terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Bernardo, Neves? Agora é fácil


Nos últimos tempos temos visto jovens Portugueses brilharem ao mais alto nível no campeonato mais mediático do mundo, a Premier League. Bernardo Silva, Rúben Neves, Diogo Jota e Diogo Dalot vão paulatinamente confirmando o que se lhes via por cá: São craques!

Em comum têm dois aspectos essenciais: São talentosos, baixotes (excepção a Dalot), pouco dados a correrias parvas e, por isso, não se afirmaram em qualquer dos grandes Portugueses, não obstante terem feito a sua formação por lá ou, no mínimo, terem por lá passado, como é o caso de Diogo Jota.
Hoje, amontoam-se os elogios, crescem os admiradores e somam-se reconhecimentos de pares e especialistas.  Por estes dias, houve até, um treinador de um dos candidatos ao título a justificar os seus jogos mais estratégicos (eufemismo para ter como ideário único o de anular as ideias dos outros) o facto de não ter Bernardo’s Silva’s.

E qual o problema de tantas loas? Nenhum, até porque são completamente merecidas. O chato disto é que dizer-se isto hoje é dizer-se o óbvio. Óbvio esse que esteve lá sempre e que só precisou que o jogo o demonstrasse, mas por cá sempre se preferiu varrer o óbvio para debaixo de um qualquer tapete.

O verdadeiramente difícil não é ver o quão talentosos são Bernardo Silva, Rúben Neves, Diogo Dalot ou Diogo Jota, não. Não é difícil hoje, como não era difícil ver quando por cá andavam. Não, o verdadeiramente difícil é dar-lhes palco quando interessa, o verdadeiramente difícil é dar palco ao talento, o verdadeiramente difícil é “tê-los no sitio” para pôr Félix, Diogo Leite, Dantas ou Trincão (e outros) onde devem estar: No campo! Porque esperar que a sorte, o empresário ou o futebol internacional dê reconhecimento ao que não soubemos dar, não é muito diferente do que “só falar”. E falar… é fácil!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O óbvio Lage

Com 8 meses de atraso, no Benfica alguém foi forçado a perceber o óbvio (o que diz tudo sobre a corja que desgoverna o clube).
Boa sorte ao muito competente Bruno Lage. A herança é péssima - são 3 anos e meio de maus vícios - mas há talento para um grande futebol. Títulos não peço. Peço um Benfica a jogar à Benfica.

O GLORIOSO PARA AFASTAR O MAU-OLHADO



Ulisses
Salvio, Samaris, Jardel, Grimaldo
Fejsa
Zivkovic, Pizzi, Krovinovic 
Seferovic, Félix

Félix, o anti-grunhos



Desde Agosto que João Félix entra sempre no neu 11 glorioso. Lembram-se o que diziam alguns grunhos? Recordemos:

"Loooooool"
"O puto não tem corpo"
"Precisa de ganhar estaleca"
"Deves querer perder os jogos!"
"Ainda és mais cego do que o Professor lol"

Grunhos serão sempre grunhos, não os conseguiremos mudar. Mas gostávamos que os grunhos, da próxima vez que aqui lerem alguma coisa que não entendem, alguma opção que lhes ultrapassa o cerebelo, façam um exercício: não insultem, não comentem, não mostrem que são grunhos. Calados ainda poderão não passar por grunhos; quando falam é que não deixam dúvidas a ninguém. E nós sabemos quem vocês são.

Um Félix ano de 2019 para todos.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Nova Vida Técnica no Banco da Luz


Rui Vitória já não é treinador do Benfica. Todos sabemos isso. O que ainda ninguém sabe é o que aí vem, é o plano para o que resta da época. Pelos vistos teremos de esperar pelo novo programa das manhãs da Cristina Ferreira para sabermos alguma coisa.

Interinamente o Bruno Lage assume a equipa. Pelo que tem sido especulado será só mesmo para 3 dias. Dois dias de treino e o jogo do Rio Ave. Com poderes de decisão totais? Não sabemos. Duvido muito. Alguma liberdade de decisão mas não um espirito livre.

