segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Anti-Vieira ou pró-Benfica?



Num país que vive tudo entre o tudo e o nada é normal que, nas ânsias de destruir a opinião alheia, se coloquem as pessoas todas em gavetas - e essas, neste país,  geralmente são só duas: de Esquerda ou de Direita, do Benfica ou do Sporting, capitalista ou comunista, branco ou preto, patriota ou libertário, a favor do Carlos Cruz ou contra o Carlos Cruz, socrático ou sorumbático. Naquilo que interessa a este texto: vieirista ou anti-Vieira.

Se ser anti-Vieira é, como acredito,  ser pró-Benfica, então eu sou anti-Vieira. Mas não me confundam com todos os que criticam o actual Presidente do Benfica. Alguns exemplos de pessoas que, criticando Vieira hoje ou no passado,  nada têm a ver com a minha ideologia benfiquista:

- Movimento Benfica Vencer, Vencer. Uma confusão de ideologias que acabou a derramar gente por todo o lado: croqueteiros, íntegros, interesseiros, desistentes, etc. Fazer oposição nunca pode ser juntar todos os opositores. É preciso critério para lutar.
- Apoiantes de Rangel em 2012. Estas pessoas acreditavam que Rangel poderia fazer melhor do que Vieira. Eu nunca acreditei em tal coisa. Primeiro, porque nunca lhe senti capacidade para tal; em segundo, porque era mais ou menos claro que haveria de ser chamado a aproximar-se da actual Direcção.  O que fez, reforçando a ideia de que não havia qualquer ideologia, só alguma ânsia de protagonismo.

- Apoiantes de Bruno Costa Carvalho de 2009 a Março de 2016 (altura em que anunciou o seu apoio à Vieira). Tive mais do que uma oportunidade de dizer pessoalmente a Bruno Carvalho que, achando óptima a sua luta e legítima a sua vontade de ser Presidente do Benfica, eu não o apoiaria por nele não ver as características que, quanto a mim, são necessárias para dirigir um clube como o nosso. Foi importante durante os anos em que lutou contra as aldrabices de Vieira e foi com pena que o vi desistir da ideologia em prol de um apoio a Vieira que acaba por ser eticamente inconsistente e parece advir das vitórias. Como Bruno - e nisso sempre estivemos em comunhão - criticava muito mais do que o insucesso desportivo, a sua passagem para a outra margem não faz qualquer sentido. Algumas críticas que ambos partilhámos ao longo do tempo:

- falta de democraticidade no clube;
- Assembleias-Gerais próximas de um ambiente coreano, que interrompem intervenções de sócios com buzinas e no final das mesmas aparece Vieira aos gritos a mandar os sócios para o caralho e tantas outras vergonhosas atitudes;
- ilegitimidade de candidatura de Vieira em 2012, não cumprindo estatutariamente os requisitos para ser candidato;
- eleições antecipadas em 2009 para evitar concorrência;
- contas reprovadas em 2012 e nem sequer uma segunda A-G. Na História do Benfica  foi a segunda vez que as contas foram reprovadas. A primeira gerou a demissão de Manuel Damásio. Nesta, nem sequer o respeito pelos sócios com a marcação de segunda Assembleia aconteceu,  provando, se fosse preciso, qual a intenção de quem dirige o clube: manter-se ditatorialmente no poder;
- centenas de mentiras ao longo dos anos sobre a realidade do clube;
-  desinteresse total em apelar à participação dos associados nas Assembleias-Gerais. Como sócios,  recebemos dezenas de emails e mensagens a promover camisolas e porta-chaves,  mas não recebemos uma mensagem a anunciar a marcação de uma Assembleia-Geral. Isto  para quem quiser pensar, diz tudo sobre esta gente.

Ora, tudo isto foi posto em causa por mim ao longo dos anos. Tanto nas redes sociais como ao vivo no palanque em Assembleia-Geral do Benfica. Assim como Bruno Carvalho que também sempre foi dar a sua visão crítica do que se passava e passa dentro do clube. Aliás,  Bruno Carvalho - ao contrário de mim, que nunca falei nisso - ainda lançava recorrentemente a suspeita de que a contagem de votos nas eleições poderia estar de alguma forma comprometida.

Tendo em conta que todas estas acções vergonhosas não se apagaram e muitas delas continuam, o apoio de Bruno Carvalho sofre de uma evidente incongruência. Só faria sentido a mudança de crítico para apoiante se Bruno Carvalho tivesse sido ao longo dos anos apenas crítico do insucesso desportivo - isto aconteceu com vários benfiquistas, não com Bruno Carvalho, que elevou a discussão para o lado ideológico e dos valores benfiquistas. Com este apoio, queimou todos os princípios que defendeu ao longo dos anos.

É por isso que quando me chamam anti-Vieira devem compreender que o que eu sou é pró-Benfica e que ser anti-Vieira é apenas a natural consequência da minha defesa incorruptível pelo Sport Lisboa e Benfica. E  que não devo ser confundido com outras pessoas que são ou foram críticas de Vieira porque as motivações são diversas. Por exemplo, não posso ser confundido com estas pessoas…
- Rui Gomes da Silva
- Pedro Guerra
- Varandas Fernandes
- José Eduardo Moniz
… que são 4 pessoas que eram muito críticas de Vieira até receberem um convite e passarem a ser muito apoiantes de Vieira. Isto significa que a motivação destas 4 pessoas não era a da defesa do clube mas a da defesa dos seus próprios interesses.
Também não posso ser confundido  com Bruno Carvalho pelas razões que explanei em cima, e evidentemente não posso ser confundido com os apoiantes de Bruno Carvalho que antes adoravam que este defendesse os valores benfiquistas e agora compreendem que ele passe a apoiar Vieira (embora não haja possibilidade de compreensão para tal, uma vez que, como expliquei em cima, o ataque continuo à integridade deste maravilhoso clube, prossegue a grande velocidade).
No fundo, posso ser confundido unicamente comigo e com o Ontem vi-te no Estádio da Luz, que é o sítio que há 8 anos defende o Sport Lisboa e Benfica de quem lhe faz mal. Posso ser confundido com os companheiros que convidei ao longo do tempo para viajarem nesta embarcação. Pessoas que admiro, que respeito, que me dão a grande felicidade de partilhar o mesmo sentimento de honestidade, integridade e benfiquismo. Por isso, quando pensarem em chamar nomes a este blogue, basta apenas um. Chamem-nos Benfica.

