Abro
uma exceção à minha regra de pouco ou nada falar exclusivamente de
outro clube que não o Benfica, para podermos analisar as
pré-temporadas dos nossos, presumivelmente, maiores concorrentes na
luta pelo titulo de campeão nacional. Falo naturalmente de Sporting
e Porto.
Hoje
escolho falar dos nossos rivais de Lisboa, deixando para, espero eu,
amanhã a analise ao Futebol Clube do Porto.
Em
Alvalade o entusiasmo gerado pelo que foi conseguido na época
passada foi muito (e justificado, diga-se). A época superou todas as
expectativas. Com um orçamento bastante inferior ao dos rivais e com
uma equipa fortemente baseada na “prata da casa” a que foram
adicionados alguns reforços de qualidade, o Sporting apontava, em
condições normais, a um 3º lugar no final do campeonato,
prevendo-se uma luta intensa com o Sporting de Braga.
Porém,
uma das piores épocas do FCP aliada a muita competência interna,
permitiu que os leões terminassem a liga num fantástico 2º lugar.
Este desempenho da equipa levou Bruno de Carvalho, que por norma já
apresenta um discurso populista, a elevar a fasquia para a presente
época, apontando à candidatura ao titulo nacional, sem que, segundo
palavras do próprio, essa ambição se traduzisse num aumento do
orçamento previsto para a temporada.
Este
pensamento de “fazer (ainda) mais com o mesmo”, levou Leonardo
Jardim a questionar publicamente, ainda que não de forma direta, a
política desportiva idealizada pelo seu presidente. Basicamente, se
queria mais, tinha de dar mais.
Esta
cisão de pensamentos, aliada a uma uma proposta para comandar o
faraónico Mónaco, levou à saída do Madeirense de Alvalade.
Para
o seu lugar entrou, de forma natural, face ao excelente trabalho
desenvolvido no Estoril, Marco Silva. Esta foi a solução mais
lógica para ambas as partes. Pelo lado do clube, uma vez perdido o
seu técnico, surge como natural a escolha do treinador com
pergaminhos entusiasmantes e consistentes. Da parte de Marco Silva, o
Sporting surge como evolução lógica de uma carreira pautada pela
constante superação.
Não
obstante, para Marco Silva, para lá de ser uma escolha lógica, o
Sporting também pode constituir a escolha por um presente
envenenado. Se por um lado é natural que tente voar mais alto, não
deixa de ser uma escolha algo perigosa, pelo facto de receber uma
equipa que, estando arredada das competições europeias e a onde se
notavam carências claras na constituição do 11 e do plantel, caso
queira assumir-se como real candidato ao titulo, terá um grau de
exigência superior ao que esteve inerente à época anterior, sendo
os recursos muito semelhantes aos anteriores.
Analisando
as contratações do Sporting para esta nova época, podemos
constatar que nenhuma delas constitui um verdadeiro reforço da
equipa, sendo fácil de o verificar pela não inclusão de qualquer
“cara nova” no 11 que Marco Silva já deu a entender ser o seu
favorito.
Diria
mesmo que o único reforço que, neste momento, parece capaz de
aportar algo de diferente e, talvez, melhor ao 11 base do Sporting é
João Mário, jogador que não chega a ser contratação.
De
todos os restantes, e pelo que pude ver até agora, não vejo que
algum seja melhor dos que cá estavam. E a possível perda de
jogadores como Rojo ou William Carvalho pode constituir um importante
revés no aumento de qualidade do plantel como um todo, que deveria
corresponder ao aumento de expectativas e ambições.
Para
lá de João Mário, há ainda a registar bons indicadores de Oriol e
Tanaka mas, reforço, nenhum deles tem, para já, qualidade
suficiente para se assumir como titular do Sporting, a menos que
aconteçam algumas saídas.
Pela
negativa tenho registado alguns pormenores a Naby Sarr (tem potencial
físico, mas precisa de muito, mas muito mesmo, trabalho tático) e
Slavchev (para Lampard seja de onde for, está muito curto).
