É hoje publicada, no jornal “Record”, uma entrevista
ao presidente do Conselho de Arbitragem que merece ser lida e reflectida.
A actual geração de árbitros Portugueses vive sob o
estigma da corrupção lançado, com proveito, pelas gerações que lhe são anteriores.
Vivem a consequência de anos e anos de impunidade. Nesse sentido, vivem no
ambiente que a sua classe optou por passar às gerações vindouras. Não foram os
actuais árbitros os catalisadores desta constante suspeição, mas também eles
acabam vistos como produto emanado da podridão que muitos se orgulham em ter disseminado.
Para o bem e para o mal (não condenação efectiva dos
maiores criminosos), o processo Apito Dourado marca uma fronteira na arbitragem
nacional. Considero que existe um “antes” e um “depois” do Apito Dourado. Vejo
os actuais árbitros de uma forma diferente do que via os seus antecessores.
Tenho-os em, incomparável, melhor conta que tinha os anteriores.
Obviamente que ainda existem pressões ou, pelo menos,
tentativas, sejam elas públicas ou discretas. Desde conferências de imprensa,
transversais aos 3 maiores clubes nacionais, nojentas e que visam condicionar árbitros,
à colocação de determinadas pessoas em determinados órgãos de decisão, há e
continuarão a existir muitas formas de se pressionar a actuação de um árbitro e
da arbitragem em geral.
Não obstante, há que ser sérios e justos na avaliação
que cada uma fará sobre o trabalho de um árbitro. Já se sabe que a avaliação de
cada um será sempre inquinada pela sua cor clubística, mas quando falo em
seriedade na analise, não me refiro apenas à objectividade possível em cada
lance e/ou jogo, refiro-me muito mais ao juízo de valor que levantamos sobre o
erro do árbitro, sobre o processo de intenções que lhe colocamos em cima a cada
erro que nos é desfavorável ou favorável.
Dou um exemplo concreto: O jogo Benfica x Estoril de há 2 jornadas atrás. Nesse jogo, já com o resultado em 2-0 (se estou bem
recordado), foi invalidado um golo a Lima por pretenso fora-de-jogo, algo que
se veio a verificar errado, através das imagens televisivas. Se analisarmos
este erro isoladamente o que podemos dizer? Que o assistente prejudicou o
Benfica, por estar “corrompido” para tal, por estar pressionado para tal.
Porém, se formos sérios na análise, se formos justos, veremos que o erro é
claro, mas que o lance não é dos mais fáceis (ainda que esteja longe de ser dos
mais difíceis) e que aquele mesmo assistente já havia anulado uma jogada ao
Estoril por fora-de-jogo, sendo que aí o jogador “canarinho” seguiria isolado
para a baliza. Ou seja? Talvez o árbitro assistente tenha apenas errado em
ambos os lances, talvez não estivesse no estádio para prejudicar nenhum dos
clubes, talvez tenha tido apenas uma tarde infeliz ou, no limite, talvez seja
apenas incompetente.
Se fizermos isto a cada jogo, se antes de apontarmos o
dedo aos árbitros pelos nossos fracassos, desencorajaremos os nossos dirigentes
de criarem ambientes hostis a quem faz parte dos espectáculo e que propiciam
ameaças de morte a quem nada tem a ver com o assunto, como são o caso dos
familiares dos árbitros.
Isto implica ver erros sucessivos e permanecermos
calados? Não. Apenas implica que tenhamos seriedade e honestidade intelectual nos
juízos que fazemos. Apenas implica que tenhamos responsabilidade nas palavras
que dizemos, por saber que tipo de comportamentos podemos potenciar.
Vivemos num futebol com discurso de guerrilha que não
admite o erro e/ou incapacidade próprias e as sacudimos para terceiros, ainda
que sejamos diligentes em apelar a “formas pacificas de luta”, quais freirinhas
de pés descalços. Incitar a revolta e apelar ao pacifismo é giro e fica-lhes
bem. Talvez Hitler tivesse ideia de invadir a Polónia de forma pacífica, eles é
que reagiram.
Quanto a Vítor Pereira e à classe que dirige, sejam
homens e tenham-nos no sítio, sentem-se pressionados e condicionados pelo
ambiente que os clubes teimam em criar? Tomem medidas de força. Não apareçam
aos jogos. Façam greve a TODOS os jogos das ligas profissionais. Não podem?
Apresentem baixas médias, o que for. Tenham coragem de se fazerem respeitar e
serão respeitados.
Caro José Moreira
ResponderEliminarO célebre golo em fora de jogo do Maicon na Luz, em que o árbitro assistente está em linha, em que o Maicon está adiantado antes da bola partir, quando a bla parte, durante a viagem da bola e quando a bola chega, é o quê?
Concordo com a intenção do texto. Porém gostava de partilhar contigo duas ideias.
ResponderEliminarO conteúdo que expuseste está, no meu ponto de vista, correcto, porém é necessário entender que é um tema fácil de se apresentar quando a equipa que defendemos está em primeiro lugar e está muito próximo de garantir o campeonato. Isto é, em todos os jogos, independentemente de estarmos em primeiro lugar ou noutra posição qualquer, haverão erros de arbitragem, mas é fácil discursarmos sobre se os tais erros são fruto da incompetência e da dificuldade de análise ou se são erros propositados com agenda obscura. Todo este discurso, infelizmente, estará dependente do contexto que nos beneficiará, o que faz com que o discurso seja inquinado. É cada um a puxar a brasa à sua sardinha.
