sexta-feira, 3 de junho de 2011

Vieira e o jogador chinês

Naquela manhã já distante de 25 de Março, o país acordou com gargalhadas estridentes em uníssono. Paulo Futre, de véspera, tinha apresentado as suas ideias ao povo. E que ideias!

Por todas as redes sociais, nos cafés, nas casa-de-banho, nas repartições públicas, nos esgotos do Tejo, nas casas de aconselhamento familar a árbitros - uma delas, por curiosa coincidência, também conhecida como "Casa de Jorge Nuno Pinto da Costa" - nas grutas de Mira d´Aire, nas caixas de cartão e cobertores no meio do Bairro Alto, ouviam-se gravações - estas legais para a Justiça Portuguesa - da verborreia mental de Paulo Futre. Os charters, o Departamento para o jogador chinês, o Ruiz, Bryan Ruiz, as comissões em hóteis, restaurantes, igrejas, capelinhas, mini-mercados, tudo possibilidades de negócio para o Sporting, levantavam o país da crise e alegravam os portugueses. Era uma anedota fantástica, de um humor desarmante, que o povo acolheu e deu carinho, prolongando o êxtase ao limite, na esperança de não pensar em coisas sérias.

Porém, no meio desta "palhaçada generalizada" - palavras do próprio -, Luís Filipe Vieira via ininterruptamente durante 24 horas a conferência de Paulo Futre. Estudava a estratégia, analisava os detalhes, escrevia notas no bloco da Repsol que uma vez recebera em Santa Maria da Feira como prémio por ter atingido os 100.00 litros pelas constantes viagens entre Lisboa e Porto, a casa do amigo Joaquim Oliveira, e Lisboa e Braga, onde tem o salutar hábito de visitar um seu companheiro das lides da construção, António Salvador, também conhecido como "Presidente do Sporting Clube de Braga".

Vieira anotava as ideias geniais de Paulo Futre, enquanto a mulher lhe dizia aos ouvidos:

- Fifi, olha que ele estava a brincar, aquilo não é para levar a sério,

a que Vieira, visivelmente indignado, respondia:

- cala-te, que tu não percebes nada de bola, isto é ouro, ouro!

Os filhos ainda tentaram explicar ao Pai que na escola todos gozavam com as ideias mirabolantes do craque lusitano, el portugués, mas Vieira, fechado no seu escritório - todo ornamentado a bibelots de meninas de loiça com rosas na mão e cartões de sócio de 50 clubes emoldurados ao pé da cabeça de porco que comprou em Mértola já lá vão 30 anos -, organizava as ideias.

- Tenho de dizer isto ao Rui! Esta das comissões em casas-de-banho da BP é fenomenal! A gente compra um chinês na loja dos 300, que sai mais barato do que ir à China, que eu nem sei onde fica, e metemo-lo a vender papel higiénico à entrada dos lavabos. Todas as semanas, enviamos o Jorge Gomes recolher o dinheiro porque em questões que envolvam merda ele é um perito.

Apresentado o projecto à direcção, logo a campanha se pôs em marcha: havia que contactar um bazar chinês o quanto antes! E a estratégia ficou delineada: vestiam-se os chineses com uns fatos comprados na feira de Carcavelos, dava-se-lhes um lanche composto por cão seixalense e algas do Tejo e fazia-se passar a comitiva por gente do Governo Chinês! A ambição não tem limites, e Domingos Soares Oliveira logo viu ali, no Bazar 500 de Massamá, um mercado fortíssimo que fortalecerá a marca e permitirá ao clube não vender os melhores jogadores.

Feitas as apresentações oficiais e os contratos assinados, o futuro estava garantido - embora o Senhor Ping tenha feito um reparo à forma pouco educada como Vieira tratou a senhora Ping, chamando-lhe japonesa por duas vezes, tailandesa outras três e cometido a gaffe de comer o cão com garfo e faca. Enfim, questões menores quando o assunto é a internacionalização da marca Benfica por esses subúrbios adentro, começando no Cacém e só acabando na Damaia. Todo um império de lojas chinesas enfeitadas com a bandeira do glorioso e o protocolo assinado para que os filhos e netos dos comerciantes asiáticos possam fazer um estágio no Caixa Futebol Campus, vendendo pulseiras luminosas, despertadores com perninhas e cães de loiça com olhos em bico.

Mas havia um detalhe que ainda não estava concluído: faltava uma mulher que desse credibilidade ao negócio! Nisto, entrou pela sala Jorge Jesus que se lembrou de uma ideia genial:

- Ó Presidente, e se a gente metesse uma gaja daquelas que atacam no Intendente com um fato da Bresha e um cinto rosa que eu tenho lá em casa, que a minha mulher comprou na feira de Monte Abraaão?

