domingo, 30 de julho de 2017
5 notas positivas de uma pré-época negativa
1) Seferovic. Qualidade com e sem bola. Tanto procura as costas da defesa como sabe combinar com os colegas, criar pequenas ligações curtas, pedir no espaço, assistir. Um avançado elegante e completo que vai marcar mais de 25 golos na época.
2) Chrien. Craque que, vindo do banco e aprendendo com Jonas e Pizzi, será durante a época uma boa solução para o miolo.
3) Alguns, embora poucos, minutos dados a Horta. É um dos melhores e o professor precisa de ter um plantel com os melhores. É tempo de deixar para trás velhas quezílias e dar prioridade ao que interessa: ao sucesso do Benfica.
4) Willock. Sempre que entrou, mostrou pormenores. Pequenos sinais de que, bem trabalho, pode dar jogador. Vai ter pouco espaço mas é uma promessa. Se for emprestado, pede-se que vá para um clube onde possa ser titular.
5) Jonizzi. O monstro das duas cabeças com dois cérebros gloriosos entra e a equipa ilumina-se. Quase pode ser pentacampeão sozinho contra o mundo.
sexta-feira, 28 de julho de 2017
O Octávio deu uma entrevista a malhar no Bruno de Carvalho que logo a seguir reagiu e malhou no Octávio que depois fez declarações a malhar no Bruno de Carvalho que, em resposta, malhou no Octávio. Entretanto, o Saraiva começou a malhar no Octávio mas, como o Octávio ainda não respondeu, decidiu ir malhar no Nicolau Santos porque o Nicolau Santos escreveu uma crónica a malhar no Bruno de Carvalho e no Jesus. O Nicolau Santos não gostou e já reagiu, aproveitando para malhar no Saraiva, no Jesus e no Bruno de Carvalho. Octávio deverá aparecer a qualquer momento.
30 minutos de Porto
Ainda não havia visto nada deste novo Porto de Sérgio Conceição. Os muitos comentários elogiosos forçaram-me a curiosidade e acabei a ver meia-hora do Portimonense-Porto. Dos 45 aos 75 minutos. Espero, com todas as forças gloriosas, que aquela seja a ideia de Sérgio Conceição para a época 17/18.
Uma equipa que, sem bola, pressiona com 4 e 5 gajos em cima da defesa adversária, os jogadores em estado histérico, deixando crateras atrás dessa primeira linha de pressão. Bastará ao adversário ter qualidade na saída para, em dois ou três toques, meter superioridade numérica já no meio-campo portista. O que, aliás, aconteceu 4 vezes nestes 30 minutos que vi: valeu ao Porto estar a jogar contra uma equipa sem qualidade para definir bem. Estivesse a jogar com uma equipa com os talentos que o Benfica tem, seria goleado.
Depois, com bola, parece um grupo de alucinados a correr para a baliza. Conceição confunde sentido ofensivo com demência pela linha de fundo. Quer chegar ao golo o mais rapidamente possível e com o menor número de passes. Sim, vai dar para golear muitas vezes num campeonato como o nosso. Mas quando apanhar as 5 ou 6 equipas que não vão nessa cantiga, vai sofrer. Isto se aquilo que ontem a sua equipa apresentou é o conceito que Conceição prepara para a nova época.
Se ontem a segunda parte foi diferente de tudo o que o Porto tem jogado na pré-época, peço desde já desculpa e começo a ficar preocupado. Se é aquilo, posso descansar e olhar apenas para o Sporting como adversário a temer. Este Porto, o que jogou ontem, vai marcar mais de 100 golos no campeonato. Mas vai sofrer 40.
quarta-feira, 26 de julho de 2017
Simão, o botão ON do Benfica
Simão Sabrosa. Dizemos este nome em voz alta e o espírito glorioso voa directamente para o seu pé direito amanteigado, para a sua chuteira feita de queijo da serra. Era um pontapé em colher que arredondava as arestas do jogo. Em remate aveludado, a bola seguia para o golo largando no ar pozinhos de açúcar, deixava nas redes o creme de um pastel de nata a cair lento para o relvado.
Dizemos o nome Simão Sabrosa, um nome que evoca dentro de nós a ressurreição do Benfica. O homem que, de bola no pé, lá em baixo, no relvado, lentamente nos foi acordando do nosso autismo cheio de tristeza e mágoa. Foi assim: adormecidos desde 95, íamos ver o Benfica porque não podíamos abandonar o Benfica. Seguíamos, zombies, pelas estradas do país; mortos-vivos, bebíamos nas barracas, em frente a fogareiros e repastos; falávamos uns com os outros, fingíamos que ainda era a mesma coisa. Mas não era. Foram anos, demasiados anos, a ver o Benfica definhar. A ser outra coisa. Eram mau jogadores, eram maus treinadores, maus presidentes, mas era mais do que isso: era um Benfica envergonhado de ser Benfica. Um Benfica que se tinha esquecido de ser Benfica.
