Acompanhei o jogo contra o marítimo deste fim de semana apenas à distância. Tive pena, claro. Por todas as razões que se calhar são só uma – era o Benfica – e por uma razão acrescida, porque dizem que o Matic fez uma grande exibição.
Desde que o Jesus deixou de ser um génio e passou a ser um enigma, um paradoxo das tácticas e coisas que tal que tenho esta panca pelo meio-campo. Bom, eu não tenho panca nenhuma (pelo menos que venha a propósito) mas como o Jesus tem a panca de não acreditar em meios campos eu fui ficando um pouco obcecado com essa região central, esse Império do Meio que urge reerguer.
Esta verborreia para quê? Para dizer que fico lixado quando começa a despontar um meio-campo e o Jesus não aproveita o rebento. Claro que com cada ano que passa a coisa fica mais revoltante; será que ele ainda não percebeu que o Ramires foi a chave mestra do título? Porque não tentar replicar?
Quando me falam de uma brutal exibição do Matic não me ponho a tentar decidir quem é que ele substitui melhor, Javi ou Witsel, mas sim que podiam ter jogado todos juntos. E o Aimar. Sempre que se diz a palavra “meio-campo” lembro-me do Aimar, ansioso para entender o que se passa com Deus Aimar. E há ainda Enzo, os putos, enfim...
E é aqui que o texto encontra o título. Eu só queria meio-campo, Jesus! Mas meio-campo de homem, que saiba ter a bola quer para atacar quer para defender, não uma catapulta formidável que "transforma tudo o que é defensivo em atacante" mas apenas se o adversário também não usar meio-campo. O drama que este ambíguo treinador nos impõe, ainda que com jogadores maravilhosamente posicionados em situações defensivas de inferioridade, com compensações e contenções coreografadas como um bailado russo, é o de não conseguir sequer repetir o sucesso da sua primeira época, quanto mais construir sobre esse sucesso.
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“Esta equipa está feita para golear os pequenos, entusiasmar os sócios com ataques cheios de emoção mas sem o pragmatismo necessário ao sucesso – temos que ser consistentes com equipas do nosso patamar ou superior, e isso só se consegue com meio-campo, com inteligência em vez de corrida, com calculismo em vez de vertigem”. Esta é a minha “grande” tese que tenho andado a vender em cafés ou à beira do Manelito, armado em L.F.Lobo das entremeadas. Mas será que é mesmo assim? Critico o JJ por não duvidar de si mesmo, e eu, o grande Rui Santos da imperial em copo de plástico?
Bom, fui ao zerozero.pt, abri o excel e fiz o seguinte:
Classifiquei as equipas que o Benfica defrontou nas quatro épocas de Jesus como difícil, assim-assim e 15 a 0. Difícil é o porto (desculpem mas é a mais pura e estatística das verdades) e equipas de fase final da champions. Assim-assim deu sporting e braga a nível caseiro, e todas as equipas europeias tirando aquelas que ouvi falar pela primeira vez quando o Benfica as defrontou. As restantes ficaram no 15 a 0. (É obvio que fui um pouco linear, há muitas equipas portuguesas que nos dificultam bem mais a vida do que os evertons dessa europa, mas bom, tentei ser expedito, e a verdade é que o Benfica pela-se sempre que passa Badajoz (triste realidade esta!) e por isso nivelei por aí. Existem outras incongruências, tipo classificar o sporting como assim-assim esta época, mas siga…)
O resultado foi o da imagem em baixo (para os nerds que quiserem esmiuçar a coisa), com as tabelinhas a dizer o seguinte:
Na época em que fomos campeões o Benfica fez uma média de 1.8 pontos em jogos difíceis, 2.2 em jogos assim-assim e 2.55 nos restantes.
