Entre Puerto Quijarro, na fronteira boliviana com o Brasil, e Santa Cruz de la Sierra são cerca de 600 quilómetros em estradas de terra, terrenos bravios, espaço, tempo e ar todos em loop até ao ponto de não sabermos qual é o quê.
No Verão de 2007, dormi nessa terra de ninguém, nesse lugar fronteiriço que é o começo da América do Sul hispânica de quem vem do Brasil. É um lugar simples, sem ornamentos. Uma estrada principal que é mais um carreiro e dois ou três carreiros secundários, por onde dançam galinhas, ladram cães, saltam cabras e dormem porcos. Nas margens do caminho, há casas de pasto - lugarejos caseiros onde os indígenas dão de comer aos viajantes.
Entramos-lhes pelas casas adentro, bebemos-lhes o vinho, a cerveja e os licores, comemos-lhes as papas, as salteñas, os lambreados de conejo e os majaos com carne seca. Em troca, uns míseros bolivianos (não pessoas, mas moedas) e a companhia. Vêem-nos primeiro à distância, desconfiados. Observam-nos como se fôssemos ainda os primeiros espanhóis a chegar ao continente americano e hesitam entre dar-nos guarida ou atacar-nos à revelia, porque hoje, além da estranheza, eles têm a memória que os antepassados não tinham. E é uma memória difícil, feita de construções e desvios da raça humana, actos selváticos de um povo vindo de longe, gestos rudes e violentos que os europeus deixaram como massacre por todas estas terras, de São Paulo ao Pacífico, da Patagónia ao Panamá. Olham-nos nos olhos, sem ângulos mortos, e decidem se somos dignos de lhes conhecer os filhos, de lhes comer a comida e lhes beber os vinhos. Fomos dignos, eu e a minha companheira de viagem. Comemos, bebemos, acarinhámos-lhes os cães, rimos das galinhas, imitámos nomes e caras estranhas. Riem muito, os bolivianos, mas só depois de nos terem feito sentir que se quisermos eles são muito sérios.
Dormimos onde pôde ser, num misto de casa de pasto, pensão, bordel e discoteca. Um 4 em 1 típico tanto da pobreza do sítio como da natureza de raia que sempre se acomoda e adapta às vicissitudes de balancear entre a saída e a entrada de gente. Despedimo-nos sem pressa, que a pressa na Bolívia é inimiga não da perfeição - que está bem presente não existir - mas da contemplação. É importante contemplar em terras bolivianas. O chão, o céu, a paisagem, os carros, as casas, as estradas mas, mais que tudo, as pessoas. Não queríamos ir sem levar as pessoas num lugar entre os olhos e a memória.
Partimos de Puerto Quijarro rumo a Santa Cruz de la Sierra numa manhã envolta em bruma para adensar o mistério. 600 km em terra batida, pouco sólida, areia, pedrinhas e bermas capazes de engolir camiões. O meio de transporte um autocarro antigo, pequeno, cheio de cores por fora talvez para esconder o profundo encarceramento que é por dentro: mais gente que os lugares sentados, animais aos saltos, comida pelo chão, vidros cobertos por uma camada espessa de sujidade e respiração, panos de casa a cobri-los do sol e uma manta inca entre os passageiros e os condutores e amigos. Sim, na parte da frente do autocarro, mais de 10 pessoas vão dando ordens, discutindo, batendo-se, insultando-se, rindo-se, bebendo-se.
Partimos 3 horas depois de estarmos sentados. Fizemos 100 quilómetros em ritmo lento, porém avançando - o que, por si, é ganho -, até que choveu e atolámos na lama. "Todos afuera, hombres y mujeres, el bus necesita de vosostros!", disse um dos condutores de serviço, mais bêbado que um puto de 13 anos numa Sexta-Feira em frente ao liceu. Todos, bolivianos, espanhóis, portugueses, neo-zelandeses, croatas, sérvios, australianos, gregos, brasileiros, todos atrás do autocarro, a lama até aos joelhos, empurrando aquele mini-transporte rumo à próxima zona de atolagem. O condutor erguia os braços, arrancava, nós entrávamos no autocarro, andávamos 1 quilómetro e logo de volta à lama, máquina e pessoas, numa fila de gente e máquinas que já integrava uma qualquer comitiva de um governo americano em terras estrangeiras.
