Em 37 anos de vida nunca assisti ao vivo a uma final europeia. Pela tv, já assisti a tudo em que o Benfica marque presença por esse mundo fora. Mas o brilho das camisolas berrantes, através das câmaras, não é o mesmo, por muita qualidade que tenham, pela tecnologia de ponta mais avançada que disponham. Seja numa final, seja num amigável ou seja num solteiros contra casados, dentro ou fora dos limites do nosso rectângulo e ilhas.
Até o palco dos sonhos foge à tradicional denominação de "Estádio".
Num lugar mítico para o Benfica, jogaremos esta final numa Arena, nome digno de guerreiros, da nobreza, de classe: "Arena de Amesterdão". Um belo nome e um melhor local para trocar as voltas ao nosso "Feiticeiro" e à sua "maldição". Foi em Amesterdão que conquistamos o último troféu europeu, precisamente ao comado de Guttman.
Pareciam estar reunidos, desde há umas semanas, todos os factores para que considerasse a minha primeira final europeia, especial. Mas não estavam..
No passado sábado percebi que, para enfrentar a maldição de Guttman, ainda teria que provar a resistência a obstáculos profundos, dores inesperadas. Como se algo ainda faltasse para testar a minha aptidão na resiliencia e amor ao Benfica. Como se necessitasse de uma prova final para aspirar a contrariar tão bravo desafio: pôr cobro a uma alucinação de Guttman que se abate sobre nós, há mais de 50 anos.
Sentada no chão frio dos corredores do estádio do dragão, enquanto esperava para sair, com a cabeça assente em ambas as mãos, não sentia ponta de vida em mim. Inerte, com os gritos ainda no estádio a perfurarem-me o coração, procurava no mais profundo do meu ser, força para reagir. O respirar e a lágrima que me percorreu a face davam-me sinais de vida. Sinais que não conseguia encontrar à minha volta, nos e entre os meus, que deambulavam pelos mesmos corredores, talvez em busca do mesmo que eu..
De forma mecânica segui no cortejo até ao destino enquanto tentava organizar os pensamentos, partilhar a desilusão e encontrar entre semelhantes, um sentido, uma razão, uma luz. Cantávamos para espantar males, balbuciávamos uns com os outros na esperança de libertar aquele colete de forças invisível que nos tolhia o corpo e parecia ramificar-se pelo nosso intimo.
Passávamos por pequenos núcleos de adeptos portistas que, através dos seus cânticos, faziam questão de apertar o colete de forças em que nos víamos e nos debatíamos para nos libertarmos.
Até que, quase no destino, por entre os estreitos quelhos que passam pelas traseiras da estação de Campanhã, no cimo de um terraço de pedra, no meio daquele bairro, olhamos para cima e seguimos a voz que se fazia ouvir sobre as nossas cabeças. Seguimos aquele cântico como um navio segue a luz de um farol numa noite de tempestade e mar revolto. Umas mãos enrugadas seguravam convicta e fielmente um cachecol do Benfica sob os cabelos brancos, enquanto numa voz profunda, segura e atabacada, nos gritava: "Benfica! Benfica! Vivó o Benfica!".
No meio de pedra e cimento, entre focos hostis, aquele velho pegou-nos ao colo, afagou-nos com toda a sua coragem e amor pelo Benfica. Deu-nos o soro da vida. As vénias e as salvas de palmas com que agradecemos não fazem justiça nem alguma vez pagarão o que o "Sr Manuel" nos deu.
Não há maldição que resista a um vaticínio de um "Sr Manuel"!
Obrigada. Obrigada Benfica. Só TU és capaz.
Temos um caneco para conquistar. Os "Maneis" desta vida merecem-no. E nós aprendizes, também.
Amo-te Benfica.
Ontem após o jogo de Voleibol, ouvi um senhor a contar o final dessa história, imitando uma voz rouca de um homem velho, no café na zona comercial. Não percebi nada, mas agora tenho a fantasia de que seria o mesmo agradecimento que ele estaria a testemunhar...
