Aquilo que muitos parecem não conseguir entender é a emoção
profunda que vive nas gargantas dos adeptos enquanto declaram o seu amor ao
Clube pelo qual cantam.
O amor a um clube não existe só na glória, um amor a um
clube vai muito além dos seus dirigentes, treinadores e jogadores; vai muito
além do Futebol e das Modalidades; vai muito além das exibições e dos
resultados.
O Clube vai muito além de tudo o que o compõe e o que nele
acontece. Todo o simbolismo que o compõe é o que desperta tal sentimento nos
adeptos.
Um coro de vozes grita em uníssono o seu amor ao Benfica.
Uns e outros superficializam com teorias:
"Os adeptos estão a reconhecer o excelente trabalho que
a direcção tem feito."
"Os adeptos estão a afirmar o seu apoio ao
treinador."
"Os adeptos estão a puxar pelos jogadores."
"Os adeptos estão a desculpabilizar o que se passa no
relavado."
"Os adeptos estão com vitórias morais."
E eu espantado afino a garganta e expludo o coração enquanto
me admiro com a cegueira surda de quem nos ouve.
"Eu amo o Benfica"
"Tu és o meu amor, o amor da minha vida."
Serão todos surdos? Não interessa. Porque não cantamos para
os outros ouvirem, cantamos para o Benfica porque vivemos o Benfica.
Há outros que cantam o seu amor por outros clubes. Talvez
tenham a sorte de serem ouvidos por quem percebe a sua expressão. Talvez quem
os oiça partilhe dessa mesma profunda emoção.
Os adeptos não querem a gratidão daqueles que os representam
nos relvados. Não, os adeptos querem é que eles partilhem dos sentimentos das
bancadas, aquele amor imenso e inexplicável que veste de vermelho.
Os primeiros a afirmar que o Clube é os seus adeptos são
também os primeiros a tentar comercializar o benfiquismo. Não percebem que a
força dos adeptos não é o seu poder de compra mas sim a sua capacidade de
oferta. E assim diminuem a verdadeira paixão a momentos de marketing que
limitam aquele sentimento mais ilimitado que existe.
Depois questionam-se. Questionam-se sobre a impossibilidade
de recuperar de um 0-3 ao intervalo, sobre a dificuldade de reentrar no jogo,
sobre a normalidade que é ir cada vez mais abaixo.
Como alguém me disse “Raros são os treinadores que a perder
por 3 ao intervalo conseguiriam entrar melhor e não pior no segundo tempo.”
E assim vão aceitando cepticamente a normalidade da
anormalidade que é ver tanto alheamento ao símbolo que se carrega ao peito.
Quem não entende isto também não terá como entender o Fenómeno
Red de 2005.
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