quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Benfica é o Big Bang



É-me estranho ler sobre o mundo anterior a 1904. As pessoas que existiram, os livros que escreveram, as brigas que tiveram, os quadros que pintaram, as músicas que inventaram, os dias sob o Sol de costas arqueadas, as cartas profundas que - a pena, a giz, a sangue - escreveram, os amores que sentiram, as fomes, as tristezas, as guerras, os desvarios. Que espécie de humanidade era aquela, sem Benfica?

Quando Fernando Pessoa nasceu, os 3 oitos que lhe dão origem não são contemporâneos do Estádio da Luz. Como pode um homem escrever tamanha obra celestial sem ter provado as bifanas das barracas de madeira, ter abraçado desconhecidos sob a chuva, chorado desalmadamente uma derrota, envergado cachecóis e mantos sagrados, ter acalmado desamores na ternura do voo da águia, ter desistido de amigos por questões de paixão, ter vibrado e sonhado com golos do Benfica? Enquanto escrevia, numa alucinação de sentires e pesares, Pessoa nunca teve aquele conforto de alma de saber-se benfiquista.

Isto não está correcto, não pode ser verdade, há milagres escondidos na dimensão do mundo. Como Deus e outras patranhas similares, a invenção de que o Benfica nasceu em 1904 advém de uma necessária ilusão para que as notas toquem todas ao mesmo tempo e façam sentido. O Benfica não nasceu em 1904, o Benfica já existia muito antes de haver escritas e livros e pinturas e noções básicas de civilização. O Benfica nasceu no primeiro ser humano que surgiu na Terra. Quando um peixe, estafado de água e algas, se decidiu a caminhar, aos soluços, pela imensidão das veredas e coqueiros de uma ilha, meio grogue, já o Benfica o esperava nos areais da humanidade. Ainda não havia propriamente mundo nem humanos e já havia Benfica. O peixe criou patas, depois coluna vertebral, olhos e cabelos, noções de pele, medos, certezas, derivações de coragem, tudo isto enquanto o Benfica o alimentava de amor e daquilo que ele precisava para criar, não sem hesitações e despautérios, aquilo a que mais tarde se chamaria: o mundo.

Quando a corte portuguesa chegou ao Brasil em 1808 (dois oitos, menos um que o do Pessoa), já D. João cantava loas ao benfiquismo, envergando no peito uma declaração de liberdade e independência: “Crio este país como forma de potenciar jogadores para uma realidade que, apesar de distante no tempo, criará grande discussão no seio do reino de Portugal e do Benfica”. Embarcado em fuga, D. João já inovava pela clarividência de raciocínio e premeditação, fomentando prospectores de talentos e novas abordagens aos mercados mundiais. D. João era naturalmente benfiquista, pleno de criatividade, talento e ilusão, alheado dos factores universais das valorizações de activos. Criou o Brasil só para potenciar Jorge Gomes e os demais que se lhe seguiram, como Mozer, Aldair, Ricardo Gomes e, o expoente máximo da epopeia, Valdo Cândido de Oliveira Filho - o golpe transcendental em D. Miguel e nos seus anafados absolutistas.

O que fez história e ficou na posteridade – admiremos Júlio Cosme Damião por isso – foi ter o nosso “fundador” encontrado, na Praia da Adraga, um notável manuscrito de D. João no qual este versava sobre a fundamental importância de criar em Portugal um clube que desse corpo à ideia universal e benfiquismo. Escusamo-nos a revelar todo o conteúdo do maravilhoso documento, chega-nos a ideia que Júlio Cosme absorveu, criou e recriou à sua imagem – homem de dignidade admirável -, fazendo do Sport Lisboa e Benfica aquilo que ele é, apesar dos apesares, hoje. O que nunca ficou escrito, e é pena, é o facto de D. João, também ele, ter encontrado na praia cartas dos antepassados benfiquistas. Em resumo: uma sequência peculiar de descobrimentos de garrafas nas quais a História do Benfica é contada desde os tempos primeiros em que nem sequer havia giz, sangue, penas ou vidros. Um mistério que ainda está por ser descoberto, provavelmente advindo de relações internacionais com extraterrestres.

Festejemos, no entanto, o último dos humanos: Júlio Cosme Damião, o autor da proeza genial, e rara, de dar vida a um sentimento que percorre milénios de humanidade e existência. Naquela reunião na Farmácia Franco, Cosme nunca falou do Cosmos, limitou-se, bem, a inventar o Benfica. Agradeçamos, em devida vénia, respeito e amor, ao nosso ilustre bigodudo por isso. Não esquecendo, agora que conhecemos a verdade dos factos, que o Benfica nasceu do mar. E antes dos astros. O Benfica é o Big Bang.

Benfica TV, um canal internacional.

«Comunicado: A Premier League em exclusivo na Benfica TV


A Benfica TV adquiriu para as próximas três épocas desportivas (2013-2016) os direitos televisivos da Barclays Premier League. O acordo abrange um total de 380 jogos por época, divididos em 38 jornadas.

Com mais de 720 milhões de telespectadores em mais de 212 países, a Liga inglesa é das competições profissionais mais populares a nível mundial.

O sucesso da Premier League foi construído com base no talento dos melhores jogadores a nível internacional e de uma estrutura de competição altamente profissional. A partir da nova época 2013/14, a Barclays Premier League vai ser transmitida em Portugal e em exclusivo pela Benfica TV.

“A inovação é um valor permanente do Benfica e o facto de podermos oferecer, nos próximos três anos, os jogos da Liga inglesa a todos os portugueses, e não apenas aos benfiquistas, é algo que me enche de orgulho e aponta o caminho que queremos para a Benfica TV”, afirmou Luís Filipe Vieira, presidente do Sport Lisboa e Benfica.

Richard Scudamore, Director Executivo da Premier League, manifestou igualmente a satisfação pelo acordo alcançado: "Estamos extremamente satisfeitos pela Benfica TV ter investido nos nossos direitos de transmissão. Estamos ansiosos por trabalhar com o Benfica e estamos confiantes de que irão transmitir a Barclays Premier League de forma abrangente e inovadora para os nossos fãs em Portugal."

Em complemento à transmissão dos jogos da Liga inglesa, a Benfica TV transmitirá mais três programas semanais, cuja produção é da responsabilidade da Premier League:
a)      “Premier League Review”, um programa sobre os melhores momentos dos jogos realizados em cada fim-de-semana;
b)      “Premier League Preview”, uma antevisão da jornada seguinte;
c)       Um terceiro, o “Premier League World”, um magazine televisivo que faz uma viagem sobre toda a actualidade da Premier League com entrevistas, resumos dos jogos, estatísticas e que recorda, ainda, momentos do passado que fazem parte da história da competição.»

