segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Deslocação em Benfiquismo



“Vais fazer esses quilómetros todos só para ir ver um jogo?”

Pergunta tantas vezes ouvida e tanta vez feita por aqueles que não percebem os encantos de fazer parte de uma deslocação.

Antes de mais, não é só um jogo. É um jogo do Benfica.

A deslocação não é só estar no estádio a olhar para a bola. É estar de pé, em família, em união com os nossos, a cantar, a vibrar, a apoiar e a ver o nosso Benfica jogar. Não são 90 minutos a ver um jogo. São 90 minutos a viver inteiramente o Benfica.

Mas o maior encanto de uma deslocação não está limitado aos 90 minutos. Há todas aquelas horas que antecedem e precedem os apitos do árbitro.

Lisboa a Chaves é um puxão. Um puxão de benfiquismo.

Acordar cedo para reunir com os amigos de vermelho. Ainda em Lisboa começar a lançar o jogo, o 11 titular e discutir as expectativas.
Hora de arrancar é hora de encher as geleiras.
E aí começa a aventura. Horas no carro a discutir bola, horas no carro a rir, a planear e a cantar pelo Benfica.

Depois temos as várias paragens para convívio. O convívio com aqueles que nos seguem noutra viatura; o convívio com aqueles malucos da cabeça que tal como nós também se fizeram à estrada; o convivo com aqueles que se deslocaram à beira da auto-estrada para nos presentearem com um traçadinho de Minde envolto em benfiquismo. Obrigado rapazes.

E a aventura prossegue para o almoço. Onde parar? Onde escrever mais uma página desta aventura?

Por este país a fora as opções são inúmeras e todas elas com um potencial estrondoso, afinal de contas é dia de Benfica e estamos todos a pensar no mesmo.

Nesta aventura paramos em Peso da Régua, ali junto ao Douro. Dificilmente poderia ter corrido melhor.

Comida deliciosa. Cabrito e Vitela de chorar por mais. E o ambiente? Digno de uma deslocação.
Assentámos num restaurante de portistas e não podíamos ter sido melhor recebidos. Até numa casa portista em dia de Benfica a festa é benfiquista.

No restaurante estava uma associação de antigos marinheiros e assim que viram o manto sagrado não quiseram saber de mais nada, nem do autocarro que os esperava lá fora.
Uns sportinguistas cheios de boa disposição a meterem-se connosco - desportivismo são, rivalidade de qualidade.
Outros benfiquistas. E em dia de deslocação um benfiquista enche-se de esperanças quando vê o símbolo sagrado a caminho do estádio.
Nós ali à mesa quase nos sentíamos parte da equipa. Todos nos desejavam sorte, nos encorajavam e até se preocupavam com o resto da nossa viagem. Houve até tempo para a bela da fotografia.
À partilha de histórias seguiu-se a surpresa de um belo de um fadinho ali à capela à beira da nossa mesa.

É isto que muita gente não compreende. Uma deslocação não é só ver o Benfica no estádio mas sim vivê-lo pelo país fora. Conhecer mais de Portugal enquanto nos vamos alimentando de um benfiquismo nacional sedento de ser partilhado e contagiado.

Nós na verdade não passamos de meros adeptos que vão ver a bola. No entanto, para os muitos benfiquistas espalhados por este país somos bem mais do que isso. Somos parte da força que leva o nosso Benfica à glória, somos a representação da sua paixão, somos aqueles que vão transportar o seu apoio e entusiasmo para dentro das quatro linhas.

A terminar o almoço não podia faltar o vinhozinho do Porto, oferta do rival da casa. Uma casa portista que recebe a equipa portista e onde pudemos ser Benfica sem hesitações. Um enorme obrigado.

Depois foi seguir para Chaves, seguir o som dos cânticos, estacionar o carro, respirar os ares do Norte, partilhar as minis, reencontrar outros benfiquistas, sentir o benfiquismo ao nosso redor e embalar para a bancada de apoio.

Cantar, sofrer, saltar, gritar, desesperar, entusiasmar, festejar e ganhar.

Um final perfeito para um dia de mística.

Como a deslocação não acaba na ida a aventura tem de continuar.

E quando o Benfica ganha não há cansaço que impere na viagem de volta. Só dá Benfica e a festa continua.

Continuou junto ao estádio do Chaves, continuou pela estrada fora, continuou nas estações de serviço, continuou no cruzamento com o autocarro do Benfica e continuou até o sol nascer.

A festa foi de Chaves a Lisboa com uma bela paragem em Colmeia. Lá fomos nós para mais um ambiente de festa festejar o nosso Benfica.

O manto sagrado nunca passa despercebido.