20 comentários:

  1. ...meu caro,permite-me:(não vou "discutir"os fundamentos que justificas para denunciares o teu BENFIQUISMO)apenas humildemente te pergunto;perante um possível convite de Vieira para te "juntares"ao projeto que dirige no BENFICA,o que ditaria a tua consciência????abraço..(Afonso

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  2. este sujeito e mais do que anti-vieira,talvez por este nao lhe ter dado um tacho igual aos 4 que ele cita...se es assim tao inteligente,porque nao te candidatas?

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  3. Afonso, alguém que passa tantos anos a defender os valores benfiquistas nunca poderá fazer parte de um projecto em que participam as pessoas criticadas. Caso contrário, seria mais um Gomes da Silva.

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  4. Confesso que não vi a entrevista de LFV. Não foi propositado, apenas falta de disponibilidade. E porque, sinceramente, não esperava nada dali que já não tenha visto na última década e meia. Talvez um dia venha a vê-la. O mais provável é não o fazer.

    Vi os trechos que, à altura, passaram na tv. Levei com os (incansáveis) elogios que (sobretudo na BTV, transformado no principal canal propagandístico directivo) lhe teceram. Mais do mesmo. Um estilo mais informal, mais acessível que terá a tantos agradado. Mas, no que ao que verdadeiramente interessa (o conteúdo, o substrato, não a forma, a aparência)… anedótico.

    Não apanhei uma única declaração de fundo que não tivesse a solidez de um castelo de cartas.

    Exemplo: fosse um qualquer passarinho adversário a defender um Benfica só com gente da formação… e riam-se na cara do homem. Isto, se lhe dessem sequer tempo de antena. Como foi LFV… visionário, estadista, sem precisar de papéis. News flash: eu, para debitar merda, também não preciso de apontamentos. O que (ainda) não faz de mim a melhor opção para o cargo. E ainda bem.

    No dia em que o Benfica conseguir formar um 11 vencedor com gente do Seixal, fica sem metade deles em Dezembro. E a outra metade em Maio. Como aconteceu com Renato. Para deleite de LFV: que até dará 3 voltas ao planeta para ir ao clube comprador fazer (implacavelmente) o negócio.

    Quando o Benfica conseguir fazer o que mais nenhum clube no mundo alguma vez fez… tiro-lhe o chapéu. Até lá, continuarei (por que não me dá quaisquer razões para julgar em contrário) a tê-lo como intelectualmente desonesto, manipulador, aliciador, sem “tacto” e, consequentemente, incompetente para o cargo.

    Enquanto clube, merecíamos mais e melhor. Enquanto adeptos, a verdade é que pouco temos feito por isso.

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  5. Enorme post.

    Um dia... quanto todo o mundo souber o tendencioso e aldrabão que Vieira é, talvez nos venham a dar razão. Até aí vamos ter de continuar a aturar os insultos, que até são engraçados.

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  6. Pró-Benfica evidentemente, Ricardo. Com todas as consequências disso. Então isto exclui Vieira, porque Benfiquista é coisa que ele não é. Era sócio de todos. Para azar nosso, caiu aqui.

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  7. A realidade e que estamos cada vez mais fortes,pode nao se indentificar com muito do que e feito mas o futebol muda e evolui e nos tambem temos de mudar e evoluir.Se nao fosse assim entao ainda hoje eramos um clube amador como queria Cosme Damiao.Ser anti seja o que for nao e ser Benfiquista,ser Benfiquista e querer o melhor para o clube mesmo que isso seja com LFV a Presidente.Pergunto eu onde esta a alternativa?

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  8. Regra geral, concordo com as posicoes defendidas neste blogue. No entanto, uma das que nao me revejo, e neste post esta bem explicita, e' a gaveta para onde vao todos os ex-criticos de Vieira. Porque se eram criticos, eram anti-Vieira, agora que ja nao o criticam, sao pro-Vieira.

    Poderao essas pessoas ter mudado de opiniao, nao apenas baseadas nos seus proprios interesses, mas por acharem que as razoes que os afastavam do Vieira deixaram de o ser? Ou porque encontraram razoes mais fortes para concordarem com Vieira, levando a nao ter tanto em consideracao o que os afastavam? Ou ate quem sabe levaram a letra o ditado "mantem os teus amigos perto, e os teus inimigos ainda mais perto" ?

    (peco desculpa pelo pessimo portugues mas nao e facil escrever num teclado ingles)

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  9. o que muitos não percebem é que o clube sempre evoluiu e evoluiu mais que os outros porque nunca existiu unicidade, não confundir com a unidade que se deve ter para defender o clube, e o grave goste-se muito, pouco ou nada de Vieira é que agora com ele caminhamos a passos largos para a unicidade e isso será muito mau no longo prazo.
    e como disse o grande presidente Borges Coutinho o Benfica não pode nunca ter medo do Benfica, da alternativa do pensar diferente, da critica e do querer mais.

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  10. Conheço este blog já há alguns anos, e apesar de ser sportinguista, de vez em quando passava por cá, precisamente pelas curiosas divergências que o Ricardo tinha com o Filipe Vieira. Depois acabei quase por me esquecer deste blog, e já há muito tempo que não passava por cá. Vejo que continua fiel aos seus princípios, e isso é de louvar.

