"(...)A Benfica SAD tem a sua actividade principal ligada à participação nas competições desportivas nacionais e internacionais de futebol profissional. A Benfica SAD depende assim da existência dessas competições desportivas, da manutenção dos seus direitos de participação e da performance desportiva alcançada pela sua equipa de futebol, nomeadamente da possibilidade de apuramento para as competições europeias.(...)"
"(...)Parte significativa dos proveitos de exploração da Benfica SAD são resultantes de contratos de cedência dos direitos de transmissão televisiva dos jogos de futebol e de contratos publicitários. Essas receitas estão dependentes da projecção mediática e desportiva da equipa principal de futebol bem como da capacidade negocial da Benfica SAD face às entidades a quem sejam cedidos os direitos de exploração daquelas actividades. Adicionalmente, a Benfica SAD está dependente da capacidade das contrapartes dos referidos contratos cumprirem com os pagamentos acordados e de, no limite, ser possível encontrar no mercado outras entidades que possam substituir aquelas. Os proveitos de exploração estão também dependentes das receitas resultantes da participação da sua equipa de futebol nas competições europeias, designadamente na UEFA Champions League.(...)"
"(...)Os custos relativos ao conjunto de jogadores de futebol da Benfica SAD assumem um peso determinante nas contas de exploração da empresa. A rentabilidade e o equilíbrio económico-financeiro da sociedade estão, por isso, significativamente dependentes da capacidade da Administração da Benfica SAD assegurar uma evolução moderada dos custos médios por jogador e a racionalização do número de jogadores.(...)"
"(...)Os proveitos resultantes de transferências de jogadores da Benfica SAD assumem um peso significativo nas contas de exploração da empresa. Esses valores estão dependentes da evolução do mercado de transferências de jogadores, da ocorrência de lesões nos jogadores, da capacidade da Benfica SAD formar e desenvolver jogadores que consiga transferir e da manutenção de um enquadramento legal que permita a continuidade deste tipo de receitas nos níveis esperados.(...)"
in PROSPECTO DE ADMISSÃO À NEGOCIAÇÃO AO EURONEXT LISBON DA EURONEXT LISBON SOCIEDADE GESTORA DE MERCADOS REGULAMENTADOS, S.A., DE 7.999.999 ACÇÕES ORDINÁRIAS, ESCRITURAIS E NOMINATIVAS, COM O VALOR NOMINAL DE 5 EUROS CADA, REPRESENTATIVAS DE 34,78% DO CAPITAL SOCIAL DA SPORT LISBOA E BENFICA – FUTEBOL, SAD de 6 de Junho de 2012
Este é o modelo de gestão da Benfica SAD, ou pelo menos o entendimento da Administração da Benfica SAD. A participação na UEFA Champions League, as receitas de transmissões televisivas e contratos publicitários são as principais fontes de receita. Por outro lado, o custo do plantel é o factor mais determinante nas despesas do Benfica. Dado que os resultados das transferências de jogadores são significativos para o equilíbrio das contas, pressupõe-se que a actividade operacional é deficitária.
Pessoalmente não concordo com esta visão. Por um lado ignora-se o papel dos sócios e adeptos e as receitas de sócios e adeptos (bilhética, bilhetes de época, quotização e merchandising) representam cerca de 35 a 40% das actuais receitas. Este valor implica que os destinatários do clube, os sócios e adeptos devem ser sempre a principal preocupação do clube, não vistos como clientes mas como alguém que deve aprofundar a sua relação com o clube e daí gerar-se valor acrescentado.
Com cerca de 222.000 sócios, o Benfica tem cerca de 41,9% de sócios efectivos, 31,8% de sócios correspondentes, 6,3% de sócios juvenis, 8,7% de sócios infantis e 9,6% de sócios infantis isentos, ou seja a maioria dos sócios não paga a totalidade do valor das quotas.
Caso exista uma política para o aprofundamento da relação emocional entre o Benfica e os seus sócios, penso que será possível a relação efectivo-correspondente passar de 40-30 para 55-15. Os 25% de sócios mais jovens representam tanto uma oportunidade como uma ameaça, pois tanto é possível aumentar a base de sócios efectivos como a relação se transformar de sócio em adepto.