 Como temos recebido inúmeros comentários cómicos e bastante imaginativos sobre este comunicado - quase todos num tom coloquial como "MAMA!" ou "FORAM ENRABADOS" ou ainda "E AGORA? AHAHAHAHAHAH SOMOS BENFICA, AGORA O QUE É QUE DIZEM?" ou ainda o mais notável dos nossos leitores, um tal de Ricardo, que ameaça bater neste Ricardo numa barraca qualquer de que ele diz gostar muito -, com tudo isto, achámos por bem abrir um post só para vocês, grandes benfiquistas, nos falarem do que acham desta grande notícia, uma notícia que vai revolucionar o mundo do futebol e finalmente criar a hegemonia benfiquista dos próximos 20 anos. Em dia de anos, Vieira trouxe caramelos não de Badajoz mas das Inglaterras para todos nós. Como é que os saboreamos? Digam de vossa justiça.

Ah sim, esqueci-me de dizer: comentários neste post passarão todos. Grandes passarões.

Adie-se o Benfica.

«O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, afirmou que o clube poderá oferecer aos adeptos, ainda hoje, uma notícia marcante, no dia em que o emblema celebra 109 anos, e assumiu o adiamento da abertura do Museu por «alguns meses».

«Estou certo que dentro de bem pouco tempo vamos voltar a surpreender, quem sabe se ainda esta tarde não vamos poder oferecer a todos os benfiquistas uma boa notícia que vai marcar para sempre os 109 anos do clube como um marco na nossa história. Mais uma vez vamos fazer diferente, vamos fazer melhor. E mais uma vez, se o conseguirem, outros tentarão seguir o nosso exemplo e o nosso caminho», lê-se numa mensagem de Vieira aos adeptos a propósito do aniversário do Benfica.»
 
 
Sobre o Museu, já nem há palavras. Era para Outubro que depois era para Dezembro que ficou para ser em Março e agora está à distância de «alguns meses». Aliás, sobre a curiosa noção temporal de Vieira muita coisa pode ser dita. Desde logo, sobre esta promessa - a velha táctica caciquista de alegrar o povo depois de uma tristeza - de uma "boa notícia que vai marcar para sempre os 109 anos do clube" ( isto se "quem sabe" souber), Armando Leitão, famoso e genial professor da Faculdade de Engenharia do Porto, já se pronunciou:
 

«É provável que se trate do anúncio de uma decisão acerca dos direitos televisivos do Benfica. Luís Filipe Vieira sempre disse que essa decisão seria anunciada até final de Fevereiro, mas não disse de que ano. Pelas minhas contas, arredondando às milésimas, qualquer Fevereiro é válido. Portanto, Luís Filipe Vieira é um homem de palavra.»
 

Jesus afinal não percebeu

Mais um golpe de circo de Jesus: além de voltar a utilizar um sistema que nunca funciona em jogos de média/elevada dificuldade, decide colocar Roderick e Carlos Martins como únicos médios. Resultado? O expectável: controlo total do Braga, com várias situações de superioridade numérica - com melhor decisão, já estávamos a perder por 2 ou 3.

Neste sistema, a única forma de criar perigo passa por uma bola ganha próxima da área bracarense: aconteceu uma vez e Rodrigo atirou ao poste. Roderick, já com amarelo e completamente perdido em campo, devia sair para entrar Maxi (Almeida passaria para o meio); caso contrário, a expulsão é quase uma certeza.

A loucura e teimosia de Jesus fazem dele um treinador com muito talento mas incapaz de perceber as lições que leva quando joga, às vezes por acaso, com uma equipa distribuída de forma coerente em campo nos jogos mais difíceis. É o seu calcanhar de Aquiles. Por isso será sempre apenas bom e ganhará pouca coisa.

Independentemente do resultado final, que se espera positivo mesmo que carregados de sorte, a escolha é, como foi quase sempre nestes jogos, errada. Passados 3 anos e meio, pensei que tivesse percebido. Não percebeu.

Boas poupanças

Matic, Salvio e Lima de fora dos convocados. Excelente Jesus a manter as prioridades bem definidas - são os três jogadores em que mais se nota o acumular de jogos e são, os três, fundamentais para o objectivo fundamental: o campeonato. 

De qualquer forma, mesmo sem eles, podemos perfeitamente ganhar o jogo; basta que se aposte, novamente, num sistema que povoe mais a zona central. Já te ensinei como é, mister. É repetir a receita.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O fantasma Rojas persegue-nos.

«Jorge Rojas, médio de 20 anos do Cerro Porteño, pode ser anunciado nas próximas horas como reforço do Benfica.

Víctor Agüero, advogado do clube paraguaio, diz que o negócio está concluído.

«O acordo entre Cerro e Benfica pelo Jorge Rojas está feito. A transferência de Rojas para o Benfica já é uma realidade», anunciou aquele responsável em declarações à Radio Cardinal, do Paraguai, adiantando que o jogador deve viajar em março para Lisboa, a fim de realizar os habituais exames médicos pelos encarnados.

Lyon, Toulouse e Borussia Dortmund estariam também interessados na contratação de Jorge Rojas. O Benfica, porém, ganhou a corrida pelo internacional sub-20 do Paraguai.

A edição digital do jornal ABC publicou o momento da oficialização do negócio, com a presença de Paulo Gonçalves, assessor jurídico da SAD encarnada.»

O pior de tudo são os gajos que aplaudem os mentecaptos. Qualquer dia ficam só os imbecis nos estádios.



«Permitam-me falar aqui fora do sítio, mas parece-me urgente que se passe esta mensagem relativa à vergonha daquilo que ontem se passou em Guimarães.

Ponto prévio: Sou adepto do Vitória de Guimarães.

Posto isto:

Chega desta vergonha!

1 - Jogos à porta fechada para Vitória e Braga (Equipas A e B). Mas muitos!!!
2 - Proibição de venda de bilhetes aos adeptos de Vitória e Braga para os jogos fora.
3 - Assumindo que a estupidez é transversal a todos, obrigação de policiamento em todos os jogos de futebol, suportados por um plano estratégico definido pela PSP.
4 - Não esperem que hajam mortes, por favor.
5 - Não sei se tenho vontade de, pelo menos nos próximos tempos, voltar ao futebol.
6 - Investigue-se muito bem o que se passou em Guimarães e punam-se severamente todos os culpados (materiais ou não) identificáveis.
7 - Punam-se os dirigentes que padecem desse síndrome de estupidez adquirida que é comum aos dirigentes desportivos, que incitam e incentivam os seus adeptos à violência, quer através de declarações a roçar o animalesco quer através de acções que nem a animais ficam bem.
8 - Todos pó caralho que estão a estragar o jogo da minha vida. Gosto demasiado de futebol para deixar que vocês mo estraguem.»

Pedro Mendes (leitor do Gordo)

Órfãos de tio


De um lado, o imbecil do João Gobern - o não-sócio que acha que pode, por lamber o escroto ao dono, ir para a televisão mentir e insultar os sócios do Benfica; do outro, o excelente Quintino Aires. Desculpa, Quintino, é só desta vez.