Os benfiquistas vieram cantar connosco. Os não-benfiquistas vieram discutir bola. O que nunca falhou foi o desportivismo e a alegria de uma rivalidade centenária.

O benfiquismo é tão contagioso que até a simpática sportinguista que nos recebeu se animou com a festa gloriosa que ali se viveu.
“Nunca gostei tanto de servir benfiquistas”. Conversão quase completa.
 
Foi uma enorme deslocação.
Só deu Benfica e, seja de noite ou de dia, a beleza de uma benfiquista é ímpar, seja em que zona do país for.

7h da manhã em Lisboa.
Que venha a próxima. Há muito Benfica para ser partilhado por este Portugal.


Anti-Vieira ou pró-Benfica?



Num país que vive tudo entre o tudo e o nada é normal que, nas ânsias de destruir a opinião alheia, se coloquem as pessoas todas em gavetas - e essas, neste país,  geralmente são só duas: de Esquerda ou de Direita, do Benfica ou do Sporting, capitalista ou comunista, branco ou preto, patriota ou libertário, a favor do Carlos Cruz ou contra o Carlos Cruz, socrático ou sorumbático. Naquilo que interessa a este texto: vieirista ou anti-Vieira.

Se ser anti-Vieira é, como acredito,  ser pró-Benfica, então eu sou anti-Vieira. Mas não me confundam com todos os que criticam o actual Presidente do Benfica. Alguns exemplos de pessoas que, criticando Vieira hoje ou no passado,  nada têm a ver com a minha ideologia benfiquista:

- Movimento Benfica Vencer, Vencer. Uma confusão de ideologias que acabou a derramar gente por todo o lado: croqueteiros, íntegros, interesseiros, desistentes, etc. Fazer oposição nunca pode ser juntar todos os opositores. É preciso critério para lutar.
- Apoiantes de Rangel em 2012. Estas pessoas acreditavam que Rangel poderia fazer melhor do que Vieira. Eu nunca acreditei em tal coisa. Primeiro, porque nunca lhe senti capacidade para tal; em segundo, porque era mais ou menos claro que haveria de ser chamado a aproximar-se da actual Direcção.  O que fez, reforçando a ideia de que não havia qualquer ideologia, só alguma ânsia de protagonismo.

- Apoiantes de Bruno Costa Carvalho de 2009 a Março de 2016 (altura em que anunciou o seu apoio à Vieira). Tive mais do que uma oportunidade de dizer pessoalmente a Bruno Carvalho que, achando óptima a sua luta e legítima a sua vontade de ser Presidente do Benfica, eu não o apoiaria por nele não ver as características que, quanto a mim, são necessárias para dirigir um clube como o nosso. Foi importante durante os anos em que lutou contra as aldrabices de Vieira e foi com pena que o vi desistir da ideologia em prol de um apoio a Vieira que acaba por ser eticamente inconsistente e parece advir das vitórias. Como Bruno - e nisso sempre estivemos em comunhão - criticava muito mais do que o insucesso desportivo, a sua passagem para a outra margem não faz qualquer sentido. Algumas críticas que ambos partilhámos ao longo do tempo:

- falta de democraticidade no clube;
- Assembleias-Gerais próximas de um ambiente coreano, que interrompem intervenções de sócios com buzinas e no final das mesmas aparece Vieira aos gritos a mandar os sócios para o caralho e tantas outras vergonhosas atitudes;
- ilegitimidade de candidatura de Vieira em 2012, não cumprindo estatutariamente os requisitos para ser candidato;
- eleições antecipadas em 2009 para evitar concorrência;
- contas reprovadas em 2012 e nem sequer uma segunda A-G. Na História do Benfica  foi a segunda vez que as contas foram reprovadas. A primeira gerou a demissão de Manuel Damásio. Nesta, nem sequer o respeito pelos sócios com a marcação de segunda Assembleia aconteceu,  provando, se fosse preciso, qual a intenção de quem dirige o clube: manter-se ditatorialmente no poder;
- centenas de mentiras ao longo dos anos sobre a realidade do clube;
-  desinteresse total em apelar à participação dos associados nas Assembleias-Gerais. Como sócios,  recebemos dezenas de emails e mensagens a promover camisolas e porta-chaves,  mas não recebemos uma mensagem a anunciar a marcação de uma Assembleia-Geral. Isto  para quem quiser pensar, diz tudo sobre esta gente.

Ora, tudo isto foi posto em causa por mim ao longo dos anos. Tanto nas redes sociais como ao vivo no palanque em Assembleia-Geral do Benfica. Assim como Bruno Carvalho que também sempre foi dar a sua visão crítica do que se passava e passa dentro do clube. Aliás,  Bruno Carvalho - ao contrário de mim, que nunca falei nisso - ainda lançava recorrentemente a suspeita de que a contagem de votos nas eleições poderia estar de alguma forma comprometida.

