terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Bebemos um copo pelo Jaime?

Hoje é um dia especial, sê-lo-á sempre. O mundo mudou no dia 28 de Fevereiro de 1904, porém foi no mês anterior a esse que os caminhos para a transcendência se revelaram.

Cosme e seus amigos encontraram-se num tasco muito mal frequentado, ali para os lados de Marvila, e, numa apoteose de bebedeiras e chavascal, alguém se lembrou de ver no fundo de uma garrafa o futuro da Real Casa Pia de Lisboa - ideia que hoje pode parecer disparatada a alguns, mas que há 100 anos, e encharcados em álcool, fez todo o sentido aos visionários rapazes naquele pequeno e esconso lugar.

As notícias não foram animadoras: crimes de pedofilia, redes de tráfico humano, abusos sexuais, obscuras relações entre casapianos e notáveis figuras da sociedade lusitana e duas gotas de vinho - estas últimas não correspondiam à visão futurista mas à fraca limpeza que Adérito, dono do estabelecimento, havia dado à "garrafa de cristal", como lhe chamava, muito elegantemente, Cosme, que se encontrava visivelmente alterado - pelo nível de ebriedade mas sobretudo pelos crimes hediondos que havia observado pelo convexo espelho molhado.

Estava na altura, disse Damião, de "fundar algo que orgulhe este país de gente depravada e sórdida". Outro logo se levantou, cofiando o bigode: "A Casa Pia não é para nós, honrados companheiros, deixemo-la ao cuidado destes anormais!", e toda a gente aplaudiu, incluindo o Adérito, que levantou a cabecinha por detrás do balcão em sinal de aprovação e regozijo. Estavam criadas as bases para um novo clube. Como não podia deixar de ser: para as grandes bezanas, grandes ideias. A questão punha-se agora de outro modo: amanhã como seria? Acordariam os cósmicos prontos a içar a bandeira que a ideia tinha sustentado ou, por outro lado, de cabeça inchada e enxaquecas mil, esvair-se-ia a proposta nuns ais e uis, num "opá, isso foi da bezana, vamos mas é ajeitar a bigodaça ali ao Senhor Anselmo"?

O que distingue os grandes homens dos outros não é propriamente o que fazem no seu labor operário e burocrático, mas a capacidade de, em ressaca, racionalizar e dar corpo às geniais ideias da noite anterior. Um mero humano, fraco de espírito, aceita com resignação a informação que o cérebro no dia posterior lhe envia: "chefe, esquece lá isso, vai mas é trabalhar a ver se metes comida na boca dos filhos". Já um semi-Deus, imortal no tempo e garboso de alma, ao acordar enfia-se num banho frio, lava os dentes, cofia o bigode apurado e reflecte. Senta-se profundamente sobre as reflexões e bebe Pleno Tisanas, Lúcia-Lima, Flor de Laranjeira e Limão - ou, há 100 anos atrás, um Jagertee. 

Cosme era um dos destes últimos: quando acordava, bebia Jagertee. E tudo, de repente, ao som de chá com rum e ponderadas introspecções, começava a fazer sentido. "Quem salvará este país e esta cidade do clube que há-de ser fundado com os panos das barracas da praia de Carcavelos?", questionava-se. "Quem poderá dar aos amantes do desporto um clube popular e eterno, um clube que seja alimentado pela solidariedade entre todos, que leve bem alto o nome de Portugal ao Mundo?", perscrutava-se. E decidiu. Deu um último gole de Jagertee, pôs brilhantina no cabelo e avisou a esposa: "não contes comigo para o jantar, devo chegar tarde, vou fundar o Sport Lisboa".

Um século depois, encontramos Jaime Graça neste café em Benfica. Tem um ar cansado, os olhos como covas ou pratos de sopa. Lê a história do Benfica, tal qual está descrita em cima. Orgulha-se de Cosme e seus companheiros. Orgulha-se das várias histórias que originaram a sua própria história, 60 anos depois. Tem saudades, emociona-se, quase chora, chora. Lembra-se dos relvados ingleses onde entrou com a camisola nacional. Lembra-se do Estádio da Luz e da massa vibrante que o transbordava. Queria poder voltar, entrar pela porta da casa-de-banho, meter-se pelo lavatório e sair dentro do balneário do Benfica de há 40 anos atrás. Dar uns toques, cheirar a relva, marcar um golo e sentir aquela sensação de, num remate, num só remate, alegrar o coração de milhares e milhares de pessoas. Em uníssono, todos: golo. E, enquanto o pensava, embora o lavatório não fosse de facto nenhuma porta mágica para o tempo passado, quase fazia golo, chutando ao de leve, em efeito, no corrimão dos pés do balcão. 

"Há-de chegar o meu dia", pensou. "Só espero que ninguém me esqueça ou que se recordem de mim para lá desta década e da próxima". O Benfica fez-lhe a vontade: morreu no dia em que o Benfica nasceu. E agora, para além do que foi como jogador, atingiu a eternidade no calendário. Para que definitivamente se mantenha no reino dos imortais.


PS - Sexta no Manelito iremos beber por Jaime Graça. Estão todos convidados. 


... e obrigado, Jaime

À primeira vista pareceu-me uma infeliz coincidência, mas agora vejo com clareza que há algo de reconfortante, belo, poético até, no momento da tua partida. Se hoje é o dia de celebrarmos 108 anos feitos de glória, também é o dia de recordarmos aqueles a quem a devemos.



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Nasci para morrer contigo

Quando eu deixar de acreditar na vitória do Benfica, seja contra que adversário for, atirem-me para a frente de um comboio ou, se não quiserem sangue mas o mesmo efeito, façam-me sócio do Sporting. 

O racional pode dizer muitas coisas - como nos explicou, bem, o JC ali mais em baixo -, mas há um lado em mim (imagino que em todos nós) que não deixa nenhum espaço para a coisa pensada e reflectida. E ainda bem. Foi por esse tubo fino de bestialidade ancestral que, submergido nos anos 90, respirei quando em campo entrava o cabelo do Paulo Madeira ou essa avestruz escandinava de nome Martin Pringle. 

Hoje tudo é substancialmente diferente. Mesmo a necessária fé irracional que pode aparecer nos momentos em que vemos uma equipa sem aquela luzinha mágica dos campeões tem um espaço próprio e muito mais cómodo: hoje, a 4 dias do dia mais importante das nossas vidas, respiro por uma mangueira larga de regadio. Consigo até produzir sons tubulares: Wiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitsel, Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaimar, Nooooooooooooooolito, Cardoooooooooooozo, Rodriiiiiiiiiiiiiiiiigo, Artuuuuuuuuuuuuuuuuur, Luuuuuuuuuuuuuisão, Gaaaaaaaaaaaaaaray e todos eles soltam para o mundo mas também para dentro de mim aquela crença que me faz saber - já não só acreditar, saber - que na próxima Sexta-Feira, com o apoio de gente grande (falo de cantar e gritar e levantar o cu do asfalto em vez da pose de quem está a assistir a um velório), iremos sair do Estádio da Luz com 4 pontos de vantagem. E que nunca mais sairemos da liderança. 

Neste momento, após demorado luto e introspecção, esqueci os pontos que podíamos ter se tivéssemos sido mais competentes. Já não me recordo de onde viemos, o que podia ter sido ou o que acabou por acontecer. Já só penso em Sexta-Feira e na vontade que tenho que o Benfica comece a jogar o seu destino. Sem medos nem hesitações. Contra o temor idiossincrático dos últimos 20 anos, tenho fé num Benfica que, além de acreditar em si, tem vontade de subjugar o Porto, de o humilhar, de o deixar no chão. Não por ódio nem por outro qualquer sentimento demasiadamente fútil - deixemos esses sentires para os outros -, mas por querer o seu lugar natural na cadeia das grandezas. 

O Benfica precisa - e é urgente, é para ontem - de demonstrar que a cultura de vitória chegou para, definitivamente, ficar. Não como um rasgo que logo desaparece no ano seguinte; não como um momento esporádico na época que se esvai quando se perdem pontos em jogos consecutivos; mas sim como um clube que aceita a sua dimensão, a respeita e faz dela o veículo para o sucesso desportivo recorrente e consecutivo.

Chega de medos, de temores, de hesitações. Somos melhores em tudo: adeptos, jogadores e treinador. Jogamos em casa, a família estará toda unida. Não há desculpas nem meias palavras. Nem sequer árbitros que possam mudar o nosso destino se entrarmos em campo com o coração à Benfica. Somos tantos, somos muitos, somos melhores, somos gloriosos, somos o Sport Lisboa e Benfica. 

A distância do título não está a 7 ou 8 jogos, está a 1 - este. Se vencermos, ficaremos com 4 pontos de vantagem. Com o calendário mais apertado para o Porto, restar-nos-á (não sem dificuldades) cumprir as nossas obrigações mais básicas para que sejamos campeões. Não há volta a dar, companheiros: um jogo que vale 4 pontos não pode ter outro desfecho que não a vitória. Conhecendo a mentalidade de uns e de outros, um empate favorecerá os lá de cima. Não pode ser, não tem de ser e não será. Basta que para isso os jogadores saibam o que é o Benfica. Expliquem-lhes, façam vídeos, montagens, apresentações bonitas em powerpoint, saiam à rua, levem os jogadores à conversa com sócios e adeptos, entendam o que é o sentir e pulsar deste clube, compreendam o que nos move e descubram quem queremos derrotar de todas as formas possíveis. 

O Porto é o anti-desporto. Representa a podridão do futebol. A maldade, a tirania, a corrupção, a mentira, a falcatrua, a falsidade, a pobreza de espírito. Ganhem pela vontade de vencer, ganhem pela génese da liberdade que sempre respirou no Benfica, ganhem pela verdade, pela bondade, pela amizade e ganhem pelas outras ades todas que andam por aí e são muitas. Ganhem por vós, que merecem este título. Ganhem pelo Jesus, que merece este título. Ganhem por nós, que merecemos e queremos poder ir à festa com a nossa grande família de milhões e milhões de almas num caos vermelho e branco. Ganhem pelos que estão no 4ª anel a ver os jogos numa nuvem-plasma com ligação directa aos nosso corações.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O que está a faltar é o apoio do teclado

Sábado, 25 de Fevereiro, 20:15.

Estádio: Cidade  de Coimbra EFAPEL

Árbitro: Hugo Miguel (Lisboa)
 
Resultado ao intervalo: 0-0
Resultado final: 0-0

Amarelos: Diogo Melo (36´), Flávio Ferreira (64´), Cédric Soares (83´), Adrien Silva (90+1´), Peiser (90+6´), Matic (45´), Pereira (60´), Nolito (90+6´)

Vermelhos: nada a apontar.

Substituições: Diogo Valente por Magique (61´), Rui Miguel e Marinho por Danilo e Saulo (81´); Oliveira por Matic (46´), Nolito por Gaitán (53´), Djaló por Aimar (70´)

Comentário: Um jogo tremendo do Benfica, com qualidade ofensiva, capacidade para criar espaços e jogadas de perigo, criatividade, inteligência e dinâmica que só por mera infelicidade, uma arbitragem deplorável, o estado do relvado, do acrílico do banco de suplentes e dos adeptos que se esqueceram de cantar durante 22 segundos em todo o jogo, acabou a perder dois pontos. 