Uma das grandes questões do Benfica é como rendibilizar essa massa adepta tão grande mas que normalmente está tão afastada do clube. Estamos em profunda crise económica e o lazer é um dos primeiros bens a ser cortado dos orçamentos familiares. No entanto em termos estratégicos de longo prazo o Benfica deve delinear estratégias para atrair os adeptos, não só tornando-os sócios, como também atraindo-os ao estádio, às lojas e às escolas de formação.
Pensando global, o Benfica deve agir localmente e deve incluir na sua estratégia de promoção as Casas do Benfica. Mas acima de tudo, a procura dos adeptos nunca deverá manchar a relação já existente com os sócios e em especial os que têm títulos anuais para acesso ao estádio. Se por um lado em Portugal é difícil existir um aumento significativo no número de adeptos, o mesmo não se passa fora de Portugal, desde que sejam seguidas políticas consistentes de abertura e expansão de novos mercados, como o fazem as equipas inglesas ou espanholas.
Estes novos mercados, nomeadamente das economias emergentes, poderão trazer um aumento do número de sócios, e para isso o Benfica tem uma grande arma de marketing que é o facto de ser o clube com mais sócios no mundo (o Bayern de Munique que é o segundo apenas tem 181.000). Mas não só poderão aumentar as receitas da quotização com a abertura de novos mercados, como também e especialmente as receitas de merchandising. O merchandising representa apenas 3 a 4% das receitas do Benfica. Só o efectivo alargamento da base de adeptos poderá permitir o aumento deste valor.
Esta abertura de novos mercados poderá potenciar o aumento significativo das receitas de transmissão, bem como o aumento do valor da marca Benfica. A marca Benfica é uma super-marca em Portugal e junto das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Porém, é uma marca pouco mais que irrelevante quando comparada com o Real Madrid, o Barcelona, o Manchester United, o Bayern de Munique ou mesmo alguns clubes não de topo das ligas inglesa, espanhola e alemã.
Qual o caminho para ganhar notoriedade? Aproveitemos que em 2014 a final da Champions será disputada no Estádio da Luz e juntemo-nos todos para fazer os possíveis e os impossíveis para que o Benfica não deixe de ser um anfitrião ganhador. O desígnio para os próximos anos deverá ser ganhar a Uefa Champions League em 2014, quaisquer que sejam os adversários que defrontemos.
A presença assídua do Benfica na Uefa Champions League, a competição mais importante de clubes, irá fazer crescer a notoriedade da marca, mas só um triunfo poderá verdadeiramente permitir um crescimento à escala mundial. Para que o Benfica seja uma presença assídua na Uefa Champions League é essencial que volte a ter a hegemonia do futebol português e ganhe consistentemente o campeonato nacional.
Claro que isto é fácil de dizer, mas não é fácil de fazer. Por um lado porque a competição em Portugal não é justa. Está demasiado enviesada com influências e jogos estranhos de bastidores que condicionam o desempenho das equipas dentro das quatro linhas. Mas acima de tudo porque não tem havido competência própria e os erros têm-se repetido, quer na formação, quer na gestão dos plantéis.
Uma notícia do Record diz qualquer coisa como que a Direcção do Benfica, penso eu que seja a Administração da Benfica SAD, tem que vender um jogador valioso até ao final da semana. Não sei como ficou o fecho do exercício, mas dá para prever tendo por base os resultados do 3.º trimestre, o histórico e contabilizando os valores do Market-pool da Uefa Champions League que o exercício tenha ficado ligeiramente positivo.
Na semana que passou, penso que a Bola noticiava que o Benfica tinha conseguido 10 milhões de euros com empréstimos e transferências de passes de jogadores não relevantes, tendo inclusivamente o Benfica entretanto chegado a acordo para emprestar o Hugo Vieira ao Sporting Gijón e o Nuno Coelho ao Aris de Salónica. Também são conhecidos os valores que foram associados às transferências de Ola John 8 milhões de euros (mais 1 milhão por objectivos desportivos) e 10 milhões de euros pelo Salvio (mais 1 milhão por objectivos desportivos, sem contar o anteriormente pago por 20% do passe). Se a estes valores juntarmos as amortizações semestrais dos passes de jogadores (qualquer coisa como 15 milhões de euros), corremos o risco de a 31 de Dezembro de 2012 ter a Benfica SAD em insolvência técnica, caso não exista uma venda a rondar os 20 a 25 milhões de euros.
