domingo, 3 de junho de 2012

Suicídio e depois?

No espaço de 5 dias, dois atletas italianos suicidaram-se. 

Primeiro, foi Giulia Albini, jogadora de voleibol que achou que Istambul seria a cidade perfeita para o último mergulho - atirou-se de uma ponte contra as águas do Bósforo.

Ontem foi a vez de Alessio Bisori, andebolista internacional italiano que preferiu as margens das linhas de comboio, em Bolonha. "Desculpem-me, não posso viver mais", e foi parar ao outro lado da existência, onde, ao contrário do que nos vendem em catecismos, panfletos entregues à porta ou épicos de Homero, não há absolutamente nada. 

A menos que um dia alguém me apareça à porta, mortinho da silva, a falar-me do excelente resort que a morte acomoda. 

No Werther, do Goethe, há uma carta na qual o protagonista disserta acerca do suicídio, defendendo que a eterna discussão em torno de ser corajosa ou cobarde a própria acção de pôr termo à vida é uma questão absurda e redutora. Por mim, concordo e acrescento: só uma pessoa com níveis de arrogância altíssimos pode botar juízos finais sobre a escolha do juízo final dos outros. Coragem ou cobardia? E se for antes apenas e só o que teve de ser, sem nomes nem pueril adjectivação?

São dois casos apenas, não chega para uma teoria complexa acerca do desporto em Itália e seus malefícios à alma humana - talvez o Record queira explorar essa possibilidade. Mas fica a curiosidade mórbida ou apenas a natural sucessão de acasos que a vida abraça - consoante as próprias crenças, o leitor decidirá. 

6 comentários:

  1. Será a morte assim tão má? Quem para lá vai, nunca quer regressar. Mesmo Jesus Cristo regressou mas por pouco tempo (diz que se tinha esquecido das luzes do carro acesas e um gajo nunca sabe quando vai precisar da bateria pronta a ligar).

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  2. Muitas vezes me coloco essa questão: Coragem ou cobardia? Decido-me por: Momento de loucura ou fraqueza! A alma humana é frágil, muitas vezes fútil e o vazio é algo que não raras vezes nos vence e trai.
    Não importam as crenças pois sejam elas quais forem, o ser humano é igual em todas elas!

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  3. É bom aprender com a voz da experiência de alguém que do outro lado da existência não há absolutamente nada. Discutível, interessante desafiador da tragédia da condição humana, mas ainda assim digna de respeito, pois não dá para agradar a gregos e a troianos.

    Um abraço benfiquista.

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  4. Eu tenho formação espiritual como já afirmei... não me interessa minimamente a discussão coragem versus cobardia, a mim basta-me que a pessoa ao tomar a decisão se sinte "bem" com ela... aliás basta-me a liberdade dessa tomada de decisão... respeito total!
    Quanto à "eternidade" ela é manifesta na "existência", nos 200 biliões de galáxias, perante isso eu tomo consciência da eternidade... dissertando sobre o assunto - a vida é uma viagem eterna, tal como a semente que cai á terra e morre para dar nova vida, nós somos assim também... é uma convicção singular...

    Quanto a estes suicidios no desporto - constatamos que a felicidade transcende as vitórias e as derrotas ou a notoriedade; a felicidade é a arte de saber viver... e isso estamos a perder com a emergência férrea do consumismo e do materialismo... algo que observamos em todo o lado... o negócio, o negócio como modo de vida... é tempo de trazer de volta a Paixão!

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  5. ... e depois conseguimos ver o Sport Lisboa e Benfica ???

    ...100 anos já pouco tempo:)

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  6. Ricardo, não vejo o que é que isto tenha a ver com o Benfica.

    A não ser que nas entrelinhas estejas a sugerir qualquer coisa ao treinador ou ao presidente.

    PS. o treinador já tem licença de porte de arma.

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Vai ao Estádio, larga a internet.