Desde 1995, o nosso ritual religioso: íamos ao estádio rezar preces, ter esperanças, cumprir o dever benfiquista. O João Pinto espalhava génio sem piano a acompanhar. O maravilhoso Michel, o irreverente Karel, a doce ternura de uma quase-vitória. Apresentávamo-nos na Catedral, cumpríamos. Tínhamos o amor - temos sempre o amor - mas faltava-nos a loucura de uma paixão feita de aventuras, viagens e sonhos. Não tínhamos sonhos, tudo era assim-assim. Os anos foram passando e nada. Comprávamos A Bola à espera de um milagre. Vieram novos Presidentes, veio o ano 2000, novos treinadores, novas promessas. Mas nada. Continuava tudo assim-assim. Assim sem fim. No relvado, nos tribunais, nas rulotes e nos céus, o Benfica chorava. Nos novos empreiteiros do Benfica, nas obras, nas estruturas, o Benfica chorava.
Até que alguém no Terceiro Anel acordou o benfiquista do lado:
"Olha lá, vê lá se eu estou a delirar. Parece-me que há ali Benfica"
O Simão corria por uma ala. Fazia um compasso de espera, olhava o adversário, com a parte de fora da chuteira cheia de açúcar metia para dentro. Rematava para um golo que era a alma toda do Benfica. Depois marcou outro igual. Depois, em vez de ir para dentro, foi para fora e cruzou. Depois marcou livres, marcou cantos, cabeceou, rematou de esquerda, fez tabelinhas, abraçou os jogadores, pediu-lhes a glória porque "isto é o Benfica!".
Quando demos por isso, já o Simão era o motor que fez vibrar 2005. O botão ON de um grito que esperava desde 94 dentro das malhas dos nossos cachecóis, das camisolas dentro de gavetas, das bandeiras que guardamos na bagageira, dos bibelôs, das canecas, das mantas do Benfica que aquecem os Invernos. Simão Sabrosa carregou no interruptor, abriu as águas de uma barragem sem força para aguentar 11 anos de pressão desesperada sobre o betão. O povo benfiquista saiu enlouquecido às ruas. Finalmente, o Benfica espalhava-se pela alegria.
2005 foi o grito que libertou o Benfica para a sua magia de Benfica e mostrou que um pé cheio de açúcar, em colher, "nesta curva tão terna e lancinante" pode fazer o milagre de ressuscitar um clube. O Simão foi o botão ON da electricidade mística.
Martin Chrien
O
jovem médio Eslovaco apresenta-se como uma das melhores notícias deste defeso.
Sem grandes alaridos, chegou e promete vencer.
Os
poucos minutos a que teve direito nesta pré-época não são suficientes para lhe
esconder o talento que traz agarrado às botas e ligado ao cérebro.
Se
no primeiro jogo, ainda em território Helvético, mostrou-nos muita qualidade
nas decisões (movimentação, escolha das zonas de passe e posicionamento), mas
muito erro na execução (vários passes intercetados), talvez inerentes a tudo o
que envolve uma estreia numa realidade completamente nova, a última meia hora
do jogo efetuado ante o Hull City, no Algarve, trouxe-nos um leve perfume de
tudo o que este menino pode ser.
Não
conheço absolutamente mais nenhum minuto para além daqueles que fez com a Gloriosa
envergada até ao momento, mas estes minutos deixam muita água na boca.
Não
sei se a permanência no plantel entrará nas contas de Rui Vitória e, mesmo que
assim seja, será previsível que tenha dificuldades em ter minutos na equipa,
face à presença de Pizzi. No entanto, apetece-me muito dizer: Temos craque!
domingo, 23 de julho de 2017
Ideias que ficam do Algarve
Como
tinha escrito no final dos dois jogos em solo Suíço, os sinais mais
preocupantes dados nestes jogos de pré-temporada têm sido colectivos, e estes
sinais agudizaram-se nestes dois particulares disputados no Algarve.
O
nível dos adversários subiu relativamente aos dois primeiros, e aqui foi
possível ver a pior versão do Benfica em termos ofensivos.
Como
ficou evidente (como tem sido desde a chegada de Rui Vitória), a equipa tende a
esconder-se do jogo sempre que enfrenta adversários que tenham um pensamento do
jogo que vá para lá do defender com linhas baixas e sair em ataques rápidos.