Andámos nisto muito tempo. Sem comer, sem beber, sem dormir. Aproveitar os 5 minutos em que o autocarro andava para logo sairmos correndo para mais um empurrão em direccção a Santa Cruz. Foram exactamente 17 as horas que levaram a rota desde a fronteira até Santa Cruz. Um legado duro, que só não durou mais porque a certa altura a chuva parou e a terra endureceu. Podia ter sido mais, menos, consoante o clima e as nuances meteorológicas. Um povo que depende tão claramente de factores exteriores a si tem de saber rir e saber desconfiar. E os bolivianos seguem esse equilíbrio de forma sublime. Um deles, um passageiro, foi despedir-se de mim, enquanto tirávamos as mochilas envoltas numa pasta escura de terra e lama. Agradeceu-me a ajuda, pediu-me perdão pelos modos grosseiros dos condutores, "sempre bêbados" na Bolívia, dizia ele, e perguntou-me de onde era.
- Portugal, disse eu, com aquele orgulho que temos de dizer "Portugal", um orgulho bovino. E ele não disse mais nada, só isto:
- Ah el Benfica...
Adenda: como a conversa na caixa de comentários resvalou, e bem, para outros pólos do Mundo,
e já que no post anterior se falou em cinema, voltamos à carga com a referência do Constantino à passagem do Benfica pelo cinema irlândes de Jim Sheridan, no "In the name of the father", de 1993, e deixamos uma crónica de Alexandre Borges n´"A Capital", de 16 Julho de 2005, em que o crítico disserta sobre a relação cinema-futebol, em especial com o Glorioso, o nosso Benfica:
«Em 1974, um atentado à bomba reclamado pelo IRA matava cinco pessoas num pub de Guilford, nos arredores de Londres. Um jovem rebelde irlandês chamado Gerry Conlon é, então, preso, conjuntamente com três amigos, e condenado pelo crime. Giuseppe Conlon, pai de Gerry, ence-ta esforços para a sua libertação e, embora venha também a ser condenado, consegue o auxílio da advogada Gareth Peirce para a investigação das irregularidades do caso. É quando essa personagem interpretada por Emma Thompson visita Gerry, aliás Daniel Day-Lewis, na cadeia, que uma surpresa se revela aos espectadores portugueses. Ao longo de todo este diálogo de Em Nome do Pai, filme dirigido por Jim Sheridan em 1993, um galhardete do Sport Lisboa e Benfica está pendurado na parede da cela, bem ao lado do rosto de Gerry, em posição de destaque em relação às fotografias e outros elementos identitários com que os cineastas costumam construir os prisioneiros.
Dois anos antes, um episódio de um outro magnífico filme carregava esse efeito visual-surpresa para os apreciadores do futebol. Estamos em 1991 e o alemão Wim Wenders dirige uma das suas melhores obras: Até ao Fim do Mundo. William Hurt e Solveig Dommartin encabeçam um elenco onde também pontificam Max Von Sydow, Sam Neill e Jeanne Moreau. Numa película também célebre pela sua banda sonora (entregue a nomes como U2, Talking Heads, Lou Reed, Peter Gabriel, Elvis Costello, Patti Smith, Depeche Mode, REM ou Nick Cave and the Bad Seeds), a dependência humana dos avanços tecnológicos está em jogo. Num imaginário futuro próximo, depois de ano de trabalho exaustivo num laboratório num lugar à parte do mundo, Henry desenvolveu um aparelho que captará e transmitirá à crescente invisualidade da mulher as imagens que não poderia já ser autorizada a contemplar. O filho, Sammuel (Hurt), embarca, então, pelo mundo, em busca dessas paisagens visuais. Já encontrado com Elsa (Dommartin) e depois de uma passagem por Moscovo, é quando se passeiam por uma Lisboa nocturna que um eléctrico lhes passa por detrás, incendiado de tons encarnados e transportando elementos da claque dos Diabos Vermelhos, sacudindo pelas janelas bandeiras e cachecóis vermelhos e brancos e cantando «Benfica! Benfica! Benfica!»