O vinyl do Benfica



Sim, isto é um vinyl da Philips chamado "Benfica até ao fim" dessa fabulosa e desconhecida (digo eu) banda chamada "Os adeptos". Tem duas músicas: a homónima do álbum e outra chamada "Venceremos". Será que alguém tem isto em casa?


sábado, 23 de fevereiro de 2013

Gastão era perfeito


Gastão era perfeito
Conduzido por seu dono
Em sanolências afeito
As picadas dos mosquitos
Era Gastão milionário
Vivia em tapetes raros
Se lhe viravam as costas
Chamava logo a polícia
Em crises de malquerência
Vinha-lhe o gosto pela soda
Mas ninguém se abespinhava
Que enviuvasse às ocultas
Nem Gastão se apercebia
De quanto a vida o prendara
Entre estiletes de prata
E colchas de seda fina
Gastão era deste jeito
Fazia provas reais
Gastão era um parapeito
De Papas e Cardeais
Vinha-lhe só por fastio
Nos tiquetaques da vida
Um solene desfastio
Pela mae que era entrevada

Mandava bombons recados
Por mensageiros aflitos
Não fora Gastão dos fracos
E já seria ministro
Conheci-o em Alverca
Num bidon de gasolina
Tinha um pneu às avessas
Mas de asma é que sofria
Nos solestícios de Junho
A quem o quisesse ouvir
Dizia que era sobrinho
Do Fernão Peres de Trava
Querem saber de Gastão?
Vão ao Palácio da Pena
Usa agora capachinho
E gosta de codornizes
Tem um sinal que o indica
Como o mais forte Doutor
Espeta o dedo no queixo
E diz que é Nosso Senhor

Zeca Afonso
Poeta Visionário. Afinal, Gastão não foi uma caricatura..


 


Estugarda 88

Adeptos do Benfica no dia da final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em 88. O meu Pai trouxe-me, além da profunda tristeza, um galhardete igual a este que vou preservando à espera de o levar a uma nova final europeia. Um dia.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Logo a seguir ao Chelsea

Anzhi, Newcastle, Estugarda, Lázio, Plzen, Fenerbahce, Steaua, Chelsea, Bordéus, Tottenham, Inter, Levante, Rubin Kazan, Basileia e Zenit.

Parece-me não ser um exagero considerar o Benfica como o segundo favorito, a par do Inter, à vitória final.

É favor ler e rir muito.

A notável obra humorística chama-se "A esterilidade da possessão" e aborda o jogar do Barcelona. Ao ler, ri-me bastante com esta maravilhosa confissão que Miguel Lourenço Pereira faz de que não percebe 0,1 por cento do que vê quando vê jogar a equipa catalã. Lembrou-me também um texto do vendido Luís Fialho que dizia, para explicar a sua aversão ao jogo do Barça, isto:

«Já aqui disse várias vezes que não aprecio o estilo.
Gosto de futebol atlético, jogado por gente alta e forte, gosto de profundidade nas alas, de velocidade, de cruzamentos, de jogo aéreo, de remates prontos, e de pontas-de-lança (de longe, a minha espécie preferida no mundo da bola). Não gosto de toques e retoques para o lado e para trás, de rodopios, de malabarismos circenses, nem de fintas em cabines telefónicas. Distingo teatro de desporto. Nos palcos gosto do primeiro. Nos relvados…do segundo.»

Gente alta e forte. Gente forte e alta. Guardiola, Guardiola, não percebes nada disto.

Petardados mentais

Alguém me explica para que servem os petardos? Além de originarem multas ao clube, prejudicarem a sua imagem e potenciarem futuros castigos pesados que podem passar por fazer jogos sem público, não lhes consigo descobrir qualquer outra função. A menos que esteja cego e defenda, como já li por aí, que os petardos fazem parte da grande festa do futebol e das claques. Uma merda que faz um som de peido gigante, que pode ferir pessoas e que possibilita o prejuízo (financeiro e desportivo) do clube faz parte da grande festa do futebol em quê? Quem defende isto deve ter lançado petardos a mais - já só tem uma pasta no lugar do cérebro.

Ontem fechei-te no Estádio da Luz

Ontem, pela primeira vez na minha existência de 27 anos de Estádio da Luz, saí ao intervalo - motivos de urgência que não vêm ao caso. O problema deu-se quando esbarrei com todas as portas fechadas, sem que houvesse alternativa plausível. Tive de andar a saltar varões, por baixo das escadas, para chegar a uma zona onde um steward teve de colocar a chavinha no tornquete para o abrir e me permitir sair do Estádio.

Perguntei-lhe o porquê de as portas estarem fechadas; respondeu que desconhece a razão e acrescentou que já houve reuniões entre os stewards e responsáveis do Benfica exactamente para abordar esta questão. Pelos vistos, ainda ninguém fez nada sobre o assunto. Meus caros, vejam lá isso. Ninguém deve estar interditado de sair do Estádio quando bem quiser e lhe apetecer. Principalmente em casos de urgência extrema.

Sobre o jogo? Fraquinho - o expectável numa equipa que, por motivos já explorados, já tem mais de metade dos titulares praticamente esgotados fisicamente. Já defendi aqui que infelizmente não temos plantel para as duas competições. Tivesse a época sido decentemente planeada - e não teria custado muito - e poderíamos atacar esta Liga Europa com grandes probabilidades de a vencermos, enquanto lutaríamos pelo Campeonato. Assim, e mesmo ficando feliz pela passagem, sei que nos aproximamos perigosamente da perda de pontos na luta pelo título. Como também já referi: se isso acontecer, então sim, aposte-se tudo na Liga Europa. Mas escolham. Só escolhendo uma delas podemos ganhar alguma coisa - caso contrário, se as atacarmos às duas, acabaremos sem nenhuma.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A Gestão de LFV 6


Conforme todos sabemos, o Benfica é um clube que não tendo a capacidade financeira dos maiores clubes, nem em termos de salários pagos, nem em termos de passes adquiridos, tem que ser um clube vendedor dos seus maiores talentos.

Apesar desta realidade, há 2 opções em termos de gestão enquanto clube vendedor:

- ser um clube que se dedica à valorização de jogadores como forma de equilibrar as suas finanças
- ser um clube que principalmente quer ter bons resultados desportivos e que a consequência desses resultados é a alienação dos melhores jogadores.

Sejamos realistas, com o desequilíbrio estrutural do Benfica, é natural que durante muito tempo fosse a primeira opção a única verdadeiramente viável. Hoje em dia, se tal acontece e não tenho dúvidas que assim é, apenas se deve à incapacidade da gestão em mudar de modelo. A falta de capacidade em conquistar títulos e em atingir as fases finais da Champions League de uma forma consistente são a principal razão para não mudarmos o paradigma.

