quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Corresponde-te à Benfica!


Uma amiga fala, bem, na pouca emoção com que vamos ver o correio. Já não temos cartas dos amigos, postais, surpresas insólitas, cartões dos Amigos Disney ou as quotas do Benfica. Há um ano escrevi sobre o assunto, quis recuperar essa forma de nos darmos uns aos outros, mas por preguiça deixei morrer a nobre causa.

O que vos proponho é o seguinte: enviem por mensagem privada as vossas moradas aos amigos e recomecemos a escrever grandes testemunhos à mão (NÃO VALEM CARTAS ESCRITAS NO WORD!) às pessoas de quem gostamos. Correspondamo-nos, meus caros. Enlouqueçam, ponham perfume piroso a banhar o manuscrito, façam desenhos ridículos a acompanhar, acrescentem rótulos de garrafas que têm no caderninho das viagens, inventem, recriem-se. Que a certeza de ter cartas com contas para pagar se esvaneça e dê lugar ao maravilhoso.

Bora voltar a ir ver o correio com aquela borboleta infantil a querer saber do inesperado?

8 comentários:

  1. Olha Ricardo, faltou nessa lista as cartas mais importantes, as que paravam por momentos o mundo - leia-se trabalho - aquelas por que àvidamente as raparigas das aldeias faziam esperas ao homem que transportava o correio: as CARTAS DE AMOR...
    Recordo com nostalgia (mas sem saudade desses sentimentos) os minutos de ansiedade que por volta das 9 e 30 da manhã se juntava um grupo, grande ao tempo, de raparigas na ânsia de ver chegar um aerograma do namorado que nas nossas colónias combatia pela Pátria!
    E a ti Rosa (da loja onde era distribuído o correio) começava a ler alto os nomes das bafejadas com notícias dos seus amados! E, para muitas, era a felicidade suprema ter nas suas mãos aqueles papelinhos azuis que tantos sentimentos e segredos continham!
    E do outro lado, onde eu não estive mas vi em filmes, a cena repetia-se!
    Pois é caro Ricardo! Os computadores, os telemóveis, vieram tirar toda a magia duma linda e bela CARTA DE AMOR!
    Mudam-se os tempos...

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  2. Tem toda a razão, Águia. Devia ter especificado as maravilhosas Cartas de Amor e, ainda mais do foro do coração, as que vieram e foram entre-mares, entre-guerras. Beijos à ti Rosa. E um beijo também para ti (se podemos dizer estas coisas na blogosfera). Mudam-se os tempos, mas continuamos a amar e a ter memória, Águia. Obrigado pelo relato.

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  3. É por isto que este blog marca a diferença,

    É só Amor e Carinho:)

    Sem esquecer os amigos...
    A águia preocupada teve ali um "percalço" ao lembrar a cor dos papelinhos que continham sentimentos e segredos. O bieira deberia escreber bários papelinhos dessa cor, noutro tempo...

    Nota: bela chamada de atenção do post. E desde sábado já estamos no Natal.

    Benfica...tempo.

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  4. Nunca fui muito de escrever as tais cartas de amor, talvez por preguiça, só o fazendo após perder a vergohna.

    Recordo no entanto que quando cheguei ao Ultramar ((S.Tomé e Principe)) escrevi à volta de 20 dos tais aerogramas mas passados dois meses já só escrevia à minha Santa Mãe.

    Retomei o gosto de escrever e((xtra profissão)) quando aderi a estas coisas da net e considero ser um dos maiores beneficios que readequiri.

    Mas corroboro que essa forma de comunicação era mais pessoal e transportava um romantismo que os novos tempos soterraram.

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  5. Não, Luis! Se a memória não me falta, os aerogramas eram azuis... Um azul muito clarinho, a tirar para o verde água... (Bolas, não eram encarnados!)
    Por acaso sabes o que era um aerograma? É que isto são lembranças só de quem tem mais de 50 aninhos...
    E acredita que há por aí muita gente que os tem bem guardadinhos como recordação...

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  6. @Águia estou lá perto do meio século a sofrer pelo nosso Glorioso.
    Acredito no valor sentimental de muita gente. Obrigado pela tua atenção.
    Já fui consultar os aerogramas...

    http://www.museudopapel.org/pagina,10,12.aspx

    ...já os vi de outra cor;)

    B T T

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  7. Obrigado Luis. Mas como vês o mais comum era o azul.
    E tal como escrevi, esse meio de correspondência era realmente a melhor forma de transmitir:

    "Em folhas de papel cor pálida, dia a dia, a saudade foi lida e contada. Na intimidade, medo, angústias e promessas de amor foram guardados.
    Histórias vivas, que de tão guardadas, permanecem."

    Hoje, pensando nisto, concluo que a memória colectiva de um povo, do nosso povo, em determinada época, muito importante como foi aquela, está muito mal tratada.
    Ainda está por fazer algo, um filme, sei lá, que recrie e reflita na tela para esses sofrimentos, angustias, medos e ansiedades. Joaquim Furtado já o fez no que se refere ao aspecto político. MPLA, UNITA e FNLA de Agostinho Neto, Sambimbi e Holden Roberto. PAIGC e a histórica luta pela liberdade de Amilcar Cabral!
    Frelimo de Samora Machel e Renamo que em Moçambique lutaram contra o colonizador invasor. E claro, Salazar e Caetano que do lado de cá alimentaram uma guerra fraticida que hoje nos custa alguma da nossa dignidade...

    Mas a histórica luta do povo incógnito, as suas dores, as suas angústias, os seus sofrimentos, as lágrimas das mães, dos pais, das irmãs, dos irmãos, das avós e dos avós, das mulheres deixadas para trás muitas delas grávidas, das namoradas, dos amigos, dos vizinhos, esses ainda não foram perpectuados como tributo à coragem de gente anónima mas que demonstrou em 13 anos de guerra uma alma e dignidades sem limites!
    Somos mesmo um grande povo! Pena não sermos capaz de acabar com os que ao longo de muitos anos nos humilham e enfraquecem com políticas déspotas e rapinantes!

    Peço desculpa, porque o post quereria levar-nos para outro rumo. Mas fez-me muito bem recordar e partilhar um pouco do que vivi.
    Bem hajam!

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  8. Águia,
    Uma conhecida minha realizou o filme Quem vai à guerra.

    Deixo-te o link para o trailer pelo que te aconselho a tentares encontrar o filme:

    http://www.youtube.com/watch?v=oDb_U5Dy-3U

    Deixo-te ainda este link sobre o filme:

    http://noticias.sapo.pt/especial/guerra_colonial/1126925.html

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Vai ao Estádio, larga a internet.