Adenda: como a conversa na caixa de comentários resvalou, e bem, para outros pólos do Mundo,
e já que no post anterior se falou em cinema, voltamos à carga com a referência do Constantino à passagem do Benfica pelo cinema irlândes de Jim Sheridan, no "In the name of the father", de 1993, e deixamos uma crónica de Alexandre Borges n´"A Capital", de 16 Julho de 2005, em que o crítico disserta sobre a relação cinema-futebol, em especial com o Glorioso, o nosso Benfica:
«Em 1974, um atentado à bomba reclamado pelo IRA matava cinco pessoas num pub de Guilford, nos arredores de Londres. Um jovem rebelde irlandês chamado Gerry Conlon é, então, preso, conjuntamente com três amigos, e condenado pelo crime. Giuseppe Conlon, pai de Gerry, ence-ta esforços para a sua libertação e, embora venha também a ser condenado, consegue o auxílio da advogada Gareth Peirce para a investigação das irregularidades do caso. É quando essa personagem interpretada por Emma Thompson visita Gerry, aliás Daniel Day-Lewis, na cadeia, que uma surpresa se revela aos espectadores portugueses. Ao longo de todo este diálogo de Em Nome do Pai, filme dirigido por Jim Sheridan em 1993, um galhardete do Sport Lisboa e Benfica está pendurado na parede da cela, bem ao lado do rosto de Gerry, em posição de destaque em relação às fotografias e outros elementos identitários com que os cineastas costumam construir os prisioneiros.
Dois anos antes, um episódio de um outro magnífico filme carregava esse efeito visual-surpresa para os apreciadores do futebol. Estamos em 1991 e o alemão Wim Wenders dirige uma das suas melhores obras: Até ao Fim do Mundo. William Hurt e Solveig Dommartin encabeçam um elenco onde também pontificam Max Von Sydow, Sam Neill e Jeanne Moreau. Numa película também célebre pela sua banda sonora (entregue a nomes como U2, Talking Heads, Lou Reed, Peter Gabriel, Elvis Costello, Patti Smith, Depeche Mode, REM ou Nick Cave and the Bad Seeds), a dependência humana dos avanços tecnológicos está em jogo. Num imaginário futuro próximo, depois de ano de trabalho exaustivo num laboratório num lugar à parte do mundo, Henry desenvolveu um aparelho que captará e transmitirá à crescente invisualidade da mulher as imagens que não poderia já ser autorizada a contemplar. O filho, Sammuel (Hurt), embarca, então, pelo mundo, em busca dessas paisagens visuais. Já encontrado com Elsa (Dommartin) e depois de uma passagem por Moscovo, é quando se passeiam por uma Lisboa nocturna que um eléctrico lhes passa por detrás, incendiado de tons encarnados e transportando elementos da claque dos Diabos Vermelhos, sacudindo pelas janelas bandeiras e cachecóis vermelhos e brancos e cantando «Benfica! Benfica! Benfica!»
Caro Ricardo,
ResponderEliminarA mim isso aconteceu com um vendedor de t-shirts em Split. E digo-te, desconfio que não deve haver gente no Mundo externo a Portugal que saiba tanto e respeite tanto o SLB como os.... splitenses?!? Spliteiros?!? Talvez Splitistas?!? Bom pelo menos a acreditar pelo exemplo daquele tipo. Era homem para se lembrar de alguns jogadores do SLB de 94/95, quando os visitamos lá. 10 minutos à conversa com ele foram como uma injecção de orgulho benfiquista... e ainda há quem questione o facto de sermos o Maior de Portugal... pequenitos, é o que eles são... pequenitos.
Abraço.
Nunca lá estive mas já me disseram o mesmo, Constantino: há croatas que sabem mais do Benfica do que muitos portugueses. Esse encontro de 95 contribuiu para essa aproximação mas tem de ser mais do que isso.