A expectativa para ver a equipa hoje na Luz com o Rio Ave é muita. Há uma grande diferença entre o anterior técnico e o provisório agora presente. Contudo não acredito que isso fique visível hoje em campo. Acredito sim que teremos aquele impacto motivacional que uma chicotada psicológica provoca no imediato. Se conseguirmos resultados nos primeiros 20 minutos de entusiasmo então partiremos para uma jornada tranquila e refrescante. Se o jogo estabilizar e as equipas encaixarem no relvado ainda sem amasso encarnado no marcador, o efeito da chicotada esfumaça-se e teremos um jogo de coração na mão. Os problemas que levaram à mudança técnica não estão ainda nem perto de estar resolvidos e a equipa de hoje é a mesma da derrota em Portimão e anteriores exibições.

A vontade de ver Benfica é enorme. Porém a grande expectativa tem de estar no pós-Rio Ave. Sim queremos divertir-nos e ganhar os 3 pontos mas e depois? E o resto da época? Como vamos encarar as 4 competições? Como vamos fazer para encurtar a distância para a liderança e fugir ao 4º posto?

Vários nomes têm sido avançados. Aliás, têm-no sido há já um mês. A conversa do presidente do Benfica é pura politica. Sempre o foi. Não é para levar a sério. Porque se fosse... a incoerência matava cada neurônio de qualquer um que se importasse em ouvir.

O universo de treinadores é infinito e infinito é o universo de treinadores interessados em liderar o Futebol do Sport Lisboa e Benfica. Há qualidade por todo o mundo e com as mais variadas nacionalidades. Há genialidade em muitos nomes desconhecidos por todos ou quase todos os adeptos do futebol em Portugal. Mas não acredito que Vieira arriscará em um desconhecido.

Assim entre os nomes mais falados temos:

Leonardo Jardim
Paulo Fonseca
José Mourinho
Rui Faria
Luís Castro
Jorge Jesus
Abel Ferreira
Marco Silva
Vitor Pereira

Excluo já os seguintes: O Jardim optou por ir encher os bolsos na China, o Vitor Pereira com o passado que tem no Porto não me parece que estivesse interessado nem que agradasse ao povo benfiquista e o Mourinho não é possibilidade.

Aproveito para dizer que gostava de ver José Mourinho a assinar no final da época pelo Setúbal. Este José Mourinho não está interessado no Benfica nem o Benfica deveria estar interessado nele. É um treinador que precisa de se reencontrar e reinventar. Ficar dois anos no Setúbal, clube da sua terra e infância, poderia ser a melhor opção pessoal e profissional para o ex-Special One. Mourinho precisa voltar a ser apaixonar pelo jogo.

Dos restantes seis treinadores só vejo dois que aceitariam vir já: Rui Faria e Jorge Jesus. O Rui está livre e provavelmente ansioso por começar a sua carreira como treinador principal. O Jorge Jesus está louco por voltar a Portugal e principalmente ao Benfica. Contudo tem clube, obrigações e objectivos que certamente quererá cumprir lá.

Fosse qual fosse a opção, defendo que esta época deveria ser continuada pelo Bruno Lage até ao seu término. O comboio está em andamento e em alta velocidade. Não há tempo para parar e pensar. Não há paragem para ir apanhar um pouco de ar. Bruno Lage é competente, é entendido, é conhecedor e é um treinador que já está no comboio. Conhece o talento e forma de trabalhar do clube e conhece as mais variadas opções que tem na equipa principal e nos escalões de formação. Bruno Lage tem a capacidade e a tranquilidade para liderar a equipa nos 4 meses que restam de competições. Não quer e sabe que não pode fazer mudanças drásticas. Saberá ir treino após treino melhorando aquilo que necessita já de ser melhorado.

Manter Bruno Lage como técnico interino é a melhor opção para o que resta desta época e também para a preparação da próxima. Ter o Lage a comandar a equipa nos relvados não implica não ter outro treinador a preparar e planificar o arranque já da próxima época. É isto que defendo. Dar estabilidade ao plantel para o que aí vem e sem pressas nem precipitações escolher o melhor treinador para começar já nos próximos tempos a identificar as alterações que deseja ver implementadas para 2019-20, e assim assumir a equipa em Junho já com a preparação da nova época feita e as movimentações de mercado prontas e em andamento.

Mas quem?

O Marco Silva é uma boa opção claro. Contudo não só seria viável somente no final da época como a sua atenção estaria no Everton o término desta. Não o vejo em Março ou Abril a começar a integrar-se no projecto do nosso clube.