Agora temos de apoiar. Dizem-nos as estatísticas que ainda estamos em primeiro. Pelo menos nas próximas 4 horas. Quando as estatísticas nos disserem outra coisa, podemos sempre pensar que em 1999 estávamos muito pior. E assim sucessivamente. Porque o que importa é apoiar na blogosfera. Já não chega ir para Coimbra apoiar a equipa, meus caros. O que verdadeiramente está a faltar, o elemento-chave de tudo isto, somos nós, seres de uma importância transcendental nos destinos da nossa equipa. Os nossos blogues têm visibilidade, são lidos por jogadores, treinadores, dirigentes. Vamos querer criar-lhes traumas psicológicos com as nossas críticas? É evidente que não. Vamos apoiar!!! Apoiar muito!!! AINDA estamos em primeiro! Para a semana os gajos saem da Luz com 8 no saco. E, se não saírem, não faz mal: podemos sempre lembrar-nos de que no ano passado estávamos a mais pontos.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A insustentável Razão do Ser


Fico desapontado quando percebo que estou numa daquelas fases em que olho para o futebol com excessiva racionabilidade. E encarar o futebol com racionabilidade é retirar-lhe grande parte da emoção, é torná-lo mais previsível, é remeter os afectos para um plano secundário, é, em suma, privá-lo de tudo aquilo que é a sua essência enquanto desporto apaixonante. Olhar o futebol por este prisma é uma seca dos diabos, como está bom de se ver, mas não há volta a dar: tem sido, para mim, uma inevitabilidade cair neste abismo de quando em vez. Julgo tratar-se de um qualquer mecanismo de auto-defesa - desenvolvido ao longo dos anos de forma inconsciente e que cresceu à medida que os sonhos de gloriosas conquistas se desvaneceram - que serve para me chamar à Razão quando a euforia em torno do Benfica ameaça dominar-me.

Não sei se são todas iguais, mas a minha Razão é uma meretriz impiedosa, gélida e irritantemente assertiva, uma desmancha-prazeres sem par que só quer mal ao meu Benfica. Diz ela que é tudo para o meu bem, que não gosta de ver-me metido em ilusões vãs. Acha a espertinha que os momentos de felicidade e euforia tendem a convergir para a desilusão e por isso mais vale jogar pelo seguro. Grande besta. Como se atreve a amputar a felicidade de um benfiquista pleno de uma ambição que o faz sentir-se abençoado? Pois se pudesse escolher, via futebol apenas com o Coração. Foi Toni quem me mostrou que não há forma mais pura e bela de fazê-lo quando, naquele memorável jogo de Leverkusen, se pôs a gesticular e a falar sozinho enquanto andava à volta do banco de suplentes após Kulkov virar o resultado para 2-3.

Diz a Razão que devo acautelar-me, que o Benfica tem uma boa equipa, mas não tão boa como ela própria supunha no início do campeonato. O Coração jura a pés juntos que o Benfica é a melhor equipa do mundo e arredores. Mas a razão, essa vaca-de-chocalho, não se fica e insiste em demonstrar que a equipa do Benfica tem graves lacunas. E vai mais longe: diz que estas já podiam e deviam ser sido supridas, concluindo assim, de forma arrogante e soberba, que não é só a equipa de futebol que revela lacunas no clube. O Coração, atarantado, apelida a Razão de má benfiquista e atira que esta se queixa de barriguinha cheia pois está em primeiro lugar no campeonato. A Razão ergue o tom para lembrar que acabámos de perder em Guimarães de forma inapelável, assustadora até. O Coração, atemorizado, mirra e remete-se ao silêncio. A Razão toma-me de assalto. Assim mesmo, de rompante, grosseira, sem pedir licença, acomoda-se em mim durante dias, mais dias do que faria supor, tornando a minha semana irremediavelmente cinzenta, a roçar mesmo o deprimente.

Chegado o dia de hoje, a Razão resolve aliviar-me um pouco. Conheço-lhe as manhas: também sabe ser cruel, a Razão. Percebendo que estou completamente tomado por ela, deixa-me fugir-lhe um pouquinho, dá algum espaço ao Coração e fica à espreita, aguardando pacientemente a oportunidade de voltar a esmagar-me. Apesar de puta sádica, nem a própria Razão tem razão de ser se não tiver com quem discutir. O Coração aceita o desafio e entra de rompante com um poderoso “vamos a Coimbra golear”. A Razão argumenta com serenidade que a vitória pela margem mínima é mais plausível e deve ser considerada bastante satisfatória. O Coração remata que o Javi está de regresso, fortalecendo significativamente a equipa em relação ao último jogo. A Razão contrapõe que, a avaliar pelo último jogo, também as experiências de Jesus estão de regresso. Quase a perder as estribeiras, o Coração quer acreditar que Capdevila será finalmente titular. A Razão afirma que é possível, desde que Emerson seja o condutor do Audi que se espatifou contra o autocarro do Legia de Varsóvia. A calma e prontidão da Razão nas suas respostas levam a que o Coração exaspere e sentencie: “Ai é? Então olha, escreve o que te digo: não só goleamos como o Emerson vai fazer a assistência para um dos golos!”.

A Razão ausenta-se da discussão e pede para falar-me a sós. Diz-me que o melhor é que o post fique por aqui pois aquilo já não é o Coração a falar, é pura parvoíce. E explica-me que não posso correr o risco de acreditar em parvoíces daquele calibre sob pena de poder vir a ser confundido com um sportinguista.

Bem vistas as coisas, a Razão só me quer bem.


Crónicas sobre um suplente - I - o dia antes do jogo

Na noite anterior ao jogo, o suplente encontra-se em casa, de robe, a assistir à novela da noite. Pede à mulher

filha, traz-me aí um martini

e a mulher, compreensivelmente preocupada, responde

mas, querido, amanhã tens jogo.

O suplente limpa as cinzas que o cigarro deixou em cima do sofá, dá uma passa e diz, com ar melancólico, expirando fumo

não faz mal, meu amor, amanhã é para a ressaca no banco.

Triste, a esposa resigna. Prepara a bebida ao suplente e traz-lha embrulhada num beijo, com uma frase

para mim serás sempre o meu titular. 

Três martinis, duas cenas de sexo escaldante e 4 zangas entre irmãos que afinal são amantes depois, ao suplente sobem-lhe uns calores pelo peito quando observa a esposa de pantufas com dois ursos nos pés e uma camisa de noite que faz adivinhar metade de uma mama.

Filha, vamos para o quarto, aqui está muito frio.


A esposa, visivelmente concentrada na teia de amores e desamores do televisor, prefere o chuto para canto


Mas não podes, querido. Amanhã tens jogo. Sabes lá se o Jesus não te põe a jogar, nem que seja 5 minutos.


Estamos na paz dos anjos, amor. Aquele gajo de tão mau que é nunca se lesiona.


E foi mais ou menos assim, com avanços e recuos, problematizações estratégicas, novos assuntos que surgiram no momento e alguma condescendência feminina que, após o fim da novela - e só depois -, o suplente e a sua mais-que-tudo acabaram a ter sexo alcoolizado no dia antes do grande jogo.


A meio da noite, a mulher acordou assustada: Goooooooooooooooooooooooooolo, gritava o suplente. 

Filho, filho, estás a sonhar.

E o suplente acenava para o armário, atirava beijos, metia o candeeiro da cómoda dentro da camisola, corria o quarto em desvarios à Eusébio e saltava para cima da roupa, com os braços no ar.

Acorda, querido, é um sonho, não foi golo.

Entre cuecas e meias, camisolas e t-shirts, leggings, gorros, pijamas e uma camisola oficial de campeão do mundo, a cabeça do suplente surgiu, já acordado e em prantos.

Tens a certeza de que não foi golo, amor? O fiscal de linha não levantou a bandeirola.

Não foi, filho. Estavas em fora-de-realidade.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Momento publicitário da maior importância

Excelente a iniciativa que o "Cabelo do Aimar" teve: convidou Marinho Neves - conhecido jornalista, famoso pelas suas deambulações pela podridão do futebol português (haja um entre a plêiade de cobardolas que por aí pululam e disto fazem vida) - para uma entrevista honesta, desarmante, directa, sem rodeios. 

Desde a óbvia corrupção de Pinto da Costa e sua pandilha aos membros dos órgãos de decisão do futebol português passando pela necessária (mas sempre, exceptuando Dias da Cunha, recusada por parte do Sporting) aliança entre os dois grandes de Lisboa - há de tudo para todos os gostos.

Imperdível. Aqui.

Urreta é para jogar, Emerson para fazer anos e Gaitán para dar presente de Julho.

Não gostei de ver a "lesão" do nosso Jonathan. Ou melhor: não gostei de que a sua ausência tivesse sido alvo de algum silêncio suspeito por parte de quem, como eu, tão prontamente sai solícito em acusações ao modo de operar dos representantes do demo. E também não gostei de que a suspeita pudesse ter aparecido. Estaria o rapaz, de facto, muito adoentado? É possível. Enzo Pérez, pelos vistos, também tinha a mãe numa situação periclitante, situação óbvia para um empréstimo de seis meses. Quem somos nós para duvidar de mazelas físicas do nosso pequeno Urretaviscaya? Meros observadores do fenómeno e nem isso, talvez. Mas não gostei do que senti. E espero que no Benfica não se comece a pensar em seguir as pisadas do demoníaco senhor do Mal. Bem sei que é coisa rara jogador do Benfica sofrer destas pequenas convenientes indisposições, especialmente se compararmos com as recorrentes do lado de lá da barricada, mas preciso, tenho, quero reforçar esta ideia: para a próxima, joga magoado, só com uma perna, com 50 de febre, de robe, agarrado a uma algália, de máscara de oxigénio. Mas joga. E, se me permitem um elogio aos pobres coitados do outro lado da rua: o Sporting neste particular é um exemplo. 

E agora Parabéns aos nossos atletas Emerson e Gaitán. Ao primeiro, por ser um bravo guerreiro, desejo que tenha tido permissão do Jesus para se ausentar da convocatória; ao segundo, uma dose de humildade e duas de sacrifício. E que nos renda muitos milhões no Verão.

Hoje há curtas com molho de manteiga de alho

- O Porto queixou-se à UEFA do comportamento miserável de gente ligada ao Manchester City. Concordo e aplaudo a decisão. Usar, em vez de bolas de golfe, bolas de futebol e logo às quatro de uma só vez demonstra bem a delinquência daquele povo. 

- Geralmente sou a favor de todas as equipas estrangeiras que joguem contra Sporting e Porto. Mas hoje serei Ricardo Coração de Leão. A minha costela sportinguista falará mais alto. Penso que já é tempo de o Sporting jogar com equipas europeias a sério. Que eliminem os polacos e nos deliciem na próxima eliminatória. O país anda demasiado deprimido. Uma reedição da excelente prestação contra o Bayern (12-1) aguarda-se com alguma ansiedade. Força, Sporting. Transcendam-se contra esse portento futebolístico chamado Legia de Varsóvia. Contem com o nosso apoio.

- Já o Braga, apesar de clube satélite dos gajos que levaram 6-1, agrada-me que passe. É que ainda não estou certo de que os aprendizes não estejam na corrida pelo título. Ou, ao menos, pelo segundo lugar. E, se não puderem passar, que marquem dois e vão a prolongamento. Tudo o que seja serem goleados ou irem a prolongamento está bom para mim. Meios-termos é que não.

