segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Dizem que somos loucos da cabeça mas é mentira. Somos é loucos do coração.


4 comentários:

  1. 1. Este Benfica jogou a exacta medida da sua actual dimensão: quando confrontado com adversários de qualidade idêntica/superior e/ou circunstâncias que lhe sejam adversas, jogam como equipa pequena, medrosa, complexada, fechadinha lá atrás, a procurar respirar através de pontuais rasgos individuais. E se for frente ao FCP, a coisa piora ainda mais. Conforme o jogo de ontem mais uma vez o comprovou.

    2. “Grande resultado”. “Jogámos sem o Grimaldo, o Rafa, a Bota Botilde”. “Somos tricampeões”. “Foi o árbitro”. “Foi a transmissão televisiva”. “Vamos com 5 de avanço”. “Vamos rumo ao tetra”.

    3. Ai vamos? Não sei se vamos, sei sim para onde gostaria que toda esta gente fosse: isso mesmo, para esse sítio que estão a pensar. Porque se julgam que o Benfica se mede (com todo o respeito que me merecem) com os Tondelas e Aroucas da vida, então façam o favor de desaparecer do Benfica, que não só não lhe fazem qualquer falta, como só o prejudicam.

    4. Já dizia o vilão do “Dia de Treino”: é preciso um lobo para caçar um lobo, não cordeirinhos. E gente que celebra efusivamente aquilo a que ontem se assistiu são o espelho da mentalidade vigente: umas autênticas passarinhas molhadas, uns tampões usados, uns copinhos de leite. Pode-se até ir vencendo assim, mas custa muito mais, acontece mais esporadicamente e dependerá, em muito, da aselhice alheia: não dando, seguramente, tanto/qualquer gozo.

    5. 1998. FCP vs SLB. Estádio das Antas. Uns preferem defender que, nesse dia, ocorreu um jogo de futebol. Eu opto por descrever aquilo a que assisti: a (mais) uma mentira. Com Calado a DD, Ronaldo a DC, Luís Carlos a ME, Kandaurov a MC ou Taument a PL (por substituição de Nuno Gomes após sofrermos o 0-1!), o Benfica perdeu essa mentira camuflada de jogo de futebol por 0-2.

    6. Nesse dia, houve de tudo: a habitual Sarajevo, expulsão de JVP (que passou mais tempo no chão e a ser assistido fora de campo do que aquele em que lhe foi permitido aguentar-se de pé), golo limpo anulado a Kandaurov, vista grossa à brutalidade habitual, sensibilidade extrema a qualquer aproximação de um jogador benfiquista ao adversário… o habitual.

    7. Em suma: as possibilidades de esse Benfica vencer, na realidade da época, aquele adversário em concreto… roçavam o nulo.

    8. Como os jogadores, técnicos ou responsáveis do Benfica limitavam-se a encolher os ombros e servir de saco de pancada sem, por uma vez que fosse, saírem de campo ou fazerem falta de comparência como sinal público e visível de protesto face ao muito que ia mal… é algo que para mim será sempre absolutamente incompreensível. Rei fraco faz fraca a sua gente.

    9. Apesar do acima descrito, algo inesperado aconteceu: esse Benfica, que perdeu por 0-2, com Luis Carlos à esquerda e Taument a finalizar, que levou com tudo aquilo que se possa imaginar em cima… esse Benfica foi Benfica: de cada vez que ia (invariavelmente) ao chão, levantou-se com força redobrada, fez das adversidades a sua força, rangeu os dentes, foi para cima dos Casagrandes e… deu show de bola. Só deu Benfica. Só.

    10. Não houve Jardel. Não houve Panoramix. Não houve Guarda Abel. Só deu Benfica. Uma derrota que me soube melhor que, inclusive, o 0-2 de 2014: onde jogámos como ontem, residindo a diferença meramente no resultado. O que só prova que jogando bem ou mal, lá na frente ou fechados lá atrás: o resultado final é sempre imprevisível.

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  2. 11. E se assim é, porque sujeitarmo-nos a vilipendiar por completo a nossa identidade?

    12. Aqueles tipos tresandavam a medo. Os sinais estavam lá todos: a distância pontual, as contas no vermelho, o futebol pobre, o desgaste europeu, a pressão sobre o CA, a habitual recepção, a dispensa do André André, a alteração táctica.

    13. Mesmo jogando em casa. Mesmo com todos aqueles rabiscos visionários. Mesmo entupidos com mais fármacos que muitas farmácias da respectiva área de residência.

    14. O que fez este Benfica? Entrou destemido: como qualquer cão que procura defender um rebanho de uma alcateia, mas sem os meios adequados para. E quando assim é, trata-se apenas de uma questão de tempo até o expectável resultado final se concretizar. Não há sorte ou azar: apenas A + B.

    15. Este Benfica não entrou desfalcado de jogadores: mas de saber e sabedoria. Durante a esmagadora maioria do tempo, não soube jogar o jogo que tinha de ser jogado. Nos termos a que foi a jogo, regra geral, seria uma questão de tempo até sofrer, pelo menos, um golo. Ederson, a defesa benfiquista e a inaptidão adversária foram adiando a coisa: aconteceu aos 50”, podia ter acontecido aos 5”.