Perante esta afirmação perguntar-me-ão porque razão digo isto quando temos um Witsel vendido por 40 milhões, um Coentrão por 30 ou um Di Maria  por quase 35 (em termos brutos) ? A questão tem essencialmente a ver com a força negocial e as relações com agentes. A força negocial tem a ver com as condições associadas às vendas. As vendas ao Real Madrid ainda não foram totalmente liquidadas, bem como as do Chelsea não tinham sido no início desta época. O Witsel não foi pago à vista, assim como o Javi, o Ramires, ou o David Luiz não saíram pelo valor das cláusulas de rescisão. Basicamente, não há um único jogador que tenha saído pelas cláusulas de rescisão, pois mesmo os que atingiram tais valores, foram pagos a pelo menos 12 meses.

Com isto não quero dizer que não tenham sido bons negócios para o Benfica, muito pelo contrário. Independentemente das formas de pagamento e dos consequentes custos financeiros associados, por exemplo os descontos financeiros dos pagamentos do Real Madrid e do Chelsea custaram juros a taxas na ordem dos 10% ao ano, todos os negócios representaram uma valorização muito significativa dos jogadores.

A grande questão é que sendo o Benfica um clube que se dedica à detecção e valorização de talentos, o seu modelo de gestão deveria procurar o equilíbrio entre as mais-valias geradas com a transacção de passes de jogadores e o valor das amortizações do plantel. Basicamente o Benfica deveria procurar que os lucros (mais-valias) obtidas na venda dos passes de jogadores deveria ser igual ao valor anual da depreciação dos passes dos jogadores, pois esse valor representa a anualização dos investimentos.


A verdade é que nas últimas 5 épocas, o resultado de operações com jogadores, isto é a diferença entre as mais-valias com as vendas de passes de jogadores e as amortizações de passes de jogadores, tem sido quase sempre negativa, excepção feita à época de 2010-11 nomeadamente devido à venda do passe do David Luiz a meio da época, uma prática que com certeza ninguém defende que aconteça dados os prejuízos desportivos inerentes a alienar o passe de um jogador titular em Janeiro.

Em vez das operações com jogadores serem uma forma de equilibrar os orçamentos, a verdade é que têm sido uma forma de os desequilibrar. Os dados desta época parecem inverter a tendência e é expectável um valor final positivo que ronde os 10 a 15 milhões de euros. Este valor será tanto mais importante quanto é previsível uma quebra significativa dos proveitos operacionais, sem que os custos operacionais acompanhem o nível dessa quebra.

O mais importante é perceber qual é o futuro em termos de opções estratégicas. E esse é tanto mais importante quanto o perceber que vender de forma pensada é diferente de vender de forma apressada. Em 2010/11 os custos com a transacção de atletas, essencialmente comissões pagas nas vendas dos jogadores, chegaram aos 812 mil euros, cresceram para 1,213 milhões de euros em 2011/12 apesar das vendas terem sido um pouco menores e dispararam para os mais de 6,5 milhões de euros no início da época de 2012/13. É natural que se for o Benfica a procurar os empresários para colocarem jogadores no fecho de mercado terá que pagar comissões muito mais altas para que estes apresentem negócios atractivos.

Um exemplo a não seguir é o Porto. O Porto que ficou conhecido pelas vendas fantásticas, em especial na sequência dos êxitos do Mourinho e da selecção portuguesa, hoje em dia é um clube nas mãos dos empresários, jogadores e fundos, tanto nas aquisições, quem não se recorda dos mais dos 4 milhões de comissões pagos por Danilo ou dos 3 milhões de comissões pagos por Hulk, como nas renegociações de contratos - os mais de 6,5 milhões pagos aos representantes do Falcão antes da venda ao Atlético de Madrid ou o quase milhão pago aos representantes de Álvaro Pereira, como ainda nas vendas é só olhar para os mais de 6,8 milhões pagos na época de 2011-12 relativa à intermediação nas vendas, isto sem mencionarmos as negociatas que se conheceram recentemente relativa à recompra dos passes de Moutinho e James aos Fundos que implicaram perdas superiores a 3 milhões em cada caso.

Quem estiver a ler e não acreditar nestes valores, especialmente os apaniguados desse clube, sugiro que leiam os relatórios e contas e comunicações à CMVM da Sad do vosso clube e descobrirão estas e outras pérolas de gestão. Afinal de contas, um prejuízo de 35 milhões de euros num ano em que venderam os passes do Falcão por 40 e do Guarin por 11 milhões de euros não caiem do céu.

Se a má gestão do Porto está bem visível devido ao nível de detalhe do Relatório e contas, lamento que esse mesmo nível de detalhe não seja seguido pelo Benfica, pois apenas conseguimos ver os valores agregados e não os valores por negócio. Mais ainda, ninguém se esquece que o Doyen Group indicou ter estabelecido uma parceria com o Benfica no caso do atleta Ola John em Agosto de 2012 e o relatório trimestral a 30 de Setembro de 2012 é omisso relativamente a essa parceria e nem a Administração da Sad desmentiu tal informação.

Pior que isso é a Benfica Sad considerar que não tem que comunicar à CMVM os investimentos que faz na equipa de futebol. Se anteriormente todos os negócios que representassem no mínimo 5% do capital da Sad eram comunicados,hoje em dia tal não acontece. Salvio e Ola John terão sido adquiridos por valores a rondar os 11,5 e 10 milhões de euros respectivamente, valores muito superiores aos 5,75 milhões (5% do capital da Sad), e mesmo assim os negócios não foram comunicados à CMVM, pois o regulamento na verdade não obriga a essa comunicação mas apenas aconselha.

A falta de informação apenas pode conduzir à criação de suspeitas. Não é isso que se pede a uma Administração que quer ser conhecida pela credibilidade e transparência. É certo que hoje em dia os relatórios e contas da Benfica Sad incluem informação mais discriminada que anteriormente, mas ainda há um caminho muito longo a percorrer.

Espero que esta série de posts tenha ajudado quem não gosta ou não liga para as contas a perceber que as opções desportivas futuras estarão sempre dependentes de decisões que não estão directamente relacionadas com o pontapé na chincha. A renegociação/exploração dos direitos de transmissão televisiva, dos patrocínios técnicos e corporativos, a obtenção de novos patrocínios, por exemplo um patrocinador específico para os equipamentos utilizados nos treinos ou parceiros estratégicos nas áreas das utilities em mercados específicos onde existiam significativas comunidades portuguesas como Angola, Brasil, França ou EUA, o naming do estádio e a renegociação dos namings de bancadas/outras instalações, a amortização/renegociação de parte do passivo bancário, as políticas de preços de bilhetes, cativos, por exemplo a criação de bilhetes anuais para não-sócios, quotas e merchandising, são factores que devem ser geridos por forma a melhorar a capacidade competitiva do Benfica.

Mas em termos desportivos também é essencial melhorar a gestão dos recursos humanos, não desperdiçando tantos recursos em jogadores sem potencial que consomem recursos tanto em valores despendidos com passes de jogadores como também em salários e rentabilizando os investimentos efectuados na formação. Uma parte importante nessa estratégia é o treinador da equipa principal e caberá à Sad fazer a avaliação do trabalho de Jorge Jesus.

