sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

PREOCUPAÇÕES DE FEVEREIRO

Há duas principais formas de fazer análise futebolística:

1) a RESULTADISTA - se a equipa vem ganhando uns jogos, está a jogar muito bem e é favorita; se empatou ou perdeu algum jogo, está sem identidade e à procura da melhor forma; se perdeu vários jogos, está a jogar muito mal e não tem quase hipóteses nenhumas de atingir os objectivos. Esta análise é a mais recorrente - podemos ouvi-la constantemente nas rádios e nas televisões, lê-las nos jornais desportivos ou nas redes sociais. Não tem qualquer mérito porque não depende de mais nada senão das bolas que entram ou deixam de entrar na baliza. Se, por exemplo, uma equipa que está a ganhar consecutivamente começa de repente a perder o analista resultadista não entende a razão do fenómeno,  passando imediatamente a defender que a equipa está a jogar muito mal e já não tem quase hipóteses nenhumas de atingir os objectivos. Serve apenas para quem não tem conhecimentos sobre o jogo: como há que dizer alguma coisa, vai-se pelo mais fácil: os resultados.

2) a PRAGMÁTICA - independentemente dos resultados da equipa, o analista pragmático observa sobretudo o que se passa em campo para lá dos golos marcados e falhados. Ou seja, não pensa apenas no que aconteceu, mas naquilo que poderia ter acontecido. É claro que este tipo de análise é mais rara por motivos óbvios: é preciso conhecer o jogo para além de olhar para o jogador que vai com a bola; é preciso entender um conceito simples mas que por vezes parece complexo que é o da relativização das estatísticas em futebol - neste desporto, os números interessam muito pouco, quase nada dizem do que é importante dizer sobre um jogo; é preciso ser anti-popular em discussões futebolísticas. Como é que um benfiquista chega perto de 4 consócios e lhes diz: "Pessoal, 10 vitórias consecutivas e tal, golos atrás de golos, jogadas bonitas, emoção,  mas... esta equipa tem pouquíssima qualidade defensiva e ofensivamente vive sobretudo do talento de 3 jogadores, não de uma dinâmica colectiva ensaiada e posta em prática pelo treinador"? Vai logo levar com os 4 consócios em cima e provavelmente ser acusado de nem sequer ser benfiquista ou de querer que a equipa perca para ter razão. As pessoas confundem muito aquilo que se quer daquilo que se vê.

Portanto, como é que se chega a 5 de Fevereiro, dia do jogo em Belém, recheado de vitórias e golos, e há a percepção de que neste mês, contra equipas mais fortes e com uma Direcção sem ter mais uma vez ajudado o treinador (inacreditável como não fomos buscar um central e um médio de transição), a equipa vai ter maus resultados e colocar em causa os objectivos da época? Ou então como é que se chega a 5 de Fevereiro, dia do jogo em Belém, recheado de vitórias e golos, com a convicçâo de que mais cedo ou mais tarde o Benfica vai passar para a liderança e consumar o 35 além de passar pelo menos aos quartos da Champions?

Agora escolha. Seja resultadista ou pragmático. Ou então seja assim-assim. Eu confesso: tenho muitas preocupações de Fevereiro.



1 comentário:

  1. Em qualquer clube do mundo quando se defrontam adversários mais fortes as possibilidades de fracasso aumentam. Não me parece que por aí exista alguma novidade.

    Temos muito que evoluir tanto em organização como em transição defensiva? Sim. Temos.
    Já estivemos muito pior defensivamente? Já. E ganhámos em Madrid? Sim. Tivemos sorte e Júlio? Sim.
    O futebol é assim mesmo.

    Ofensivamente dependemos de 3 jogadores? Sim. O Barça depende de 3 jogadores? Sim. O Real depende de 3 jogadores? Sim.
    O futebol é isto.
    É a tal relatividade.

    As preocupações aumentam quando o grau de dificuldade aumenta. Todos pensamos nos nossos pontos fracos e nos pontos fortes dos adversários.
    Temos que olhar para o que já evoluimos e esperar que continuemos a evoluir. E apoiar!

    E que raio! Se o Guimarães ganhou ao Porto e o Tondela empatou em Alvalade, então se calhar até temos alguma hipóteses...

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Vai ao Estádio, larga a internet.