Num destes dias, algures pelo Facebook, vi um video da página
do Benfica em que perguntavam a um cantor conhecido o porquê dele ser
Benfiquista. Ele respondeu algo do género “Porque gosto de vitórias” ou algo
semelhante (perdoem-me já não saber ao certo as suas palavras mas o conceito
era este).
Esta questão pôs-me a pensar no porquê de eu Ser
Benfiquista.
No meu caso pelo menos, acho que não teve nada a ver com
vitórias, até porque apesar de muito me orgulhar da história do nosso Benfica,
tenho que admitir que sou de uma geração que infelizmente se tornou em adolescente
ou jovem adulto na fase de maior declinio do clube.
Assim sendo, porque um miúdo se tornava Benfiquista naqueles
tempos em que não seria certamente para festejar muitos títulos?
Tentando lembrar-me da minha infância e do momento em que me
tornei Benfiquista, obviamente não consigo precisar um momento especifico, mas
hei-de lembrar-me sempre do momento em que o meu pai me levou à Luz pela
primeira vez.
Já deveria ter uns 10 anos e para dizer a verdade, até
entrar no estádio já estava feliz por passar o dia com o meu Pai, a passear em
Lisboa e a comer uns pastéis de nata. A ansiedade não era grande, em total
oposição à que sinto hoje à espera de Domingo.
Mas então chegou o momento, dirigi-mo-nos para o estádio e vi
aquele Monstro de Betão pela primeira vez. Feio e Lindo, parecia inacabado mas
perfeito. 120.000 pessoas cabiam lá dentro. Mas por mais que soubesse esse numero,
qual a criança de 10 anos que consegue imaginar o que se sente no meio de
120.000 pessoas???
À medida que andávamos na sua direcção, o monstro crescia e
crescia, e mais e mais pessoas se
juntavam a nós. Aí sim, aí começou a crescer a minha ansiedade. Aquele miúdo de
10 anos apertava cada vez com mais força a mão ao Pai. E o monstro não parava
de crescer à medida que o meu coração batia mais e mais rápido.
Lá dentro eu não
acreditava no que via, tanta gente, tanto amor, tanta loucura. Fomos para o
nosso lugar naquele começo de noite fria e eu já tinha começado a tremer. Não
de frio, porque lá dentro estava mais calor que lá fora, tremia apenas
inexplicavelmente. Inicialmente apenas um pouco e depois cada vez mais.
As equipa começaram a entrar em campo e toda a gente
gritava. “Benfica, Benfica, Benfica...”. Rolos de Papel eram atirado para o
relvado e Rapazes Sem Nome, Diabos Vermelhos ou apenas Benfiquistas tinham
tochas na mão a fazer um fumo e uma Luz vermelha que fazia daquele lugar o
Inferno. Toda a gente batia com os pés no chão e o estádio tremia debaixo de mim.
“Benfica, Benfica, Benfica...”. E eu tremia descontroladamente, de Medo, de
Respeito, de nervosismo. E naquele momento o meu pai colocou o braço sobre os
meus ombros e olhou para mim e sorriu. Não sei o que ele pensou, mas na minha
cabeça foi como se dissesse “Calma meu filho, isto somos Nós, Isto é o Benfica”.
E eu continuei a tremer até hoje, de Paixão.
Acho que é desde esse dia que sou verdadeiramente e
inequivocamente do Benfica. Porque sim. Porque não há outro. Pelo Monstro, pelo
Inferno, pelos 120 mil daquela noite em que comecei a tremer pela primeira vez. Sou do Benfica porque tenho na alma aquela Chama Imensa.
Excelente texto que demonstra verdadeiramente o que é o Benfica!!!
ResponderEliminarMas para mim será sempre um amor que, por muito que tente, não se consegue explicar!!
Caro Campaniço,
ResponderEliminar«(...) ninguém escolhe o Benfica, é o Benfica quem te escolhe para seres um de nós»
Forte abraço Benfiquista,
Isaías
Tal como tu também eu vivi toda a minha adolescência na pior fase do nosso clube. No entanto, toda a paixão e amor pelo Benfica foi-me transmitido pelo meu avô, ele contava-me inúmeras histórias do Glorioso e de tudo o que o Benfica representava para Portugal, um país à altura atrasado, sem confiança, sem outros motivos de orgulho, só o Benfica (e a Amália) é que orgulhava, não só os benfiquistas mas os portugueses em geral, ao contrário do que a maioria pensa.
ResponderEliminarCom ele aprendi o que era ser desportista também, porque ele falava tão bem da grande equipa dos anos 60 do Glorioso, como falava bem da equipa dos "5 violinos", em que dizia: "eles eram melhores, não tinhamos hipóteses". Por isso é que eu sei, que até aos anos 80 e com a entrada em cena da consporcação do futebol português por parte destas personagens que ainda aqui gravitam, o futebol era vivido de maneira pura, com rivalidade e picardia, mas com respeito e desportivismo.
Agora é o lixo que se sabe...
Que grande texto, estou arrepiado ate agora, continua o bom trabalho abraço
ResponderEliminarno caso de um fctripeiro, a resposta é fácil: "bia o meu pai com duores no cu cada bez q o benfica ganhava, e parece q é hereditário"
ResponderEliminar