Nas duas épocas seguintes, de insucesso diria eu, 0.6 e 0.86 pontos de média nos jogos difíceis, 1.9 e 1.73 pontos em jogos assim-assim. Nos restantes, 2.42 e 2.59 de média de pontos, ou seja, semelhante à época em que ficámos com o caneco. Curiosamente, a época em curso apresenta uma tendência mais de continuidade do que outra coisa - 0.5 pontos de média em jogos difíceis, 1.83 pontos em jogos assim-assim e 2.83 pontos nos restantes (admito que ainda é cedo para grandes conclusões, principalmente nos jogos difíceis, mas pelo menos fico ainda mais convencido que o sucesso se faz nos jogos assim-assim e difíceis).
E pronto, vale o que vale, mas continuo na minha - somos uma equipa de jogos pequeninos.
Na verdade, mesmo os registos do ano do título, com 60% de vitórias nos jogos difíceis (Porto e Liverpool) e 67% nos assim-assim (Sporting, Braga, Marselha, Hertha, etc) não me parecem muito famosos, ou pelo menos insuficientes para a equipa que se auto-proclamou a melhor do ano a seguir ao Barcelona...
E é assim que continuo bloqueado, e continuarei, porque não me cabe na cabeça que um gajo que sabe levar uma equipa a Camp Nou fazer o que mais nenhuma fez(!), um gajo que “faz” jogadores em seis meses que valem o dobro da privatização da TAP não consegue entender que tem que pensar a sua equipa para aqueles jogos em que do outro lado está uma equipa de futebol assim pró mediano, ou vá, boa.
Isso é tudo muito bonito, mas fazer estatísticas com meia dúzia de jogos parece-me pouco rigoroso.
ResponderEliminartambem ganhamos de forma clara ao stuttgart que é so apenas 1 dos clubes do Mundo com maior orcamento,a par com o Psg a quem tambem ganhamos essa ideia que tu tentas criar é uma ideia ordinaria,ve o porto com equipas medias grandes leva aos sacos cheios.tipo arsenal man city etc
ResponderEliminarIsso de classificar os jogos em difíceis ou fáceis é muito relativo. Por exemplo, se calhar a maior parte na hora de dizer quais os adversários mais difíceis que enfrentamos no campeonato até agora, irão apontar apenas o Braga. Mas esquecem-se de adversários como o Rio Ave que está em 5º e a fazer uma grande época, ou então o Paços que está em 4º e apenas tem uma derrota...precisamente contra o Benfica. E ambos estes jogos foram fora o que ainda os tornou mais difíceis. Estas duas equipas até podem acabar a época perto da zona de despromoção mas no momento em que o Benfica as defrontou eram equipas difíceis.
ResponderEliminarOh Anónimo, qual meia dúzia de jogos? Que eu saiba ele usou todos os jogos oficiais das 3 últimas épocas.
ResponderEliminarSe falas dos resultados para esta época, o próprio autor disse que valem pouco porque ainda tem pouca amostra (poucos jogos).
Caro Sérgio,
ResponderEliminarTens uma certa razão, mas eu no meu blog e no seguinte artigo
http://o-guerreiro-da-luz.blogspot.pt/2012/12/100-jogos-1-com-jesus.html#more
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Para além de verificar esse deficit de resultados em jogos grandes, verifiquei que existem adversários que estariam na tal escala dos 15 a 0, e com os quais andamos a perder pontos de forma contínua todas as épocas (por exemplo, o Olhanense, fora da Luz são sempre dois pontos perdidos!). Eu apenas fiz uma análise generalizada ao Benfica de Jesus no campeonato e nem sequer englobei outras competições.
No entanto, à luz do que vi nos números do campeonato, não me estranha de maneira nenhuma o que referiste.
Aliás, na próxima 4ª feira, estou muito céptico sobre a nossa exibição, pois desconfio que vamos passar novamente as "passas do Algarve".
Pena por só ter um telemóvel para responder. Sendo assim, digo: é isto tudo.