Tendo em conta que todas estas acções vergonhosas não se apagaram e muitas delas continuam, o apoio de Bruno Carvalho sofre de uma evidente incongruência. Só faria sentido a mudança de crítico para apoiante se Bruno Carvalho tivesse sido ao longo dos anos apenas crítico do insucesso desportivo - isto aconteceu com vários benfiquistas, não com Bruno Carvalho, que elevou a discussão para o lado ideológico e dos valores benfiquistas. Com este apoio, queimou todos os princípios que defendeu ao longo dos anos.

É por isso que quando me chamam anti-Vieira devem compreender que o que eu sou é pró-Benfica e que ser anti-Vieira é apenas a natural consequência da minha defesa incorruptível pelo Sport Lisboa e Benfica. E  que não devo ser confundido com outras pessoas que são ou foram críticas de Vieira porque as motivações são diversas. Por exemplo, não posso ser confundido com estas pessoas…
- Rui Gomes da Silva
- Pedro Guerra
- Varandas Fernandes
- José Eduardo Moniz
… que são 4 pessoas que eram muito críticas de Vieira até receberem um convite e passarem a ser muito apoiantes de Vieira. Isto significa que a motivação destas 4 pessoas não era a da defesa do clube mas a da defesa dos seus próprios interesses.
Também não posso ser confundido  com Bruno Carvalho pelas razões que explanei em cima, e evidentemente não posso ser confundido com os apoiantes de Bruno Carvalho que antes adoravam que este defendesse os valores benfiquistas e agora compreendem que ele passe a apoiar Vieira (embora não haja possibilidade de compreensão para tal, uma vez que, como expliquei em cima, o ataque continuo à integridade deste maravilhoso clube, prossegue a grande velocidade).
No fundo, posso ser confundido unicamente comigo e com o Ontem vi-te no Estádio da Luz, que é o sítio que há 8 anos defende o Sport Lisboa e Benfica de quem lhe faz mal. Posso ser confundido com os companheiros que convidei ao longo do tempo para viajarem nesta embarcação. Pessoas que admiro, que respeito, que me dão a grande felicidade de partilhar o mesmo sentimento de honestidade, integridade e benfiquismo. Por isso, quando pensarem em chamar nomes a este blogue, basta apenas um. Chamem-nos Benfica.

Os 3 pensadores


- Jorge Jesus, aconselhado pelo liliputiano Saraiva, vem dizer que afinal não disse que tinha a melhor equipa porque ele é o melhor treinador. Afinal,  é só para ele,  os outros que pensem o que quiserem. Teve azar, porque na primeira conferência de imprensa soltou aquele guinchinho de cagança, com a língua e os lábios de lado a soltar um sonoro à gajo de Alfama depois de tirar uma lasca de entrecosto dos dentes, que acaba por servir de prova irrefutável em tribunal.

- Nuno Espírito Santo, após uma rixa num café da Rinchoa, decidiu que iria passar uma imagem diferente dos treinadores-feirantes que só falam em árbitros. Comprou uns fatos bonitos, rapou o cabelo, deixou crescer o grisalho da barba, escolheu uns óculos professorais, pôs o melhor perfume, ensaiou ao espelho um discurso lúcido e racional, empregando expressões como "honra e bom trabalho dos árbitros", "o Futebol Clube do Porto confia sempre na seriedade dos árbitros", "que ganhe sempre a equipa que mereça assim fazer", "com isto não queremos, de modo algum, fugir às nossas responsabilidades". Está desde Julho a falar nos árbitros mas promete que não é desses treinadores que estão sempre a falar nos árbitros.

- Rui Vitória.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

A LUZ E O PIPI DE MARAFONA, estória curta para uma tarde de outono

Estávamos no ano de 2016. Os adversários do Glorioso deslocavam-se à Luz sempre com promessas de mala cheia, que seria aviada numa eventual perda de pontos do então tricampeão nacional, o clube dos clubes, o Sport Lisboa e Benfica. E pluribus unum, nunca um lema fora tão bem escolhido. Apenas um se erguia, de entre muitos, majestoso e preocupado com a sua própria majestade.

Os clubes tradicionalmente não candidatos ao título iam à Luz jogar para o empate, no mais pobre dos jogos. Tipicamente jogando em contra ataque, tentavam explorar algum erro defensivo que permitisse o golo.  Até aqui, como estratégia, embora fraquinha do ponto de vista do valor das ideias dos treinadores adversários, não tinha nada de mal. Era assim grande parte do futebol praticado na época! O mal começava nas práticas de anti jogo.