- Anda para aí uma onda politicamente correcta que é das coisas mais irritantes que há no mundo. Agora é a Federação Europeia de Gays e Lésbicas desportistas (FEGLD) - que, como o Dia da Mulher, não discrimina nadinha, claro que não - a acusar Mourinho de homofóbico por - e atentem na gravidade da coisa - ter dito sobre os russos do CSKA: «E esses mariconços? Não nos dizem com que bolas vamos jogar?». Não sei o que é mais grave: o Mourinho ter achado os russos mariconços - falha grave ao nível histórico, uma vez que toda a gente sabe e está documentado em acta planetária que, com mulheres daquelas, mariconços só na Sibéria e presos a uma mesa -, se a FGLANDE achar que aquilo é sinal de homofobia. Deixem-se de merdas, paneleiros do caralho.

- A equipa "fraquinha" (dizem-nos os entendidos) do Basileia ganhou ao "colosso" (dizem-nos os especialistas) do Bayern. Sabendo-se do sportinguismo generalizado que grassa pela comunicação social desportiva deste país, finalmente começo a entender a loucura que andava aí com o Botafogo do Domingos de há uns meses atrás. Se a premissa para se escrever num jornal é ser-se simultaneamente anti-benfiquista e sofrer da doença LuisCampesiana, então faz sentido. Felizmente que os suíços jogam na segunda mais importante prova europeia. Estivessem na montra fabulosa que é a Liga Europa e lá teriam de apanhar o Sporting de Sá Leão pela frente e aí é que eu queria ver se ganhavam alguma coisa.

- Parece que o Marselha anda doido para ser eliminado pelo Benfica nas meias-finais da Champions. São uns saudosistas. Pena é que não haja mais Bernardette nem um Veloso para levar amarelo nos últimos minutos. Mas há Emerson e há baixo-ventre de Cardozo. Imaginam a beleza de um Emerson a levar amarelo a 5 minutos do fim de uma meia-final europeia? Eu sei, sou um péssimo e horripilante benfiquista. Mas pensem no caso só um bocadinho. Juro-vos que há uma justiça poética neste sonho.

- Por falar em Emerson: quando é que o Capdevila lhe causa uma gripalhada no treino?

- Sábado apoiarei por dentro. Não ponho aqui a foto do meu bilhete porque acho isso um bocado badalhoco. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Tomás Pizarro descobriu-nos - está lançada a campanha por Bruno Carvalho!

«É só interesses dessa gente. Esperam a derrota com mais ânsia que um lagarto ou um corrupto. A conversa não passa do mesmo de sempre e só cai quem quer. Fico muito contente é de ver nos comentários a esses posts só gente a explicar-lhes o quanto são mentirosos e manipuladores. São desmascarados muito facilmente, pois intuito deles não é defender o Benfica, mas sim promover o descontentamento para colocarem no poleiro um VA ou semelhante»

 «essa gente de certos blogs são testas de ferro de Brunos Carvalho e Companhia. Qualquer coisa que não corra tão bem faz com que esses imbecis saiam da toca para dizer anormalidades para a caça às bruxas, com o intuito de minar a coesão benfiquita para lá porem, sonham eles, essa gentinha reles e ordinária. Não ligar nenhuma a essa gente é o melhor.»


Quando há quase 3 anos atrás viajámos nessa épica aventura de avião com Bruno Carvalho e sua comitiva estávamos longe de adivinhar que um dia seríamos desmascarados. Infelizmente para todos nós, há Tomás Pizarro. E, sendo assim, admitindo que a inteligência e notável poder de dedução que Pizarro possui não podem mais ser escamoteados, resta-nos admitir finalmente ao que viemos: queremos Bruno Carvalho no poder.

Sim, todos os que falaram em "agenda" e "interesses escondidos" por parte de quem aqui escreve tinham razão: a nossa sanha de há 3 anos a esta parte tem um objectivo claro, o de retirar Vieira do poleiro e lá colocar o homem que verdadeiramente defende os interesses do Benfica, um homem do norte, um homem capaz de fretar aviões e benfiquismo em dois minutos: Bruno Carvalho, o nosso mais-que-tudo.

Foi no avião da TAP que se decidiu a estratégia: aproveitar este blogue para uma crítica supostamente independente, criar barulho, gerar unanimidade entre aqueles que estão descontentes com o rumo que o Benfica tomou e atacar vergonhosamente a Direcção deste clube. Com mágoa o confesso: desprezei os interesses superiores do Benfica em troca de uma posição privilegiada na futura administração: serei Vice para a blogosfera e Director do jornal do Benfica. O Sérgio será o responsável pela Benfica Estádio e Vice para o Património e o Roger Director-Desportivo e Vice para as modalidades. Já JC - a vitória no concurso não foi por acaso; houve corrupção -, está a ser preparado para o pelouro de Presidente das Casas do Benfica, com especial incidência nos Açores, onde vive e onde tem distribuído panfletos muito bem redigidos (com bonecos) sobre a excelência das ideias de Carvalho. 

Não há muito mais que possa dizer neste momento. Uma mente mais observadora, como Pizarro, tê-lo-ia entendido logo nos primeiros tempos, quando aqui veementemente criticámos a antecipação das eleições com um argumento que roçou o ridículo. Apontámos na altura que era um acto vergonhoso que manchava de forma indelével a História do Benfica. Podemos hoje rir e até mesmo sorrir ironicamente uns para os outros: que argumento tão absurdo. Ninguém percebeu logo, pela fraca argumentação, que podia haver mais por debaixo do que aqui se escrevia? Foi necessário Tomás Pizarro para definitivamente o entenderem? 

Não me orgulho destes 3 anos. Não posso viver bem com a minha consciência pensando que durante este tempo fui escrevendo sob as ordens de Bruno Carvalho - eu escrevia, enviava-lhe os textos, ele lia-os, riscava o que não gostava, dava sugestões, enviava-mas por avião, eu recebia-as, chorava um pouco (era a culpa a falar mais alto, já nessa altura) e depois publicava; sempre, acreditem, com um pouco de mágoa e até remorso. E até ressentimento. E até culpa. Quase vergonha. Até vergonha. Quase nojo.

Não me orgulho mas vou em frente. Aqui chegados, é impossível voltar para trás. Aproveitarei este momento em que fui desmascarado para promover aquela que tem sido a minha ideia ao longo deste tempo: está na altura de lançar a campanha por Bruno Carvalho.

Em termos oficiais, fá-lo-emos em cima de uma charrete na antiga estrada de Sintra - Bruno Carvalho será içado por uma grua ao nível da cabeça dos animais e ali se prostrará em pose melancólica e sobrenatural. Dois pajens abanarão grandes leques com o símbolo do Benfica enquanto Bruno gritará de megafone na mão as novas ideias de um novo Benfica para o mundo. Contamos convosco para uma grande manifestação de benfiquismo, um pouco à imagem das festivas comemorações no ciclismo. Pintaremos a cal no alcatrão palavras de ordem, ordenaremos a meninas muito educadas que mantenham castiças bancas de limonada e bolinhos ao longo da via, cantaremos o hino do Benfica a plenos pulmões em cima de mulas e elefantes vindos directamente dos áridos de África, a convite especialíssimo do nosso líder. O Benfica nunca mais será o mesmo.

Nos termos oficiosos que nos mandaram executar, anuncio então que a campanha está lançada. Agradeço aos que, ainda assim, aceitarem a nossa ideologia e a agenda que temos para o clube, que nos enviem currículo e fotografia actualizada. Para além de contributo generoso (o que puderem dar, claro) para que o Benfica definitivamente atinja o patamar da excelência.

Com Bruno Carvalho no poder, até o Tomás Pizarro vai...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Reflexões de um abutre que devia "apoiar para não desmoralizar" ou inteligentemente relacionar símbolos dos NN com as derrotas do Benfica

Agora é uma boa altura para reafirmar o que foi sendo dito ou devo manter-me calado? Se, em momento de derrotas, serei "abutre" e, em época de vitórias, devo "apoiar e não desmoralizar quem trabalha no Benfica" - que tempo sobra para a lucidez?

Dei uma volta pelo universo blogosférico. Como esperado, os defensores do "apoio" e do insulto fácil a quem reflecte sobre os problemas do Benfica, descobriram agora que afinal nem tudo são rosas.

É uma coisa tão facilmente antecipável que já nem graça tem; é mesmo só triste. Pela incapacidade de muitos em lidar com uma forma de pensar diferente e, acima de tudo, pela burrice patológica dos que defendem coisas como, por exemplo, serem os símbolos dos NN a causa dos males do Benfica. Não, não é invenção. Há um gajo alucinado que pensa isto: não fossem as imagens escolhidas pelos NN para seu símbolo, o Benfica ganharia mais vezes. Este, suponho, não é abutre. Este é dos bons.

Claro que além da infelicidade que teve quando viu o quoficiente de inteligência que possui, ao rapaz também favorece ser estúpido. Assim, pode estar sempre bem com a sua opinião estupidificada. Se o Benfica ganha, vénias imensas à estrutura, ao treinador, ao grande Presidente - sempre contra os abutres, claro; se o Benfica perde, a culpa é do símbolo dos NN. Ora digam lá que não está aqui uma brilhante forma de pensar. Achamos até que o sujeito tem as condições necessárias a fazer parte do jornal do Benfica. Não devem ser desperdiçadas estas figuras com tamanho grau de contorcionismo. Seria uma mais-valia e uma opção de banco para quando o titular falhasse à chamada. Pensem no caso.


Portanto, só para relembrar algumas das coisas que aqui vão sendo ditas (devidamente criticadas com insultos aos escribas que as proferem, como tem de ser uma sociedade democrática):

- Emerson é mau, não serve.
- Matic não é trinco.
- O Benfica não pode jogar em 442 nos jogos fora, especialmente se tiver Javi fora das opções.
- Gaitán numa ala só em 433.
- Emerson é mau, não serve.
- Em Janeiro, devíamos ter ido buscar dois laterais: uma para a direita, outro para a esquerda.
- Se possível, contratar alguém que fizesse a posição de médio de transição. Salino foi proposto - seria um "dois em um", porque lateral-direito e médio. 
- Emerson é mau, não serve.
- Bolas paradas são marcadas de forma ridícula.
- O Jesus não sabe conviver com o sucesso continuado - tende para a loucura e apostas de risco sem sentido nenhum.
- Inebriada pelas vitórias, a Direcção do Benfica não só não reforçou decentemente o plantel para os 4 meses de grau de dificuldade muito elevada que se adivinhavam como ainda o inferiorizou. Com as saídas de Amorim, Pérez (num processo que devia envergonhar quem dirige o clube, entre mentiras, novelas venezuelanas, pedidos de desculpa, contradições e a descarada falta de vergonha de, em directo, assistirmos ao próprio Presidente falar aos adeptos como se fossem estúpidos) e David Simão - para além do empréstimo de Nuno Coelho no início da época -, o Benfica passou a ter um único pivot defensivo e apenas dois médios de características defensivas. 3 jogadores para 4 meses de jogos intensos e consecutivos.
- Com melhor treinador, melhores jogadores e uma anedota a treinar o Porto, só muita incompetência e grau de bazófia acentuada poderiam evitar que fôssemos campeões. As duas viram-se várias vezes ao lóngo da época, sem que a equipa tivesse perdido (quando falava no caso, sugeriam-me os educados comentadores resultadistas que agora era "tempo de apoiar e não desmoralizar a equipa, o Benfica estava a ganhar, o que é que eu queria mais?"). Agora não só apareceram como chegaram com resultados (logo, agora sou "abutre", porque estava à espera disto para achincalhar). O que me preocupa não é a derrota em si (uma derrota em 19 jogos é excelente), mas a forma como ela aconteceu. Um Jesus que decide entrar em Guimarães daquela forma é um Jesus muito perigoso. E sem noção da realidade.
- Não bastando a nossa incompetência para resolver as lacunas do plantel, os nossos adversários reforçam-se: o Braga recebe um internacional português, médio de boa qualidade, polivalente, precisamente o que nos falta (adivinhem? fomos nós que o oferecemos!) e o Porto vai comprar cirurgicamente jogadores para as posições deficitárias.
- Quando Vieira abre a boca, o Benfica perde. Já não é só coincidência, é mais profundo do que isso: Vieira decide falar quando, dentro da estrutura, há uma noção de que "é tudo nosso". Não aprendem, os gajos. E só lá vão 12 anos disto. Há-de estar para vir um novo ciclo em que, aí sim, faremos as coisas como elas devem ser feitas. O ciclo da falta de bazófia estupidificante. E Vieira depois pedirá desculpa pelos últimos 12 anos e assumirá muito heroicamente: "cometi um erro".