O objectivo não é ser alarmante, é ser realista e perceber que face ao modelo de negócio que temos, a venda do passe do Cardozo pode não chegar, pelo que sem sair o Gaitán, a probabilidade de sair o Witsel é enorme. E perdendo o Witsel, ou eventualmente o Javi ou o Rodrigo, o nosso plantel ficará seriamente debilitado e teremos tido mais uma pré-época que não se adequa às necessidades que teremos durante a época.
Muito gostaria eu que a realidade me desmentisse, mas eu já estou preparado para ver uma das nossas pérolas a sair no fecho do mercado.
É por isto que eu acho que o modelo de gestão do Benfica deve ser reequacionado, mas neste ou noutro modelo deve efectivamente cumprir-se aquilo que é uma política de limitação de riscos - controlar os custos do plantel e racionalizar o número de jogadores.
Grande postadela.
ResponderEliminarGrande em tudo, no tamanho e no substrato!!!
Boa tarde benfiquistas,
ResponderEliminarSou um leitor ávido de interesse de todos os artigos, comentários e notícias envolvendo o Benfica, fora e dentro da internet.
A nossa religião encarnada leva-nos, quase à semelhança das ideologias cristãs, a basearmos as nossas crenças e medidas de "salvação da alma benfiquista" em opiniões, planos e estratégias diferentes mas em tudo similares e positivas já que estamos todos imbuídos das mesmas cores.
Mais ou menos extremismo ou passividade, mais ou menos exaltação ou compreensão, queremos todos mais para o Benfica, queremos vê-lo campeão em todas as modalidades até o fazer o mais grandioso clube do Mundo, aos olhos de terceiros, porque aos nossos já o é!
Então porque não juntar todas estas vozes "discordantes" e tentar fazer delas concordantes? Em prol do Benfica, sem o umbiguismo de querermos ser mais e melhores do que os outros, apenas servindo o Benfica com todo a nossa convicção e esforço?
Ao jeito do que o povo islandês pela sua economia, ao jeito do que o Bloco de Esquerda (não sou partidário) fez pela esquerda, ao jeito de uma associação de benfiquistas?
A ideia já não será nova, ninguém quer fazer "sombra" ao Benfica, mas eu vejo-o como necessário atendendo a todo este fulgor e fome de vitórias que se vê pelo nosso país.
Imaginem-nos todos juntos em força em prol do Benfica, num plano inequívoco e sincronizado de apoio?
Falo de executar campanhas, projetos e planos para ajudar o Benfica, mesmo aqueles que não o possam ser rapidamente executados pela direcção?
Leio 40 (ou mais) blogs do Benfica todos os dias, todos falam do mesmo, da nossa realidade, com tristeza, com fúria pelas injustiças, muitos desvendam os planos maquiavélicos, muitos agem em prol do Benfica, mas ...pergunta... Porque é que temos que fazê-lo sem organização, sem apoio? Porquê fazê-lo sozinhos?
A nossa "desunião", fruto da nossa pluridade de opiniões (ao contrário dos outros)é onde reside a força dos outros.
Ok, não gostamos do LFV, mas gostamos do Benfica e podemos fazzer coisas por ele.
Ok, não concordamos com esta ou aquela contratação, ou opção táctica, mas adoramos o Glorioso e queremos vê-lo vencer.
Então, "restar-nos-ia" fazer das fraquezas e debilidades do nosso Benfica em pontos fortes.
Porque não?
Digam-me por favor, porque não fazê-lo? Em que condições?
Grande abraço a todos os que vão ler esta mensagem e reflitam sobre os prós e contras da nossa união.
- MF
"Também são conhecidos os valores que foram associados às transferências de Ola John 8 milhões de euros (mais 1 milhão por objectivos desportivos) e 10 milhões de euros pelo Salvio (mais 1 milhão por objectivos desportivos, sem contar o anteriormente pago por 20% do passe)."
ResponderEliminarEu não encontrei nenhum comunicado à CMVM dos valores da transferência, nem tão pouco encontrei no site do Benfica referência aos valores das transferências.