Apoiados na permissividade de alguns árbitros esverdeados, as faltas não assinaladas e os cartões que ficavam por mostrar davam-lhes a sensação de poderem triunfar no palco do centro dos mundos. Mais uma vez, até aqui, pouco ou nada de novo. A seleção natural tinha apurado o antibenfiquismo a níveis altíssimos. A compulsão dos viscondes por se casarem apenas com outros viscondes teve como consequência lógica uma forte consanguinidade, traduzida por estados de constante confusão, inveja e mal estar, que se estendiam profundamente à arbitragem. 

Assim, todas estas situações eram descritas como "normais". Mas nessa época de 16/17 a Biologia Evolutiva teve a oportunidade única de assistir a uma das mutações mais interessantes, uma Mutação por Osmose Medíocre (Mediocre Osmose Mutation, ou MOM no original). No entanto, a atenção da comunidade de Biologia não foi atraída apenas por esta incidência de intensivas atitudes de merda (ainda não arranjámos melhor expressão!).

Nessa época, alguns jogadores das equipas visitantes simulavam lesões de uma forma absolutamente exagerada, para atrasar o jogo e fazer entrar a equipa médica. Sempre com a cumplicidade da estirpe de árbitros BdC, que, por vezes, nem obrigavam a que o jogador fosse assistido fora de campo, julgava-se que esta era apenas uma prática consciente, com adeptos ferrenhos. Eles sucediam-se uns aos outros, jogo após jogo, caindo exclusivamente no glorioso relvado com seus uivos e atos de contorcionismo. E a incidência era muito maior numa posição chave. Os guarda redes, únicos jogadores em campo que não podiam ser assistidos fora do relvado, eram os mais afetados por esta aparente estupidez. As simulações de lesão iam ao ponto da encenação mais cuidada. Um deles teve mesmo a infeliz ideia de atirar a bola para canto enquanto fazia o infame teatro, de forma a reclamar alguma verosimilhança às suas atitudes anti desportivas, e antevendo com mestria que o SLB jogaria de forma honrada e lhe daria a bola de volta. Até chegou a fotografar posteriormente o próprio pé para exibir uma aparente mazela, o pobre. A fotografia ilustra vários artigos científicos da época, como exemplo de um dos sintomas iniciais da doença, a total falta de vergonha.

Ao fim de algumas jornadas, um guarda redes de uma equipa adversária simulou uma lesão e a equipa médica entrou em campo. E demorou muito mais tempo do que o costume, cerca de quinze minutos, até que este fosse substituído! Debaixo de monumentais assobiadelas, o redes João da Luva Rota deixou-se cair no chão, chorando compulsivamente. Pedia lenços aos colegas, que o olhavam estupefactos. Com a voz alterada, muito aguda, falava da vergonha que sentia por estar sentado na relva, de calções sujos, e por não ter feito a depilação. Pedia desculpa e tornava a chorar. “Vocês são tão bons para mim. Eu só quero ir para casa.” Estava tão visivelmente transtornado, o pobre,  que foi rapidamente encaminhado para o departamento de psiquiatria do Hospital da Luz.

Já rodeado por uma junta médica, falava dos filhos com carinho e queixava-se muito da sogra. Referiu vezes sem conta o ponto de cocção de um certo assado no natal de 2014, queimado por culpa da mãe da mulher. Oscilava entre o choro e o riso enquanto falava. E fazia olhinhos aos médicos. O dr. Homem Macho Pereira, chefe da ginecologia, achou estranha tamanha sensibilidade, e pediu para examinar o paciente. Atrás da marquesa, não podia acreditar naquilo que os seus olhos lhe diziam. João da Luva Rota tinha… uma vagina!!! Uma vagina real, de mulher. Com direito a tudo, orgãos internos incluídos, pois João da Luva Rota estava… menstruado!  Era o jackpot das descobertas.

Mas antes mesmo de poderem reclamar o facto como único, começaram a surgir novos casos. Sempre na Luz, sempre na equipa visitante, a cada duas semanas surgiam vaginas amiúde nos jogadores das equipas adversárias. O facto abalou a comunidade científica, desorientada com tão bizarra mutação. Mas Macho Pereira avançou com uma forma eficaz de reverter o processo. Quando um jogador se encontrava num dos estágios mais atrasados da doença, na fase Varela, ou até mesmo na fase Marafona, administravam-lhe doses cavalares de hormonas masculinas enquanto o obrigavam a ver filmes de super heróis, sempre de cerveja na mão. A prática do vernáculo, acompanhada de arrotos e de outras ventosidades, era também fortemente incentivada. E eram obrigados a assistir a jogos de futebol masculino entre equipas sul americanas. Tudo num ambiente seguro, sem a presença de um único sportinguista num raio de 10 km (fora de Lisboa, portanto). Os casos reduziram, mas só desapareceram completamente quando chegou a terceira revolução genética e a inteligência superior passou a ser característica fundamental de todos os seres humanos. Até então, alguns desgraçados preferiam arriscar-se a tão dramática mutação só para poderem usufruir de um dos sintomas iniciais desta doença genética. Qualquer guarda-redes que sofresse a mutação, por mais medíocre que fosse, tinha direito a uma exibição de luxo, pouco tempo antes do surgimento da vagina. Chamavam-lhe o “Efeito Neuer”. Mesmo sabendo que o coche podia passar subitamente a abóbora, queriam experimentar uma vez na vida a sensação da “defesa impossível”. 