    Apesar da nossa "doença" ter uma cor diferente, revejo-me na sua forma de estar. Hoje, o meu clube passa por algo semelhante, ou até para pior.

    Para já não acredito no projecto desportivo e financeiro, mas mais do que isso, são os valores centenários do Sporting que estão em causa.

    E uma das coisas que eu tenho aprendido, é que a generalidade dos adeptos querem é "festa", nada mais interessa. Só interessa se a bola entra ou não entra na baliza. Enquanto a bola for entrando é tudo uma maravilha, mesmo quando há coisas que não prestigiam a instituição em si. Por isso é que esse Bruno Carvalho desistiu, porque tem essa noção.

    A maioria dos adeptos são de tasca e de roulote. Por vezes falta-lhes conhecimento sobre a história do clube, e por isso, vão engolindo muitas coisas, ou nem sequer se apercebem de muitas situações graves... Embora, a máquina de propaganda seja uma arma-letal contra quem está no futebol a bem.

    A diferença entre o Vale e Azevedo e o Luís Filipe Vieira, é que um teve mais sorte que o outro, devido às circunstancias de cada tempo. De resto, o "oportunismo" está todo lá.

    No caso do Sporting, é esse "oportunismo" que dá azo a comportamentos e a actos de gestão que não prestigiam o clube.
    Nem preciso de os enumerar. É que tem sido tudo tão mau...

    Embora ainda não tenha perdido a esperança...

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  11. Esta é a minha 1.ª abordagem ao que, para já, vi da (pobre) entrevista. Escrevo porque, mais do que o invariavelmente estilo monocórdico e desinteressante de LFV, aborreceu-me de sobremaneira o estilo embevecido que jornalista e painel adoptaram para com o mesmo. Foi um passeio defraudante. Mas dá para tirar (as expectáveis) conclusões das quais, esta, é apenas uma 1.ª parte:

    1. Para os mais desatentos (entre os quais, a avaliar pelas declarações de LFV, os próprios responsáveis do clube), uma dica absolutamente de borla, sem necessidade de cupões, cartões ou, sequer, quaisquer segundas intenções: somente por (fazer esgar de horror!)… benfiquismo. Isso mesmo: benfiquismo. Lembram-se dele?

    2. Exclusivo: o Benfica não está mais forte. Lamento. Defender o contrário pode ser tido como populismo, desonestidade, ignorância, sintomas incontroláveis de pé-de-atleta: o que bem entenderem. Desde que não passe por verdade. Na medida em que não o é: nem as alterações tidas por RV melhoraram de sobremaneira o que fosse, nem os substitutos de Gaitan e Renato são superiores a estes.

    3. Por conseguinte, o soundbyte “O Benfica está mais forte” é falso. O que o actual Benfica tem é mais opções: ao caso, para certas posições. E somente para certas: não todas. Veja-se, por exemplo, a posição 8. A seu tempo, lá iremos.

    4. Exercício natural será, igualmente, pensar na ausência de Jonas: na falta que, só por si, faz. Mas iria mais além: retire-se Mitro da equação (conforme já ocorreu, com os resultados conhecidos) e, mesmo contando com “a futura maior venda do futebol português que ainda não aconteceu mas eu tenho quer informações, quer um feeling”, aquilo abana tudo.

    5. O Benfica tem a melhor dupla avançada a que o futebol nacional pode assistir desde Jardel e JVP. Se Guedes (com toda a sua qualidade, potência e irreverência) disfarça a ausência do melhor jogador a actuar em Portugal (há muito futebol naquela cabeça, como só vimos em Aimar), o “Mr. €22M que afinal não é bem assim porque a coisa até se paga em suaves prestações” reitera, apesar das várias oportunidades concedidas, em não conseguir fazer esquecer Mitro.

    6. E não o consegue por um simples motivo: não tem a sua qualidade. Raul é bom. Só que Mitro é o melhor ponta-de-lança consagrado que o futebol nacional pode adquirir. E quando está bem, só não é o abono porque anda por lá um sr. chamado Jonas, autor de 2 épocas absolutamente ímpares: um fenómeno, em modo cometa, para apreciar cada momento enquanto está a acontecer.

    7. Fico feliz pelo mais alto responsável do clube estar de bem com a vida. Por não ter nada contra ninguém, mesmo contra aqueles que, à 1.ª ocasião, fechariam as portas do clube (e não foi por falta de tentativas). É dar-lhes a outra face que vai ver o que aqueles fazem com ela. Se encontrou o clube no estado em que diz, talvez, em parte, esse facto tenha alguma relação com todo o lamaçal em que o futebol nacional se viu chafurdado desde os anos 80: e que impediu a minha e muitas outras gerações de assistir a um futebol íntegro e saudável.

    8. Nos anos 80 (ou, segundo a nova reinvenção histórica, antes do Benfica existir, uma vez que LFV somente chega ao Benfica em 2001), ocorreram toda uma série de situações sobejamente conhecidas do grande público. E das quais LFV fez “cavalo de batalha” pouco após assumir a liderança do clube – seguindo, nesta linha, as práticas combativas de (bater na madeira) Vale e Azevedo e que lhe valeram muita da popularidade que os reiterados insucessos desportivos invariavelmente não ofereciam.

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  12. 9. Uma coisa é zelar pelas relações institucionais que, no estritamente necessário, tenham de ser tidas. Outra é ter uma postura “que se fornique, é passado, não tenho problemas com ninguém”. O cidadão LFV pode até nem tê-los, mas o presidente não pode, jamais, ter memória curta. Dar o flanco a gente desta é meio caminho andado para colocar em cheque todo o trabalho realizado: porque destruir sempre foi mais fácil que construir.

    10. A mulher de César, não basta ser: tem de parecer. LFV pode até acreditar (seria assustador que o fizesse face à inerência das suas responsabilidades, mas, à luz dos padrõezinhos actuais, já nada me surpreende) que, antes dele ou de MV chegar ao clube, aquele não existia. Percebe-se, naturalmente, o que pretende dizer: os termos, contudo, são infelizes. Há muita história antes dos benfiquistas saberem sequer quem LFV era (e a maioria, conforme se percebe, ainda não o sabe – caso contrário, não votaria nele).