ResponderEliminarQue palhaçada... Sergio: guarde as ' estatisticas ' para quando o Benfica perder. E fundamente-as, aí. Já está como o outro do ' organigrama '. Sim, é por isto que pergunto: Há Benfica por aqui?
ResponderEliminarExcelente trabalho! No fundo, traduz em números o que todos sentimos há 4 anos... Também é verdade que antes deste treinador fizemos (muito) pior anos a fio, mas acho que já devíamos ter dado um passo em frente nos jogos grandes e decisivos. Abraços, MTC.
ResponderEliminarO Nuno, além de ser mal-educado, arrogante e estúpido por não entender que nem todos são apoiantes da mediocridade (o nuno é; acredita no eterno poder de ter fé por uma razão simples: não sabe pensar), ainda acha que pode vir aqui questionar o benfiquismo dos outros. Agarra nessa petulância de orgulhoso ignorante, enfia-a bem no cu e depois come-a. Um e outro orifîcio em ti dá na mesma merda.
ResponderEliminarEstes detractores e as suas imbecilidades. Tenham a consciência que desde 93/94 que não tinhamos equipas competitivas como estas de JJ. É verdade que um clube como o SLB precisa de mais titulos mas não tenho a menor duvida que o que se está a fazer é o caminho para um futuro com bastantes mais titulos. Ainda vão chorar por JJ quando tivermos algum "Benitez" a liderar a nossa gloriosa equipa.
ResponderEliminarHertz, claro que sim. Mas apesar de casos particulares na generalidade há uma tendência, que me parece ter algum significado.
ResponderEliminarM. Silva, obrigado! É isso mesmo.
PP, fui ler o teu post…um trabalho interessante, em que novamente uma tendência salta à vista!
MTC, obrigado! Quanto ao que dizes, é exactamente o resumo do que queria dizer!
De resto, novamente lamento que quem discorde geralmente não consiga passar das infantilidades de escola primária.
Vou tentar mais uma vez. O Jorge Jesus e o desempenho da equipa desde que é o treinador é o melhor a que assisti no Benfica, pelo menos desde que tenho (alguma) capacidade crítica. Este é o melhor Benfica que vi, no sentido em que está num bom patamar há 4 anos. Ponto.
Mas se queremos ter algum tipo de progressão, de evolução, temos que esquecer os anos de Damásio, Vilarinho e Vieira, pura e simplesmente porque esse não é o Benfica que os Benfiquistas pretendem. Concordamos, não? Não quero neste comentário julgar os presidentes em causa, quero apenas sublinhar que o Benfica que se pretende, e que neste momento pelo o que já se atingiu temos o direito de pedir, é um clube dominador em Portugal e com identidade europeia. Estão contentes com isto? Eu não, e não vou mais pensar em 94/95 e anos seguintes. Coloquem isto na cabeça, isso acabou. Já passou. Foi mau mas já passou. Agora há o desde 2009/2010. Uma equipa forte a nível interno, pouco mais que mediana na Europa. A melhor época foi a primeira. Não é estranho? As duas maiores dificuldades do Benfica de Jesus, desde a primeira época, foi a mentalidade (quer na Europa quer contra porto e braga) e a segurança, consistência defensiva contra as mesmas equipas e outras que se revelassem competentes. Apesar de nem tudo depender do treinador, não compreendo como não há qualquer indício de melhorias quer na mentalidade quer no explorar de um sistema táctico mais equilibrado/consistente.
E mais uma coisa, eu nunca disse que queria que o JJ fosse despedido…chamei-lhe um paradoxo, um enigma.