Esta condição genética ficou conhecida como "Marafona´s Syndrome". Baptizada por uma equipe de Princeton, a equipe brasileira reclamou desde sempre para si a descoberta. E com ela, o batismo da mesma. Embora se tenha estabelecido mais tarde que a alteração genital nunca ocorreu em Marafona (consta que viu os X-Men na noite do jogo, e seguidamente terá assistido ao Puñeteros de Lima Vs Los Cojones de Buenos Aires, enquanto bebia uma cerveja e cogitava sobre a fotogenia do próprio pé), só no dia da sua morte se teve a certeza. Até lá, muitos anos se tinham passado, e assim a condição ficou conhecida até hoje, nas comunidades de expressão portuguesa, como SCM, ou (para ler com sotaque brasileiro) “Ô Sindrôma da Côna dji Marafôna".


(ressalva: este texto, que vos parece pleno de lugares comuns e até algo sexista, chegou às mãos do Ontem diretamente a partir de um portal do futuro. Não somos responsáveis pelo uso de quaisquer estereótipos. Conhecemos muitas mulheres com “mais colhões” do que a maioria dos guarda redes da primeira liga, e até alguns homens que não se peidam ou arrotam de forma ostensiva)

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Ontem vi-te no Estádio da Luz a ganhar ao Braga



1) No ano passado, por esta altura, Júlio César salvou o Benfica em 4 ou 5 jornadas. Defesas fantásticas que nos permitiram ir ganhando pontos até embalarmos definitivamente em Alvalade para o Tri. Ontem foi outra vez fundamental, percebendo que tinha de limpar a casa até que os seus colegas acordassem. Com o Imperador em grande forma e o Ederson a mostrar tanta qualidade, podemos dormir descansados.

2) Vitória tenta adiar o problema para mais tarde, colocando Pizzi na esquerda,  mas vai mesmo ter de assumir uma posição porque Carrillo sobe de forma e vem aí o genial Zivkovic. Não me parece que o Salvio volte algum dia a ser Salvio e portanto eu poria o Pizzi à direita e avançaria com o sérvio para a esquerda. Quando puser o pé pela primeira vez na bola nunca mais Zivkovic abandonará a titularidade até sair do Benfica.

3) Maravilhoso Pizzi. Dá apoios, arrasta marcações, condiciona a posse do adversário. Às vezes parece ter a outra equipa sob cordéis que vai movimentando como quer. O passe que desbloqueia o jogo no primeiro golo é o resumo mais simples do que é Pizzi em campo: um criativo que descobre o caminho para a baliza como poucos. Ainda marcou e fez uma assistência só para que quem não gosta dele não pudesse dizer grande coisa.

4) Mitroglou e o golo à Cardozo. A simplicidade de um gesto técnico letal e a compreensão por parte de Guedes de que o melhor cruzamento é aquele que dá ao avançado a oportunidade de tentar marcar no seu espaço de conforto.  Em 10 bolas metidas assim para o grego, em 9 ele atirará certeiro e em curva para dentro da baliza.

5) As muitas oportunidades concedidas ao Braga mostram uma equipa com vários problemas na saída e na resposta à perda de bola. É importante melhorar muito a forma como pressionamos e como damos apoios ao portador à saída da nossa área. O Imperador não estará sempre a níveis estratosféricos.

6) Jonas. A falta que o génio faz.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O Mesmo Mais Aprimorado Vieira



Passou uma semana da presença de LFV na TVI e pelos comentários que fui lendo aqui no Ontem percebi que houve uma grande divisão entre aqueles que gostaram da entrevista e da serenidade do presidente do Benfica e aqueles que acharam que foi mais do mesmo, as tangas do costume.

Após assistir integralmente à presença de Luis Filipe Vieira na TVI percebo estas opiniões tão opostas.

