, Dez, especialmente no Dragão.

    Depois da época passada e da vitória para a Taça, e com a mentalidade que o Jesus mete nos jogadores, acho que está parcialmente ultrapassado.



    "OBJETIVO É FORMAR GUARDIÕES ao nível de Roberto" - Record

    Oh god...

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  3. Infelizmente o Jesus é daqueles que acha que um GR para ser bom tem de ser alto. Basta lembrar a discussão Beto Vs. Eduardo. Espero que seja no entanto um delírio do Record. Tens visto os jogos de juniores? Vê o Teles ... que jogador!. É dos poucos que se aproveita naquela má equipa (de resto é só mesmo Ruben Pinto e Diego... o Jean do pouco que joga não me entusiasma).

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  4. Muito bem dito e escrito Ricardo! (mais uma vez, claro)

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  5. Estou contigo. No último ponto, porém, acho que será inadmissível os benfiquistas entrarem em guerra caso o jogo corra mal. Temos de ser melhores que isso. Seja qual for a análise, e por muito que eu sinta o Benfica, isto não deixa de ser apenas futebol...

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  6. Hanzo, tenho visto alguns, não muitos. Para mim, as maiores desilusões (pelas expectativas criadas) têm sido o Jean e o Alípio. No resto, é uma equipa um bocado para o medíocre. Concordo com os destaques que fazes, especialmente o Diego.

    Armés, não sei se me fiz entender bem. Falo que é um cenário que pode acontecer, não que concorde com ele. Era só o que faltava. Com esta notícia de que o pintinho vai sentar-se no banco, as coisas tendem a piorar. E, a ser verdade, só corrobora - para quem ainda é cego - o facto de ele ser responsável por muito da vergonha a que se tem assistido. Não é mais do que uma provocação. Espero que os adeptos sejam superiores à presença do dito cujo e vivam o jogo em festa. É nisso que somos bons. Bolas de golf e pedradas deixemos para os energúmenos que não sabem viver o futebol como ele deve ser vivido.

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Vai ao Estádio, larga a internet.