Bem dito, bem feito. Lá foi o Presidente, a altas horas da noite - coisa que levantou suspeitas inauditas lá em casa e que ainda hoje Vieira tem de explicar muito bem à esposa de Jesus, porque os cintos não desaparecem assim do pé para a mão, muito menos cintos de mulher -, no seu Bentley descobrir essa pérola que é a mulher chinesa. No meio de tanta procura, e já começando a dar visíveis sinais de cansaço e enfado, lá descobriu uma que parecia não comer há 2 semanas, cheia de urticárias, piolhos e um cheiro pestilento. Não lhe agradava de sobremaneira aquele exemplar mas, dada a raridade da peça, decidiu resgatá-la. Chegado ao Seixal, virou-se para o Rui Costa e disse:

- Rui, faz lá alguma coisa, pá. Dá um banho a esta gaja, põe-lhe perfume e veste-lhe estes trapos que amanhã temos de receber a - e fazia gestos de aspas com os dedos, enquanto sorria, malandro - "Comitiva Chinesa". Ah e diz ao Gabriel para chamar a família da puta, que isto tem de ser uma coisa à maneira.

Agora sim, estava tudo tratado. E temos fotos da "comitiva":






 
 
 
 
 
 
 



Para amanhã ou nos próximos dias, mais um capítulo do bloco de anotações de Vieira: o gajo "que partiu tudo": Ruiz, Bryan Ruiz. Obrigado, Futre.

13 comentários:

  1. É mentira. Isso nunca aconteceu. Não compreendo a necessidade de dizer falsidades obre o Presidente. Não chega já o que têm dito neste blog? Agora inventar estórias, para quê? Não posso meter as mãos no fogo pelo vieira mas sei que ele nunca faria o que falas aqui.

    Vamos apoiar a equipa. Deixem de dizer mal.

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  2. Mas, ouvi dizer, que o tal de chinês foi desviado para a Coronária, a aguardar contrato com o LFV.

    Manhoso.. muito manhoso este LFV.

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  3. Ricardo, continuas a deitar fora o menino quando despejas o banho. Escrevi, há dias que ando bastante cansado com o Benfica, não decepcionado, que essa é uma sensação boa para parvos, que só se decepciona quem quer. No caso, o cansaço, resulta da análise do interior do Benfica, do colectivo benfiquista, nomeadamente a sua parte mais previsivelmente culta e não vejo nada que valha muito a pena. Dái que não vá ficar muito decepcionado daqui a uma dezena de anos, no máximo. No Benfica não existe massa crítica, subsiste por suporte do associado e simpatizantes comuns que pagam todo este circo e das gorduras da passada grandeza. Pinto da Costa não vai eternizar-se mas a cultura vai sobreviver-lhe, bastará que apareça um líder mais sofisticado, inteligente em vez de esperto e vais ver onde irá parar o Benfica. Seguramente, seremos mais um grupo de “noyaux”, sinónimo de sportinguismo na actualidade e de benfiquismo em futuro breve. A cultura queixinhas já deu o que tinha a dar, a repetição gera cansaço, tal como ensina a metáfora de certa aldeia e de certo lobo.

    Sendo como és o indisputado castelão deste espaço, o seu principal animador e responsável, acho que devias preocupar-te com um padrão que me parece evidente: diminuem os seguidores, dia após dia. É contigo. Pela parte que me diz respeito, formalmente modesto como sou, continuarei a colaborar, enquanto tal for possível, ainda que deva confessar que esperava que ambos, apoiando e criticando, fazendo a síntese, pudéssemos — modestamente…- dar contributos ao benfiquismo, preocupando-nos muito mais com o que deveria ser que com a menoridade actual.

    Uma questão, entre várias, que considero da máxima importância: deveria o Benfica ser dirigido por um gestor profissional, pago e premiado por objectivos, vivendo exclusivamente desses rendimentos, um gestor independente de qualquer poder ou continuar a ser gerido por um presidente sem remuneração e fortemente comprometido e dependente dos vários poderes e das vantagens “políticas” que lhe resultam do facto de ser presidente do Benfica? Vieira, dez anos depois de entrar no Benfica mexe em projectos imobiliários de centenas de milhões de euros e que resultam, no essencial, da projecção política que o cargo de presidente do Benfica lhe concede.

    Maria José Morgado está farta de falar na corrupção do futebol, do cruzamento da mesma com as autarquias e o sector imobiliário. Desculpem a expressão, sou portuense mas nunca fui um grande entusiasta do uso fácil do palavrão, quando os uso exprimem, em duas ou três palavras, sarcasmo e o que penso de determinada situação. Usarei um, “soft”: porra!, só eu sou capaz de ver o essencial?