Dito isto, vamos lá a Coimbra então ver se no Benfica há capacidade para dar a volta a isto ou se iremos repetir o definhamento da época passada. Jesus, o Witsel é para jogar sempre. Não tens mais ninguém, pá. Além de que deixar o Aimar só com um médio atrás é capaz de ser um bocado estúpido: cansas o rapaz desnecessariamente e partes a equipa em dois blocos. Não há muita nota artística nisso.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Podem tirar Jesus da Amadora mas a Amadora vive sem o Jesus

Vamos a factos: Jorge Jesus é um bom treinador. Mais factos: Jorge Jesus conhece o futebol. Ainda mais factos: Jorge Jesus sabe mais de futebol do que todos os bloggers, adeptos e sócios do Benfica juntos e ainda sobrarão palavras para nomear Jorge Jesus como uma pessoa que sabe mais do que todos os outros.

Então por que razão Jesus decide, com Javi lesionado e Matic no seu lugar, abdicar de ter meio-campo? Por que razão Jesus abdica, num jogo fundamental, de ter Witsel em campo? Por que caralho de razão Jesus vai para Guimarães, após um jogo europeu de enorme desgaste, como se estivesse na Luz e, pior, decida optar por um meio-campo sem capacidade para ter a bola? Eu tenho as minhas razões, mas deixo ao vosso critério.

Há respostas mas não sei se vocês querem saber. Aliás, sei que não querem. Não cabe na cabeça do gajo mais incompetente (falo de Luís Campos e outros que seguem a sua escola) aquilo que hoje se passou. Portanto: Matic (que tem dificuldades posicionais) e Aimar. Vou repetir: num jogo fundamental, Jesus decidiu o meio-campo do Benfica assim: Matic e Aimar. Não chegando, Gaitán numa ala. 

Agora que estamos esclarecidos sobre a qualidade de Jesus como técnico, resta-nos o resto: o que faz Jorge da Amadora fazer o que fez? Eu respondo: a estupidez, a imbecilidade. Jesus, apesar dos Sérgios, é um bronco. E é por isso que nunca será um treinador de topo. 

Já tínhamos a noção disso pelo facto de deixar Emerson como jogador do Benfica. Agora chegou (se não tivesse chegado duas épocas antes e na última) outro conceito: Jesus quer demonstrar que é capaz de ganhar às velhas no Bingo. 

Linha! E Jesus adora. E, quando não é linha, Jesus vai atrás de outras linhas. De outros bingos. O problema de Jesus é que é sportinguista.  



 E agora o final desta dissertação: estarei em Coimbra.

Menos benfica... (actualizado)

Emerson é aquele cancro, chega a ser humilhante.
Nolito foi menos prático do que é costume.
Aimar cometeu erros.

Mas o verdadeiro problema foi:
Falta de vontade e a cegueira de Jesus com o 4-4-2, que de tão cego chega a tirar o witsel (o witsel???) - BURROOO!
A pasmaceira do cardozo. Como é que é possível um gajo daquele tamanho passar o jogo inteiro sem ganhar bolas, sem conseguir tabelar, mas principalmente, sem conseguir aparecer em posição de finalizar!

De forma indirecta, acho que a entrada de gaitan no 11 não favoreceu a equipa, veio perturbar uma máquina oleada.

No final, no entanto, fica a ideia de uma falha colectiva, uma falta de vontade e de intensidade irritante. De tal forma que ainda deu para o Artur brilhar.

P.S.: Foda-se, e marcar cantos como dever ser, meus montes de merda? Ah, e um livre ou dois, se faz favor...

P.S: O xistra não fez merda em especial, fomos mesmo só nós...

P.S.2: Esqueci-me de atrofiar com o atrofiado do matic. Veio por 5m€, não foi? ah,então está bem...

Decisivo ou talvez não


Olho para os nossos adversários e penso em como seria uma tremenda injustiça não nos sagrarmos campeões esta época. A equipa do Benfica apresenta a regularidade e consistência exibicionais que fazem os campeões, conseguindo com frequência aliar a estes dois factores o sempre desejável futebol-espectáculo, determinante para entusiasmar os adeptos, fazendo-os entrar numa perfeita comunhão com a equipa que transcende e relega para segundo plano as mais prementes necessidades do adepto benfiquista. E, como todos bem sabemos, não há nada nem ninguém que afecte o estado de espírito de um benfiquista empolgado. Ou há?

Se os factores atrás descritos me dão motivos para encarar a segunda metade do campeonato de uma forma optimista, outros há que me deixam algo apreensivo. E já não falo das carências óbvias do plantel, nomeadamente da qualidade (ou falta dela) de alguns jogadores que envergam o manto sagrado. Fechado o mercado de Inverno não nos resta grande alternativa senão rezar para que a velha máxima “fazer das fraquezas forças” se aplique em todo o seu esplendor, pois é com estes jogadores que temos de contar até ao final. O que me deixa apreensivo - e, certamente, a todos os benfiquistas -, dizia eu, é verificar que o triste espectáculo das nomeações de árbitros continua a passear o seu perfume pestilento de forma desavergonhada. Isto vai requerer outro tipo de trabalho por parte de Jorge Jesus, muito para além do treino físico ou táctico: urge preparar mentalmente os jogadores para o que aí vem. Um gesto irreflectido por parte de um deles poderá comprometer irremediavelmente tudo o que de bom se fez até aqui. De um jogador nervoso a uma equipa à beira de um esgotamento vai um pequeno passo. Parece-me que Jorge Jesus já percebeu isso, a avaliar pela forma como Luisão afastou e mandou calar os colegas que protestavam o ridículo penalty assinalado por Jorge Sousa a Emerson. Não foi um simples “calem-se” que eu vi ali. O que eu vi ali, quero crer, foi um “calem-se que a gente já mete mais duas ou três no bucho a estes cabrões”. Este é, indubitavelmente, o caminho para atingir a vitória. Não há outro.

Daqui a poucas horas temos um jogo complicadíssimo. Desenganem-se aqueles que pensam que o jogo do título é o de 2 de Março. Ou bem que chegamos lá com a vantagem pontual merecidamente conquistada até este momento, ou tudo poderá desmoronar-se que nem um castelo de cartas. Sim, é uma visão pessimista, mas já tive visões destas em cor-de-rosa e só me trouxeram dissabores. O jogo que decide o campeonato é hoje e se a equipa não encarar isto desta forma está dado o mote para o fracasso. O Vitória de Guimarães é, tradicionalmente, um adversário difícil de superar. Jogando em casa, é duplamente mais complicado. Com Xistra a arbitrar, as dificuldades mais do que quadruplicam. É chegada a altura de sermos espertos e Jesus, com todos os defeitos e virtudes que possa ter, é esperto. No meio da inquietude que sinto neste momento, a esperteza de Jesus descansa-me um pouco. Se é certo que o campeonato ainda está muito longe de estar decidido a nosso favor, não é menos verdade que a glória suprema pode estar ali ao virar da esquina.

Fevereiro é, portanto, o mês das grandes decisões. É em Fevereiro que vamos saber se recebemos os azuis com uma margem confortável, se apagamos as luzes do campeonato mais cedo ou se as mantemos acesas até ao final. E é também em Fevereiro, conforme garantiu o nosso presidente, que se decide o negócio dos direitos de transmissão do clube, fundamental para o Benfica dos anos vindouros, onde se saberá se o Ás de trunfo “Benfica TV” não era apenas uma manilha seca.

O meu poema para hoje

Roubado ao Editor69


Artur
Maxi, Luisão, Garay, Capdevila
Matic
Gaitán, Witsel, Nolito
Aimar
Cardozo.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Viagem ao Benfica





Passei muitos Fevereiros da minha vida a ver o Benfica a demasiados pontos da liderança. Tive azar no ano de nascimento, azar nas pessoas que vi tomarem conta do clube, azar no momento, azar na História. Tivesse eu nascido nas décadas anteriores e todo o meu crescimento e entrada na vida adulta - embora não esteja ainda certo de que algum dia algum ser humano o faz - teriam sido momentos à Benfica. Momentos de vitórias e felicidades umas atrás das outras.

Como nasci em 1981, o máximo e mais feliz que posso dizer de mim é que como ser benfiquista - e o benfiquismo é de longe mais importante do que a cidadania ou até, se queremos ir ao fundo da questão, da existência - vivi uma infância feliz, pontuada, ainda que ao de leve e já na entrada para a adolescência, por uma suspeita que nascia no meu pequeno coração de adepto: a chusma tinha invadido o futebol português.

Lembro-me do momento preciso em que perdi a virgindade do amor puro ao futebol: estávamos no início de 90´s, o Estádio da Luz a transbordar 120.000 almas, vermelho, branco, loucura e desvario, sol sobre nós, um clássico contra o Porto e um árbitro.

É importante que se fale na forma como eu via os árbitros: uma gente estranha que não podia tocar na bola, que se vestia de modo peculiar, que não era de nenhuma equipa e que, por alguma razão que me transcendia, tinha o direito a pisar aquele viçoso relvado que parecia ser acessível apenas a artistas - epíteto que não podia ser atribuído a tais personagens já que uma vez, a meio do aquecimento, vi um deles tentar dar toques numa bola, não passando dos quatro e, para ser delicado, uns quatro muito mal amanhados. Virei-me para o meu Pai, incrédulo: "O que faz ali aquela pessoa?" e ele deve ter dito qualquer coisa muito pedagógica e educativa que ainda me fez mais confusão uma vez que eu estava habituado a vê-lo atirar caralhadas ao excelentíssimo senhor jogos, meses e anos a fio.

Para mim, o árbitro estava ali porque não tinha outro síto para onde ir. Talvez não tivesse casa, fosse pobre, não tivesse família ou gente que o recebesse para uma almoçarada. Talvez tivesse ganho o bilhete no 123 e o Carlos Cruz o tivesse avisado: "olhe, você vai ao estádio mas, como está cheio, tem de ir ver o jogo no relvado". Alguma razão tinha de existir para aquela pobre alma andar feita louca varrida em correrias atrás dos meus jogadores e até dos outros. Uma razão que, devido ao meu cérebro mirrado, atribuí a factores além-futebol, nunca me passando pela cabeça que aquele gordo careca tinha uma relação sensorial com o jogo.