Sendo assim, qualquer valor que assumes é baseado nos jornais e sites. Ou tens alguém conhecido na SAD do Benfica que te revelou os valores?
Essa de serem conhecidos os valores pelo Ola John e o Salvio...
ResponderEliminarConhecidos por onde? Pelo que veio nos jornais???
É que comunicações à CVMV (obrigatórias a partir de x valor) nada...
Assino na integra!
ResponderEliminarNão é preciso irmos muito longe para constatar que essa política de limitação de custos já vem sendo adoptada: Real Madrid e Barcelona, com passivos astronómicos, já perceberam que não podem seguir outro caminho.
Quanto tempo demorarão alguns a perceber o mesmo?...
GRANDE ARTIGO!
ResponderEliminarNão perca a entrevista Exclusiva de Miguel Rosa, jogador do Benfica, ao Contra-Ataque! Revelações inéditas! Partilhe e comente!
Abraço
contra-ataque1.blogspot.com
Análise perfeita!
ResponderEliminarO nosso querido Benfica tem sido gerido com os pés - inconsciência! São os números a ditar essa realidade, um aumento exponencial do passivo sem os devidos dividendos relativos a títulos. Mais uma vez não pretendendo colocar a honorabilidade de ninguém em causa o que está em cima da mesa são decisões pouco sensatas - over an over again!!!!
O "core business" do Benfica está a mudar radicalmente, um pouco como acontece com o Arsenal, por exemplo.
ResponderEliminarA direcção encarnada está a contar que os 222k sócios encarnados se mantenham ou até mesmo que cresçam, apesar dos maus resultados desportivos.
Nada de mais errado. Esquecem-se eles que são os nossos sócios e simpatizantes que criam o mercado e crédito que temos na banca e dos nossos patrocinadores.
Quando o público olhar para outras marcas, e elas estão aí a fazer os seus papeis, o valor da marca Benfica diminui e aí vamos ter que contabilizar um efeito "tipo inflacção" que daí advém.
Nessa altura vai ser bastante problemática todo este nosso passivo, até porque se por um lado, a perder desportivamente, significa que os valores não se valorizam, e atendendo a que os maiores activos do clube para além dos imobilizados são os passes de atletas e que estes vão-se desvalorizando com o passar do tempo, mais preocupante fica essa situação.
Depois, não gosto nada desta política de "rent-a-footballer" que o Benfica tem transformado.
Não é condigno com os valores encarnados para com os seus atletas, como também vejo mais benefícios para terceiros do que propriamente para o nosso clube.
Há muito aproveitamento dos recursos do Benfica, que com um regulamento mais assertivo evitaria que esta e futuras direcções pudessem continuar a terem políticas destrutivas. Mais até do que evitar que sócios com 1 dia de sócio pudessem concorrer à presidência do clube.
Se os Estados Unidos da América estão a colocar tectos de endividamento, se a União Europeia também já pensa nisso, porque é que não poderemos aplicar uma ferramenta que evite, digamos, a ocasião para os ladrões?
MF tem toda a razão já falei num jantar/encontro para troca de ideias... podemos sempre 3 ou 4 dezenas de gajos elaborar uma estratégia consensual e entregá-la à Direcção ou a quem venha a vencer as próximas eleições... as pessoas ainda se preocupam muito com guerras de poder quando hoje podemos construir consensos alargados, até porque todos temos a mesma paixão, o jogo o Benfica e as vitórias... por esta ordem!
ResponderEliminarDeixa-me ver se percebi bem: as compras dos Ola John e Salvio podem redundar na venda do Witsel? É isto?
ResponderEliminarA ser verdade parece-me que há quem não perceba rigorosamente nada de futebol em postos elevados!
Força Benfica
Falar de sócios e de quotas quando se fala de uma SAD não é muito correcto...
ResponderEliminarJosé albuquerque, no O Belo voar da aguia, chegando e apresentando contas semelhantes sobre os resultados financeiros do SLB afirma que o Benfica não necessita de vender qq jogador! Julgo que vale a pena para que se preocupa com este tema a consulta deste material...