Caro Sérgio,
ResponderEliminarEssa é também a minha opinião: não temos meio-campo. E como todos sabemos, é aí que se ganham os grandes jogos... daí o que tem vindo a acontecer nos últimos anos: estamos lá em cima, na luta, chegamos aos "grandes jogos" e falhamos. Não me parece que contra o FCPorto o SLBenfica possa ter alguma hipótese a jogar com Matic e Enzo contra Fernando, Lucho e Moutinho. Mesmo com um reforço do meio-campo (aqui o ideal seria Pablo Aimar por saber mais de futebol de olhos fechados do que os outros todos juntos de olhos abertos...) será muito difícil pois o FCPorto está com rotinas que fazem com que esteja preparado para jogar contra grandes equipas. Se o SLBenfica conseguir ganhar o jogo contra o FCPorto (ganhando o meio-campo, e não por sorte ou qq outro fator), então sim, estaremos preparados e no caminho certo para obter grandes conquistas. Vamos a ver! Bola para JJesus!
Abraço!
Acabo por ser forçado a concordar. Com o devido respeito a Vieira e Jorge Jesus, foi o trabalho de ambos, melhor ou pior feito, que o Benfica deixou para trás anos negros e hoje dá gosto de se ver, mas está na altura de irem. Não acho que tenham o que é suficiente para dar o próximo passo. Conseguiram trazer o clube até este patamar mas penso que seja o limite da capacidade de ambos.
ResponderEliminarBem visto Joel!
ResponderEliminarMas e depois? É correr com os gajos e logo se vê? É mudar só porque "já não conseguem dar mais"?
E quem é que consegue dar mais? E porque não avança e apresenta um projecto? Não me digas que também acreditas na léria "ah e tal, o circo está montado e não permite que alguém sério se destaque"?!
É por essa estória de mudar, só porque sim que os lagartos estão como estão e o próprio país está como está.
Até haver alguém credível, que esteja de facto interessado em ajudar o Benfica (tanto presidente como treinador), eu apoio aqueles dois marmanjos que lá estão. E quem seja de facto credível e que tenha capacidade de trabalho não se iria amendrontar pelo "circo" montado ou pelo "sistema" do Vieira. Se se vai a baixo é porque não serve.
Grande trabalho Sérgio, mas é pena que quem tenha opinião diferente não a tente sustentar. A questão não é se Jesus e Vieira servem ou não. A questão é se vão ser capazes de fazer o Benfica dar o passo seguinte ou não e isso passa em princípio por mudanças que até podem ser simples e até podem ser conseguidas com este plantel.
ResponderEliminarEm Janeiro temos o Porto e pouco depois o Braga fora e menos que 6 pontos nestes jogos, com toda a carga simbólica que eles têm, poderão condenar a época em termos de campeonato ou embalar-nos para o título.
Tem a palavra o Jesus, pois pelo que percebi, o Benfica não tem disponibilidade para investir em Janeiro, cenário que só se deverá alterar se perdermos contra o Porto.
A questão, é que quando eu acho que o Jesus já aprendeu, como aconteceu no ano passado, depois de na primeira volta empatar nas antas, eis que ele volta a repetir anteriores com as consequências conhecidas.
Espero que esta época seja diferente, pois o Porto tem um meio-campo bastante forte. Pode ser que vendam o Moutinho antes de virem à Luz.
A questão para mim não "é se vão ser capazes de fazer o Benfica dar o passo seguinte ou não"...a questão é alternativa...quem será capaz...
ResponderEliminarPreferes então ficar assim ?
ResponderEliminar"assim" como? Como estamos, com essas exibições e classificação? Não, não prefiro.
ResponderEliminarE tu?
se for para aquilo que temos tido nos últimos anos, lamento mas não chega, o 2.º é o primeiro dos últimos
ResponderEliminarQuando digo que acho que não têm o que é preciso para dar o próximo passo não digo que haja alternativa, estou a fazer uma mera constatação de facto. Haver ou não alternativa já não posso dizer. Também não acho que fosse Rangel a fazer melhor.
ResponderEliminarSe gostava de mais, de melhor, de um Presidente que realmente se interessasse pelos interesses do Benfica e não por negociatas? Claro. De ter um treinador melhor e mais barato? Também.
Se vou ter? Não me cabe a mim decidir. Essa decisão cabe a quem de direito.