E foi então que percebi: ele estava ali para mandar. Não sei porquê nem quem lhe tinha dado esses direitos mas apercebi-me de tal ignomínia quando, sentado ao lado do meu Pai e de um amigo portista (que, neste dia, sob aquele sol imenso e de frente para um coliseu vibrante de encarnado, terá ponderado mudar de clube - o que acabou por não fazer e ainda hoje sente remorsos de tal facto), o filho da puta do árbitro (estou a citar o estádio) fez uma daquelas exibições que ficarão para os anais - literal e não literalmente. Não me recordo totalmente de todo o manancial de palhaçadas que o excelso executou, mas sei que saí daquele jogo pronto a contar na escola a novidade: já não era virgem.

Tive azar na década. Pude, no entanto, experimentar Benfica durante 12, 13 anos e esses levo colados ao peito, orgulhoso, com aquela saudade triste das coisas que sabemos que não podem voltar. Gostava de dá-las de presente a quem nasceu 10 anos depois de mim, entre abraços: "Tiveste ainda mais azar do que eu, toma, fica com isto: é o Benfica".

Pior do que ter visto o Benfica desaparecer num lodaçal de equívocos só o nunca ter visto de forma nenhuma. Por isso me merecem tanto respeito os jovens de 20 anos que trazem o Benfica com tanta força agarrado ao coração - como se, por osmose, entre pais, primos, tios, amigos, conhecidos, estranhos, o benfiquismo tivesse conseguido verter para dentro deles. Por isso quero tanto, por eles e por mim, que o Benfica regresse.

Passei muitos Fevereiros da minha vida a ver o Benfica a demasiados pontos da liderança. Façam-me este favor: dêem-me um Março campeão.

Estamos Xistrados

Na Federação Portuguesa de Futebol, liderada por uma nova equipa de excelsos defensores da verdade desportiva - equipa essa que mereceu da parte do Benfica um "apoio inequívoco" -, promove-se a manutenção de um certo romantismo do passado. 

Ainda há lugar ao lirismo e à preservação das tradições seculares - as conversas de bastidores, as tricas, as zangas, os telefonemas obscuros, as ligações suspeitas, as idas à Madalena receber notáveis conselhos matrimoniais do pintinho das bufas, os pagamentos a árbitros, as dádivas solidárias e generosas de belíssimas viagens ao Brasil, as acções sob o jugo do homem do robe (de quem também somos muito amigos) fazem parte de uma herança rica e fundamental na historiografia do futebol português. Importa, por isso, mantê-los e, se possível, aumentar a teia de influências numa perspectiva universal - caramba, somos todos gente de bem, amemos o próximo como a nós mesmos.

Digamos assim: Fernando Gomes pulou da cadeira da Liga no Porto, de onde saiu abdicando do cargo para que fora eleito por gente que em nele acreditou (como nós acreditámos e voltámos a acreditar agora), para a cadeira da Federação em Lisboa mas a essência, o âmago da ideologia, mantém-se: por um futebol limpo de quaisquer impurezas. 

Isto diz-nos o próprio Gomes - que nunca foi ouvido em escutas e muito menos foi sabido que era responsável pelos pagamentos e outras oferendas a dignos representantes da Lei deste país, para além de essa execrável ignomínia lançada por gente de parcos recursos ao nível da sensibilidade e formação moral que dava conta de ser Gomes apenas e só um fantoche nas mãos do senhor do robe (de quem somos, ressalve-se, muito amigos) - e dizem-nos outros agentes da luta pela verdade desportiva, incluindo o nosso Presidente que, com o seu "inequívoco apoio", garante aos benfiquistas que - tenhamos todos calma e muita paciência - há obra a ser feita, agora é esperar para ver.

E, de facto, não podia ter sido mais clarificador da obra que se encontra em marcha esta última nomeação para o jogo de Guimarães. Foi quase de lágrimas nos olhos que assisti ao nome do árbitro do encontro de Segunda-Feira, de tal forma ele me emociona só de pensar nas exibições de grande monta que este juiz efectua, ano a ano, jogo a jogo, sempre de uma imparcialidade e uma ausência de anti-benfiquismo - fossem todos como ele e este futebol já teria uma cara mais limpa, acreditem no que vos digo. 

Temos de ser justos: não concordámos com o apoio do nosso líder, duvidámos das intenções deste ex-administrador da Sad do Porto, criticámo-lo, explicámos as nossas discordâncias e expusemos novos pontos de vista mas, chegados aqui, a este momento em que nos apercebemos de que as tradições ainda são o que eram e que está chegado o instante que já é uma das atracções do ano futebolístico - o chamado «Xistrema ataca em força em jogo de crucial importância, não vão estes gajos ganhar mesmo isto» - não só nos curvamos perante a defesa intransigente do Benfica por parte do nosso grande Presidente como até estamos dispostos a aceitar as novas ordens vindas das crónicas do jornal do clube e até de gente que há uns tempos dizia raios e coriscos de uns e outros e que hoje parece ler na Olivedesportos e seu tiranito a bíblia do que deve ser palavra, ordem e lei. 

Carlos Xistra é, acima de tudo, um entertainer, um bom rapazola, um espertalhaço. Traz emoção ao campeonato, adora o equilíbrio de forças, aquela contenda rasgadinha até mesmo ao finalzinho da última jornada - é, no fundo, um romântico daqueles que já quase não existem. Mas isto se for o Benfica a ir na frente. Se for outro clube - e não vamos agora estar aqui a nomear clubes e a criar teorias da conspiração, afinal sabemos perfeitamente que o futebol lusitano está limpo de toda essa miséria que o atormentou no passado -, Xistra gosta é de resolver logo as coisas para que, enfim, compreendamos, as equipas portuguesas se deixem de fitas e cansaços desnecessários e possam ir às finais e meias-finais europeias. 

Quem não se lembra desse acto profundamente altruísta de Xistra no ano passado, em que, toldado pela nobre ideia de resolver as contas do campeonato e assim poder devolver à Liga Europa Benfica, Porto e Braga em excelentes condições de a disputarem até ao fim - o que acabou por ser feito, com notável mérito -, Carlos fez uma das suas mais brilhantes actuações, atingindo a euforia e o generalizado regozijo quando decide expulsar Javi Garcia por este ter sido empurrado por Alan. Bravo, Carlitos, bravo! A multidão empolgou-se, finalmente um árbitro com princípios e valores acima de quaisquer suspeitas. O futebol português orgulhosamente agradeceu. 

E ainda hoje há quem peça encarecidamente a Fernando Gomes que, mais dia menos dia, Xistra volte a arbitrar o Benfica, especialmente agora, dizem, que o campeonato parece estar muito monótono. É altura de agitar as águas, dizem vozes obscuras em telefonemas parecidos com outros que também existem, toda a gente pôde ouvi-los, toda a gente pôde saber que os ouviu e que eles são de facto reais mas que os juizes têm de fingir que não sabem nem nunca ouviram falar em tais coisas. Um pouco como o marido que, em vez de ir ao quarto, prefere levantar o som da televisão para que o gajo que está na cama a comer-lhe a mulher não se chateie e ainda o venha sovar a ele - isto tudo num ambiente de verdade desportiva, esclareça-se de vez para que não haja enganos.

E então Gomes, nosso querido amigo, antigo pagador de oferendas e dádivas mil, hoje vassalo do outro nosso grande amigo que, diz o jornal do Benfica, é uma personagem que não oferece qualquer espaço para dúvidas - um empresário de valia, que apenas quer investir e garantir lucro e nada, mas nada mesmo, juro-vos, para além disso -, tratou do assunto, levantando-se muito enérgico da cadeira, depois de ter fugido da outra: "ponha-se Xistra no jogo do Benfica!", "Este é jogo para Xistra!", "Xistra, amigo, apita com alma!", e várias outras frases que, em catadupa, foi fazendo, registando até a notável inspiração num caderninho que mantinha sempre no bolso do casaco, para estes momentos em que a vida o iluminava e o amparava no seu leito de transcendência. 

Estamos Xistrados.





sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Lagartices antológicas

«Ao nível do relvado, uma outra resposta será também oferecida, e irá uma vez mais o Sporting demonstrar na prática aquilo de que é feito, o suporte de vida que é só seu, conquistando no campo do infeliz e pobre de espírito adversário um triunfo que não lhe fugirá.
Não interessará que jogue fora, nem interessarão as probabilidades de vitória que uma ou outra parte à partida transportem, porque mais logo, repito, iremos alcançar uma vitória que não se atreverá a de nós tentar esquivar-se.
Podem disso estar seguros. Sabem porquê? Porque somos mais fortes, dignos, honestos, honrados, e porque lutamos há 105 anos para que todos esses atributos permaneçam qualidades. São a nossa garantia.

Ganharemos porque somos melhores, somos o Sporting Clube de Portugal.» 

MM, a 26 de Novembro de 2011, fazendo a antevisão do Benfica-Sporting.






«E tal, significará, assim façamos 74 pontos no campeonato: dobradinha.
Uma certeza para já tenho: 11 de Dezembro, como vaticinado, iremos estar no 1º lugar do campeonato. Difícil? Não muito.

A competência trouxe-nos perto da oportunidade. O coração tratará de agarrá-la.
As oportunidades servem para isso mesmo. Elas estão aí.»
 
MM, a 21 de Novembro de 2011, versando sobre as capacidades do Sporting num texto intitulado "A caminho de uma dobradinha que não nos fugirá".




«Para a grande parte dos sportinguistas Jéffren não passa de um perfeito desconhecido vindo do melhor clube do mundo na actualidade. Esta malha de adeptos leoninos, com incidência para aqueles que não têm acesso às novas tecnologias, têm de esperar pelas apreciações dos experts em futebol para recolherem mais informação sobre o novo reforço. Freitas Lobo reputado intelectual do futebol que tinha dito que Purovic não enganava e era um grande finalizador, já Querido Manha conhecido benfiquista, “apaixonado” pelo tipo de futebol de Balboa, foram dois dos vários opinadores que puderam elucidar os leões sobre Jéffren. A qualidade das suas análises estava provada com as apreciações a Purovic e Balboa…

Qualquer Sportinguista deve ter ficado com água na boca quando ambas as sumidades referiram que Jéffren estava “quase” (fantástico) ao nível de Nolito, mega estrela que aterrou na luz, depois de recusar (para benfiquista ouvir) renovar pelo Barcelona para ingressar no clube da águia.

Como é óbvio e para minha felicidade consegui juntar às palavras dos comentadores a minha própria pesquisa. Fui ao youtube e fiquei estarrecido. Lobo e Manha foram simpáticos com o Sporting. Jéffren está a anos luz de Nolito: o Chupa Chupa é 50 vezes mais jogador que o nosso reforço.

Verdade seja dita, fiquei com a pulga atrás da orelha. Então, se pelos vídeos Nolito é tão superior, escapou-me a razão de haver tanta dificuldade em valorizar o encarnado em relação ao verde que normalmente é tão fácil.

