Era grande a espectativa para o
jogo da taça de Portugal que opunha o Benfica ao modesto Cinfães. A espectativa
gerada em torno do desafio não cresceu em razão do adversário ou das
dificuldades que, em teoria, colocaria, mas sim pela perspectiva de se ver
algumas das nossas maiores promessas envergarem, pela primeira vez, a camisola
do Benfica ao serviço da equipa principal.
E de facto, quem, como eu, tinha
essa espectativa, não pode dizer que se sente defraudado pelos acontecimentos.
Pela parte que me toca, foi bom ver que Ivan Cavaleiro pode render, exactamente
nas mesmas circunstancias, no mínimo, tanto quanto Ola John, foi bom ver Oblak
na baliza, ainda que sem grande trabalho, foi bom ver Bernardo Silva aparecer
na 2ª parte, mas, e há sempre um “mas”, foi deplorável ver Jorge Jesus chamar
Cancelo para entrar a 30 segundos do final… do tempo de compensação, sendo que,
como é obvio, o menino nem tempo teve para entrar em campo, fica a pergunta:
qual era o objectivo disto?
Olhando para o jogo em si, e
porque se tratava de um compromisso da equipa principal, apetece dizer que as
entradas de Ivan Cavaleiro, Bernardo Silva, Lindelof, Funes Mori (ou aquele
outro de que o treinador fala e que eu não sei quem seja) e a quase entrada de
Cancelo foram uma promoção destes jovens à equipa principal, no entanto,
olhando para a convocatória para este jogo, podemos constatar que apenas 5 dos
jogadores convocados (Sílvio, Cortez, Djuricic, Ola John e Ruben Amorim) fazem
parte do plantel principal e nunca jogaram pela equipa B, sendo que todos os
outros são jogadores da equipa B e/ou jogadores do plantel principal que ainda
só tinham jogado pela equipa secundária do Benfica. Isto é, quanto a mim, não
se tratou de uma promoção de jovens ao plantel principal, antes uma despromoção
de alguns jogadores à equipa B para defrontarem um adversário mais fraco do que
aqueles que a equipa secundária normalmente defronta.
Porém, não é apenas por este
motivo que considero que se tratou mais de uma despromoção do que uma promoção
de jogadores, sustento esta opinião no facto de isto ser um acto isolado e
esporádico que não terá continuidade e consequências nos jogos mais próximos.
Independentemente da resposta dada por estes jovens no jogo de ontem, jamais
uma boa prestação lhes daria direito a uma nova oportunidade nos próximos jogos,
pois o jogo de ontem era, teoricamente, demasiado “fácil” comparado com os
desafios que se aproximam.
Na verdade, penso que este tipo
de aposta, com uma revolução no 11 e nos convocados como foi ontem efectuada,
está mais próxima de “queimar” os jovens em quem recai a escolha que os ajudar
na afirmação que eles pretendem ter no clube. Os meninos jogaram num 11 que
nunca havia jogado junto, jogaram contra um adversário que não motiva muito os
colegas mais velhos e fizeram equipa com os jogadores menos utilizados, logo,
com os jogadores com menos ritmo de todos, ou seja, dos condimentos colectivos aconselháveis para
uma aposta sustentada nos jovens valores, nenhum estava presente, nenhum estava
reunido no jogo de ontem. Agora imaginemos se o Benfica tem sido eliminado, o
que aconteceria aos mais jovens que foram utilizados?
Quanto a mim, uma aposta real na
juventude é feita quando se enquadra estes jogadores num colectivo forte,
quando se observa o que eles conseguem fazer contra os melhores, mas também com
os melhores do seu plantel, quando são colocados em campo com um 11 minimamente
rotinado, não com um 11 de remendos, quando essas oportunidades se sucedem, não
quando são esporádicas.
Ainda assim, e tendo em conta o
historial de Jorge Jesus, já foi bom ver estes meninos na equipa principal, já
foi bom ver provado que Ivan Cavaleiro não deve nada a outros da mesma posição
que estão no plantel e em quem se aposta tudo, já foi bom ver que Nelson
Oliveira é de longe melhor que Funes Mori, mas “tenho de contar com ele” diz o
treinador…
José Moreira,
ResponderEliminarBelíssimo texto, boa análise.
Excelente. Parabéns.
O Moreira está atento, concentrado, olhos fixos na bola...
ResponderEliminarNa marca de penalti, a bola imóvel espera pelo encosto de uma bota.
Pacientemente, o José não escolhe o lado, espera pela trajectória da bola.
Soando um apito, a bola foi pontapeada com força... Moreira com instinto fixo no esférico, estica o seu corpo, braços e com a ponta dos dedos toca no assunto muito forte para a confiança de um atleta em inicio de carreira profissional.
Há entendidos que afirmam que os jogos mais fáceis para os jogadores são os mais importantes, os da permanente intensidade de jogo. A tensão, o stress passa com o rolar da bola.
Apostar no jovem jogador português é bonito em eleições. Na pratica o caminho seguido por todos os clubes é apostar na juventude das mesmas idades mas oriundos de mercados apetecíveis. Os milhões da ilusões ao aterrarem na portela, criam uma atmosfera de insegurança nos jogadores nacionais à espera da sua oportunidade.
Quando o numero de jovens estrangeiros engorda, aqueles grupos etários fazem contas ás oportunidades. Os minutos são jogados sobre a pressão da analise critica independente do adversário.
O escriba tem toda a razão quando refere:
"não se tratou de uma promoção de jovens ao plantel principal, antes uma despromoção de alguns jogadores à equipa B para defrontarem um adversário mais fraco do que aqueles que a equipa secundária normalmente defronta."
Vivas...