Conheço a linha deste blog, que muitas vezes converge com aquilo que acho. Acredito que a intenção do teu texto seja imparcial e independente da actual posição do nosso Benfica, mas fica sempre no ar uma suspeição: estamos em primeiro lugar. Se a posição fosse outra, a ideia seria insuspeita. Compreendes?
O segundo ponto tem a ver com a idoneidade da arbitragem actual. é óbvio e é natural que haja um clima de suspeição, que se assenta em dois pontos diferentes mas que estão relacionados. Primeiramente, há 10 anos atrás foi provada a existência de influências polutas sobre a arbitragem. Isto é um facto. O que se pode retirar daqui? A arbitragem pode ser contaminada por bastidores corruptos. Esta possibilidade é suficiente para lançar um espectro de suspeição. O segundo ponto tem a ver com o culminar no processo: a montanha pariu um pequeníssimo rato. Isto levanta outra questão: o que mudou verdadeiramente e radicalmente na arbitragem nestes últimos 10 anos? Podemos especular à vontade, mas estaremos próximos da realidade? Mudanças aconteceram, mas foram e são suficientes para retirar o tal espectro? Não haverão motivos para desconfiarmos sobre a existência de influências polutas? Pessoalmente, creio que o sistema mudou, transformou-se, mas não passou tudo de uma operação de cosmética. É possível que os actores tenham mudado. É até possível que outros clubes, incluindo o nosso, tenham um outro tipo de papel neste jogo de bastidores. E para mim, tudo isso é inaceitável. Enquanto não houver verdadeiras transformações nas estruturas que suportam o futebol, e até no nosso país, haverá, naturalmente, uma suspeita sobre a arbitragem e sobre a possibilidade de corrupção. É uma pena. O futebol está contaminado e dá azo a discussões inúteis que terão a tendência para motivar clivagens e manter este clima de agressões. Quem fica a perder é o futebol português.
Um grande abraço.
"O jogo Benfica x Estoril de à 2 jornadas atrás. Nesse jogo, já com o resultado em 2-0 (se estou bem recordado), foi invalidado um golo a Lima por pertenço fora-de-jogo"?
ResponderEliminarDuas calinadas tão próximas é caso para dar os parabéns...
Jota:
ResponderEliminarEsse erro é grave e não vejo forma de "atenuar" o sucedido. Porém, ainda antes disso, há uma expulsão para o FCP. Pergunto: Estivesse a equipa de arbitragem determinada em prejudicar o Benfica e teria expulso o jogador do FCP? Ou o lance da mão na bola do Cardozo? Não seria fácil marcar um penalti nesse lance? Entende onde quero chegar? Mas ainda assim, no momento da expulsão, o Benfica vencia por 2-1 e o que faz JJ? Retira um médio para colocar um avançado, transformando um jogo que estava controlado até então, num jogo partido e favorável ao FCP e com o desfecho que todos sabemos. Ou seja, antes de apontar o dedo aos árbitros, aponto responsabilidades ao nosso treinador que tinha o jogo controlado e, talvez por desejo de goleada e vingança dos 5-0, quis golear e acabou com a derrota.
C-zero:
Compreendo o que diz, mas justiça seja feita a este blogue, raramente se fala de arbitragens e ainda mais raramente "desculpamos" os insucessos da equipa com erros dos árbitros.
Tim:
Corrigido e obrigado pela chamada de atenção.
Já percebi o post.....
ResponderEliminarComo tens levado goleada atrás de goleada do treinador,aproveitas o post para dar uma ferradela no mesmo.
Lá para Maio conversamos.
claro, este post é todo para "malhar" no treinador, não vê logo? Além de merdoso és burro que nem uma porta, dass.
ResponderEliminarFalaremos quando quiseres, já te disse, dá a cara e falaremos cordialmente sobre o que quiseres.
Ah, goleada do treinador? Então? Explica-me? Eu já sou treinador? Já defrontei o JJ? Parece-me que não. O treinador está a mostrar o que sempre mostrou e que sempre lhe reconheci: Competência técnica e uma cavalgadura humana. No bom e no mau, esta época é a ideal para demonstrar tudo o que é JJ.
Compreendo a intenção do texto, mas há um erro factual.
ResponderEliminarÉ que boa parte dos árbitros agora em actividade teve o seu nome ligado ao Apito Dourado (P.Proença incluído).
Por isso dizer que esta geração de árbitros nada teve a ver com o apito dourado é tentar branquear alguns senhores bem comprometidos na altura, e que continuam em actividade...
É certo que os árbitros erram. Mas não erram todos na mesma medida.
ResponderEliminarO Mangala dá uma brutal cotovelada a um jogador do Belenenses aos 10 minutos de jogo no Dragão. Nem cartão amarelo leva. Ontem o Evandro do Estoril levou vermelho directo com uma situação idêntica.
Altamente se não fosse o pp nesse celebre Benfica porto tinhamos sido goleados ahhh."Porém, ainda antes disso, há uma expulsão para o FCP"
ResponderEliminarQuem foi o expulso?? o Emerson esse era do SLB diz lá qual foi o expulso pelo pp nesse jogo é que a mim não me ocorre.
Eu