Há quem o compare com Ferguson, mas também quem o compare a Wenger. Não em termos técnicos pois cada um terá  seu modelo táctico e aí até duvido que os outros lhe sejam superiores. Se o primeiro é reconhecido pelos títulos a que continua a guiar o Manchester United, o segundo obteve títulos com o Arsenal nos primeiros anos, mas vítima de uma administração que prefere as finanças aos títulos, passaram-se já muitos anos desde o último sucesso no campeonato. Para outros a culpa também é de Wenger, pois opta por contratar jogadores que sendo caros não desempenham consoante o que custaram/recebem, além de defensivamente não saber organizar as suas equipas. Isso é uma discussão irrelevante, pois é sobre o trabalho desenvolvido pelo Jorge Jesus que a Sad deve decidir. 

A verdade é que daqui até ao fim da época há muitas decisões importantes a tomar. Esperemos que as mudanças existentes em Outubro tenham trazido para a Sad a competência que permita transformar o Benfica de um clube que ganha de 5 em 5 anos um campeonato para um clube que ganha com maior regularidade.

Fontes: Relatório & Contas da SLB SAD e FCP SAD.

Uma excelente notícia e um bom princípio

1. «O presidente do Twente, clube holandês que estava interessado na contratação de Filip Djuricic, confirmou ter perdido para o Benfica a corrida ao médio sérvio do Heerenveen.

«Soube que ele vai para o Benfica. Tentámos o empréstimo dele por um ano, mas o Benfica decidiu avançar no imediato», afirmou Joop Munsterman, em declarações à Imprensa holandesa.»

Fantástico jogador, um talento que nunca mais acaba, tem tudo para ser, já no próximo ano, o pensador de jogo do Benfica. A única dúvida reside em saber em que posição será utilizado, uma vez que o sistema do Jesus não favorece todo o potencial que Djuricic pode explorar. Se se tornar mais um Gaitán - utilizado desde o princípio numa posição que prejudica as suas características -, será uma pena. No entanto, com ou sem Jesus na próxima época, não há dúvida de um facto: excelente contratação. 

2. O Juan andou estes meses sabáticos a ler este blogue e de repente tornou-se um gajo com ideias. É assim mesmo, Juan: lá porque tens vergonha do nome que te deram não quer dizer que tenhas de ter vergonha de defender o Benfica. Bela acção da Comunicação do clube no facebook:



Coisas incómodas que fazemos por esquecer

1. O Benfica está de rastos fisicamente - o que era totalmente previsível, menos para os tontinhos do "apoio". 

2. Com um plantel já de si desequilibrado e sem opções, o que faz a Direcção do Benfica em Janeiro? Retira a Jesus Bruno César e Nolito. Genial.

3. Os últimos jogos do campeonato - num dos quais houve um empate, mas podiam ter sido só vitórias, não é isso que importa - demonstram, A QUEM QUISER VER, as fragilidades físicas de grande parte dos jogadores do Benfica. Daqueles que têm sido utilizados constantemente por não terem alternativas reais. Repetem-se os erros, ano após ano.

4. Uns tontinhos que para aí andam a escrever banalidades dizem que as más exibições da equipa não se devem à incapacidade física. Porquê? Porque a equipa "acabou o jogo a massacrar". Recuso-me a comentar tamanha imbecilidade. Os tontinhos vão continuar a dizer até final de época que a equipa está forte fisicamente - é a única forma de não terem de justificar a incompetência de quem dirige o Benfica. E eles são óptimos na sua conveniente cegueira.

5. A única forma de sermos campeões passava pela eliminação contra o Leverkusen e a passagem do Porto aos quartos-de-final/meias-finais da Champions. Passando (como é muito possível), as probabilidades não diminuem; desaparecem por completo.

6. Quando saiu a notícia da possível exclusão do Porto da Taça da Liga, escrevi isto. Continuo à espera (e já lá vão uns anos) de saber o que faz o Benfica neste apoio inequívoco a um corrupto. Um dia todos perceberemos. Quando já for tarde.

7. Quase sem opções para as posições 6 e 8, continuamos sem recrutar à equipa B o único jogador disponível para ser alternativa a uma delas. Por mais que faça grandes jogos, marque golos e demonstre, semana após semana, que o facto de ele não ser chamado prende-se com tudo menos com critérios desportivos.

Abrigo-Benfica

Dorme sem monarquias atrelado a um colchão de campista que roubou uma vez em Montegordo, enquanto os campistas nadavam ondas. Não sei que viagem trouxe até aqui à Ajuda, onde diariamente encosta a cabeça numas ruínas de palacete requebrado pelo tempo e pelas misérias, abrindo da rua para a invenção de entrada um buraco tão grande quanto a esfera de corpos sem demasiadas calorias. Ao lado do túnel uma palavra: "Inferno", a letras que espantam os que têm medo e chamam os que chegam com fome. 

Inferno. Todos os dias o mesmo inferno. O frio encharcado no corpo, três luas em cima (o que é que interessam as luas?), uma manta que faz de filtro à chuva sobre o corpo demasiado lateral, a vida tão morte tão vida normalizada num olhar sem dias nem meses nem anos. Podem as estrelas aquecer este corpo num céu demasiado longe para aquecer de memórias os cabelos estilhaçados que reflectem sonhos e, ainda mais, pesadelos?

Encontro-me com o Carlos no café, num dia de semi-sol. Há quente e há bagaço nas nossas pernas. Junta-nos o Benfica, nada mais. Somos de planetas diferentes, viemos de bebidas distantes, comemos outras coisas, amámos e desamámos o mesmo. Estranho, este olhar que nos persegue feito estendal entre os dois, com peças de melancolia estendidas na distância entre nós. Levo um cachecol vermelho ao peito, com uma imagem de um homem de bigode e em baixo: "1904". Carlos reconhece a simbologia, primeiro de longe, como uma verdade universal que não tem necessidade de gestos nem vozes; depois, mais perto, chegando-se na vontade de um abraço de golo ainda que não existissem golos naquela tarde. Abraça-me. Diz-me: "tu és do Benfica", e eu podendo dizer tanta coisa, tanto silêncio que era possível fechar naquela frase, só soube olhá-lo de frente, puxar uma passa atrás, fumegá-la e dizer, com todos os vários orgulhos que o mundo ainda pode oferecer: "Sim, sou do Benfica e do Cosme".

O Carlos, além de benfiquista, é amigo do neto do Marceneiro. Apresentou-mo. Ficámos três ou quatro meses - que, afinal, foram três ou quatro horas - a conversar com o coração solto de impurezas sobre o Benfica, o Mestre Alfredo e sobre todas as outras coisas que aqui, dentro deste texto construído para um blogue sobre coisas que hão-de ser ditas, não hão-de ser ditas. Comem-se uns pedaços de paio, vem queijo para a mesa, o pão é de ontem e por isso é melhor, as verdades confundem-se com as bagaceiras que vêm dentro de copos pequenos e finos, em lantejoulas, a aliviar a tarde-noite. É possível que nunca tenhamos sido tão felizes.