O Vieira nunca deixará de ser o que é: um tangas e um aldrabão. Por outro lado, tem evoluído muito enquanto politico. Comunica melhor, domina as entrevistas, manipula ao seu belo prazer a imagem que pretende passar e consegue superficializar o conteúdo com esta forma mais aprimorada de se expressar. Já sabe comportar-se como uma verdadeiro estadista.
Parabéns ao Vieira pela sua inteligência, evolução e aprendizagem.
O efeito do novo director de Comunicação – Luís Bernardo – também já se notou.

Houve muita, mesmo muita, demagogia. Porém, olhando além da demagogia barata que nos continua a servir, houve também algumas afirmações interessantes, tanto em termos informativos como de bom desportivismo.

Vou tentar dividir isto por pontos.


OBJECTIVOS:

Para começar quero evidenciar a referência mais que justa que LFV fez à sua principal promessa para este mandato: o 3+1+50. Meta que foi alcançada com todo o sucesso.

Também afirmou os objectivos para este época: Afirmação europeia e o Tetra.
Sem surpresas aqui.

ESTRUTURA: 

A importância da Estrutura que dirige o Futebol voltou a ser frisada pelo presidente.

Há um projecto para o Futebol que interliga todos os sectores e escalões do clube e que planifica o futuro com maior antecedência. É um projecto sustentado na filosofia Benfica made in Seixal, sendo que Vieira apelidou o Seixal como a menina dos seus olhos.
Destaco a confirmação que o treinador é só mais um dentro da estrutura, com os poderes limitados ao treino e orientação da equipa principal. Nas outras áreas é um opinador entre muitos.

Sou 100% apologista de uma estrutura deste tipo que se sustente na Formação do clube. Contudo na minha visão o treinador deve ser a cabeça da estrutura, o líder do futebol e o principal definidor do projecto, o centro de todas as decisões.
Rui Vitória é sem dúvidas o homem certo no lugar certo neste projecto de Vieira.

O presidente do Benfica também anunciou um ainda maior investimento no Seixal, algo que só posso aplaudir.
Tenho é uma teoria sobre a menina dos olhos de LFV… Fica para outras núpcias.

INFORMAÇÃO INTERESSANTE/IMPORTANTE: 

O presidente do Benfica esclareceu que o determinante no negócio do Rafa foi a vontade do jogador. Já concordava e assim ainda concordo mais: se fosse preciso pagava-se 20M.

Anunciou para breve o anúncio de uma parceria muito importante na China. Mais milhões, prestigio e visibilidade. Boas notícias, a menos que seja em troco da nossa identidade.

Informou os sócios sobre a desenvolvimento de uma sala de espera para a família dos jogadores no pós-jogo.

Falou também sobre a saída do Renato e do Nico.
Há mesmo mais 25M fáceis de obter na negócio do Renato. Só faltou esclarecer no que consistem e também faltou a José Alberto Carvalho interessar-se em perguntar.
Sobre o Nico revelou que o jogador já tinha recusado sair para o Dubai e isto pelo motivo que todos lhe reconhecemos: a felicidade de Nico é o Futebol.

Afirmou que o Taarabt não vai voltar a vestir a camisola do Benfica.

Infelizmente para todos os benfiquistas reconheceu, finalmente, que nada tem contra Pinto da Costa. Algo inadmissível num presidente do Benfica.

Também falou sobre a NOS. No meio de muitas rosas lá deixou aparecer os espinhos. Vieira diz que há para lá umas cláusulas no contrato e avisou que o Benfica poderá levar a operadora a tribunal. Pois, o negócio da arábias celebrado em pleno relvado da Luz…

Ficámos também a saber que o investimento em jogadores para esta época foi de 70M, contrariando intenções passadas.

AFIRMAÇÕES FORTES/POLITICAS:



- Temos um Benfica mais forte.

- Temos um Benfica mais novo.

- Os outros clubes copiam o Benfica.

- A equipa B é a mais nova e portuguesa nas ligas profissionais em Portugal.

- Nos próximos anos as vendas, e consequente redução da massa salarial, irão resultar numa redução do Passivo.

- O Amorim vai ser emprestado.

- Talisca quis sair e a sua vontade é movida somente por interesses financeiros.

- Nas últimas vendas de jogadores da formação o Benfica fez 60M.

- No Seixal os jovens têm no mínimo 9 anos de Benfica.

- Zivkovic e Danilo não foram inscritos na Champions porque vêm de 6 meses de paragem.

- Ola John e Djuricic foram realmente Flops. Contudo vieram por indicação do Rui Costa, tal como Taarabt.
Sobre Taarabt ainda disse que passou muitas horas com Rui Costa a entusiasmar-se a ver os jogos dele no Milan.