ResponderEliminarÉ curioso que por onde passei nesta viagem de 2007 (Brasil, Bolívia, Peru e Chile), além do Benfica, alguns conheciam o Porto - o que é compreensível, tendo em conta as últimas duas décadas - mas do Sporting ninguém sabia nada. Ninguém. Nem jovens nem velhos. Não lhes dizia nada. Um ainda falou num tal Sporting de Gijón mas tive de explicar-llhe que esse era de Espanha.
No Verao de 2005, atravessando o centro de Bergamo em bicicleta vi um individuo norte-africano que caminhava com uma camisola anos 80, com Shell escrito no peito. Normalmente sou um gajo bastante sòbrio, mas ali nao me contive e em aproximadamente 0,8 segundos gritei "BENFICA" alçando o meu punho esquerdo. O gajo levantou a cabeça, olhou-me e fez um "V" de vitòria com dois dedos bem no alto e um sorriso branco que sobressaìa enormemente da sua cor de pele.
ResponderEliminarEm 2009, numa pousada da juventude em Helsinquia, enquanto tomava o pequeno almoço vi através da janela que liga a cozinha ao balcao uma camisola do Liverpool na parede, um relògio de cuco, e uma outra camisola pendurada...do Benfica. Nao podia acreditar nos meus olhos.
E ainda ontem, falando com um vizinho sobre a envolvencia da Atalanta no escandalo das apostas, este perguntou-me "como é que tinha corrido a época do Valdes là no Benfica?". Eu disse-lhe que nao era o Benfica. "sporting de braga?"...
Nisto dos "lá fora conhecem-nos bem", há uns 7 anos trabalhei no Hotel Montechoro no Verão, e tive lá 2 casos engraçados também. Um foi um inglês adepto do Arsenal cujos 3 filhos andaram 1 semana inteira com o equipamento do SLB vestido. À conversa com ele, saiu-se com um "gosto do Benfica mas já me fizeram pasar mal. A primeira vez que fui a Highbury er um jogo foi contra vocês.... Isaias... what a player". A segunda situação foi com 2 bascos, durante uma futebolada no campo do hotel (eu estava no dpt. de animação, quase todos os dias jogava futebol com clientes no relvado principal do complexo desportivo do hotel) me disseram "todos os adeptos do Athletic Bilbao têm admiração pelo Benfica porque tal como nós o vosso estadio é Catedral e só aceitam jogadores portugueses nas vossas equipas".... não tive coragem de lhe dizer que esta dos portugueses já foi chão que deu uvas.
ResponderEliminarPS - é impossivel não ficar embevecido quando aparece o galhardete do SLB no "In the name of the father".
Que privilégio, Constantino! Jogar à bola quase todos os dias com clientes num relvado. Não ficaste nesse emprego a vida toda porquê? :)
ResponderEliminarDo que tu me foste lembrar! Sem dúvida. Lembro-me que a primeira vez que vi esse filme fiquei ali uns segundos a tentar perceber se era a minha cabeça a imaginar um símbolo e um nome num galhardete de outro clube qualquer. Não, era real. Tenho de meter isso para toda a gente ver do que se trata.
Low, essa do árabe está demais. Imagino o man a rir-se com a mãozinho em "V", todo Benfica. Afinal, nós somos mouros, não é?
Eh pá, gosto muito disto, deste "lá fora conhecem-nos bem", como diz o Constantino. Acho que há aqui matéria para inaugurar qualquer coisa. Não sei bem o quê. De qualquer forma, aqueles que nos estiverem a ler e têm histórias destas percam a timidez e avancem, que a gente quer saber quais os recantos mais recônditos deste planeta em que o Benfica tenha sido comentado.
Ah! Se isto jà vai no cinema entao tenho de contar outra coisa.
ResponderEliminarAqui em Italia também o 25 de Abril é o dia da liberdade, e nessa semana promove-se de tudo a nivel cultural para relembrar a data. Um actor muito considerado por estas partes chama-se Stefano Accorsi, que no "Capitaes de Abril" faz de Salgueiro Maia. No Auditorium de Bergamo projectaram o filme e mais ou menos a meio um colega meu de nome Sergio Rocchi dà-me uma cotovelada dizendo "aquilo é o teu clube nao é?".