Quando chega a hora de jantar, o Marceneiro despede-se cantando. Vai pela rua de costas, com pena e medo de deixar a felicidade, deixando no espaço e no ar das pequeninas partículas da humanidade coisas belas e perenes. Ri-se com uma barba monstruosa, igual às nossas, uns olhos que contêm vidas dentro de vidas dentro de mortes dentro de vidas. O Carlos aguça o olhar, lembra o fundamental: "o Marceneiro é porreiro, mas é Belém". Eu construo-me, reconstruo-me, fundo-me e fundamento-me (outra vez!) lisboeta, não sei se demasiado nostálgico se notavelmente endiabrado: "Eu, além do Benfica, se puder escolher, como uma noiva numa primavera árabe, escolho o Belenenses". Provavelmente coisas de antepassados, uma genealogia de gostos e verdades, se calhar mentiras, de que não podemos fugir quando nos confrontamos com a memória feita construção de acasos e afectos. Sim, podia ser do Belenenses, se não fosse do Benfica. Podia ser do Belenenses.

A chuva continua a correr em queda livre. É diferente sabermos que temos camas à espera e tectos e casas-de-banho e frigoríficos cheios de coisas para comer no final da noite. Decido ir dormir ao refúgio do Carlos. Um manto notável de céu e estrelas e asteróides e meteoritos e planetas que não valem nada quando a chuva ensopa os ossos e as mantas e coisas que nunca aparecem nos telejornais senão no Natal. Dormimos sem dormir, recheados de álcool e a timidez do Carlos em fazer-me de hóspede e o meu medo em fazer-me de imbecil. Salvaram-nos os jogadores do Benfica, as opções do mister Jesus e aquele jogador que provavelmente devia ter corrido mais por respeito aos adeptos.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Ainda Leverkusen (após uma semana a chicotear-me pelo Jesus ter feito o que ando a escrever há 3 anos e meio)

- Sim, 3 anos e meio depois Jesus compreendeu o que deve fazer nos jogos de dificuldade média/elevada. Pena ter demorado tanto, mas mesmo os benfiquistas menos católicos não terão problemas em ter esperança na conversão do mister. Acreditemos, companheiros, acreditemos. Continua a ler o blogue, Jorginho, que só te (nos) faz bem.

- Matic numa posição mais favorável às suas características. (Ainda mais) luxo.

- Tendo em conta a forma como o Leverkusen sabe jogar, apostar no 442 suicida na Luz será isso mesmo: um convite à nossa própria morte. Manter um avançado apenas, com Gaitán nas suas costas. A peregrina ideia de que jogar com muitos avançados faz ganhar mais jogos e marcar mais golos devia dar pena de prisão. 

- Muito importante analisar o último lance do jogo por aquilo que ele revela do que deve ser a atitude competitiva de um jogador. Revejam a jogada e observem Melgarejo. Imaginem que o paraguaio tinha ficado parado como vários colegas seus. Fixem a imagem no momento em que entra o cabeceamento/assistência para a desmarcação do jogador do Leverkusen. A antecipação dos lances, a constante concentração competitiva e a crença de que se chegará à bola antes de ela entrar: tudo isto Melgarejo teve no último minuto do jogo. Com isso segurou a vantagem da equipa. Uma lição para apresentar no balneário antes dos jogos.

- Fantástico Artur. A diferença de um medíocre para um bom guarda-redes também está nisto: a resposta a um momento menos feliz. Em Leverkusen, Artur foi O REI. 

JJ cita Lenine

Muitas práticas como a de ontem e a verdade é que muitos corações não resistirão.

Já nos safemos ...

 
Ganhámos. Continuamos na luta. Escapámo-nos de boa. Tenho que dar a mão à palmatória. A equipa está cansada e o plantel é efectivamente curto. Pensei que não fizessem diferença as saídas de Nolito e Bruno César tanto mais que entrou Urreta.

A verdade é que se eu aplaudi as saídas de Rodrigo e André Almeida e compreendi a necessidade de não esgotar o Ola John, a verdade é que só entrou o Gaitán. O Carlos Martins saltava do banco para ir marcar livres e cantos e voltava-se a sentar outra vez. O Kardec pensava que ainda era Carnaval e mascarou-se muito bem de homem invisível.

Começo a ficar preocupado. Parece-me que já vi este filme antes. Mas, vou dar uma de adepto e pôr de lado a racionalidade. Vou fingir que não percebo os sinais. Vou ter fé em Jesus. Vou acreditar no Benfica Campeão.

E ninguém pára o Benfica oléó !!!

PS - Alguém que explique aos gajos da Académica que as camisolas só se trocam no fim do jogo.
 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Joguinho de merda


Facto: não jogámos um charuto e pusemo-nos uma vez mais a jeito para sermos prejudicados. A única coisa positiva no jogo foram mesmo os 3 pontos conquistados. Hoje, e depois da completa conivência com o anti-jogo praticado pela Académica, o árbitro lá assinalou um penálti a nosso favor para além do minuto 90. Bem assinalado, diga-se. Aliás, lances como aquele já ficaram às dezenas por assinalar a nosso favor esta temporada. O que já devíamos ter aprendido era que é precisamente nesta posição que não nos podemos colocar: nas mãos dos senhores do apito. 

Lá tivemos a sorte do árbitro se ter engasgado com o apito no preciso momento em que um defesa da Académica tentava roubar a camisola ao Gaitán. Mas é preciso percebermos que a maioria dos árbitros portugueses jamais assinalaria uma grande penalidade a nosso favor naquela altura do jogo, ainda para mais depois do jogo sofrível que fizemos. Sim, que o nosso desempenho também entra nessas contas. Uma má decisão de arbitragem pode ser atenuada tendo em conta a exibição da nossa equipa. Ou duvidam que se tivéssemos empatado, a tónica seria colocada não no lance que ficara por assinalar a nosso favor, mas sim na exibição miserável que fizemos? Acabámos por ter sorte, agora convém que não voltemos a abusar dela tão depressa.

Razões para o péssimo desempenho da equipa? O já mais que batido mau planeamento de época que nos deixa órfãos de soluções de qualidade para o meio-campo, jogadores em sub-rendimento (já estamos em meados de Fevereiro) e, claro, a forma ultra-defensiva como a Académica encarou o jogo. E se dúvidas houvesse, hoje ficou provado em definitivo que estamos completamente Maticodependentes.


PS: quando é que aprendem a marcar um caralho de um canto em condições?

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Lima de Quinas

"Na minha humilde opinião, Paulo Bento deveria convocá-lo." (LIMA)

Valdo

Considerando os antecedentes e as alternativas, que o Postiga e o Almeida juntos não dão um, na minha humilde opinião, concordo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

"BayLuz"


O dia está lindo, muito Benfica!
Com uma saudação especial a todos aqueles que ontem se fizeram ouvir na Bayarena. Simplesmente extraordinários.
Eu tive a nítida sensação que o Benfica jogava "BayLuz". 



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Apito final

Houve erros (ainda chamei nomes ao Gaitan, Cardozo e Andre Gomes), houve alguma sorte, mas...