Entre politica e demagogia há algumas coisas aqui que marcam positivamente a intervenção de LFV.
Sobre estas afirmações pretendo só deixar algumas perguntas e um ou outro esclarecimento.

Vieira diz entender a vontade de jogadores como o Talisca, o Amorim e Markovic saírem por empréstimo do seu clube devido a interesses e necessidades financeiras. Mas como é que um jogador beneficia financeiramente de um empréstimo? Há um contrato à parte pago pelos clubes que os recebem?
A meu ver este comentário resulta somente da vontade de querer ficar bem na fotografia.

O Passivo não ia ser reduzido a zero com os rendimentos do acordo com a NOS? Afinal já é outra vez com as vendas?

Há um claro exagero naquilo de “os jovens do Seixal têm um mínimo de 9 anos de Benfica”. Percebo onde Vieira quer chegar, percebo o sucesso que tem sido a criação dessa identidade no clube, mas esta afirmação não corresponde à verdade. Aliás, nesta entrevista Vieira reduziu a prospecção do clube a cinzas.

É bonito dizer que este ano temos um Benfica mais novo mas simplesmente não é verdade. A média de idades do plantel é infinitesimamente superior à do ano passado.

Quanto à equipa B ser a mais jovem e portuguesa das ligas profissionais é também mais uma questão de exagero. Em termos de juventude equipara-se com as Bs dos rivais e em termos de portuguesidade é preciso olhar para o Fafe, Belenenses, Vizela, Sporting B, Penafiel e mais uma ou outra.
Demasiado populismo.

Fico sem perceber onde é que o presidente do Benfica foi buscar esta ideia de que o Danilo esteve parado seis meses.

Por fim a referência aos 60M feitos com os jovens que saíram “por culpa do Jorge Jesus”. Vieira assume que o Benfica recebeu mesmo 12.5M pelo Cancelo, 12.9M pelo Bernardo, 9.5M pelo André e 13.7M pelo Ivan.
Alguns valores são ridiculamente baixos e outros estupidamente altos mas perfazem os 60M.

DEMAGOGIAS: 

O Benfica não vai ao mercado nos próximos 4 anos. Só numa rara excepção se olhará para fora do que há já no Seixal.

Lamentou-se por 5 ou 6 jogadores da Formação terem de ter saído nos últimos anos. Isto como se ele não tivesse uma palavra a dizer nesses negócios. Será que Jorge Jesus é que mandava no Benfica? Parece que RGS poderá ter de apresentar a sua demissão.

Como já é costume, avisou que “não vamos sair da linha traçada”. Será a mesma linha traçada da qual não ia sair há 3 anos atrás? Ou já é outra?

Revoltou-se com as muitas mentiras e demagogias que há no Futebol. Ironia contextual.
Ainda deu como exemplo os “últimos 15 dias” mas faltou especificar quais foram as mentiras e demagogias. Resumindo, frase feita que fica bem dizer.

Disse que não lê jornais nem vê programas televisivos. Sabemos que não é verdade.

Justificou que não o faz para não se sentir influenciado nas suas decisões. Pareceu bonito e profissional quando ele o disse mas depois percebemos o ridículo de um presidente de um grande clube admitir que as suas decisões seriam afectadas se lesse jornais desportivos…

Afirmou que Jiménez vai ser um dos avançados mais temidos da Europa e a transferência mais cara do futebol português.

Se houver um maluco que dê mais de 50M por um Jiménez de 26 anos então fica mais uma vez demonstrado como as negociatas reinam no Futebol.

“O Benfica não existia.”

 “Não se pode exigir mais.”

Demagogia bacoca que só não indigna mais benfiquistas porque somos tricampeões. É deixar andar e agradecer ao refundador.

CLAREZA/TRANSPARÊNCIA: 

Muito fala Vieira sobre transparência e sempre para de indignar contra aqueles lunáticos que acham que não há transparência num clube tão transparente como é este Benfica.

Nisso fugiu à pergunta sobre o não surgimento de jogadores da formação no plantel deste ano.
Nisso voltou a enrolar-se todo sobre o negócio Garay.
Nisso não esclareceu se afinal queria ou não continuar com o Jorge Jesus.
Nisso andou ali à volta no assunto “Luisão” sem nunca ser claro sobre o que se passou.
Nisso lançou que a Gestifute tem direito a uma comissão de 10% nas vendas do Benfica como se isso explicasse tudo o que ficou ali por dizer no meio dos gaguejos. Aqui foi inteligente e provavelmente colocou em prática a estratégia do novo director de comunicação.

JIMÉNEZ: 

Além do já referido, o presidente do Benfica afirmou que acredita que ainda este ano o jogador vai corresponder aos 24M em que o avaliámos. Frisou também que é alguém que vê muito à frente e que brevemente todos lhe daremos razão. 