    16. O Ricardo Horta é melhor jogador que o Jonas? O Rafa? O Grimaldo? O Fejsa? Não é. E, no entanto, a sua entrada (conjugada, é certo, com a mentalidade medrosa – cá está – do FCP, que substituiu tudo o que podia atacar por tudo o que podia defender) mudou por completo o rumo dos acontecimentos.

    17. Face a um FCP expectavelmente agressivo, a espumar-se, a bater, pedia-se critério com bola, circulação, gestão, inteligência, sangue-frio: a pressão estava toda do outro lado, era vê-los a correr atrás dela até ficarem tontos e desesperados. Com o correr do tempo, as possibilidades (e os espaços) para a estocada final surgiriam: competiria a quem de direito efectiva-las.

    18. E ao que é que assistimos? A jogadores que entraram com atitude, em modo “eu contra o mundo”: mas que, em poucos minutos, perceberam que isso, só por si, de pouco vale. Em pouco mais de 5”, assistimos ao desbaratar de todo um capital de confiança inerente a um colectivo tricampeão.

    19. Tirem a confiança a um atleta: tiram-lhe tudo aquilo a que um dia poderão aspirar.

    20. Quando mudou este Benfica? Nos mesmos momentos de sempre: quando se encontra a perder, em desvantagem, a correr atrás do prejuízo – ou seja, quando o grau de dificuldade aumenta ainda mais. E mesmo sem toda aquela gente lesionada, mesmo com menos de meia-hora para uma equipa inferiorizada física e mentalmente dar a volta… conseguiram-no.

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  3. 21. Quando o Benfica ousou ser Benfica, remeteu o FCP à sua verdadeira dimensão e permitiu-se sair de cabeça erguida. Apesar se si próprio.

    22. Não cometam o erro de olhar para aquele 11 como coitadinhos. Existem ali (já hoje) jogadores de classe mundial, de pote 1 da LC: Ederson, Lindel. Dentro de 1 a 2 anos: Semedo (o Alaba português), Cervi (o filho do Saviola). Mas não são preciso craques para fazer bem o que tem de ser feito: tem é de se traçar o plano correcto e ter a gente certa para esse plano.

    23. Todos batem hoje (compreensivelmente) em Samaris e Pizzi. Até aos 60”, os respectivos comportamentos (aliados à total falta de compromisso de Salvio, Cervi e companhia em auxiliar no arrombamento a que se estava a assistir) deixariam qualquer um exasperado. No entanto, apontem-lhes o que seja após a entrada de Horta. Analisem o antes e o após: não se lhes pode apontar nada.

    24. Horta é bom, mas não é assim tão bom: ao ponto de transformar pinos em jogadores. O que aconteceu é que o plano (que era errado e levado a cabo por atletas sem aptidão para o efectivar) passou a ser o certo: linhas próximas, posicionamentos correctos, menos espaços concedidos, toque, circulação, classe. Há só uma bola: e o Benfica passou a tê-la.

    25. Mais posse, mais confiança. A equipa respira, ganha crença, sobe linhas. O inverso passa a acontecer com o adversário. Marcou aos 92”. Podia ter marcado aos 80”. Ou aos 120”. Mas a jogar assim: não marcar seria a excepção, não a regra.

    26. Aquelas celebrações finais somente podem ser interpretadas enquanto prova cabal isso mesmo: o plano de jogo foi completamente ao lado, sofremos enormidades, mas ainda fomos a tempo de emendar a mão. Se dissessem a qualquer um daqueles atletas, antes do jogo, que o mesmo terminaria 1-1, todos eles encolheriam os ombros. Nos termos em que foi alcançado: soube a pato.

    27. Eu, na qualidade de adepto do Benfica, gostaria de agradecer e dedicar aquele empate aos Departamentos Médico, de Nutrição e demais ligados às vertentes da saúde clínica e nutrição dos atletas do Benfica. Pela respectiva integridade. Por não cederem ao fácil. Ao expectável. À mentira. Por, apesar da enorme cobrança, manterem invioláveis os mais elementares princípios: profissionais, assim como de benfiquismo.

    28. Umas vezes ganha-se, outras perde-se. Tudo isto é cíclico. Passageiro. Transitório. Mantenha-se, contudo, inalterável algo que outros não podem fazer, pelo menos, desde 1982: assentar a cabeça sobre a almofada e dormir de consciência tranquila.

    29. No desporto, como na vida: dando o melhor de nós, em verdade.

    30. Porque outros, mesmo na mentira… nem assim.

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  4. No entanto, a única coisa de bom ontem foi mesmo o resultado e a inversão do fenómeno do minuto 92 ;) porque de resto, foi mais do mesmo:

    É assim há ano e meio: em todos os clássicos e derbies, parecemos mais o Vitória Sport Clube de Lisboa do que o Sport Lisboa e Benfica...

    Demonstrou-se o que tinha defendido antes do jogo: devíamos ter jogado com meio campo a três, com André Almeida, Pizzi e Horta...

    De resto, pareceu-me estratégia para não perder: saíamos na primeira fase da construção com seis jogadores (!)...o Pizzi quase em linha com o Samaris e, 40 metros mais adiante, o Gonçalo Guedes quase em linha com o Mitroglou, com os alas a marcar as linhas laterais...resultado: ninguém para jogar dentro do bloco frutista, construção inofensiva sempre por fora. Vantagem para a estratégia de não perder: em caso de perda de bola na construção, menos risco junto à linha que no centro...

    Benfiquista Primário

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