    Vejamos o nosso rival: o seu presidente vive principalmente de remunerações que lhe pagam o trabalho, o que permite ao homem mudar de aliados como quem troca de camisa e diabos o levem, o sistema resulta, o homem é um gestor profissional e se através de comissões arredonda os seus proventos, os portistas estão-se lixando. Não defendendo a prática, se é que existe, ainda não vi prova nenhuma, o facto é que resulta. É certo que o homem exagera, aproveita e porquê? É-lhe permitido. Felizmente, o benfiquismo não permite este tipo de gestor ou cópia de práticas que Vieira aprendeu em antigas alianças e daí o não saber que fazer, daí as farsas das reorganizações como forma de esconder a impotência. Vieira não atinge que a organização são os meos que servem a estratégia e só podem ser definidos depois desta, quais os objectivos perseguidos e lá porque isto é elementar, não deixa de ser verdade: ninguém vai para a guerra sem saber porquê, excepto os parvos que morrem nos campos de batalha, vítimas de dirigentes incompetentes que abusam da ingenuidade ou do idealismo. Outro campeonato, claro.

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  4. Porra que gente séria, eu até achei que o texto estava muito cómico!
    Com mais piada que isto, assim de repente... só o Futre!

    CSilva

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  5. Darcy (espero que não o da Tertúlia que esse, apesar de um bocadinho "yes, man", parece-me um gajo inteligente):

    como explicar? Não, deixa. Não vale a pena.

    Armando, em termos simples: eu não trato o Benfica como a mulher a quem amo mas com quem não pratico fantasias sexuais por... "respeito". Para mim, o Benfica é mesmo isso: uma lady na mesa, uma puta na cama. Ter medo de tocar-lhe seria faltar-lhe ao respeito.

    Depois, confesso-te que o constante discurso sobre o pinto da Costa e o sistema não nos ajuda muito. Porque dá-nos desculpas. E, neste momento, do que o Benfica menos precisa é de desculpas. O Benfica tem de cerrar fileiras no seu interior, ver o que fez mal e preparar-se para a guerra. Mas mais organizando decentemente as suas tropas do que falando que o inimigo tem uma mão que parece que é a maior puta, que vai com todos.

    Assim uma coisa à Solnado: antes que a guerra abra às 8 da manhã, mais vale chegarmos mais cedo, enquanto a guerra ainda está fechada.

    Obrigado CSilva, alguém que não venha com duas pedras na mão...

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  6. Oh Ricardo!, é verdade pá, o homem fez-se para guerrear, para amar...

    Futebol jogado?..PORRA!.. só no NORTE.....

    Só quando vocezessss perceberem isso e deixarem para lá do Carmo,

    as carois, as morgados, as paixões, os ricardinhos, aí sim, acabou o futebol encornado.

    JOGUEM À BOLA!...PORRA!!!...

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Boa, Ricardo, a metáfora é excelente: embora portuense, nunca fui de “respeitar” a mulher em casa e satisfazer as fantasias no alterne e a única vez que fui arrastado para uma dessas excursões, ainda sem mulher em casa, foi uma vergonha completa: andei a fazer sala, angustiado pela certeza das humilhações futuras e os adolescentes podem ser bem cruéis. Crescer nem sempre é fácil. Não tenho preconceitos contra a mais antiga profissão do mundo e sou de opinião que quem se prostitui não é quem vende e sim quem compra.

    Curiosamente, apresento uma análise de um dos problemas que estão na origem da impotência: o modelo de gestão: profissional ou aparentemente voluntária e voluntarista? E qual a bondade e consequências? Repara: julgo ter enunciado o problema com alguma clareza e apontei a perversidade da coisa, não defendo o profissionalismo porque sim ou porque é moda.

    Os ingleses, que nestas coisas não são nada parvos, há muito que apontam o caminho: o treinador é o CEO da empresa, é quem manda, a cabeça da coisa e sendo os clubes inglesas propriedade privada, os resultados desportivos não são separados dos resultados económicos. E quem sabe, excepto os mais informados, quem são os donos de MU, Arsenal ou Liverpool?

    Curiosamente, aqui ao lado, o Real Madrid, iniciou o processo de transformação da gestão do clube: Mourinho é o novo CEO do Real Madrid. Duvido que estejamos prontos para uma tão grande passada. Do que não tenho dúvidas é que, respeitando a escala, os nossos problemas são muito parecidos aos do Real Madrid.