Do
ponto de vista de sistema tático e modelo de jogo apresentados nesta
pré-temporada, podemos verificar uma elevada semelhança com o que
foi o Sporting da época passada. Uma equipa assente num 4x3x3
clássico que em certos momentos do jogo pode ser alterado para algo
mais parecido com um 4x2x3x1. Há a registar a ideia de uma maior
envolvência interior por parte dos extremos e uma maior
verticalidade nos movimentos de André Martins, colocando-o mais
vezes em zonas frontais de finalização, contribuindo assim para uma
maior e melhor capacidade de finalização do jogador que ocupa esta
posição (sendo João Mário o jogador mais utilizado como
alternativa a André Martins).
No
jogo jogado, mais uma vez, podemos verificar um Sporting muito igual
ao anterior, ou seja, nada de muito espetacular nem elaborado,
tentando processos simples e que sejam eficazes sem, no entanto,
promover tantas trocas posicionais como anteriormente. Há ainda a
registar alguns erros recorrentes nos lances de bola parada
defensivos, nomeadamente, em cantos contra, sendo a zona do primeiro
poste aquela que tem aparecido como mais permeável.
Em
suma, este Sporting aparece sem o aumento significativo de qualidade
individual que, talvez, fosse necessário para o ataque ao titulo,
sendo justo reconhecer que, aparentemente, apresente um maior numero
de soluções na sua 2ª linha que podem ser importantes numa época
em que as competições europeias podem ajudar a diferenciar o que na
época passada não foi diferenciado.
Na
prática considero que, face ao que existe no momento, o 3º lugar é
o melhor que podem desejar para já, contando com um FCP diferente do
ano passado e um SLB (ainda) com mais qualidade. Pode ainda ser
possivel repetir o 2º lugar do passado, caso algum dos outros dois
surja, tal como o FCP na época passada, mais fraco que o normal dos
últimos anos, mas para campeão, ainda acho muito pouco. Ao nível
europeu, finalizar a fase de grupos da Liga dos Campeões num 3º
posto já seria um bom resultado. O Sporting pode, e deve, apostar
bastante nas taças internas onde a diferença entre planteis é
sempre mais esbatida, por não ser necessária uma continuidade
competitiva ao longo de uma época inteira.
Eu até achava o Sporting um sério candidato à conquista do campeonato. Mas aquilo parece andar tudo em pé de guerra. Primeiro foram os putos da formação. Agora é o Slimani e o Rojo que querem sair e estão em guerra com o clube. A poucos dias de começar o campeonato, Sporting...já era.
ResponderEliminar«...e um SLB (ainda) com mais qualidade.» Mas em que planeta é que vives?! Só podes estar a brincar. Conseguimos ganhar, pasme-se, nos penalties, a esse colosso do futebol mundial, o R.Ave, e já embandeiramos em arco? Haja bom senso...
ResponderEliminarUm bocadinho prematura essa análise. Sou capaz de te dar razão daqui a uma hora, quando ouvir o que BdC tem para dizer.
ResponderEliminarP3dr0
ResponderEliminarNão o digo por termos vencido o Rio Ave, digo-o por ser verdade. Vencemos o Rio Ave nos penaltis? Sim, é verdade e por não termos consiguido marcar um único golo a uma equipa de meio de tabela em Portugal e que tinha jogado 72h em 120, tudo certo.
Mas a qualidade de jogo foi esclarecedora quanto ao melhor desse encontro.
Mas, repito, não foi por aí que afirmei o que afirmei. Digo-o porque, com o que temos, ainda somos melhores, em teoria, do que o Sporting. Luisão, Enzo, Gaitan ou Lima seriam titulares de caras no Sporting. No sentido inverso, talvez apenas William Carvalho fizesse o mesmo em relação ao Benfica.
Reforço, tudo isto é "neste momento", com os planteis que existem. Sem embargo de tudo poder ser diferente no dia 1 de Setembro.
Como Sportinguista subscrevo, quase na integra, esta tua análise. Há ali um ou dois, Slavech e Oriol por exemplo, que podem vir a dar boa conta do recado.
ResponderEliminarCaro Zé Moreira,
ResponderEliminarTu es um ganda seca.
Abraço
Pedro B.
Sem problema Pedro.
ResponderEliminarAbraço