Na
verdade, sempre que defrontamos equipas que gostem de ser algo afirmativas, por
muito ténue que seja essa vontade, o Benfica remete-se a um bloco compacto,
procurando o erro adversário para sair em rápidas transições. E este, para mim,
é o maior calcanhar de Aquiles da nossa equipa.
Mas
se não há uma grande qualidade no processo ofensivo da equipa, como é que o
Benfica faz campeonatos com um elevado número de golos marcados e, a espaços,
com jogadas colectivas de qualidade? Para mim, isto deve-se a dois factores:
1 – A liberdade que Rui Vitória concede
aos seus jogadores: Visto de fora, sem estar minimamente por dentro do processo
de treino ou sequer das ideias que Rui Vitória transmite ao plantel, fica-me a
clara sensação que, a partir de uma certa zona do terreno (diria que à chegada
ao último terço ofensivo), os jogadores gozam, por parte do treinador, de total
liberdade criativa, isto aliado à excelente qualidade dos executantes que temos
ao dispor cria, à primeira vista, a ilusão de que temos um processo de ataque
posicional bastante forte. No entanto, quando os melhores jogadores, os
jogadores mais criativos e assertivos na decisão saem da equipa, tudo o que
parecia colectivo desaparece e nada do que os melhores jogadores fazem,
aparece. O melhor exemplo disso mesmo é a comparação entre o que fizemos numa
primeira fase frente ao Hull e o que se fez na última meia hora, quando se
juntaram em campo os melhores.
2 – O perfil individual bastante
próximo dos nossos melhores jogadores: No Benfica há um perfil bem identificado
do que deve ser o seu jogador, sobretudo ofensivo – jogador criativo, capaz de
fazer mais do que uma tarefa no mesmo jogo, móvel e muito assertivo na decisão.
Quando os melhores jogadores nestes itens se juntam, a coisa flui e tende a
subir vertiginosamente de qualidade. Quando se associam jogadores como Jonas,
Pizzi, Zivkovic, Seferovic, Rafa e até Cervi, juntando-se-lhes Fejsa que
garante uma enorme qualidade desde o primeiro passe, o carrossel criativo tende
a aparecer com frequência, pois são jogadores que falam todos a mesma língua, ainda
que não haja um idioma colectivo bem vincado.
Outro
dos sinais do défice de qualidade ofensiva é a (in)capacidade que a demonstra
para sair com bola controlada, quando pressionada logo à saída da sua área. A
juntar a esta dificuldade, há a ausência de Ederson e a sua capacidade para
colocar a bola a média/longa distância com qualidade.
Isto
é excessivamente preocupante para a nova época? Não, primeiro porque estas
dificuldades existem desde que Rui Vitória assumiu a equipa e não foi por isso
que deixamos de conquistar 2 campeonatos em outros tantos disputados. Desde que
a qualidade individual se mantenha claramente acima da média e desde que essa
qualidade se mantenha dentro do tal perfil referido acima, os problemas não
deverão ser transcendentes. E depois porque em Portugal, frente aos grandes,
são muito poucas as equipas que procuram jogar um futebol de qualidade ofensiva
e, tão pouco, pressionar alto a saída de bola dos maiores clubes. Por isso,
para lá dos jogos com os restantes candidatos ao título e mais um ou outro
adversário, cujo treinador decida optar por uma ideia fora da caixa Portuguesa,
deverão ser poucos os jogos onde estas deficiências sejam
impeditivas para se
ir chegando às vitórias com maior ou menor dificuldade.
Por
tudo isto, e porque Felipe Augusto (pouco capaz de ser criativo entre as linhas
adversárias) demonstrou não ser uma opção válida para a posição de médio de
ligação (e Krovinovic ainda demorará o seu tempo a entrar em competição de
forma capaz) reveste-se de decisiva a permanência, e em boas condições físicas,
de Pizzi. O transmontano parece ser o único jogador capaz de desenvolver este
papel em campo de forma absolutamente competente e com qualidade suficiente
para dar à equipa capacidade criativa no momento da ligação entre a construção
e a criação. Horta poderia ser outro jogador com esta capacidade, mas os sinais
que me ficam dos jogos disputados até aqui, não são os melhores relativamente à
sua permanência no plantel.