O Rui Faria é provavelmente a maior e mais desconhecida promessa do futebol mundial. Um treinador jovem que se quer afirmar como o seu tutor fez. Um treinador que tem um conhecimento do jogo, do balneário e da gestão do futebol superior a qualquer outro em Portugal. Contudo é um treinador que nunca passou de adjunto. Qual a sua capacidade de liderança de grupo? Qual a sua capacidade de tomar decisões e lidar com os problemas? Qual a sua capacidade de comunicação? Qual a sua ideia de jogo? Qual a sua competência para implementar essa ideia? Qual a sua preferência de jogadores? Certamente no Benfica haverá quem se possa reunir com Rui Faria e construir uma imagem de como este será enquanto treinador. 


Uma aposta que eu aprovaria mas com pouco entusiasmo. Um esperar para conhecer.

O Abel é um nome forte. Construiu uma boa imagem no Braga, muito bons resultados, grandes jogos e mantém uma postura positiva face ao universo benfiquista. Personalidade forte mas nunca pisou os calos dos benfiquistas.


Além disso é conhecida a estreita e constrangedora relação entre o Salvador e o Vieira.
É uma opção fácil e muito possível. Contudo também uma opção que não me agrada. Reconheço os méritos do Abel no Braga mas também vejo ali muito potencial que o técnico nunca soube aproveitar. É um treinador muito à portuguesa, muito focado no estudo e anulação do adversário. Não me parece treinador com qualidade para chegar a um grande e impôr um futebol dominador e tecnicamente superior.

Sobram o Paulo Fonseca, o Luís Castro e o Jorge Jesus. Na minha opinião o mais fácil seria o Castro, o mais indicado seria o Paulo Fonseca e o mais provável o Jorge Jesus.

Este Paulo Fonseca parece-me ser neste momento o treinador mais qualificado para agarrar neste Benfica. É muito mais treinador do que era quando saiu do Porto. Tem mais experiência, mais mundo, mais conhecimento e maior capacidade de liderar e lidar com a pressão. Tem mais estatuto. E tem aquilo que sempre teve mas agora mais aprimorado: competência técnica.


É um treinador que gosta do futebol que eu gostaria de ver no Benfica: jogo de posse e apoios, equipa com as linhas próximas, exploração da qualidade técnica dos jogadores, e equilíbrio.
 É um treinador que joga ao ataque mas que não descura dos equilíbrios defensivos. Seria um treinador caro e já foi negado. Contudo o que o Luís Bernardo nega ou deixa de negar...


Pode ser que trouxesse consigo o Boto também.

O Jorge Jesus é o Jorge Jesus. Um autêntico mestre do treino. Tem uma ideia de jogo entusiasmante mas desequilibrada. É capaz quase como nenhum outro de colocar 11 jogadores a fazer exactamente aquilo que ele quer. É um monstro do treino. Mas falta-lhe quase tudo o resto.


Para começar Jorge Jesus não merece treinar o Benfica. Pelas atitudes que teve tanto cá como depois de sair. Além disso não é treinador para o projecto Benfica.
Esqueçamos as invenções mediáticas alimentadas por quem é pago para isso (como a situação do Bernardo Silva a lateral esquerdo). Jorge Jesus não é treinador para aproveitar o melhor que o Seixal tem para oferecer. Jorge Jesus não é treinador para sucessos na Liga dos Campeões. Jorge Jesus perdido no seu ego não respeita o símbolo que o Benfica lhe coloca ao peito. Jorge Jesus é incapaz de gerir um plantel de forma equilibrada. É um louco por brincadeiras no Mercado.
O seu mundo e o se nível é o campeonato português. Restrito a este patamar brilha mas fora dele fica à deriva.

Para mim seria uma escolha muito infeliz. E parece-me que Vieira se sente demasiado necessitado dela.

Por fim o Luís Castro. Neste leque não seria a minha primeira escolha mas seria certamente a segunda. É um treinador que aprecio na sua globalidade. A sua postura correcta, as suas conversas sobre o jogo, o seu entender do Futebol, a sua ideia de jogo e a forma como consegue colocar os jogadores a executá-la.