ResponderEliminarAos que se preocupam só com a questão dos valores serem aventados nos jornais serem verdadeiros ou não, aconselho a que leiam a imprensa estrangeira da altura das transferências e poderão encontrar os valores.
ResponderEliminarSeja como fôr, estive para não colocar esta última parte do texto por já saber que ia desviar a atenção do essencial, pois cá em Portugal dá-se muita atenção ao acessório e pouca ao essencial porque se pensa mais no curto prazo do que no longo prazo.
Concordo com o que o PP diz, há um perigo real de desvalorização da nossa marca se continuarmos a ganhar 1 campeonato de 5 em 5 anos, porque por muito grande que seja a nossa base de adeptos, vamos vendo que o Porto começa a ter adeptos fora da zona norte junto das camadas mais jovens que nada sabem de jogadas de bastidores mas apenas de resultados.
ResponderEliminarÉ urgente que se perceba que a manutenção do nosso valor enquanto marca residirá no sucesso desportivo efectivo.
Infelizmente no que referes ao "rent-a-footballer" partilho a mesma ideia e não me parece que faça sentido a política de investir em jogadores quais activos financeiros.
A valorizaçao dos jogadores deve ocorrer naturalmente do êxito desportivo que granjeiam no Benfica, quer através de vencer campeonatos quer através de boas participações na Champions e consequente acesso dos jogadores às suas selecções.
Porém, notamos que o investimento em alguns jogadores apenas surge porque parecem uma boa oportunidade de ganhar uns trocos na valorização de passes normalmente obtidos a custo zero ou de baixo valor, mesmo que nunca enverguem a camisola do Benfica.
Sinceramente acho que o Benfica tem poucos recursos para desperdiçar nestes investimentos em vez de os canalizar para o abatimento do passivo ou para o reforço do plantel principal.
MF e Moléculas, esse assunto não é novo. Da última vez que o Moléculas falou sobre o assunto, as conversas descambaram em organização de um evento que pudesse contar com especialistas de determinadas áreas visto que nós, simples benfiquistas falamos sem conhecimento profundo de causa.
ResponderEliminarSobre isso tenho a dizer o seguinte, muitas vezes o mais simples ser humano, consegue ver e dizer coisas que os especialistas não conseguem. Não sei como acabou essa intenção, mas penso que não tenha reundado em nada.
Eu gosto do Benfica, penso nele todos os dias e penso como poderá ficar melhor. Felizmente encontrei neste espaço um veículo para partilhar as minhas ideias, porque polémicas à parte, este blog visa pensar o Benfica, sentir o Benfica, partilhar memórias do Benfica e dar a conhecer aspectos do Benfica que poucos conhecemos, por exemplo o ônibus Benfica que eu nunca tinha ouvido falar.
Se quiserem aproveitar as reflexões deixadas e usarem-nas contextualidamente em qualquer documento, por mim estão à vontade.
Se quiserem organizar um encontro para debater o Benfica e daí ciarem um documento, eu se não tiver hipótese de participar, eu tentarei alinhavar um texto que possa contribuir para a discussão.
A questão principal é que tem que haver alguém que assuma a responsabilidade por levar a cabo os aspectos burocráticos e organizativos dessa acção e para isso eu não tenho disponibilidade.
MF
ResponderEliminar"A nossa "desunião", fruto da nossa pluridade de opiniões (ao contrário dos outros)é onde reside a força dos outros."
Nada de mais errado, a nossa pluralidade de opiniões é onde reside a nossa força, é do debate de ideias que surgem novas ideias e aquilo que sempre marcou o Benfica foi a diversidade de opiniões e não o seguidismo de iluminados.
O próprio Cosme, vendo-se derrotado por novas ideias não quis invocar a sua condição de Pai do Benfica e deu lugar aos novos.
É por isso que ele foi um Enorme Benfiquista.
Caro Socio slb nº 218219 em primeiro lugar quero agradecer por me dar a conhecer quem também olha para o Benfica sobre o ponto de vista das contas e que reflecte sobre o modelo de gestão.
ResponderEliminarÀ semelhança do que mostra o José Albuquerque eu também considerava que o exercício ficasse ligeiramente positivo.