...o Jesus se quisesse podia levar-nos tão longe...!!! É só ser inteligente!!

(E o golo do Cardozo - que eu só vi agora pq tava a mijar - pura classe! O seu a seu dono, pura classe; há poucas coisas mais bonitas que um golo de classe ;)

Edit: e ouvir os nossos adeptos em Leverkusen? Lindo, arrepiante!

1-0 Cardozo...

Vantagem por um golo em Leverkusen...
Agora é que se vai ver se é uma equipa de homens ou de meninos!

Força Benfica!!!!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A gestão de LFV 5


Continuemos então a olhar para os Proveitos Operacionais do Benfica, nomeadamente para os proveitos associados à publicidade e patrocínios (Commercial). Estes proveitos incluem os patrocínios das camisolas actualmente a cargo da PT e da Sagres, o patrocínio técnico a cargo da Adidas, as receitas de Naming das bancadas do Estádio da Luz - PT, Sagres e Coca-cola,  dos pavilhões EDP e Bonança e do Centro de Estágios - CGD, bem como as receitas que provêm da venda do merchandising.


Convém desde já referir que estes dados diferem ligeiramente dos dados da Deloitte pois em alguns casos tive acesso às contas dos clubes e os dados são diferentes dos apresentados pela consultora, seja por via da taxa de câmbio, seja por diferenças de valor.

Como podemos constatar, ao contrário dos valores das receitas de Matchday em que o Benfica estava relativamente próximo muitos clubes, o mesmo já não acontece no que às receitas de natureza Commercial.   Isso acontece essencialmente porque o mercado português é demasiado pequeno quando comparado com os outros mercados europeus e porque não há efectivamente a percepção dos 14 milhões de adeptos espalhados pelo mundo. Na verdade, sem que a Liga Portuguesa seja atractiva nos mercados internacionais, nunca o Benfica conseguirá angariar patrocinadores que verdadeiramente valorizem a marca Benfica quando comparada com clubes que têm menos tradição, mas que estando inseridos em Ligas de maior visibilidade alcançam valores incomparavelmente superiores ao Benfica.


Se verificarmos que o Benfica na época de 2011/12 recebeu 12,3 milhões de euros entre patrocínios de camisolas e técnicos, apenas se pode comparar com Arsenal e Dortmund que rondam os 16 a 17 milhões de euros anuais. Convém referir que os clubes têm renovado os seus acordos recentemente e aumentado significativamente os valores, nomeadamente o Manchester United assinou um contrato com a GM que lhe garantirá um patrocínio nas camisolas a partir de 2014/15 com um valor mínimo de 60 milhões de euros/ano.

No entanto a realidade não é determinística e o bom trabalho pode ajudar a inverter esta situação. Esta época estão a findar os contratos de patrocínio, seja o patrocínio das camisolas, seja o patrocínio técnico, pelo que a renovação de contratos com os patrocinadores são boas oportunidades para criar valor, seja através dos patrocinadores existentes caso aumentem significativamente os valores em causa, seja através de novos patrocinadores, nacionais ou estrangeiros. À semelhança do Manchester United, deveria o Benfica procurar patrocinadores regionais, nos mais diversos sectores de actividade, que se queiram associar ao Benfica, em especial nos mercados onde o Benfica tem maior peso junto dos adeptos: Angola, Moçambique, Cabo Verde, Alemanha, França, Suiça, Luxemburgo, Estados Unidos e mesmo no Brasil.

Adicionalmente, a realização da final da Champions em 2013-14 no Estádio da Luz, proporciona a hipótese de negociar esta época os direitos de Naming do estádio para  a próxima época na qual o estádio terá uma exposição fantástica. Claro que aqui voltamos à questão das assistências e à política de preços de bilhetes. No post anterior mostrei a comparação dos espectadores nas diferentes Ligas, faltavam os dados da Bundesliga que são ainda mais impressionantes que os da Premier League. Mas deixemos os dados agregados das ligas e olhemos para as assistências dos principais clubes dessas ligas.


Como podem verificar utilizei para esta comparação os principais clubes das ligas inglesa, alemã e espanhola. Enquanto Manchester United e Bayern Munique têm nas ligas nacionais uma ocupação do estádio a rondar os 100%, já o Real Madrid fica-se pelos 93%. Quanto ao Benfica o valor rondou os 60%. Se é certo que 5% depende exclusivamente dos adeptos adversários, já a ocupação dos outros 95% dependem exclusivamente do trabalho realizado pelo Benfica para atrair os seus adeptos e é esse trabalho que tem falhado.

A maximização das receitas de naming do estádio, seja do próprio estádio, seja das bancadas, ou mesmo dos pavilhões, cuja maior presença de sócios em jogos conduzirá inevitavelmente a maiores assistências nas modalidades "amadoras" em dias de jogo de futebol, o que poderá também ter um impacto positivo na renegociação dos contratos associados aos pavilhões, bem como originar a geração de maiores receitas de merchandising em dias de jogo.


O merchandising é algo que tem vindo a crescer constantemente, com excepção da época 2007-08 onde o valor diminuiu face à época anterior, mas cujo peso no total dos proveitos operacionais é ainda dispiciendo, representando apenas 3,5% na época de 2011-12.

Deveria pois, o Benfica, em conjunto com o patrocinador técnico, ou potenciais patrocinadores que queiram ocupar o lugar, conduzir um estudo para perceber até que ponto os valores cobrados nos equipamentos desmotivam os sócios e adeptos a adquirir esses equipamentos, em especial as camisolas oficiais.

Senão vejamos, uma camisola oficial de manga curta do Benfica, sem personalização, custa entre 73,80 e 82,00 euros consoante sejamos ou não sócios. Uma camisola do Manchester United custa £50,00, ou seja 58,00 euros.  Como a camisola é da Nike, pode ser que o problema seja o fabricante. Olhemos então para o Bayern que à semelhança do Benfica é equipado pela Adidas. Ora uma camisola do Bayern, na Alemanha claro está, custa 59,95 euros. Em ambos os casos, este é o preço para não-sócios que se comparam com os excessivos 82,00 euros que um adepto não-sócio do Benfica tem que despender para adquirir a camisola oficial. Em Espanha, o valor da camisola do Real Madrid também rondava os 82,00 no início da época, mas com o descalabro competitivo baixou 25%. Em Itália, o Milan também baixou os preços mas não tanto quanto o Real Madrid.

Continuando em Inglaterra, vemos que a camisola do Manchester City da Umbro custava £35,00 no início da época (41,00 euros) e agora está a £30,00, a camisola Nike do Arsenal £45,00 (52,00 euros), a camisola do Liverpool equipado pela Warrior que no início da época cobrava £45,00 baixou para as £25,00 (29,00 euros) em função de mais uma "espectacular campanha" na Liga Inglesa e finalmente a camisola do Tottenham da Under Armour custa também £45,00.