    11. Passar a ideia de que, antes de LFV, não existia nada. Ou que, mesmo num clube que se diz de milhões: ou LFV, ou o caos. Todas essas ideias batidas soam, além de propagandismo bafiento e ingratidão para com todas aqueles que foram absolutamente determinantes no auxílio que propiciaram, a tudo aquilo que, por exemplo, esta direcção (ainda hoje) aponta a JJ: arrogância, vaidade, desfasamento da realidade e todas essas síndromes megalomaníacos por aí a fora.

    12. Percebe-se que vêem aí eleições. E que LFV, mais do que um presidente de clube ou homem do futebol, é, além de empresário astuto e sem escrúpulos, cada vez mais, um político. Mas não é preciso tanto: com uma oposição tão débil e sensível aos argumentos com que os “unta”, restar-lhe-á fazer pose de estadista, fingir acreditar de forma minimamente credível no que profere e, conforme nos prova o tempo, a coisa há-de prolongar-se até assim bem entender.

    13. Contrariamente ao que procura fazer passar, o Benfica não é um sacrifício para LFV e companhia: mas uma bóia de salvação. Veja-se o “monstro” em que o clube se tornou, a máquina por detrás de tudo aquilo. A defesa de LFV levada a cabo pelos seus não é tida por admiração: mas por necessidade, pelo inerente sentido de sobrevivência. Hoje, aquilo é um Estado dentro de um Estado. Com a tendência a “engordar”: a única maneira de, sempre com dinheiro alheio, ir mantendo todos, sem ondas, no respectivo lugar.

    14. LFV sabe-o. E conforma-se. Porque disso tira proveito. Que seria dele (e de tantos outros) sem o Benfica? Precisa do clube para seu belo proveito, para se sentir activo, relevante, ser recordado. Em suma: por vaidade, egoísmo, sede de protagonismo. Que o Benfica “sangre” com isso e perca toda a vitalidade que outrora teve: é-lhe indiferente. Ao final do dia, se este e todos quantos o acompanham tiverem de pesar entre o que é melhor para o clube e para eles próprios, a escolha será sempre fácil. Temos 15 anos de provas disso mesmo.

    15. No futebol, como na vida, de cada vez que não encontrarem explicação para algo, manda a experiência comum que a resposta para tal seja apenas uma: dinheiro. Porque anda aquela modelo com aquele ranhoso? Dinheiro. Porque emigrou Jacinto Leite para o Uzbequistão? Dinheiro.

    16. Porque vão para 15 anos no cargo face a tamanho sacrifício pessoal e familiar? Vocês sabem a resposta.

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  13. «Nos anos 80 (ou, segundo a nova reinvenção histórica, antes do Benfica existir, uma vez que LFV somente chega ao Benfica em 2001), ocorreram toda uma série de situações sobejamente conhecidas do grande público. E das quais LFV fez “cavalo de batalha” pouco após assumir a liderança do clube – seguindo, nesta linha, as práticas combativas de (bater na madeira) Vale e Azevedo e que lhe valeram muita da popularidade que os reiterados insucessos desportivos invariavelmente não ofereciam.»

    Podia comentar tudo a partir daqui mas este é bem ilustrativo. O que mais me impressiona nos "benfiquistas" de hoje é mesmo esta amnésia colectiva em que parece que LFV foi o fundador do Benfica e antes dele era o vácuo. Houve os anos de Vale e Azevedo? Houve. Mas antes dele houve um Manuel Damásio que fez um trabalho tão bom que os benfiquistas foram a correr eleger (repito, eleger) Vale e Azevedo. Vale e Azevedo não chegou ao poder através de um golpe de estádio, nem andou a mudar estatutos para se eternizar nele. E, como diz ali um amigo sportinguista, se a bola entrasse não havia abraço do Eusébio que valesse ao Vilavinho.

    Mais... Sobre LFV está para ser esclarecido o papel do na altura presidente do Alverca no caso Ovchinikov. Ou os negócios que duram até hoje com o Atlético Madrid. É verdade que não se vislumbra uma alternativa, mas que tem sido feito um esforço muito grande para que ela não surja não é menos verdade.

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  14. 17. Pergunto: qual a principal valência que LFV aporta ao Benfica? Que instrumentos possui que fazem da sua pessoa a melhor opção para o cargo de dirigente máximo do clube? Será a sua experiência? A mais recente “onda vitoriosa”? O seu profundo conhecimento da realidade e história do clube? A visão vanguardista para o seu futuro? Ou, simplesmente, por não haver melhor?

    18. Pessoalmente, acredito que nenhuma das hipóteses acima descritas se verifica. E a entrevista dada por LFV, para quem souber interpretá-la, demonstra-o de sobremaneira. Passo a explicar:

    19. Mesmo passada década e meia, percebe-se que, a manter-se o presente rumo, nem daqui a outros 15 anos haverá uma evolução digna da dimensão e potencial do clube. Com a mente toldada por inerentes e compreensíveis desejos de estabilidade e segurança, e vítimas de uma direcção que os afoga incessantemente em propaganda auto-glorificante e catastrofista, os benfiquistas recusam-se a aspirar a melhor.

    20. Hoje, parecemos esquecermo-nos de que existe vida além da profissionalização, da estratificação administrativa ou do marketing. Falam-nos em estrutura. Passam-nos a ideia de algo muito denso, complexo, que é melhor deixar nas mãos de quem (supostamente) sabe, rezar o Pai Nosso e aspirar ao melhor.