No entanto ao ver os pressupostos dele, e acho que ele foi um bocado optimista no que se refere à:
- evolução dos custos financeiros pois penso que serão superiores
- proveitos com a transacção de jogadores, pois penso que a generalidade dos jogadores apenas foi transferida em Julho e Agosto, pelo que as receitas não podem ser incorporadas no exercício que termina a 30/6
- eventualmente quanto à contabilização do valor do market-pool, pois os valores indicados pela uefa são inferiores
Começo a pensar se o exercício não terá mesmo fechado a zeros ou ter sido ligeiramente negativo.
Há 2 ópticas a considerar:
(1) a contabilistica
(2) a financeira
(cont)
(cont.)
ResponderEliminar1- No exercício de 2011-12, assumindo os resultados positivos contabilizados pelo José Albuquerque verificamos que num ano em que vendemos o Fábio Coentrão por 30 milhões de euros, que terá tido um impacto de 16,5 nas contas do Benfica (depois de deduzidas as comissões, a percentagem do Benfica Stars Fund e o valor líquido do passe), chegamos ao final da época com 1,5 milhões.
Ou seja, sem essa venda a Benfica SAD teria tido um prejuízo de 15 milhões.
Com isto quer dizer que o modelo do Benfica assenta na obrigatoriedade de ter que vender activos (passes de jogadores) todos os anos.
Os 10 milhões de receitas em cedências e vendas de passes de atletas secundários, implicarão um valor líquido se calhar na ordem dos 5 milhões de euros.
Mas além disso, o investimento efectuado no Salvio e no João dos Gelados implica que as amortizações com passes de jogadores vão aumentar cerca de 3,6 milhões ano.
Em suma, vais ter menos receita e mais despesa, o que tendo em consideração que os capitais próprios são tão baixos, poderá implicar que passem a negativos até ao final do ano.
(cont.)
ResponderEliminar2-É certo que o Benfica tem um grande cash flow e que portanto em princípio aguentaria bem sem vender jogadores, independentemente de contabilisticamente ser negativo, para cumprir com as suas obrigações.
A grande questão é que além do investimento realizado, não sabemos qual a parcela dos passes que foi liquidada no momento da aquisição, mas há notícias que falam em 7,5 milhões ao atlético de madrid, iremos ter até ao final do ano o reembolso de um empréstimo obrigacionista de 50 milhões de euros a 18 de Dezembro de 2012 e outro de 40 milhões de euros em Abril de 2013.
Durante esta época, a menos que existam operações de revolving, o Benfica terá que liquidar 90 milhões de euros em empréstimos obrigacionistas, sem contar com as amortizações anuais dos empréstimos relativos ao Estádio e ao Centro de Estágios.
Pode-se invocar que o Benfica tem valores a receber do Chelsea e do Real Madrid das vendas realizadas nos anos anteriores, mas atenção, o Benfica descontou esses recebimentos junto dos bancos, pelo que a grande maioria desses valores a receber será para liquidar esses descontos.
Quero com isto concluir que embora o Benfica esteja economicamente muito mais perto do ponto de equilíbrio que estava há 4 ou 5 anos, esta época que vai entrar irá ter grandes necessidades financeiras.
Espero que estas necessidades não sejam utilizadas como a desculpa para assinar um novo contrato de transmissão de direitos com a Sport tv e se faça o recebimento antecipado de vários anos de contrato paraa suprir as necessidades de tesouraria.
E sim, a venda de um activo do Benfica no valor de 20 a 25 milhões é essencial quer para evitar a situação de capitais próprios negativos quer para dar algum conforto perante as saídas de capital que estão previstas.
Espero que apesar de os comentários serem longos, tenha conseguido responder às suas dúvidas e volto a agradever-lhe pelo blog e o escriba que me recomendou ler, pois é para mim gratificante ver que há pessoas que independentemente da sua posição em relação a esta direcção, pensam o Benfica para além da bola que entra ou que sai e do penalty que é ou não assinalado.
Sempre Benfica, não é exactamente isso, podes ler nas respostas ao sócio n.º 218219 que é mais consequência do modelo de gestão do que das compras do Ola John e Salvio. Verdade seja dita, acho que a Administração da SAD contava vender o Gaitán, mas o mercado é assim mesmo e não havendo interessados no Gaitán, é o Witsel o jogador que terá mais mercado. A aquisição do Modric pelo Real Madrid sossegaria-me um pouco, quanto a um dos principais interessados, mas penso que haverá mais.