Trata-se pois, à semelhança dos preços dos bilhetes, de uma questão de mudança de paradigma - se o Benfica é um clube popular, deverá reduzir o valor dos bens e serviços que vende, sejam lugares no estádio ou camisolas oficiais, por forma a exponenciar as receitas através do alargamento da base. Se as vendas actuais de camisolas oficiais do Benfica não são suficientes para a Adidas baixar os preços para o nível do Bayern Munique, ou do Hamburgo, então se calhar convém que sejam efectuados estudos de mercado para mostrar à Adidas a existência de potenciais mercados onde que poderão incrementar significativamente as vendas de camisolas oficiais, desde que sejam comercializadas a preços mais competitivos.

Aliás, não tendo o Benfica um astro como um Ronaldo ou um Messi, dificilmente poderá competir fora de Portugal, em especial nos mercados dos luso-descendentes, com preços significativamente superiores aos praticados pelos clubes da liga mais popular do mundo. O valor de 60,00 euros para não-sócio, semelhante ao preço da camisola do Bayern Munique, parece-me que deveria ser o valor apontado para ser realizado esse estudo de mercado. Além de que ao baixar o preço estaríamos ainda a desincentivar a aquisição de produtos não-oficiais.


Outra componente dos proveitos operacionais são as chamas receitas de Broadcasting, ou seja de transmissões televisivas, que incluem os direitos recebidos da transmissão da liga nacional, bem como as receitas das competições europeias, nomeadamente os prémios de participação e desempenho desportivo. E, perdoem-me o plebeísmo, é aqui que a porca torce o rabo.


Como se pode verificar, em 2011/12, os grandes clubes espanhóis e italianos lideraram a tabela relativamente aos clubes que mais recebem com os direitos das ligas nacionais, isto apesar de ser a liga inglesa a que distribui mais dinheiro.


As diferenças nos valores que os clubes recebem têm essencialmente a ver com os modelos de distribuição, mais equitativos nos casos da Liga Inglesa e Alemã, mais diferenciadores nas Ligas Espanhola e Italiana. Há vários modelos, que normalmente incluem componentes fixas, componentes de desempenho, no próprio ano ou mesmo num conjunto de anos anteriores, componentes de atractividade, seja através do número de jogos televisionados, seja através do número de adeptos reconhecidos pelas Ligas/Federações, etc.



Como é visível, os clubes portugueses não têm qualquer hipótese de competir em termos de proveitos de transmissões televisivas das ligas nacionais com os clubes das principais ligas europeias. Mesmo a distribuição dos valores da Liga dos Campeões é condicionado pelo tamanho dos mercados pelo que a componente do Market-pool acaba por desvalorizar significativamente o desempenho desportivo, apesar de serem estes valores, nomeadamente os inerentes à participação na Liga dos Campeões que podem contribuir para o atenuar de diferenças entre clubes de países mais pequenos e clubes de países maiores.

A solução para a atenuação das diferenças em termos de receitas de transmissões televisivas passa essencialmente por existir um trabalho sério na internacionalização dos direitos da liga portuguesa. O problema é que esse trabalho nunca poderá ser realizado de forma individual, via Benfica TV, mas à semelhança de todas as outras ligas, através da venda colectiva dos direitos de transmissão da liga portuguesa.

Mas foquemos a análise nas receitas de Broadcasting do Benfica, distribuídas consoante a sua origem. 


O motivo para os dados começarem na época 2005-06 é devido ao facto de não ter valores desagregados para as épocas anteriores. Como podem verificar, os anos têm passado, mas o valor que o Benfica tem recebido da Olivedesportos mantém-se igual, como se actualmente os direitos valessem o mesmo que valiam em 2005-06.


A grande variação nas receitas com origem nos prémios da UEFA afecta necessariamente a gestão, pois é muito diferente contar com 10, 15 ou mesmo 20 milhões de euros com origem na participação na Liga dos Campeões, versus uma receita residual de 3 ou 4 milhões caso o Benfica não atinja a fase de grupos.


Se repararem na época de 2008-09, em que a participação europeia do Benfica foi miserável, pois além de não ter disputado a Champions, ainda por cima foi eliminado na fase de grupos, os proveitos operacionais tiveram uma queda. Em 2009-10, novamente sem disputar a fase de grupos da Champions, os proveitos operacionais cresceram, em especial, com origem nas receitas adicionais que advieram da fusão da Benfica SAD com a Benfica Estádio. Nas épocas seguintes, a participação na fase de grupos da Champions elevaram significativamente os proveitos, em especial na última época com o atingir dos quartos-de-final.

Efectivamente, os prémios da UEFA representaram 25% do total dos proveitos operacionais na época de 2011-12, o que constitui um grande risco em termos de gestão, caso o Benfica não atinja a fase de grupos. Na verdade, se nos lembrarmos que os custos do pessoal representaram 55% das receitas na época de 2011-12, sem os prémios da UEFA esse valor subiria para 70%. Este é um exercício meramente académico, pois parte dos custos com pessoal corresponderam a prémios de desempenho que nos levaram aos quartos-de-final, mas convém ter a noção que sem o apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões, hoje em dia os proveitos operacionais do Benfica cairiam para os 70 a 75 milhões de euros, em vez dos valores atingidos nas duas últimas épocas.

Se esse cenário neste momento parece extremamente improvável, o não apuramento do Benfica para a fase de grupos da Liga dos Campeões, a péssima prestação dos clubes portugueses na corrente época pode a breve prazo voltar a implicar a redução de 3 para 2 lugares de Portugal na Liga dos Campeões, sendo que o segundo voltará novamente a disputar a 3.ª pré-eliminatória e um posterior play-off para poder ter acesso à fase de grupos. Ao longo dos 9 anos de mandatos de Luís Filipe Vieira, o Benfica apenas foi campeão por 2 vezes, pelo que com a eventual redução do número de equipas portuguesas na Champions, das duas uma, ou o Benfica se torna mais competente, ou os riscos orçamentais disparam significativamente.

Em conclusão, considero que existem grandes oportunidades para se incrementarem significativamente os proveitos operacionais, nomeadamente através da (re)negociação de patrocínios, do naming do estádio, dos contratos de direitos televisivos. No entanto, convém não cometer os erros que o Arsenal cometeu, nomeadamente através de negócios de longa duração com valores fixos, situação já conhecida do Benfica no caso dos direitos de transmissão televisiva, e convém fazer os orçamentos com alguma precaução quanto aos riscos desportivos inerentes a uma eventual perda de lugares por parte de Portugal na Liga dos Campeões, dada a enorme diferença de prémios entre essa competição e a Liga Europa.

Fontes:  Futebol Money League Report - Deloitte, Swiss Rambler, Tifoso Bilanciato, LFP, LPFP, R&C de SLB SAD, FCP SAD, SCP SAD, SCB SAD, Manchester United PLC, Liverpool, Atlético Madrid, Valência, Sites de SLB, Manchester United, Bayern München, Real Madrid, AC Milan, Manchester City, Arsenal, Liverpool e Tottenham Hotspurs.