quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Leonel Sergio Andrés

A Bola d'Ouro é um prémio que não faz sentido. Individualizar num desporto que é visceralmente colectivo é negar-lhe a sua essência: um jogo que é um equilíbrio constante entre bola, espaço, colegas e adversários.  Esta dança, esta procura constante pela melhor decisão,  este engano de puxar continuamente a bola para terrenos que favoreçam a progressão, isto, o bom futebol, não é quantificável num único jogador.

O craque não é contabilizável. Não são os títulos que a sua equipa ganha, a quantidade de golos que marca, as assistências que faz que o definem como craque. O craque é aquele que faz da sua técnica individual apenas um veículo de transmissão directa do que lhe diz o cérebro. O craque conhece e reconhece a movimentação dos outros a uma velocidade tal que o que faz tem sempre coordenadas definidas não por um qualquer computador ou um treinador mais científico mas pela sua própria interpretação da geografia. É esse farol, essa bússola mágica,  que lhe define o génio.

Não são números num quadro, gráficos para cima e para baixo, estatísticas. Isso são consequências daquilo que faz em campo mas isso não é o que ele é. Porque o que ele é pode, a certo momento e por razões várias, não gerar nas calculadoras mundiais números estratosféricos. Mas o que ele é persiste acontecendo no relvado. A sua capacidade de antecipar, de surpreender, de criar, de gerar a possibilidade do golo - atente-se: a "possibilidade do golo", nem sempre o golo em si -, é isso que o faz craque. É essa a razão pela qual deslumbra e faz sentido.

Não havendo forma de acabar com o espectáculo feérico que é hoje a entrega do prémio ao "Melhor jogador do Mundo", proporia que ao menos se começassem a premiar as parcerias dentro de uma equipa. Em vez de dar prémios individuais, passarmos a dar prémios aos melhores trios do Mundo. Por isso este ano a minha Bola d'Ouro vai para o Leonel Sergio Andrés.


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