O facto é que eu nao sabia de que raio ele estava a falar e no fim perguntei-lhe. Descreveu-me uma cena no bar da Emissora Nacional, em que se ve um poster do Benfica na parede. Cheguei a casa e fiz o download do filme para o confirmar.
esta é meio expectável mas....ficou para a vida portanto..
ResponderEliminarflorença, agosto '98.
após estar a contemplar a cidade perto da estátua de David, no miradouro, fomos à procuro do parque de campismo, passa um gajo de mota por nós e logo após passar, olha por cima do ombro para a matricula do nosso Seat ibiza 1000cc alugado perto do Saldanha e ao ver que somos portugueses, dá um berro com aquela pronúncia cantada dos italianos "Ruuuuiiii Cooooosssttttaa"...
fdx, eu ia saindo da pela janela do carro em andamento a berrar "BENFFIIICCAAAA"
:)
É só mais uma situação... entre tantas, tantas, tantas...
ResponderEliminarhttp://anauel.blogspot.com/2007/07/escadaria-selarn.html
Mas esta é das que mais me "assusta"... houvesse vida noutras galáxias e por lá haveria um tipo a gritar Benfiiiiiiiiiiiica!...
ResponderEliminarhttp://anauel.blogspot.com/2010/05/dimensao-e-de-tal-ordem-que-ate-assusta.html
Não tenho nenhum episódio em especial, mas aqui vai (apenas) um curioso, e pequeno, apontamento:
ResponderEliminarEm Agosto de 2009 visitei Praga (4 noites/5 dias) e ia munido de alguns, talvez 3 ou 4, pins oficiais do Benfica, comprados na nossa megastore, só porque podia meter conversa com alguém que gostasse de futebol, entretido entre uma e outra cerveja. Coisas minhas.
Então, uma bela tarde, enquanto andava a deambular na Cidade Velha, por entre cervejas de 50cl, marionetas (vidé http://twitpic.com/dsd4a) e checas esculturais, entrei numa daquelas lojas de souvenirs que desenham aquela parte da cidade.
Entrei, o tipo, mais ou menos da minha idade, aproxima-se e, já não sei como, nem porquê, começamos a falar de futebol. Curiosamente, o rapaz era búlgaro e, ao saber que era português, falou-me logo do Benfica. Para mim, foi razão suficiente para meter a mão ao bolso e, ainda com o pin metido naquela bolsa protectora de plástico, orgulhosamente lhe oferecer uma lembrança.
O tipo ainda perguntou se era para ele e, naquele inglês um bocado impronunciável, lá foi dizendo que ia mostrar aos amigos e blá blá blá.. que, entretanto, escolhesse uma recordação (destas http://twitpic.com/dsamc) à minha vontade.
Já agora, este post não tem sequela? Texto espectacular :)
...sequelas sò depois das fotos das checas esculturais...
ResponderEliminarBom episódio, Ricardo. E especial. Todos são. Essa dos pins não é mal pensada.
ResponderEliminarO low quer checas esculturais. É legítimo.
Eu digo que se vou escrever prequelas e sequelas da viagem tenho posts até daqui a um ano. A questão é que não se relacionam directamente com o Benfica. Mas estou a pensar em escrever sobre essa viagem num outro meu blogue - Um homem não chora. Se acontecer, dou-te uma apitadela.
Belo texto, caro Ricardo. O nome do Benfica num lugarejo remoto da Bolívia é... sublime!
ResponderEliminarVi Em Nome do Pai em vídeo, e não no cinema. Quando aparece o galherdete do Benfica nem queria acreditar!... Simplesmente magnífico. O Glorioso presente num grande filme! Com muita vergonha minha tenho de dizer que nunca vi Até ao Fim do Mundo. Arranjei bilhetes à borla para o ir ver ao cinema, quando estreou. Combinei com um amigo que se atrasou, e quando ele chegou já passavam 20 minutos do início... e estou até hoje sem ver o filme, mas agora tenho mesmo de o ver - essa cena do eléctrico vermelho deve ser a cereja em cima do bolo :-)
Muitos bons os comentários de Constantino, Low desert puke, M, Catenaccio.