    Então, Ricardo, a tua esclarecida e acutilante opinião seria bem-vinda. E não te preocupes: podes demolir.

    PS. Jogar à bola nós jogamos, só que não é nada fácil jogar em campos sempre inclinados, para o mesmo lado, e sem entender como no intervalo, a inclinação se mantém, para o mesmo lado. Enquanto não percebermos como funciona a coisa, a hidráulica aplicada ao futebol, a porra vai continuar. E sempre o mesmo latente terror com a Morgado…E têm razão, a senhora odeia o futebol e mais ainda a corrupção que o movimenta. Pode ser que, quem sabe, com o novo governo, a senhora deixe de ser uma ameaça. Têm a palavra os Marco António, os Meneses, os Aguiares Branco e o infindável cortejo de figurões e figurinhas. A seguir, com muita atenção, a nomeação do novo SE para o Desporto.

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  9. A Morgado só falhou em não ter investigado qual a importância em que o erário público foi desfalcado com o tal de glorioso perdão fiscal ao corrupto falido, ainda hoje o Zé pagante, não sabe esse valor... essa é que é essa.. a bem do regime.

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  10. O caro Juris, um curioso plural, julga que uma mentira, muitas vezes repetida, se torna, por milagre portista, uma verdade indiscutível. Em vez de nos falar de perdões fantasmas, talvez nos pudesse esclarecer o processo de entrega do Olival, um custo de 16 milhões, chave na mão, por um aluguer de 500 euros mensais, ainda que permaneça a dúvida de quem paga a água e a electricidade. Meu caro, isso é que seria uma esclarecedora gentileza e talvez o porquê da minha referência acima aos Meneses, o talentoso comprador de votos, via operação Olival. E sempre, sempre, a corrupção, legal, claro. Tal como o processo do “falta de ar presidente-substituto” da CMP e a questão dos terrenos das Antas. Absolvido, como poderia ser diferente? É o Porto, portista. Que se lixem! Sim, porque V.N. de Gaia já foi.

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  11. Oh Armando!, ilustre conterrâneo Gaiense, assim sendo, é de todo o interesse público o Socrates
    e o Passos fazerem um estágio com o patrão Vieira, para serem elucidados dessa "engenharia financeira".

    As empresas portuguesas e dos arredores agradecem.

    Saber como tirar uma empresa, neste caso um clube, da falência por milagre das rosas.

    Já diz o ditado com a verdade me tentas enganar.

    Era bom para a vossa estimada Morgado que também aprendesse o método, ainda há dias se queixava que o MP, nem dinheiro tinha para comprar toner.

    NOTA: Recetenmente os americanos queixavam-se que na capital portuguesa, existia muito branqueamento de capital,,,,

    Quem SERÁ?..

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  12. 1 - Não é importante, sou um pouco mais a norte. Quando miúdo, os bairristas consideravam Gaia, o início da mouraria.

    2 - Procuro manter alguma coerência no método: Benfica e Sporting pagaram os Centros de Treinos. O Porto não, ou dispõe da dados que desconheço?

    3 - Falência? Por favor não misture garantias fiscais com perdão de dívidas. Isso é manipulação e esse é um jogo que não jogo, embora possa ser um "expert", se valesse a pena e não vale, é demasiado fácil esse jogo. Deixo isso para o vosso Ai-a-tola de referência: MST.

    4 - Quanto à Morgado, no seu latente terror, baralha-se na argumentação que usa. Volte atrás, ao que escreveu. É preciso ter coragem para dizer que o MP não tem dinheiro para comprar toner, quando mais para a investigação, da corrupção, por exemplo.

    4 - Lisboa capital do branqueamento? É natural, com a sua estupidez natural, poucos americanos sabem onde fica Portugal, imagine-se o Porto. E note, quando falo de Porto, não refiro a cidade. Falar do Porto cidade, da história, da sociologia e da antropologia, é para outro espaço. Já para não falar da diferença de escala.

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  13. 4-Talvez o dinheiro em falta no MP seja aquele que a Vossa Gloriosa Morgado receitou ao erário público das sua vindas e voltas, que segundo, quem sabe, dava para uma ida e volta à Austrália.

    E, esta gente é que são os gloriosos mãos limpas.

    Oh Armando acorda, pá!..

    Com estas e com outras é que este país foi à falência, é complicado ser-se competente neste país.

    Quanto aos centros de estágio do benfica e do Sporting. Oh, Armado

    o Jorge Palma .. já pegou na viola.. e escuta..escuta (é a vossa especialidade)..DEIXEM-ME RIR..DEIXEM-ME RIR

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Vai ao Estádio, larga a internet.