    21. Em suma: a desresponsabilização do benfiquismo. A quem interessa isso? Ao Benfica? Aos benfiquistas? Ou à direcção?

    22. Sob a fachada de tudo isso, escondem-se pessoas: como tu e eu. Esqueçam softwares, satélites ou lâmpadas economizadoras. Ao final do dia, as pessoas: esse é o elemento-chave. E, neste capítulo: ou se tem, ou não se tem. E esta direcção, comprovada e lamentavelmente, não tem o que é preciso.

    23. Fazer o que se fez em 15 anos não é, contrariamente ao que propagandeiam, um feito digno do Guiness. Primeiramente porque, anteriormente à chegada de DSO, RC e, sobretudo, JJ, esta direcção andou largos anos a navegar na maionese: voluntariosa, mas sem rumo, fraca, perdedora – procurando refúgio quer no “papão” VA, quer na ideia de mandato X ou Y ser o do cimento, do betão ou da Cinderela (como se a concorrência mais directa não tivesse construído semelhantes infra-estruturas, sem jamais abdicar da respectiva competitividade).

    24. E, em seguida, porque tudo aquilo que foi edificado resultou única e exclusivamente de circunstâncias absolutamente ímpares, das quais anteriores direcções não beneficiaram: as condições vantajosas da organização do Euro e, sobretudo, a abertura da banca para suportar a “política expansionista” do Benfica. Daí o passivo histórico, irresponsável e, até ao momento, nunca verdadeiramente abatido. Controlado, mas não contundentemente abatido.

    25. Em suma: fê-lo com dinheiro que não era seu, empenhando o clube por gerações: mesmo com os actuais contratos televisivos em cima da mesa. Sim: porque se julgam que a concorrência, face a “travessia no deserto” em que se encontra e com a (semelhante) sede de poder da respectiva cúpula, irá afectar as respectivas verbas televisivas (em muito superiores às do Benfica, face à enorme disparidade na relação do “produto Benfica” quando comparado ao valor de mercado dos demais) para outras vertentes que não o investimento no plantel principal de futebol… então esperem sentados.

    26. Neste futuro contexto, querer fazer acreditar que se pode manter competitivo e, sobretudo, ganhador com meninos da formação e reduções salariais quando, do outro lado, será realizado, reiteradamente, o maior investimento das respectivas histórias… não é ingenuidade: é banha-da-cobra pura e dura. É alimentar deliberadamente a estupidificação dos benfiquistas.

    27. Não é ingenuidade: é aldrabice. Estudada. Analisada ao mais pequeno detalhe. Deliberada. Repetida incessantemente e através do maior número de meios/vias possíveis com vista a fazer crer que, de facto, precisamos mesmo muito daquilo: como qualquer agência de publicidade faria com uma qualquer margarina da vida.

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  15. 28. Quando se entra por esta via, não há como sair a ganhar, na medida em que, mesmo tratando-se de ingenuidade, a coisa assumiria contornos (ainda mais) preocupantes de incompetência. Não o sendo, trata-se da mesmíssima política comunicacional que lhes permitiu protelarem-se por 15 anos: assente em promessas vãs, no medo incutido na mente dos sócios, bem como no show-off “a la novo-rico” quer permitiu adquirir e construir com dinheiro que o clube não tem, nunca teve, mas terá de pagar: com generosos e dolorosamente prolongados juros.

    29. Entretanto, quanto já foi desbarato? Quanto já não se perdeu pelo caminho? Quanto já se empurrou com a barriga? Quanto está ou irá, verdadeiramente, o Benfica pagar por forma poder fazer a vida que tem feito? Ninguém faz estas perguntas. Quantos saberão respondê-las?

    30. O Benfica tem gasto como nunca: permitindo-lhe somente ser competitivo internamente (mas nunca dominador), prestações na LC sem brilho (salvo pontuais excepções), continuando a necessitar como que de pão para a boca de verbas astronómicas provenientes de transferências, LC e empréstimos – somente para “sobreviver”, nunca abatendo significativamente o que seja.

    31. Valeu/valerá a pena tanto por tão pouco? Por tanto risco? Mais importante: seria necessário gastar tanto por tão pouco? Com uma gestão rigorosa, meticulosa e (onde é que eu já ouvi isto) implacável, não teria sido possível alcançar semelhantes resultados? Face ao investido, não poderíamos/deveríamos estar mais além?

    32. Hoje, por exemplo, é percepção geral que os contratos televisivos foram subavaliados. À luz da dimensão do Benfica e dos valores alcançados pela concorrência: diria, franca e negligentemente subavaliados. E a única coisa que as palavras de LFV despertaram em mim sobre esta matéria foi desalento.

    33. Percebe-se que, nas tais alíneas contratuais, foi (negligentemente) deixada margem a diferentes interpretações. Que a NOS terá uma interpretação das mesmas seguramente mais vantajosa financeiramente para os seus interesses. E o Benfica o seu exacto oposto. Daí a LFV proferir que, mais do que o que está escrito, conta o que foi acordado entre homens… um pequeno passo. E daí a ambas as partes irem para a barra dos tribunais: um passo ainda menor.

    34. NOS recusa-se (aparentemente) a pagar e, mesmo eventualmente não lhe assistindo razão, vai jogar com o (muito) tempo entretanto decorrido para com isso ir lucrando. Com o dinheiro devido ao Benfica a ser, expectavelmente, canalizado para a concorrência, com vista a cumprir com os restantes (e inflacionados) acordos tidos. Com ou sem centralização, todos continuarão a “comer” à conta do Benfica: apenas por uma via diferente.

    35. Ao Benfica, restar-lhe-á, no imediato, esperar que o contrato seja declarado nulo pela respectiva entidade reguladora ou, porventura, optar pela via da descredibilização da operadora com vista a pressioná-la publicamente: conforme ocorreu com a Sportv. E, porque ninguém aprecia má publicidade (em especial, oriunda da maior potência desportiva nacional), admito que a coisa possa até funcionar. A NOS pode até ter a ganhar no curto/médio prazo: mas no longo, é melhor não se meter com o Benfica. Mesmo com o Benfica de LFV.