Um treinador de pés assentes na terra, um treinador respeitado e respeitador, um treinador benfiquista, um treinador inteligente e acima de tudo um treinador muito competente. Um treinador que saberia tirar o melhor proveito do Seixal e do talento que já existe no plantel.
Seria o salto na sua carreira que já está pronto para dar.


É um treinador sério que também iria exigir um Benfica sério. Assim não o vejo sequer a aceitar conversações antes dos dois duelos que teremos em Guimarães nas próximas semanas. Posteriormente a abordagem, as negociações e a preparação da próxima época teriam sempre de ser tidas com conhecimento e aval do Vitória.
Não irá abandonar o compromisso que tem para esta época do nada. Seria todo um processo que teria de ser feito com respeito, com calma e sem alarido. Não espero menos dele e espero exactamente isto do meu clube.

E é isto.

Quero o Bruno Lage até final da época a liderar com toda a tranquilidade o que resta das competições. Quero o Paulo Fonseca ou o Luís Castro para assumir o cargo a partir da próxima época, dando-lhes estes meses para irem passo a passo preparando a mesma.

Por agora desfrutemos do jogo de hoje e vivamos nesta ansiedade pelo que terá a Cristina Ferreira para nos apresentar. 



11 Glorioso para voltar a ser Benfica

Ulisses
Salvio, Samaris, Jardel, Grimaldo
Fejsa
Zivkovic, Pizzi, Krovinovic
Ferreyra, Félix

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Dança e Futebol: a coreografia de um ataque móvel



No relvado ficam marcas invisíveis da movimentação dos jogadores; parábolas, diagonais, círculos quase perfeitos, gráficos cardíacos, sprints em linha recta paralelos à lateral. Se, em vez de preferir ouvir a voz dos jogadores ou o som que as gotas de água fazem quando embatem na garganta de Rui Vitória, o adepto escolher um lugar mais alto, com melhor vista, mais abrangente paisagem, vai então ficar atento à dança colectiva e individual que o jogo lhe proporciona.

O futebol é dança. Cada vez mais uma dança moderna, sem pontos fixos nem posições a que fiquem agrilhoados os jogadores. O jogo evoluiu para um espaço de liberdade de que já não sairá, exceptuando quando é pensado e treinado por quem ainda pensa que a dança só faz sentido se o palco tiver marcações a anunciar aos bailarinos o lugar onde devem estar em determinado momento. Isto não significa que não haja indicação de zonas estáveis por onde começar o bailado, locais vastos de onde se parte para que a sequência seja feita toda ela livre de quaisquer amarras posicionais. O jogo pede áreas longas e largas, referências apenas zonais para favorecer o colectivo, povoar o espaço inimigo em estratégia inesperada.

Na última edição do Jornal de Letras, lemos Daniel Tércio versar sobre dança enquanto traça, sem o saber, o futuro do ataque móvel no futebol: 《Mas o que importa neste caso – e esta a razão deste texto – é que Cunningham, em meados do século XX, adoptou a epígrafe de Einstein “não existem pontos fixos no espaço”. O coreógrafo norte-americano declarou aliás a este respeito: “eu decidi abrir o espaço para o considerar por igual, em qualquer lugar, ocupado ou não, tão importante como qualquer outro. Num tal contexto não temos que nos referir a um ponto preciso no espaço. Se não existem pontos fixos, então cada um dos pontos é igualmente interessante e igualmente mutável.” Segue discorrendo Tércio sobre a importância da mobilidade livre: “Com Cunningham algo de novo acontece, uma vez que uma sequência não tem que estar condicionada a outra, podendo tudo ser constantemente deslocado, tornando o movimento contínuo.”》

O jogo há muito vem dando esta lição evolutiva. Grandes equipas com grandes treinadores têm testado e voltado a testar com sucesso a possibilidade de uma utopia realizável. De um lugar de ultra liberdade. Nesse espaço em que a primazia vai inteira para a qualidade de movimentação, para a criatividade individual e colectiva, para a inteligência com que se enfrenta o adversário, características físicas perdem a sua importância e dão lugar ao que verdadeiramente valoriza o bom futebol: cérebros craques em vez de caparrudos “agressivos” e “muito intensos”. Na mobilidade de um futebol sem pontos fixos, o central pode ser um anão, o extremo só ter uma perna, o avançado não ter força para rematar, o médio sofrer de reumatismo. Fundamental é que o treinador seja intenso e agressivo a pensar.