ResponderEliminarA nossa dor é semelhante ás nossas alegrias, e pelo que conta, pode ser afagada na voz de um homem velho...e sábio!
Sempre Presente
Inês Lima
Tao lindo quando os benfiquistas viram poetas.
ResponderEliminarOh!!
ResponderEliminarMuito bonito, Marta!!
ResponderEliminar"Ide e Honrai o Manto Sagrado"
"Sem Sofrimento, não há Glória"
"Força Benfica"
Tragam este trofeu, para o Sr.Manel,
nós Agradecemos!!
Vamos ser felizes em Amesterdão...só pode ser assim...tem que ser assim!
ResponderEliminarA imagem JJ a cair de joelhos é tremenda..imaginem a quantidade de benfiquistas que não fizeram o mesmo em casa, no estádio, nos cafés..enfim...aos 92m..naquele antro..daquela maneira..tudo nos acontece..tudo...e tudo lhes cai do céu..!
A sorte protege aquela gente..não há justiça no futebol..! Digam o que disserem...escrevam o que escreverem..esta equipa merece que lutemos com eles...que estejamos sempre sempre presentes..!
Quero 10.000 "Maneis" em Amesterdão...e eu vou ser um deles!
Francisco
Vamos ganhar a Liga Europa porque um dia Deus terá de ser Benfiquista, um dia Milhões de maravilhosos adeptos merecerão serem Felizes, porque quem sofre e vive como um Benfiquista merece que Deus que nada quer com o Futebol pelo menos nos abençoe por sermos tão dedicados á nossa causa, uma causa chamada...Sport Lisboa e Benfica.
ResponderEliminarSou hoje mais benfiquista que nunca!
ResponderEliminarCamaradas benfiquistas, passada a ressaca, e antes de fazermos história, permitam-me que vos diga algo.
Sou hoje mais benfiquista que nunca!
Perdemos bem. Merecemos o enorme paio que eles tiveram porque passamos boa parte do jogo a chutar para a frente. Esse é o conceito de gestão do jogo de equipas como o olhanense. Mas sou mais benfiquista que nunca porque nestas horas vejo melhor como somos realmente os melhores adeptos do Mundo. Não precisamos da infelicidade ou dor de outros para sermos felizes, basta-nos a nossa, a felicidade de sermos quem somos, independentemente dos outros. Esses outrso, coitados, dexemo-los, pois já lhes chega o azar de não saberem o que é uma festa benfiquista.
Enquanto andámos na frente, eram juras de amor, carinho, orgulho, hinos de alegria e amor ao nosso Benfica. Agora, que outros andam na frente, não se vê mais que insulstos, raiva, azedume, tentativas de atacar a nossa auto-estima. Atacam-nos porque invejam a nossa auto-estima indestrutível, o facto de não termos qualquer complexo de inferiroridade, seja com quem for, o facto de não sermos mesquinhos. Parece que juntamos o fado ao samba brasileiro ou algo espanhol, porque não precisamos que outros nos elogiam ou vejam o nosso sucesso. Basta-nos a nossa sensação. É essa sensação que eles invejam, embora não conheçam o sabor, é por isso que no trabalhho, no fb, nos media, todos nos atacam, todos nos elegem como o centro de toda a atenção, mesmo quando tinham tudo para se concentrarem apenas em si mesmos, ou, ao menos, fundamentalmente em si mesmos. É por isso que quando estou desanimado, estes actos reavivam a minha meória, a minha convicção de que apesar de tudo, eu é que sou o afortunado, porque eles não sabem nem sonham o que é ser benfiquista.
Estava lá Marta...e senti exactamente o mesmo..
ResponderEliminarBenfica Sempre!!
Grande Manuel Júlio. Já na ida para o Estádio o Sr. Manuel estava no mesmo sítio a gritar pelo Benfica! Deve ser difícil morar naquela local. O Benfica vai ganhar por todos os "Manueis" desta vida.
ResponderEliminarEstimados, vamos levar o caneco!
ResponderEliminarGrande ambiente em Amesterdão. Tsunami vermelho e fabulosa confraternização com os ingleses. Estão receosos :)