    36. Que a transferência de uma geração CFC absolutamente ímpar rendeu o que somente um ou dois desses mesmos atletas poderiam valer passados somente 2 anos. Que, mesmo passados 15 anos, bastou uma direcção inexperiente e medíocre contratar JJ e vir fazer barulho para a praça pública para, objectivamente, ter maior poder de influência junto das instâncias decisoras e comunicação social. Tudo isto se afigura como absolutamente límpido.

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  16. 37. Conforme elegantemente LFV referiu em (pelo menos) uma ocasião em relação a alguns presidentes do Benfica que o antecederam, sou dos que acredita não necessitar de mais mandatos para entender que LFV (e todos aqueles que o acompanham, na medida em que, se não são parte da solução, são parte do problema) não dão para aquilo. Podem ter dinheiro. Podem ter conhecimentos nas esferas de influência. Mas porque existem coisas na vida que não se compram: não têm o que é preciso. Nem nunca terão.

    38. Uma laracha que me tira profundamente do sério é a frase batida: “Só não falha quem não decide”. Um pouco à semelhança de VA ou JJ, dá para tudo: de Fernando Santos a Taarabt, das fornadas que chegam só para encher à miudagem que sai precocemente e desbaratada. Primeiramente, porque o titular do poder decisório, de há 13 anos a esta parte, é única e exclusivamente LFV. Há muita gente que, seguramente, tem acertado: mas, ao final do dia, será sempre LFV quem terá a última palavra. É ele o presidente: eleito para acertar. Se acha que lhe é pedir muito, está no sítio errado. Aqui: uma vitimização incoerente.

    39. E porque, habilmente, omite as circunstâncias ímpares das quais beneficia por forma a tomar sempre a melhor opção (e que mais nenhum outro presidente teve). LFV tem tido 15 anos (!) para acertar, para fazer-se acompanhar dos melhores conselheiros, para munir o clube dos melhores instrumentos. Nestas circunstâncias, falhar deveria ser a excepção: não a regra.

    40. Contudo, o que se vê é que mais tempo não resulta, necessariamente, em mais saber e sabedoria: e, consequentemente, em melhores decisões. Que, ao invés dos melhores para o cargo, optou por rodear-se dos mais “perigosos” potenciais adversários eleitorais. Assim, não há clube que resista. Porque o futebol e o desporto podem até também ser política, finança, advocacia, teias de influências e intrigas, propaganda ou rissóis de camarão, mas não o são sobretudo. Felizmente.

    41. Vamos ao futebol. RC. Quando a coisa aquece, ao adepto benfiquista não é invulgar vislumbrar a direcção escudar-se, invariavelmente, no “homem que, mais do ninguém, percebe de futebol”. Deixando passar o pretensiosismo da afirmação (na qual, quero acreditar, RC não se revê), fica por explicar o motivo pelo qual, sobre futebol, as suas intervenções conhecidas ocorrem a cada 2 anos: nomeadamente, aquando da realização de Europeus ou Mundiais em que a FPF participe.

    42. Sobre o Benfica, onde labora e que o remunera: nada. Nem uma palavra. Uma ideia. Uma visão. Absolutamente nada. Não se lhe é conhecido nada de nada. Esconde-se (ou escondem-no) numa aura quase mística: de quem, lá do alto e completamente isolado do mundo, vai tecendo decisões de índole esotérica, sobrenatural, cabendo-nos a nós a mera presunção de, um dia, aspirar a conseguir entendê-las.

    43. A palavra, neste capítulo, é (invariável e previsivelmente) dada a LFV: alguém que, quando a coisa aquece, sacode logo a água do capote, dizendo que não percebe nada de futebol e que não é ele quem dá os pontapés na bola. Sendo estas 2 verdades indesmentíveis, resta ao adepto a dúvida sobre o porquê de ser dada reiteradamente a palavra a quem não percebe do assunto, privando-nos daquele que, melhor que ninguém, saberá da poda.

    44. Eu, como vocês, sei bem o porquê. Num clube onde tudo parece ter direito à palavra e/ou opinião, existe alguém que não o tem (ou que só o tem desfasadamente, pelos motivos errados e que não interessam). Se dúvidas houvesse quanto ao grau de ambição e egocentrismo em que muitos ali se encontram embriagados, esta será, porventura, a sua manifestação mais embaraçosa.

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  17. 45. E alguém que se permite a tal papel, por muito bem remunerado que o seja ou sentimento de gratidão que sinta (mal direccionado, na medida em que tudo o que lhe é proporcionado é facultado pelo clube, não por dada direcção/indivíduos), não reúne, nos meus padrões, quaisquer condições para aspirar ao que for no clube. Quaisquer qualidades que RC reunisse para algo mais, há muito que foram desbaratadas ou, na melhor das hipóteses, deixaram de estar intactas. É a lei da vida.

    46. Como LFV (conforme o próprio atesta) não percebe nada de futebol e, de RC, lembro-me de o ter visto, pela última vez, por alturas do Euro a falar sobre o Nani: permitam-me, desenvolver umas coisas sobre o Benfica. Futebol puro e duro. Sem tretas. Cá de dentro. Sobre o meu clube. Para os meus.

    47. Garay. LFV defende um Benfica cada vez mais novo. Made in Benfica. Neste seguimento, e contando o Benfica actualmente com 4 excelentes centrais, brinda-nos com a ideia de que Garay só não veio esta época por imponderáveis económicos: com a “cereja em cima do bolo” a ser a confissão de que o atleta, quando ainda estava no Benfica e tendo sempre recusado renovar, avisou a direcção de que, se não o deixasse sair antes do Mundial, assinaria em Janeiro por um outro clube de forma livre, sem o clube ganhar nada.