GARAY: 

Contou a história que ninguém pode acreditar sobre a sua saída.

Acrescentou que teve muitas conversas com o jogador neste último Verão e que a vontade do argentino era de regressar ao Benfica e só o valor pedido pelo Zenit o impediu.
Como disse, nada nesta história bate certo. Nada. 

SIDNEI: 

Vieira anunciou que o Benfica acabou de vender o jogador por 10M e que assim cobriu os custos com a sua compra, provando mais uma vez a sua visão e que os arautos da desgraça deviam esperar antes de falar.

Ainda não foi noticiada qualquer confirmação, ainda não houve comunicado à CMVM e acho que era importante um pouco de honestidade intelectual a LFV, referindo qual a percentagem desse valor a que o Benfica tem direito (deverá rondar os 45%). 

LUISÃO: 

Vieira confirmou que o jogador já várias vez quis sair e todos conhecemos os episódios. Vieira, ao seu estilo, sublinhou que tem sido ele a segurar o Luisão no Benfica.

Nunca esclareceu se o jogador esteve ou não para sair neste mercado.
Para mim é claro que por agora está tudo bem entre o Luisão e o Benfica e que a saída dele era por interesse mútuo do jogador e clube. Não vejo qualquer polémica nisto.
O que se percebeu nas palavras de Vieira foi que as declarações do Luisão provocaram um mal estar interno. Uma desavença passageira mas real.

JORGE JESUS: 

Quando o jornalista tentou introduzir o antigo treinador do Benfica na conversa, LFV afirmou não querer falar do treinador e que este era uma página virada. Até teceu boas considerações sobre o mesmo.
Sol de pouca dura.

O discurso politicamente correcto que tinha sido preparado rapidamente foi traído pelo improviso de LFV. Foram várias a bocas a JJ.

- Responsabilizou o técnico pela saída do Bernardo, Cancelo e André Gomes.

- Referiu que este perdeu quando ninguém pensava ser possível perder.

- Falou que dois anos antes da sua saída ninguém o queria.

- Afirmou que se não fosse ele hoje ninguém conhecia o Jorge Jesus.

- Disse que o treinador não servia os interesses do Benfica e não permitia ao clube planear o seu futuro.

- Lembrou a relação de Jorge Jesus com os seus jogadores, dando o exemplo do episódio com o Cardozo no Jamor.
- Referiu ainda que o Benfica no último ano de Jorge Jesus apanhou um banho de bola em Alvalade, ridicularizando as afirmações deste no final do jogo.

Para quem não queria falar…
E página virada todos sabemos que não é. Basta ouvir e ler as vozes oficiais e oficiosas do clube e até lembrar que há um processo a decorrer em tribunal. 

POSTURA 

Seja porque fica bem dizer, seja porque é politicamente correcto dizê-lo, seja tudo um teatro bem estruturado, a verdade é que Vieira conseguiu ter algumas abordagens de muita elevação durante este directo.

Não quis falar sobre os clubes rivais, evitando assim entrar em conversas e bate-bocas desnecessários.

Afirmou que o Benfica tem relações institucionais com todos os clubes, independentemente de todo o lixo que por aí anda. Isto é importante pois valoriza-se as prioridades e o profissionalismo. No Benfica temos de respeitar sempre as instituições rivais.

Teve também declarações sobre a ida de Markovic para o Sporting que são um exemplo de desportivismo para o futebol nacional.
Pouco me importa se o presidente do Benfica fez um discurso honesto. Por mais falsas que possam ser as suas afirmações a verdade é que o politicamente correcto tem lugar no dirigismo do Futebol porque serve o bom ambiente no desporto.
Sobre Markovic Vieira foi soberbo.


Não tiro muito das 2 horas de Vieira na TVI.
Foi muita demagogia como é habitual mas de uma forma bem mais refinada.
A postura comunicacional do presidente do Benfica melhorou muito e a serenidade com que apareceu faz bem ao Benfica e ao desporto nacional.
Evitou guerras com rivais, menos a única que lhe é impossível evitar.

Além disto também ficou mais uma vez visível a facilidade com que chama os louros a si e como despeja a responsabilidade dos fracassos nos outros, sendo Jorge Jesus e Rui Costa os seus sacos de pancada de eleição.

Também foi evidente a sua incapacidade de lidar com a critica, tendo sempre assumido uma postura mais agressiva sempre que algum benfiquista do painel se atreveu a ter um pensamento critico.

Este foi provavelmente o melhor momento televisivo de Vieira, o que por si só não quer dizer muita coisa.

Gostei? Não. Achei muito diferente do costume? Ligeiramente. Revoltou-me como em anos passados? Não.