Importante
também seria que este fosse o ano em que Rui Vitória desse a Zivkovic o espaço
de afirmação definitiva que o jovem Sérvio merece e o seu talento reclama.
sexta-feira, 21 de julho de 2017
Seferojonas
Quando, há uma semana e tal, falei na qualidade de Seferovic, fui naturalmente questionado pelos adeptos das estatísticas - que são tão legítimos adeptos como quem, como eu, não quer saber das estatísticas para nada - sobre o passado não muito goleador do avançado suíço. Que "tem números ridículos", que "como é possível comprar um avançado que marca tão poucos golos?", que "o avançado serve para marcar golos".
Bem, comecemos por aí: um avançado não serve para marcar golos. É esse o principal engano de quem analisa um avançado pelos golos que marca. Um avançado, como um defesa, um médio e um guarda-redes, deve ser analisado pela qualidade que tem, independentemente dos golos que marcam, das assistências que fazem, dos desarmes, das segundas bolas, dos cabeceamentos, dos remates, das defesas, dos quilómetros percorridos.
Ou seja, se quiserem falar de bola, então vão à GoalPoint e deixem o cérebro em casa - bastar-vos-á dizer que um avançado com 6.2 é melhor do que outro com 5.4., embora isso signifique zero em termos do que fez em campo. Se quiserem falar de futebol, então vieram ao lugar certo. Discordando ou concordando, aqui a análise é às características dos jogadores, aquilo que eles dão à equipa. Por exemplo, um avançado que marque 0 golos numa época pode ser substancialmente melhor do que outro que marque 20. Se largar o conceito GoalPoint ou outro qualquer site que faça do futebol a arte de um Técnico Oficial de Contas, não é difícil perceber porquê.
Seferovic pode não marcar golo nenhum num campeonato e marcar, como vai marcar este ano, mais de 25 golos numa época. Basta que o contexto mude para um espaço em que as suas melhores características sejam exploradas. Desde logo, que os jogadores ao seu lado tenham mais talento. Que o clube onde joga seja melhor e maior. Que a equipa na qual está inserido tinha ideias de jogo muito mais ofensivas. Que os seus colegas sejam talentos criativos como Zivkovic, Pizzi, Rafa ou Grimaldo. O QI futebolístico sobe, os desequilíbrios ocorrem, as oportunidades são em catadupa, os golos naturalmente aparecem.
Depois, há o elemento extra: Jonas. Seferovic vai jogar este ano ao lado de um génio, algo que nunca lhe tinha acontecido. E o suíço tem a qualidade suficiente para aproveitar o génio do brasileiro a seu favor. Juntos, criarão uma dupla letal que marcará mais de 50 golos na época. Mas poderiam os dois marcar zero golos que continuaram a ser óptimos jogadores de futebol.
O jogo, este jogo, como diria Vinicius sobre a vida, é a arte do encontro embora haja tanto desencontro nessa vida. O jogo, este jogo, depende de tantas variáveis que nunca pode ser encaixotado nuns quadros manhosos com contabilizações decimais sobre acções específicas. O jogo, este jogo, depende sobretudo daquilo que a GoalPoint não pode nunca contabilizar: a movimentação dos jogadores. O bicho SeferoJonas mexe-se bem para caralho.
terça-feira, 18 de julho de 2017
As primeiras notas do Benfica 2017/2018
Nos
dois jogos já efectuados, para lá dos resultados que valem o que valem nesta
fase, foi possível encontrar na equipa os problemas colectivos já conhecidos,
nomeadamente, a fraca qualidade dos movimentos ofensivos colectivos, a que se
juntam as ausências de alguns jogadores-chave, factores que concorreram, na
minha opinião, para uma prestação pífia.
No
entanto há aspectos positivos e notas individuais que merecem o seu destaque:
Seferovic
– O avançado suíço é, claramente, reforço. Boa mobilidade (muito superior à de
Mitroglou, mas não tão exagerada quanto a de Jiménez), a que alia uma boa
capacidade para ligar com os colegas, pese embora o pouco tempo de trabalho em
conjunto. Acho que ainda lhe falta entender melhor quando deve aproximar-se do
portador da bola para uma linha de passe segura e quando deve provocar a linha
mais recuada adversária. Acho que escolhe demasiadas vezes a segunda e que, em
certos momentos, seria preferível optar pela primeira;
Rafa
– Apareceu em excelente momento nestes dois primeiros jogos, mostrando agora as
verdadeiras razões da sua contratação. Rápido, assertivo no passe e na decisão
foi, quanto a mim, o melhor destes primeiros dois jogos;
André
Horta – Pese embora os poucos minutos que teve (em relação a outros elementos),
o que deixa antever que pode não entrar nas contas do plantel deste ano, sempre
que esteve em campo mostrou a qualidade que tem, quer no passe quer na condução
e sucessivas decisões. Apesar de achar que estará mais próximo de não ficar,
gostaria de estar enganado. Gosto particularmente do miúdo Horta e, para além
da qualidade que tem, é um de nós que anda lá dentro e isso enche sempre as
medidas de qualquer adepto;
Kalaica
– Claramente central do plantel que mais qualidade com bola demonstra. Nenhum
passe é feito ao acaso, podendo, não há bolas entregues em más condições aos
colegas. Um pouco na linha de Lindelof (num exemplo recente) ou de Garay (num
exemplo mais distante). Numa equipa como o Benfica, que passa a maioria do
tempo em organização ofensiva e que encontra equipas muito fechadas em si
mesmas, ter um central com esta qualidade é importante, já que, se consegue
começar a desequilibrar o adversário desde o primeiro passe. O jovem Croata,
deixou, claramente, água na boca.