ResponderEliminarAnónimo das 20:52 as receitas de quotização representam 10% da facturação da Benfica SAD, pois existe um contrato que passa parte significativa dessas receitas do Clube para a SAD. São os sócios que através das quotas e dos lugares de época asseguram quase 20 % da facturação da SAD.
ResponderEliminarPortanto faz todo o sentido falar de sócios e de quotas, aliás não faz sentido pensar o Benfica seja ele a SAD, o Grupo, a Estádio ou o Clube sem que os sócios sejam o elemento central da estratégia. Depois dos sócios, os adeptos, acima de tudo os sócios.
Obrigado Viriato
ResponderEliminarEmbora pensasse que a comunicação à SAD era obrigatória em negócios que respeitassem a 5% da sua actividade, acho que isso não é verdade e que apenas negócios com valores superiores a 20 milhões de euros serão comunicados, embora haja uma margem de discrecionariedade. Acima de tudo as comunicações à CMVM dependem mais da vontade da Administração da SAD do que das regras.
ResponderEliminarContudo esses valores poderão ser extraídos dos R&C que vierem a ser publicados que incluam essas aquisições e nessa altura logo tiraremos as dúvidas, excepto se o os R&C apenas incluirem valores agregados.
Como o B Cool escreveu, não são os iluminados que têm as soluções, muitas vezes as Soluções nascem do bom sendo - somente isso... na área da medicina por exemplo observa-se que os médicos se especializam numa área descurando outras me ficando aí quase que ileterados ... nós temos a paixão e o bom senso conceitos decisivos para a resolução de problemas... chama-se a isso inteligência emocional!
ResponderEliminarBom post, bcool. Muita matéria para reflexão para quem não está dentro da temática. Parabéns
ResponderEliminarBoas B Cool,
ResponderEliminarGostei bastante do teu post e dos comentários que de seguida apresentaste.
Penso que na questão dos empréstimos obrigacionistas a solução passará mesmo pelo revolving - é o caminho que está traçado no último R & C. Se é uma boa solução ou não? Depende. Tudo tem a ver com as condições que forem obtidas. No entanto, à partida e baseando-me apenas na minha visão sobre o mercado actual, concordaria com o revolving de apenas um dos financiamentos. A minha solução? A que (quase) nenhum Benfiquista gosta: alienação dos direitos de transmissão por 4 anos, a 25M€/ano, antecipação da receita de 2 anos e remoção do balanço do empréstimo de 50M€. Isto traduzir-se-ia num aumento do Cash Flow de 9M€ e, para além disso, numa redução do risco do Benfica, que, a prazo, poderia dar ainda maior dimensão aquele aumento. Não é óptimo, mas é muito bom.
Quanto à questão do "rent a footballer", também não concordo com (quase) todos os Benfiquistas. Penso que o Benfica (os outros clubes também, mas a mim interessa-me é o Benfica), se quer crescer tem que criar formas de aumentar o Cash Flow. Aí, as decisões devem passar por áreas de negócio onde se tem know how e nesta área o Benfica tem. Se reparares, as perdas mais avultadas até se registam no caso de jogadores em que se apostou para entrarem no plantel. Não digo que não haja riscos, que há e bem significativos, mas também existem grandes vantagens.
Quanto aos resultados, tive oportunidade de comentar o post do José Albuquerque e tenho, mais ou menos, as mesmas conclusões: os resultados andarão naquela dimensão, positivos ou negativos, dependendo das datas de transação dos jogadores vendidos/emprestados. Já as verbas da CL, não sei exactamente o que já estava contabilizado nos relatórios trimestrais, mas acredito que as verbas relativas ao prémio de presença nos quartos-de-final e ao market pool (pelo menos parte dele apenas é determinada no final da prova) ainda não constassem de anteriores relatos.
Parabéns pelo post e espero que continues com paciência para prosseguires com textos deste género, mais, digamos assim, áridos.
Cumprimentos
Luis Rosário e Bicadas, obrigado pelos comentários.
