«A ideia de começar a utilizar o vídeo como meio de prova para castigar
ações dissimuladas de jogadores em Portugal só caçou um prevaricador.
Chamava-se Rui Águas e jogava no Benfica, no começo dos anos 90.
Algum tempo depois, a
regra passou do papel para uma pedra de gelo porque era escandalosa a
desproporcional idade, em termos de cobertura mediática, entre os seus
jogos e os dos adversários.
Mais de vinte anos
depois, a desproporção mantém-se sem que o Benfica, por culpa de uma
visão diletante das estratégias de comunicação, consiga prevenir ou
reagir aos ataques que, ciclicamente, lhe bloqueiam as figuras.
Só nos últimos seis
meses, ficou privado de Aimar, Jorge Jesus e Luisão em processos sem
paralelo e à revelia da jurisprudência.
Primeiro, porque os
profissionais se puseram a jeito e, depois, porque o clube não dispunha
de qualquer plano de contingência, ficando à mercê da criatividade de
órgãos disciplinares que ajudou a eleger.
Deslumbrado com a sua
grandiosidade, o Benfica é trucidado sistematicamente nos meandros
decisórios e, como no célebre caso Calabote, ainda permite fazerem-no
passar por beneficiado.
O Benfica desprevenido
pela perda de três jogadores basilares como Javi García, Witsel e Luisão
é o mesmo que aceita passivamente estas aplicações seletivas do
regulamento disciplinar.
O mesmo que quis boicotar os outros estádios da Liga e a seguir elegeu um pajem de Pinto da Costa para a Federação.
O mesmo que criou um canal de televisão, mas, praticamente, deixou de se fazer ouvir.
O mesmo que foi à
Alemanha de baraço ao pescoço, assumindo culpas, numa estratégia do
aliado manhoso, e que agora se diz surpreendido pelo castigo tacitamente
aceite.
É um Benfica ingénuo, errático e em perigo de perder a identidade.»
João Querido Manha
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Vai ao Estádio, larga a internet.