Fejsa
– É preciso dizer alguma coisa? É o dono daquilo tudo, ponto final.
Agora
os aspectos individuais menos positivos:
Hermes
– O Brasileiro apresentou muitas dificuldades nestes dois primeiros jogos,
sendo fácil e repetidamente surpreendido com bolas na profundidade, muito por
culpa dos sistemáticos momentos em que era apanhado com os apoios mal
colocados, face aos diferentes momentos do jogo. Por outro lado, em termos
ofensivos, nunca mostrou ser especialmente desiquilibrador, ainda que o factor
físico nesta fase da época deva ser considerado. Não sou pela continuidade de
Eliseu, mas o Brasileiro também não parece ser solução fiável, sobretudo para
quem será a sombra de um genial, mas susceptível a lesões, Grimaldo;
Jardel
– Talvez pela escassa competição que teve durante a época passada, Jardel
apareceu pouco confiante e muito errático. Com bola mostrou-se na sua pior
versão, complicativo e pouco expedito a soltar a bola, sendo por demais
evidentes e conhecidas as suas dificuldades técnicas. No posicionamento também
apareceu muito perdido, o que é deveras preocupante, já que, com a saída de
Lindelof e as dúvidas sobre Luisão, seria de esperar de Jardel outra fiabilidade,
para assim dar o passo em frente no comando da defensiva do Benfica;
Lisandro
– Pela enésima vez demonstrou não ter qualidade para o nível que se pretende no
Benfica. Completamente desastrado nos posicionamentos e na leitura das diversas
situações de jogo, vai compensando com a excelente disponibilidade física que
tem, mas é pouco, muito pouco para um central do Benfica. Para mim, e não é de hoje,
não tem lugar no nosso plantel;
Bruno
Varela – Como tinha dito aqui antes de se iniciarem os jogos, com a saída de
Ederson abriu-se um problema grave na baliza do Benfica. E a solução para esse
problema não pode passar pelo jovem Português. Se passar, em caso de
impedimento de Júlio César, estaremos em sérias dificuldades. Naturalmente que
os golos que sofreu não foram de responsabilidade exclusivamente sua, mas a sua
abordagem aos lances do segundo e terceiro golos do Young Boys são preocupantes
e aflitivas. Mas, repito, não é por aqui que aponto este como um problema, mas
sim pelo que lhe conheço das Selecções, Juniores e Vit. Setúbal.
Agora
o ponto em que discordo da maioria, para não dizer de toda a gente:
Pedro
Pereira – Eu desconheço por completo o jogador, sendo que, o que deu para ver
nestes dois jogos, seja bom ou mau, é insuficiente (90min no total) perante o
que alguns que apontam o jovem Português como (ainda) impreparado para o
Benfica, conhecem. No entanto, esses tais 90min somados nestes dois jogos e que
eu vi, deixou-me satisfeito, já que, ainda que a oposição tenha sido fraca, me
pareceu ser um jogador interessante no 1x1 defensivo e não me pareceu comprometer
no alinhamento defensivo com os restantes colegas. Do ponto de vista ofensivo,
mostrou uma apetência interessante para não ir em busca da solução trivial do
corre/cruza, mostrando capacidade para, fosse em passe ou desmarcação, ir em
busca do espaço interior e de um futebol combinativo em vez de correrias sem
grande nexo ou resultados práticos. Não é Nélson Semedo, como é óbvio,
sobretudo na velocidade, mas não me pareceu que houvesse aqui um problema,
desde que, claro, o Rui Vitória esteja disposto a mudar a forma como encaixaria
o lateral no colectivo, sabendo que não lhe poderia pedir as mesmas coisas que
pedia ao agora jogador do Barcelona.