Não me deixei ficar e fui ver os vídeos com mais atenção e percebi…a Manha do Lobo! Nolito não existe, ou como diziam os espanhóis, quem é Nolito (comparando co Jéffren)?

Enquanto Jéffren enfrentava Sérgio Ramos e marcava o 5º golo do Barcelona frente ao real, Nolito digladiava-se com o poderoso defesa direito do Huesca.

Enquanto Jéffren actuava nos maiores estádios do mundo: Nolito passeava classe e perfume em recintos parecidos ao António Coimbra da Mota, com carros estacionados atrás da baliza (ver youtube), sem esquecer o famoso estendal com as truces húmidas dos jogadores estendidas.

Enquanto Jéffren disputou dezenas de jogos pela equipa principal do Barcelona: Nolito ficou-se pelos 2, mas bate Jéffren em presenças na equipa B.

Enquanto Jéffren é internacional espanhol em todas as categorias: Nolito gostava de ser internacional espanhol.

Enquanto Jéffren se debatia com Messi ou Pedro: Nolito disputava o lugar com mega craques como Cristiano Tello, Saúl Berjón ou Benjamin Martinéz.

Enquanto o Barcelona quis ficar com parte do passe do Jéffren e opção de recompra, com palavras elogiosas de Guardiola que o via como parte integrante do plantel: Eusebio Sacristán (treinador do Barcelona B) teve muita pena de o ver Nolito partir a custo 0, dispensado pelo Barcelona.

Por último e mais interessante: Nolito apesar de ter mais um ano de idade tinha vedada a entrada no plantel principal do Barcelona por um outro jovem de nome…Jéffren…

Quer isto dizer que Nolito seja mau ou não venha a ser um grande jogador. Não! Quer dizer somente que quem visse chegar este dois atletas sem conhecimento prévio das suas qualidades, e pelo que é possível recolher de cada um…Jéffren é melhor.

Dentro de campo o futuro dirá, mas vamos ser sérios, e não comparar o incomparável!

Ui se fosse ao contrário. Mas que anda aí a azia a montes, com Capel e Jéffren…e ainda não jogaram!»
 
Leão Pensador, do Conselho Leonino, dissertava assim a 4 de Agosto de 2011. 




E o Sporting é o nosso grande humor. E continuamos à espera, já lá vão 7 meses, das explicações sobre os 16.000 títulos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Golos do Zenit (e o porquê do meu mau benfiquismo)

Primeiro golo - Lançamento lateral pelo lado direito da nossa defesa. Maxi pressiona o jogador que recebe a bola, Gaitán o que faz? Está parado. Em vez de estar atento ao movimento do russo que aparece nas suas costas - mais ainda porque Maxi foi pressionar no espaço interior -, Gaitán olha a jogada como se fosse adepto. Quando vê dois jogadores sozinhos em situação de cruzamento, imita uma corridinha. Demasiado tarde.

Segundo golo - Bola nas costas de Emerson - Spalletti, afinal, sabia -, Garay compensa. O que faz Emerson? Em vez de acompanhar o movimento dos jogadores que aparecem nas costas, compensando o espaço do central que ficou vazio, Emerson continua a correr em direcção a Garay e ao jogador que Garay está a marcar. Demasiado mau.

Terceiro golo - Bola nas costas de Emerson - Spalletti, afinal, estava a par -, jogador com tempo e espaço para o cruzamento. Depois um erro inacreditável de Maxi Pereira. Demasiada ignorância e pouca clarividência.

A ver se nos entendemos: o meu Benfica, aquele em que eu acredito e o qual vive dentro de mim, não é o Benfica que se acomoda a vencer, em 10 anos, dois campeonatos. Não é o Benfica que, por ter bons jogadores, me deixa descansado por fazer boas exibições nem é o Benfica que aceita ter um jogador displicente e outro medíocre no onze titular. Não é, de certeza, o Benfica que tem uma treinador que, por teimosia, quer demonstrar ao mundo que pode ser campeão e ir longe na Europa com jogadores desta estirpe. O primeiro, Gaitán, não tem respeito nenhum, nem pelo jogo em si nem pelos adeptos que sofrem por aquele símbolo que ele leva envergado; o segundo é um bravo guerreiro, um trabalhador, mas um jogador limitadíssimo, que não pode, REPITO: NÃO PODE, fazer parte do plantel, quanto mais ser um titular indiscutível.

O meu Benfica é humilde e assume os erros. É um Benfica que, em Janeiro, depois de ver a borrada que fez com o lateral-esquerdo, tem já preparado um plano que resgate um jogador de qualidade inegável para a posição, porque sabe que terá, até ao final da época, jogos em que precisará não de 9 ou 10 bons mas de um onze em que não haja elos mais fracos. Para o Nacional e para o Paços de Ferreira, podemos entrar com 9 ou 10 em campo, que ganhamos, porque somos muitos melhores. Para o Porto e para a Champions League, onde além de grandes equipas há grandes treinadores (que vêem o que os outros não vêem), estamos sujeitos a isto. Não foi por falta de aviso.

O meu Benfica é um Benfica de adeptos exigentes. Não de adeptos que confundem "apoio" com cegueira. Não é o Benfica dos Robertos nem dos Emersons. Não é o Benfica que muitos daqueles que pedem "apoio" ao Emerson, como pediam "apoio" ao Roberto", e pedem "compreensão" para com Gaitán, acreditam. Porque esse Benfica estará sempre mais próximo de não ganhar absolutamente nada. De que vale ter um bom plantel se há falhas evidentes que não são supridas? Não ter contratado ninguém para a lateral-esquerda em Janeiro foi um erro. Um pouco como se tivéssemos mantido Roberto esta época e não tivéssemos ido buscar Artur. Por "apoio", por "compreensão" - no fundo, por parvoíce. 

Mas estes adeptos, além de não verem o óbvio, têm outra característica ainda mais interessante: não querem que os outros vejam e digam o que acham. Nem pensar, todos temos de calar perante a sabedoria dos que nos dirigem e treinam. Por muito que vos custe, esse não é o meu Benfica.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Agora só falta humilhar


Coincidência ter sido Bruto Alves a afastar Rodrigo do jogo e provavelmente dos próximos? Sim, para aqueles que passam a vida a rezar a um deus qualquer que supostamente é Pai de um carpinteiro que a única função que teve foi alertar o povo da sua aldeia para a racionalidade. Curioso é tudo isto, um homem decidiu entrar na História pelo lado lúcido e acabou a gerar milhões de alucinados que ainda hoje rezam coisas à espera de uma salvação que não vem.

Bruto Alves é o melhor exemplo do que é o Porto, não é necessário mais nada: mentira, sujidade, desportivismo às avessas, maldade, pobreza de espírito. Se ainda restassem dúvidas sobre o lance em que o energúmeno varre Rodrigo bastaria olhar-lhe os gestos no pós-homicídio: um orgulho que lhe sobrevive de ser um exemplar filho da puta. E depois o problema é alguém fingir-se de cão e mijar na bandeirola de canto. Portugal vive o que merece: se há subserviência a esta gente, algum dia seremos país? 

Irmãos destes crápulas são os homens que vivem a mandar no futebol europeu. Numa fase adiantada da competição, fará sentido aceitar condições pornográficas como as que os jogadores encontraram, onde o que conta não é a qualidade das equipas mas a capacidade de superar frio e pelado? Nas distritais dos juvenis joguei em palcos melhores, talvez seja hoje ingenuidade pensar que a UEFA preserva o futebol sobre o mercantilismo. Mantenho, porém, o sonho de ver gente que goste de ver o jogo para além dos euros. Hoje isso não aconteceu - os euros mantiveram duas equipas a jogar num quintal de couves porque a Rússia interessa do ponto de vista estratégico. Cansa-me a estratégia, cansam-me os filhos de puta que mandam no futebol e no mundo, cansa-me gente que não tem amor nem paixão por aquilo que pode ser este desporto se alguém o amar e por ele estiver apaixonado. Não estando, é isto que temos: um jogo que se decide pela capacidade de uma equipa sobreviver melhor ao clima. E estamos em 2012. Kubrick e Asimov choram as penas de uma vontade que nunca aconteceu.

Sobre nós, tenho orgulho nos nossos heróis. Dois golos pela esquerda e uma falha de Maxi podem gerar discussões. Mas eu, como mau benfiquista, quando chego aqui já deixei de alertar. Como diz o Sérgio: tem tudo a ver com critérios. Se formamos uma grande equipa e deixamos pontas soltas, é normal que os erros aconteçam. Só se pede, com magistral vénia, que sejamos campeões e que na Luz acabemos com estes russos que, num bom relvado, merecem levar uma sova para a história. Parecendo que não - e eu estou fodido convosco -, o resultado não foi nada mau.




Carrega Benfica

Há uma linha de pensamento, que é como quem diz: um espumar da boca, que leva malta a vir aqui acusar-nos de falso benfiquismo e outras alarvidades. É uma imbecilidade. Há outros, porém, que aceitando o nosso benfiquismo, nos criticam por criticarmos, pela falta de apoio “benfiquista” que transparece deste blogue. Há disto às resmas em todas as caixas de comentários. E esta conversa porquê? Para prestar alguma (a possível) solidariedade. Compreendo-vos. Quem foi benfiquista durante os vale e azevedos e damásios e artur jorges e nelos e kings e pringles e tudo o mais sabe. Eu sei que se me oferecessem esta equipa nesses anos vergonhosos eu iria até ao vaticano de joelhos chorando de gratidão.

Contudo, solidariedades à parte, discordo dessa tese. Porquê? Porque estamos demasiado perto de onde todos gostaríamos de estar para ficar calado. Aproveito para citar o Miguel Sousa Tavares que no outro dia dizia que estamos ao nível do porto de villas-boas. Não estamos *. Acho mesmo que não estamos, e é por pouco, mas um pouco que é tudo. Não seremos um portento futebolístico europeu esta época por teimosia, essencialmente por teimosia. Teimosia do treinador, para começar. Mas não só. Como argumentos faço minhas as razões do Ricardo, que as tem justificado de forma cristalina nos últimos tempos. Só não vê quem não quer.

Isto só para dizer que estou confiante na passagem frente ao zenit, mas convicto de pouco mais. Talvez ganhemos o campeonato, mas vamo-nos esmifrar todos – ultima jornada e tal… é bom, é muito bom, mas eu queria – queríamos – brilharetes europeus, goleadas a rivais e campeonatos ganhos com pontos de vantagem às pazadas!



*há que reforçar que o porto de villas-boas foi bastante ajudado em fases cruciais, a que somou sorte em outras tantas ocasiões.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Coisas que Spalletti não pode saber sobre o Benfica

- Na saída de bola do Benfica, quando ela chegar a Emerson, não convém que apareça um médio a fechar a linha de passe vertical. Se isso acontecer, Emerson fintará para dentro e passará a Matic. Caso Spalletti se engane e peça ao médio para fechar a linha, Spalletti não pode pedir ao seu médio ofensivo e atacantes que pressionem logo Matic. Se isso acontecer, o Benfica perde a bola e fica em desvantagem numérica em zona letal. 

-  Em construção, se Gaitán se encontrar na direita do ataque do Benfica, Spalletti não deve pedir ao seu lateral e médio desse lado que subam em apoio ao extremo esquerdo. Se isso acontecer, Maxi ver-se-á sozinho contra dois ou três, podendo haver jogada de combinação ou cruzamento sem qualquer tipo de oposição.