Low desert puke: nessa cena na Emissora Nacional já não me lembrava do poster. Mas lembro-me, quando os soldados vão ocupá-la, que um deles comenta a vitória do Benfica sobre a Académica. É, salvo erro, o actor Marco Antonio Del Carlo, um grande adepto do Glorioso.
Cumprimentos a todos.
Parabéns, Ricardo, um texto belíssimo. Gosto do que lhe está subjacente: fraternidade, a consanguinidade tribal. As bandeiras, mesmo esfarrapadas, gastas pelo tempo, ainda drapejam nos mastros daqueles que têm memória e não quero que sejam substituídas, o que quero são bandeiras novas que tempo torne também gastas e esfarrapadas, simbolizando a soma dos novos presentes passados.
ResponderEliminarPS. Já estou a ficar farto da questão Nuno Gomes. A questão é muito simples: incompatibilidade cultural entre treinador e jogador, aquele não tem classe para lidar com o Nuno, falta-lhe tudo e o Nuno não quer aceitar qualquer cargo enquanto o biltre lá estiver. Percebem como o aparente incompreensível é fácil de explicar?
low desert puke,
ResponderEliminarApenas posso afirmar que a 'fama' (lindas checas esculturais) tem razão de ser: ali, uma pessoa casa-se ao virar de cada esquina :)
Ricardo,
Boa notícia. Por sinal, gosto muito de literatura de viagens, portanto é seguir com essa temática.
Já agora, apesar de ser off-topic, gostaria de contar que a melhor experiência e, quiçá, mais curiosa, foi vivida graças à enorme popularidade de Paulo Futre em Madrid. Passo a explicar...
Em inícios da década de 90, o meu pai foi trabalhar para a capital espanhola, mas eu fiquei cá a estudar na faculdade. Numa das (muitas) viagens que fiz, em "vacaciones", acabei por ir sair à noite com um amigo meu que foi passar 1 semana por lá. Eu devia ter uns vinte e pouco anos e Futre era já o "El Português".
Estamos os 2 num bar qualquer, creio que a jogar snooker, quando um espanhol, já um bocado animado (leia-se encharcado) mete conversa connosco. Não me lembro exactamente do diálogo, mas não deve fugir muito disto:
- "Hola! Português?"
- "Sí, hola!"
- "(praticamente a gritar) HEEEEEEEEE... VELASCO (imaginem o nome) VENGA AQUÍ... PORTUGUESES!!!
Pensei: ainda são gajos dos Ultras Sur e vou morrer aqui... entretanto, chega-se ao pé de nós esse amigo, mais outro e 2 raparigas que estavam com eles (não eram checas esculturais mas, por sinal, eram bem jeitosas).
- "Míra... són de tierra de FUUUTREEEEEEE!!!"
Nisto, que já tínhamos pedido 2 cañas para refrescar a garganta, no meio de todo aquele alvoroço, como se fossemos uma espécie de animais em vias de extinção, ouço dizer:
- "Futre es como un dios... português no paga nadie, nadie..."
E, nisto, sai uma rodada de chupitos.
Conclusão da estória. Nunca fui tão bem tratado por esses espanhóis. Parecia que eu, e o meu amigo, lhe tínhamos salvo a vida na guerra civil espanhola. Apresentaram-nos as amigas (ou namoradas, mas até isso parecia que não se importavam de partilhar), levaram-nos a mais uns 2 bares engraçados e pagaram-nos cada gota de álcool que bebemos nessa noite. Tudo à conta do enorme Paulo Futre.
Tal como o grandíssimo jogador português, forte e explosivo no 1v1, também fiquei explosivo por dentro, ao apanhar um pifo descomunal e vomitei a parede quase toda da casa de banho de casa. Ahhhh, belas recordações. Obrigado ao Paulo Futre :)
Óptimo texto. Falando da Ásia que é o continente onde mais viajo, fico sempre impressionado com os conhecimentos de indonésios, tailandeses e malaios sobre o futebol português, nomeadamente Benfica,Porto e Selecção.
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