    48. Tais valores/padrões podem até ser aqueles às quais a direcção está habituada ou eventualmente se revê: contudo, asseguro-lhes: quer a postura mercenária do atleta, quer a tida por uma direcção que, mais uma vez, demonstra a sua fragilidade, parca memória, assim como desconhecimento e desconsideração pelo real valor dos atletas de que dispõe para a posição: nada disto é Benfica. Nada.

    49. Renato. Pela crença que LFV coloca na possibilidade em o Benfica receber os restantes €25M, depreendo que se tratem de objectivos colectivos ou, mesmo individuais, facilmente atingíveis: por exemplo, a mera conquista do campeonato alemão. Contudo, nem esta possibilidade é um dado adquirido (veja-se as prestações do Dortmund), nem tal deverá ter previsto a possível transferência de Renato em período anterior à cessação do contrato.

    50. Renato é um miúdo. Um emigrante, numa terra distante, que lhe é desconhecida: muito diferente, dentro e fora de campo, de tudo a que estava habituado. Pode funcionar: contudo, arriscaria que, o mais provável, é isso não acontecer. Neste negócio, o Bayern, mesmo transferindo precocemente o jogador, nunca perderá dinheiro: tal somente aconteceria aos mesmos de sempre – o Benfica, que o transfere nestes termos somente pela injecção imediata de dinheiro. Renato, para já, vai sendo (previsivelmente) suplente.

    51. Rafa. Fica bem expresso a leveza e amadorismo com que se gerem determinadas pastas quando ficamos a saber que se avança para um negócio de cerca de €16M quando o principal pressuposto é o jogador ter dito que queria o Benfica. Pior fica quando, isso, só por si, significaria a disponibilidade para, inclusivamente, dar €20M. Um jogador interessa ou não interessa: se interessa, é avançar a “todo o vapor” independentemente de pieguices; se não interessa, é deixá-lo a treinar à parte com o Taarabt.

    52. Nem de propósito: Taarabt. Quando andava na escola, havia aqueles a quem as professoras, por forma a que a coisa não parecesse irremediavelmente perdida, davam uns pontos nos testes só por terem acertado no nome. Contratar Taarabt é o equivalente a, numa ficha de avaliação, não acertar sequer no nome. É nem acertar na escola onde se vai fazer o teste. É, provavelmente, até aterrar no planeta errado onde esse teste vai ser realizado. Não consigo ser mais claro que isto.

    53. Talisca. Em pleno século XXI, é para mim absolutamente espantoso como os clubes se demitem de acompanhar a evolução de atletas para os quais pagam valores impronunciáveis. Querer fazer crer que um atleta/miúdo de 20 anos, de um outro país, outro continente, outra cultura, chega cá e, dentro e fora de campo, “pega de estaca”… é uma desresponsabilização e despesismo inconcebíveis.

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  18. 54. Se Talisca disse o que disse, fez o que fez e hoje não reúne quaisquer condições para voltar à Luz: foi porque, em 2 anos de Benfica, ou não aprendeu nada, ou, muito provavelmente, não lhe ensinaram tudo aquilo que aquele deveria ter aprendido. Não sendo um atleta brilhante do ponto de vista intelectual, arriscaria dizer que ninguém é limitado a um ponto de, passados 2 anos, sair como chegou.

    55. CFC. Querer fazer acreditar, à luz das evidências, de que os negócios tidos com a miudagem do Caixa foram soberbos e que só não foram melhores graças a um treinador com o qual nada podia ser planeado a 2-3 anos, revela uma desonestidade intelectual que, vinda de um presidente do Benfica e sendo dirigida aos benfiquistas, considero intolerável.

    56. À altura, os negócios tidos assumiram os valores conhecidos não pela implacável capacidade negocial da direcção, mas pelo facto de os clubes compradores terem percebido aquilo que qualquer bigorna perceberia: que, dentro de 2 anos, com competição e visibilidade em cima, valeriam o dobro ou o triplo. A prestação de todos eles só espanta quem não os tivesse visto jogar. Uma geração que, falaciosamente, procuram fazer acreditar que, a cada 2 anos, se repetirá. Boa sorte com isso.

    57. Além do exposto, ninguém impôs que, tendo de sair do Benfica por forma a evoluir, aqueles o fizessem a título definitivo. Conforme ocorreu noutros casos, poderiam tê-lo feito a título de empréstimo, aguardando pela respectiva oportunidade. E se essa oportunidade não era concedida, mesmo perante um treinador com o qual não era possível planear o que fosse, restará saber, ao certo, o que levava uma (fraca e calculista) direcção a, reiteradamente, ir de encontro às pretensões deste.

    58. De tudo isto, resulta o desbaratar de uma geração de qualidade acima da média, basilar da espinha dorsal da FPF a 2-3 anos, já hoje a ser digladiada por grandes emblemas: por necessidade de dinheiro rápido e obtusidade de um treinador que, falando curto e grosso, os meteu a todos no bolso.

    59. Ainda acerca da miudagem, ficamos a saber via LFV que, no Benfica, é apanágio os jogadores receberem propostas de outros clubes antes destes sequer falarem com o Benfica. O que é sempre tranquilizador: pelo menos, da perspectiva do clube comprador, que saberá que bastará chegar primeiramente ao jogador por forma a encostar o Benfica à parede. Mandam as boas práticas que, quem se atrevesse a fazê-lo, nem sequer iria a conversações com o clube. Contudo, quando se está de tanga, todas estas coisas ficam mais nebulosas, assim como a espinha, previsivelmente, começa a encurvar.

    60. Sobre Ola ou Djuricic, não valerá a pena desenvolver muito. Contratação de RC, chegou ao Benfica e, ao conversar com JJ, este referiu-lhe não jogar com um 10 no seu sistema táctico. O jogador, naturalmente, perguntou-lhe, então, a razão pelo qual o haviam contratado. Palavras do jogador. É deste grau de ligação, competência, profissionalismo ou gestão de recursos de que estamos a falar.