- Não deve Spalletti ter conhecimento de que, forçando transições no lado esquerdo do seu ataque, Matic sairá da zona central em apoio a Maxi, deixando toda a zona em frente aos nosso centrais desprotegida e apta a criar espaço para um remate à entrada da área ou um passe de ruptura. Caso aconteça, rezemos por cortes in extremis dos centrais ou de uma excelente defesa de Rei Artur.

-  Não é admissível que Spalletti esteja a par de que se ordenar aos seus médios que troquem a bola no meio-campo e depois lancem um passe longo para o lado esquerdo da defesa do Benfica, Emerson chegará depois do extremo ou lateral russos chegarem à bola. Caso ocorra, é de esperar pela incompetência dos jogadores do Zenit ou pela afamada Nossa Senhora de Fátima que, como se sabe, nasceu e viveu benfiquista em cima de uma árvore.

- De Spalletti não se espera que conheça a fraca produtividade dos passes em bola parada dos jogadores do Benfica. Não é possível que Spalletti esteja informado de que deve meter, em livre lateral contra o Zenit, jogadores na linha de meio-campo empenhados em aproveitar uma bola mal marcada que acabará na posse dos russos. Se isso acontecer, reze-se a São Witsel e Dom Maxi para uma rápida recuperação no frio de São Petersburgo.

Tudo isto Spalletti não deve, não pode, não convém saber. E, acima de tudo, é imperioso que Luciano não esteja bem a par da qualidade ofensiva do Benfica, tanto em construção (sem Emerson) quanto em saídas rápidas em contra-ataque.

Prognóstico: Arca frigorífica - 1, Benfica - 2.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

FINAL GLORIOSA A 3 - Concurso "Cadeira de Sonho" [JC leva o caneco e pede que não sejam muito maus para ele daqui para a frente]

Fiz num novo post para não haver confusão com isto. Os três textos dos finalistas Bcool, JC e Francisco Correia vão a votos a partir de agora. Peço desculpa aos que tinham votando na altura em que a votação foi posta em pause. Com uma vénia, peço-vos que voltem a votar nesta caixa de comentários, mesmo que em ctrl v (o que quererá dizer que não acharam o texto do Correia motivo para mudança súbita). Eles andam aí e são aos 3. Votem, SEM DAR NÚMEROS, só no nome do atleta que vocês querem ver ganhar. E justifiquem-se, se estiverem para aí virados. 3, 2, 1...



Bcool


«-Que sorteio do caralho. Ainda por cima, o primeiro jogo é em casa - disse eu para o RR.
-No sweat, ganhamos cá e empatamos lá. Se o soneca e o gorilão eliminaram o Manchester, porque é que havemos de ser eliminados pelo -Liverpool ? - perguntou o RR.
-Deve ser isso, deve ... - insisti eu com o meu tradicional pessimismo - Achas que é natal todos os dias ?
-Então fazemos assim, se ganharmos cá, vamos lá - contrapôs ele.
-És maluco ou quê ? E o dinheiro ? Deves pensar que cai do céu ... - disse eu ao ver que a conversa já ia por maus caminhos, pois quando ele metia uma na cabeça, era a desgraça total.
-O dinheiro arranja-se e depois se não acreditas, qual é o mal em combinarmos ? - perguntou ao perceber a pouca convicção na minha argumentação.
Qualquer pessoa que tenha crescido na década de 80 lembra-se do grande Liverpool, aquele por mau comportamento dos seus hooligans (as mortes do Heysel) e por um árbitro cujo trabalho foi encomendado pela Uefa, foi impedido de sagrar-se campeão europeu antes dos ingleses serem banidos e que por duas vezes nos eliminou sem apelo nem agravo. Claro que o Manchester também parecia um rival temível e finalmente tínhamos ajustado contas com eles, mas com uma equipa a perder gás no campeonato, pois o Koeman não era tão objectivo como o velho, tinha grandes dúvidas que apesar do nosso apoio conseguissemos ganhar.
-Está bem então, mas só se ganharmos - concordei eu para acabarmos a discussão.
Acabámos de beber o balde de meio litro no ponto vermelho e avançámos para a revista, pois faltavam 5 minutos para o jogo e apesar de termos chegado umas horas antes, optámos pelas bifanas, pelas birras e finalmente pelos baldes de meio litro em vez de acompanharmos a entrada e o aquecimento dos jogadores. Já tocava o hino da champions e ainda nós estávamos a ser revistados, até parecia que éramos da Al-qaeda.
O jogo decorreu com bola cá, bola lá, cavilhada do gorila neles e o amarelo do costume, e salta o karagounis naquele seu jeito de fadista gingão. A roberta não mexia o cu e lá entra o descerebrado nelson para extremo direito, ou seja em 11 gajos só tínhamos 2 avançados, o nosso capitão lagartinho e a amélia.
Eis senão quando vivi um momento dejá-vu. Faltavam 5 minutos. Livre da direita, marcado pelo lagarto com precisão milimétrica e trufas lá para dentro. Nem vi bem quem, também não importava, mas imaginei que fosse ele, só podia ser ele. Ele que tinha acabado com o esganiçado no ano anterior voltava a marcar quando mais era preciso. Saltos, gritos, abraços, uns quantos mamem aí porcos, uma festa descomunal. Toca a defender até ao fim a precisosa vantagem. Valentes guerreiros, foram o nosso orgulho.
No dia seguinte, toca o telefone.
-Estou ...
-Já os tenho ? - diz-me o RR
-Tens ? Tens o quê ? - perguntei eu
-Os bilhetes claro. Quer dizer, não os tenho, mas já fiz a reserva, são 750 balas cada um.
-750 ? És maluco, onde vou eu arranjar 750 balas agora ? - gritei eu
-Não me interessa, prometeste agora desenrasca-te. Vou agora para a merda da Cosmos, que os chulos dos oliveirinhas são os únicos que vendendo a viagem e garantem o bilhete para o jogo. Pago com tarjeta e depois logo me dás. - Conclui ele, não me dando hipótese nenhuma de argumentar.
Onde eu me fui meter - pensei para com os meus botões depois de desligar o telefone - Não pode ser, não posso ir a Liverpool, não tenho dinheiro.
Mas era certo e sabido, que me ia desenrascar e 15 dias depois, quarta às 7.30 já estávamos trajados a rigor na Portela. Que pica do catano, primeira viagem com o Benfica, um avião vermelho descolava com 300 e tal almas a cantar, a tirar fotos e a dizer as maiores baboseiras. Todos irmanados num sentimento comum, o Benfiquismo mais puro.
Liverpool não é um sítio particularmente turístico, por isso, poucos são os sítios onde aceitavam euros. Ainda por cima era tudo caríssimo e a comida uma merda. Tanto andámos que lá encontrámos a Cavern. Birra aqui, birra ali, tirámos umas fotos ao lado dos Beatles. Estávamos na galhofa, a cantar Ninguém pára o Benfica olé ó, quando uns bifes simpáticos informaram-nos que iríamos perder, pois os Reds estavam em grande forma.
Grande forma sem dúvida, ainda há 15 dias perderam conosco - argumentámos convictos.
Pois, mas não sabem o que é o the Kop, o ambiente é fantástico e os adversários borram-se todos - insistiram eles enquanto nos pagaram outra birra.
Logo veremos quem ganha - afiançámos nós depois de mais umas quantas em jeito de despedida.
Realmente o ambiente estava fantástico, 3.000 portugueses cantavam e puxavam, não haviam Diabos, nem NoName. Éramos só Benfiquistas. Quase sem darmos por isso, o estádio encheu-se e pela primeira vez percebi o que era o ambiente mítico do Kop. Não havia, homem, mulher, criança ou velho que não cantasse a uma só voz You'll Never Walk Alone. Também nós cantávamos, mas ver, ouvir e sentir 40 e tal mil almas a comungar uma união foi esmagador.
Pois se éramos menos, teríamos então que ser mais persistentes, mais aguerridos, mais Benfica e foi o que fomos ... Desde o primeiro minuto que nunca parámos, sempre os 3.000 a uma só voz, explodimos de alegria quando o nosso Lagartinho mandou um míssil  de fora da área e deu a primeira estocada. Agora tinham que marcar 3, e nós éramos o Benfica, não íamos deixar a nossa equipa sozinha.
Quando eles se uniram à deles e carregaram, nós respondemos com mais força, ajudando a defesa. Gargantas ao alto que aqui joga o Glorioso. Ele eram as bombas do Gerrard, a imprevisibilidade do Luis Garcia, o matacão Crouch a meter o Anderson no bolso, mas o Luisão dava-lhe forte luta. Pior que o Crouch era o Moinantes, que não sendo rápido, era bem melhor que o matacão. Mas nada parecia mudar o destino.
Como habitual o soneca estava a dormir em campo, por isso saíu para dar lugar ao grego gingão. Desesperado o Benitez lança o maluco do Cissé, troca o Moinantes pelo Fowler e lança o velho panzer alemão. Perante tal ataque, sai a roberta que mais uma vez pouco ou nada fez e entra o Rocha, assim já tínhamos 3 centrais para os 3 avançados deles e ainda o Alcides na direita a ajudar nas bolas paradas.
De repente começa a ouvir-se na lusa bancada:
Mi, Mi, Miccoli
Mi, Mi, Miccoli
Mi, Mi, Miccoli
A pulga italiana ia entrar, mal os bifes sabiam que seria ela a acabar com o sofrimento e a atropelá-los com uma estonteante bicicleta, a 10 metros de todo um povo, de irmãos, de amigos desconhecidos, todos unidos, todos Benfica.
Era a alegria do povo e não, não era o Mantorras, era o :
Mi, Mi, Miccoli
Mi, Mi, Miccoli
Mi, Mi, Miccoli
Se até aí, era difícil ouvirem-nos durante muito tempo seguido, pois os bifes em maior número e muito afinados, estiveram sempre atrás do seu clube, com a estocada final perceberam finalmente que era dia de Benfica e que as goleadas do passado mais não eram que uma memória distante ... Diante deles um gigante se anunciava, enquanto uma senhora num português mal amanhado nos informava que iríamos ficar retidos após o fim do jogo. Para nós era tinto, queríamos era celebrar a união entre a equipa e o público, numa simbiose perfeita, embora eles estivessem naquele cinzento azulado e nós de vermelho ...
E o jogo meus amigos, o jogo não acabou quando o árbitro apitou ... Nem quando os nossos heróis nos vieram agradecer e nós a eles por um momento inesquecível nas nossas vidas ... Nem quando no meio de um cachorro, uns bifes rendidos nos vieram dizer:
-Congratulations. You deserved entirely ...
Nem mesmo na festa do autocarro, onde ébrios, sóbrios, todos sem sono, revivemos pequenos momentos duma grande alegria, discutindo qual o melhor golo, quem fora o melhor, porque o pior não interessava ali, quando tivémos mais receio que aquela bola entrasse e então surge novamente:
Mi, Mi, Miccoli
Mi, Mi, Miccoli
Mi, Mi, Miccoli
Nem sequer acabou no vôo, onde a malta já cansada, depois de passar num exíguo John Lennon, foi adormecendo o sono dos justos, enquanto uns resistentes reviviam as incidências fora do campo, pois dentro dele todos as conhecíamos ...
Eram 4.00 de quinta-feira e somos recebidos por uma pequena multidão que nos tomou pela equipa, dizendo coisas do género:
-Não conheço este, deve ser um acompanhante
Então percebemos que nos adiantámos aos heróis e sendo assim imediatemente eu e o RR pensámos no mesmo.
-Vamos esperar por eles aqui - antecipa-se o RR
-Claro, assim como assim, esta manhã já está perdida - concordei eu - Olha é menos um dia de férias
E assim foi, o jogo só acabou quando os recebemos e tirámos uma foto com o herói da primeira mão, um gigante na humildade, pois cansado como deveria estar, como nós, não se furtou ao autógrafo e à foto da praxe. Esta é uma daquelas fotos que por mais anos que passem nunca nos esqueceremos do dia em que tivémos a certeza que o Benfica podia ser campeão europeu ...
Infelizmente, a ida a Barcelona já não nos traria igual sorte ...»




