Em qualquer organização/entidade
que se queira de sucesso há uma condição absolutamente imutável que tem de
estar presente e ser transversal a quem a dirige, refiro-me à unidade. Quanto
maior for a organização/entidade em causa, maior deverá ser a capacidade de
quem a comanda para unir em seu redor, juntar em torno das ideias que defende, o
maior numero de pessoas que constituam essa mesma entidade e que, por consequência,
dirige. Parece-me pacifico que se compreenda que não haverá sucesso num
qualquer grupo de pessoas, por mais pequeno que seja, se todas não se sentirem
impelidas a lutarem pelo mesmo objectivo, sem todas estabelecerem entre si um
rumo e compromisso comum.
No entanto, ainda que o objectivo
de todos possa ser o mesmo, um grupo de individualidades não será uno e indivisível
por si só, pois cada um tem as suas motivações próprias, que derivam das suas
origens geográficas e culturais e não só, e porque cada individuo terá sempre
os seus objectivos pessoais que serão sempre diferentes do individuo que está
ao seu lado.
Sendo assim, para se conseguir
dar unidade e rumo a um grupo de pessoas, terá de haver um líder forte. A
liderança pode surgir de forma natural (no caso de um grupo pequeno), por
imposição (por exemplo numa empresa em que os lideres absolutos e intermédios
podem surgir tão só pelas suas competências reconhecidas ou pelas habilitações atribuídas
ou ambas) ou, no caso de grupos socialmente abrangentes, por eleição democrática
dos seus pares.
Seja qual for a forma de “nomeação”
desse mesmo líder, para que essa pessoa se constitua um líder forte, um líder na
verdadeira acepção da palavra, esse individuo terá de demonstrar competência nas
acções apoiando-a na capacidade de aglutinação no seu discurso colectivo.
Se assim for obterá a união e o
reconhecimento de liderança em todos, ou na generalidade, dos membros que
constituem o grupo/organização/entidade que se propõe liderar, mesmo daqueles
que inicialmente olharam de soslaio para a sua liderança. Por outro lado, se
assim não for, mesmo os mais entusiastas da sua liderança acabarão por
abandonar o compromisso que haviam consigo estabelecido, logo, juntos e
desunidos traçarão um rumo de insucesso e derrota.
Esta prelecção toda para, como já
devem adivinhar, chegar a Luís Filipe Vieira. Se há coisa que Vieira enche a
boca para dizer ser, é a de que é um bom gestor, no entanto, embora possa
parecer a mesma coisa, ser-se um bom gestor (coisa que também não aparenta ser)
não é o mesmo que ser um bom líder.
Como refiro acima, para se ser um
bom líder há que se obter o reconhecimento desse estatuto pelos que são
liderados, obtendo-o pela competência e discurso. Na questão da competência,
penso que os 2 títulos em 13 anos que leva de Benfica, são bem demonstrativos
da (in)competência que Vieira demonstra (não) ter. Isto em termos genéricos,
porque se quisermos particularizar, a coisa piora, por isso, e porque essa
questão tem sido muito (e bem) debatida aqui no Ontem, proponho analisar o
discurso de Vieira.
Não há muitos dias, num post que
fiz sobre o Rui Costa e as suas acções ao longo do tempo enquanto membro da
estrutura dirigente do clube, referi que Vieira não tem um discurso. E de facto
não o tem nem ao nível da ideologia nem ao nível da forma. Se ideologicamente Vieira
prima pela errância do que diz, na forma prima pelos atropelos ao Português.
Mas sejamos sérios, fosse a forma horrível conforme é, mas ideologicamente
fosse algo puro e vertical, não seria por aí que Vieira não deixaria de ser um líder.
Em questões de liderança e
discurso de Vieira, a última semana foi absolutamente reveladora, uma vez que,
no espaço de uma semana, repito, uma semana, tivemos 5, sublinho, 5 pessoas
ligadas ao Benfica a falarem para o exterior. Na última semana foi possível ler/ouvir
declarações públicas do treinador da equipa principal (Jorge Jesus,
naturalmente, na antevisão e rescaldo dos jogos disputados), do Presidente
(final do jogo com o Belenenses e na casa do Benfica em Paris), do chefe do
departamento de scouting (Rui Costa à
partida para Paris), de um dos Vice-Presidentes do clube (Rui Gomes da Silva
que fala semanalmente – um absurdo sem nome – no programa “Dia Seguinte”) e do
Vice-Presidente da SAD (José Eduardo Moniz numa entrevista concedida à Rádio
Renascença).
O caricato e absurdo disto é que
esta situação acontece na mesma semana em que Vieira, na tal intervenção que
protagonizou na casa do Benfica de Paris, pediu unidade aos benfiquistas e
referiu ser importante que o clube falasse a uma só voz. Já perceberam a
contradição da coisa, não já? Das duas uma, ou Vieira diz uma coisa e manda
fazer outra demonstrando a tal falta de conteúdo no discurso que um líder deve
ter, ou Vieira fala e ninguém da sua estrutura dirigente o ouve colocando a nu
a sua fragilidade na liderança.
Mas atenção, eu concordo com
Vieira quando diz que o clube deve falar a uma só voz, mas falar a uma só voz
não é o mesmo que se colocar 4 dirigentes a dizerem o mesmo (que não
disseram, mas ok), falar a uma só voz implica que fale sempre o líder máximo –
o Presidente – e, em questões pontuais, o líder intermédio da área que está em
analise – o treinador nos dias antecedentes a um jogo e no rescaldo do mesmo, ou seria normal colocar o treinador a discursar numa AG de aprovação do
Relatório e Contas, por exemplo? Se não era normal nem faria sentido, porque raio
se há-de colocar 3 dirigentes (não contando com o presidente) a falar sobre
futebol?
A última semana foi a caricatura
perfeita do que tem sido a liderança que Vieira tem exercido no Benfica ao
longo dos anos em que lhe tomou o poder. Podem estes sinais passarem
despercebidos ao adepto e assim refutarem-me quanto à capacidade de liderança
de Vieira, mas proponho-vos que façam uma análise mais profunda ao que tem sido
Viera no Benfica e facilmente encontrarão exemplos como os da semana passada e
que eu aqui reporto. Facilmente, pela soma de todos, chegarão à conclusão que
há muito cheguei, Vieira pode ser o Presidente democraticamente eleito do Sport
Lisboa e Benfica, mas não é, nem nunca foi, o líder competentemente aceite do
Sport Lisboa e Benfica.
Em casa que não há pão, ninguém ralha e o focul é sempre campeão...
ResponderEliminarVou tentar desenvolver este assunto, mas gostaria desde já acrescentar outro nome aos 5 que referiste.
ResponderEliminarLourenço Coelho, de 38 anos, chegou ao Benfica em 2004 pela mão do então patrão do futebol José Veiga. O substituto de António Carraça iniciou o seu percurso no futebol no Estoril.
"Lourenço Coelho: «Fazer o nosso trabalho pode não chegar»
ARBITRAGENS NA MIRA DO DIRETOR GERAL
Segunda-Feira, 30 setembro de 2013 | 14:59
Fotos: RECORD "
Vivas...