    61. Jimenez. Se o Benfica também foi campeão graças aos golos de Jimenez? Sim. Como tal se deveu igualmente às defesas de Ederson, golos de Jonas ou arrancadas de Renato. Em suma: ao trabalho de todos. Sem que mais nenhum tenha merecido tamanho investimento: e quando, muitos deles, foram francamente mais preponderantes no sucesso da equipa.

    62. Jimenez é bom. Mas defender um investimento de €22M meramente assente no que, eventualmente, possa vir a fazer, seria proibitivo inclusivamente para clubes de campeonatos muito acima do nosso. Aos 25, por €22M: no limite, por um crédito firmado. Mas seria sempre arriscadíssimo. Não há justificação plausível para uma (possível) aquisição por estes valores: e, não fazendo LFV por descortiná-la, será daquelas que se perpetuará no tempo como “cheirando a esturro”.

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  19. 63. Para já, não vai sendo melhor que Jonas ou Mitro. Não sendo um prodígio (ainda para mais, extracomunitário, com o mercado inglês a fechar-se), é de facto muito além considerá-lo como a possível maior venda de sempre do Benfica. LFV lá saberá as informações e feelings que vai tendo. Eu, nesse capítulo, arriscaria mais em Renato, Guedes ou Gomes.

    64. A ideia de existirem jogadores na B que, há falta/transferência de jogadores na A, avançarão de imediato com semelhante ou superior rendimento, de tão absurda que é, nem me merece consideração. Considerar que existirão para lá mais Renatos ou Bernardos leva-me a questionar, por exemplo, porque motivo não avançou (à semelhança de Renato) um oito directamente para, pelo menos, o plantel principal. Ou, sendo assim tão fácil e reproduzível, porque motivo nunca mais tivemos (ou teremos) outro Eusébio.

    65. No dia em que puserem esta direcção a gerir o futebol, mandando (de uma forma meramente mercantilista, mais ou menos bem camuflada) “crianças aos lobos”, será o dia em que o Benfica iniciará o seu inexorável declínio. Nenhum clube verdadeiramente competitivo no mundo o faz: mesmo no campeonato português, o Benfica não será excepção. Não após a Lei Bosman. Um Benfica mais novo assenta, fundamentalmente, num paradigma mercantilista, ao invés de competitivo. E porque competitividade é lucro: este é um projecto, nos termos anunciados, condenado ao fracasso.

    66. Sobre JJ: aquilo que LFV nunca conseguiu explicar. A seu tempo, LFV foi percebendo que JJ não era bem aquilo de que o Benfica precisava. Para o tal “novo paradigma”. Após algumas conquistas, sentiu a margem para abdicar dele. Contudo, numa condição imprescindível (por poder esbardalhar a sua imagem): não o perdendo para a concorrência interna. Tentou de tudo. China, Arábia, Europa. Quando se apercebeu, foi apanhado na curva: JJ no SCP.

    67. Correu mal. A ideia: “pode sair, desde que não fique cá dentro” podia funcionar com muitos, mas não com JJ. Tudo o que, desde então, tenha sido dito, é conversa da carochinha para tentar debelar a imagem que ficou da direcção – tendo, contudo, JJ (que não é flor que se cheire) ajudado muito à festa.

    68. Finalmente (porque já se faz tarde), uma matéria que me é cara: a tão badalada “posição 8”. JJ tem a “posição 6” enquanto a sua de eleição. Aquela sobre a qual faz incidir maiores atenções. Acredito que tal deve-se, sobretudo, ao cunho pessoal que um treinador pode dar ao caso. Contudo, nos termos a que o Benfica vai a jogo, existem 2 posições que considero, essas sim, absolutamente fulcrais: a 8 e a 9 e meio.

    69. Na “9 e meio”, temos quem dispense apresentações. Jonas. E Guedes: o caso mais sério que, para já, detecto no futebol português. Já na “posição 8”, não temos ninguém. Danilo é 6. Horta é 10. O resto são balelas. E, como a maltinha (conforme se percebe pelas reacções à entrevista de LFV) aprecia balelas, vamos andar toda uma época muito contentes com os tiros nos pés da concorrência interna e as vitórias sobre o Chaves ou o Feirense… quando, em boa verdade, podíamos e devíamos estar a vibrar com as vitórias sobre o Besiktas ou o Nápoles.

    70. O meu 8 era Benitez, por motivos que algures por aqui já desenvolvi. Tendo aquele sido (brilhantemente) emprestado ao SCB, apenas vislumbro um jogador no plantel capaz de dar aquilo que a posição pede. E não é quem julgam ser. Não é Danilo. Horta. Pizzi. Samaris. Cellis. Carvalho.

    71. Mas Salvio. É o único. Tem a experiência/maturidade necessária. Organiza e domina com qualidade. Tem uma imprevisibilidade, arranque e velocidade que ajudam a romper ou desestabilizar linhas. Foi ganhando volume corporal ao longo dos anos, dando-lhe alguma capacidade na ida ao choque. É aguerrido (conforme comprova o mais recente golo frente ao Feirense).

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  20. 72. Falta-lhe, sobretudo, dimensão aérea (que Horta igualmente não tem). Assim como não estou certo que subisse e, sobretudo, descesse com a regularidade e intensidade exigíveis. Contudo, tendo perdido algumas das coisas que faziam dele um extremo de eleição, olho para Salvio como a melhor possibilidade para a posição, abrindo o lugar de MLD para a demais concorrência.

    73. Não acredito, contudo, que tal se verifique. Ofuscados por vitórias internas frente a equipas com meios incomparavelmente menores, vai-se continuar a insistir no erro até, invariavelmente, apanharmos alguém do nosso peso e irmos ao tapete. Como não conheço nenhum clube no mundo que se permita ir a jogo com uma posição disfuncional, receio que, esta época, eventuais sucessos estejam (desnecessariamente) remetidos entre fronteiras.

    74. Para o ano há mais.

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