JC



«A mais bela não-história de benfiquismo

 “Senti que o Benfica me corria nas veias no preciso momento em que tirei aquela fotografia ao lado do Manuel Bento, estávamos no ano de 1981, à saída do apronto matinal da equipa, num dia como tantos outros em que o meu pai me levava a ver os treinos daqueles que eram os seus ídolos e que posteriormente viriam a ser os meus.”

Podia ter sido assim, mas não foi. Apesar de todos os benfiquistas que conheço terem uma bonita história para contar sobre as origens do seu benfiquismo, é com enorme tristeza - e com alguma vergonha à mistura - que vos digo: eu cá não tenho nenhuma.  Por diversas vezes dou comigo a tentar perceber quando foi que me tornei benfiquista. E, não chegando a conclusão alguma, penso em como gostaria que houvesse uma história deliciosa associada a esse momento. Não vale a pena iludir-me: sou uma espécie de órfão, filho de pais desconhecidos, completamente votado ao abandono no que concerne à instrução clubística. Por outro lado, e para não me deprimir em demasia, prefiro pensar que sou um autodidacta do benfiquismo. 

Há quem diga que foi um primo do meu pai - “benfiquista doente” como lhe chamaram – o principal responsável pela minha paixão clubística, ainda que ninguém saiba explicar-me muito bem como. Talvez por ter sido ele quem me levou ao Estádio da Luz para ver o Benfica x Steaua naquela épica excursão da Casa do Benfica de Évora, numa viagem alucinante de oito horas até Lisboa dentro de um autocarro apinhado de gente entre cerveja, garrafões de tinto e um intenso cheiro a ganza, parando em cada tasca que se encontrava na berma da estrada porquanto uns reclamavam da necessidade de aliviar a bexiga e outros de enchê-la. Acontece que nesta altura já eu tinha 16 anos e o meu benfiquismo desmedido estava perfeitamente diagnosticado. Não obstante, agradeço ao primo a magnífica excursão. Só voltei a ver algo semelhante no filme “Delírio em Las Vegas”.

Gostava de acreditar que a influência veio da parte do meu pai. Impossível. Apesar de benfiquista, a verdade é que se lhe pedirem para indicar nomes de jogadores que fazem parte do nosso plantel actual, lembrar-se-á, porventura, do Luisão (certamente por este já estar no Benfica há 387 anos) e do majestoso Pablo Aimar (porque seria uma heresia nunca ter ouvido falar de Deus). Não mais do que isto. Inadmissível, até porque o meu pai tem televisão. E lê jornais. E desconfio que até consegue ver pornografia na internet. Não encontro, portanto, explicação plausível para que não saiba o nome dos jogadores do seu clube. 

Ou, se calhar, até encontro: simplesmente não é grande apreciador de futebol, e se ainda se vai mantendo a par da actualidade do Benfica é porque gosta de trocar uma ou outra palavrinha comigo sobre o assunto. Nada de muito profundo, claro, é tudo na base do “grande Benfica!” quando ganham, ou “aqueles chulos pagos a peso de ouro não jogam nada!”, quando perdem. Mas sempre com um ar de entendido no assunto.

Se há conclusão à qual estou perto de chegar é a de que o meu pai é benfiquista por influência minha. A confirmar-se, e para terminar em beleza o processo de evangelização, terei de levá-lo a ver a Luz um destes dias, não lhe dando assim a hipótese de vir acusar-me mais tarde de lhe ter faltado enquanto filho. Aliás, é precisamente a única coisa que posso apontar ao meu pai dentro daqueles que são os deveres paternos universais: o facto de nunca me ter levado a ver um só jogo que fosse do Benfica. Dir-me-ão que não é das falhas mais graves que um pai possa ter para com um filho. É imperdoável e traumatizante, digo-vos eu.

Perante isto, e para que Alice* não venha a sofrer das minhas angústias, resolvi associá-la no Sport Lisboa e Benfica. Melhor ainda: associámo-nos os dois. Temos uma diferença de três números nos cartões. O primeiro passo para a sua história de Benfica está dado e eu, não tendo a minha, quero fazer parte da história dela. Quero levá-la ao estádio, comprar-lhe a camisola do seu jogador preferido e mostrar-lhe aquelas bancadas pintadas de gente no mais belo tom vermelho e branco que já se viu. É com ela que quero respirar o Benfica, viver a alegria das vitórias e sofrer  cada derrota como se do maior revés das nossas vidas se tratasse. 

Às vezes sonho connosco. E sonho que estamos juntos, neste e noutros Fevereiros, numa euforia crescente que nos leva o coração à boca quando ainda faltam três meses para andarmos aos berros pelas ruas, de lágrimas nos olhos, agarrados a estranhos como se de irmãos de sangue se tratassem e desfilando no mais belo cortejo de felicidade que algum dia saiu à rua.
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*Alice estava destinada a pertencer aos melhores. Era inevitável: seria benfiquista. Preocupado com a educação da sua filha – nascida num meio de forte influência sportinguista -  o pai de Alice resolveu associá-la no Sport Lisboa e Benfica no dia em que ela completou três meses de vida. Desde esse momento que Alice é portadora do número mais extraordinário e da foto mais adorável que algum dia virá a ter num cartão de identificação. Apesar dos tenros cinco meses de idade e dos 2000 km que a separam do Estádio da Luz, a sua história de benfiquismo já está a ser traçada. A história de benfiquismo de Alice começa agora. E começa aqui.»





Francisco Correia



«Mística


Numa altura em que se volta a usar o termo “onda vermelha”, numa altura em que assistimos a autênticos “massacres” por parte da nossa equipa de futebol, apetece-me escrever sobre mística…a mística benfiquista, que infelizmente só aparece em determinados momentos, mas que todos devemos diariamente demonstrar e transmitir...é a nossa alma!

A frase que melhor define Mistica, não está em nenhum dicionário da Porto Editora..foi proclamada por um grande senhor, de seu nome Bella Gutuman: “Chove? Faz Frio? Faz Calor? Que Importa, nem que o jogo seja no fim do mundo, entre as neves das serras ou no meio das chamas do inferno... Por terra... Por mar... Ou pelo ar, eles aí vão, os adeptos do Benfica atrás da equipa... Grande... Incomparável... Extraordinária... massa associativa!"

O meu pai, o meu tio, o meu irmão, os meus primos, sempre me ensinaram a ser do Benfica. Recordo com muitas saudades os dias em que saíamos de manhãzinha de Coimbra, em autênticos desfiles, com os cachecóis e bandeiras presos no vidro, almoçávamos já perto do velhinho estádio..mala aberta..leitãozinho...vinho para os “velhos” e sumo para os petizes..era uma festa..um dia sagrado..aprendi assim a ser do Benfica!

Os tempos mudaram, o estádio mudou, os jogadores passam, os técnicos passam, os dirigentes passam, mas a mística tem que prevalecer..devemos passar este sentimento às futuras gerações, devemos cultivar este sentimento…ninguém sente como nós! A “onda vermelha” tem que estar presente em todos os jogos…seja nos estádios ou seja em pensamento!

Apesar da minha juventude, vivi muitas alegrias e tristezas em ambos os estádios, mas guardo para mim dois episódios distintos, decorridos em 2010, que demonstram tudo o que significa BENFICA.

9 de Maio, data em que celebrámos o 32º titulo! Porquê?? Por tudo o que se passou nessa época, mas acima de tudo, porque, pela primeira vez celebrei um titulo dentro do estádio…em nossa casa..com todos vocês..junto do meu querido Pai!

Lembro-me, como se fosse hoje, que, a primeira reacção após o apito final, foi um sentido abraço regado por muitas lágrimas… lágrimas de alegria…sentidas..lágrimas de duas pessoas que viram o Glorioso a ser “levado ao colo” por milhões de adeptos espalhados pelos quatro cantos do mundo, ao longo de um campeonato que nos queriam roubar..! 

3 de Outubro, dia em que vencemos o “Braguinha” por 1-0. Estavam comigo três amigos escoceses, adeptos do Hearts de Edimburgo, que fazem questão de visitar o Estádio da Luz sempre que estão em Portugal e de ver algum jogo, se possível. Conhecem o nosso plantel, perguntam por jogadores que já não vestem o manto sagrado, criticam tácticas, sabem os nossos cânticos...enfim..são dos nossos...vivem o clube como nós!

Imaginem só quem foi para eles o melhor jogador do Hearts?? Fácil...nada mais nada menos que Bruno Aguiar, um produto das escolas do Benfica! Pergunto porquê..(confesso que achei estranho.."He scored two goals against Glasgow Rangers..we won that match..and in that year he was the top scorer of the team with 15 goals!" Será por isto que gostam do SLB?? É capaz de ajudar.

Olho para o presente campeonato…e o sentimento é o mesmo..temos a melhor equipa..o melhor plantel…mas isso é insuficiente..vamos ter que lutar o triplo…!
O 12º jogador dos nossos rivais veste quase sempre de preto e tem nome…o nosso veste de vermelho e chama-se MISTICA!

Estou certo que o país vai parar novamente em Maio..que todos os estádios serão autênticos infernos para os nossos adversários! Portugal, Angola, EUA, Brasil, França, Suiça, Austrália..todos vão assistir à celebração do 33º titulo..são imagens que deveremos guardar para sempre e mostrar às gerações vindouras !

Não dou lições de benfiquismo a ninguém… limito-me a transmitir o que há-de melhor neste mundo…a mística do glorioso!

E PLURIBUS UNUM»


 Fim da votação! JC vence com 8 votos contra 5 do Correia e 4 do Bcool. Agrada-me que a maioria de votos dos leitores tenha ido para o texto que, para mim, é o melhor. É sempre bom quando há sintonia entre escriba e seus comentadeiros. 

Um abraço ao Bcool por ter chegado à final e nos ter presenteado com um texto cheio de fervor benfiquista - uma boa história que, apesar de nem sempre atingir a excelência performativa em termos de escrita, consegue emocionar-nos.

Outro ao Correia que teve de ir a correr escrever um texto e não se saiu nada mal. A referência ao técnico húngaro só lhe fica bem, embora já fosse tempo de a maldição acabar e vermos um novo caneco europeu no Museu.

Ao JC, os sentidos Parabéns e a possibilidade de, por um mês, ser insultado à grande pelos anónimos, Manueis e Antónios Maia que por aí andam. Vais querer fugir antes da primeira semana. De qualquer forma, a partir de hoje, JC é escriba deste vosso tasco à beira-vinho plantado.

Obrigado a todos pela participação.