ResponderEliminarBicadas quanto à questão dos prémios, penso que já estariam incluídos pois no resumo do 3.º trimestre constava a seguinte passagem: "Este trimestre ficou marcado pela confirmação da boa prestação realizada pelo Benfica na Liga dos Campeões, que permitiu à Sociedade atingir níveis de receita com prémios provenientes dessa competição sem precedentes em edições anteriores. O Benfica atingiu os quartos-de-final da Liga dos Campões, onde defrontou o Chelsea, que recentemente se qualificou para a final de Munique. Após ter garantido o acesso à competição, o Benfica venceu o Grupo C na fase de grupos a competição e eliminou o Zenit de São Petersburgo nos oitavos-de-final, tendo alcançado receitas com prémios de participação e de desempenho que ultrapassaram os 21 milhões de euros."
No entanto ao observar o relatório da UEFA sobre a distribuição das verbas relativas à Champions, market-pool incluído indicam apenas 19,757 M€ e não 21 M€.
Quanto à solução que apontas, com a antecipação de receitas, defendes que isso seja feito dando o desconto ao operador, isto é à Sport tv, ou seja contratado um novo instrumento, isto é um desconto bancário a sobre receitas futuras ?
De qualquer forma não tenho a certeza que isso possa ser feito, visto que as receitas de transmissão acho que servem de garantia a um dos financiamentos bancários obtidos no project-finance do estádio.
Quanto ao "rent-a-footballer" não partilho da tua visão. Em primeiro lugar porque jogadores a "custo zero" normalmente incluem prémios de assinatura. Depois porque temos uma equipa b e a lógica do centro de estágio passa pela capacidade de formação de novos talentos. Além disso a detecção de novos talentos já não se limita aos jogadores séniores, visto que foram noticiadas as aquisições de jogadores uruguaios e suecos com idade de júnior.
Assim sendo, não vejo a utilidade em utilizar recursos que podem ser utilizados na equipa principal para serem desviados para negócios tipo Patrick, Elkesson, Halliche, Wass.
Principalmente quando depois se anda a discutir valores para a aquisição de um jogador para a equipa principal (lateral-esquerdo).
É verdade que as maiores perdas vão ser/foram registadas em atletas que vieram para a equipa principal, mas isso apenas revela 2 tipos de carência:
- detecção adequada quando falamos de investimentos avultados
- acompanhamento e potenciação de jovens com dificuldades de adaptação
B Cool,
ResponderEliminarIsso está no relatório de gestão mas não quer dizer que as verbas estejam já registadas, de resto parte do market pool não estará de certeza e se estiver está mal.
A antecipação de receitas poderá ser feita por uma via ou por outra, ou até por uma combinação das duas. O preferível, por causa dos custos financeiros, seria sempre a disponibilização das verbas pelo operador, que também poderia exigir um desconto, mas tendencialmente mais baixo que o actualmente praticado no mercado de crédito. A questão da garantia não é inultrapassável, tanto mais que o risco de crédito desceria e a cobertura do serviço da dívida seria superior.
Quanto à questão dos jogadores eu acredito no mocelo de negócio, embora reconheça riscos. O Benfica tem que ter uma política de investimentos para ambicionar crescer. Haverá sempre forte componente de aleatoriedade na aquisição de jogadores. Não há, mesmo com jogadores que dão "absolutas" garantias, forma de um clube se assegurar que o jogador contratado vai render, exemplos não faltam, mas deixo aqui o caso de Káka, Torres ou Sheva, que são emblemáticos. Por outro lado, adquirindo jogadores com potencial mas a preços muito baixos, o risco de perda avultada é muito reduzido, sendo a componente essencial do negócio a rede de relacionamentos com outros clubes onde possam jogar. Não é simples, mas dos 4 nomes que apresentaste só o Halliche proporcionou rendimentos que superam o investimento nos 4.
Sei que a coisa é polémica, mas também penso que tem virtudes. Apesar do contexto económico desfavorável, penso que dentro de 2 a 3 anos é que se poderá fazer uma avaliação, quer dos resultados, quer da operacionalidade da coisa.
Quanto ao prejuízo no investimento na equipa, há o reverso da medalha - se o Cash Flow aumentar a capacidade de investimento futura será maior.
Cumprimentos