Cada um terá a sua história. Eu comecei a aprender a ser benfiquista com as estórias que o meu pai contava sobre os seus tempos de juventude. Muito cedo veio sozinho para Lisboa, aos 10 anos, como costuma dizer, iniciou-se na vida militar ao entrar no IMPE. Assim teve hipótese de ver muitos jogos, quer do Benfica, quer do Sporting. Obviamente que não teve dúvidas em escolher o clube cujos adeptos eram mais amigáveis, não elitistas, que apoiavam a nobreza do carácter das camisolas vermelhas que lutavam contra tudo e contra todos, contra um regime ditatorial que se sustinha com os seus bufos e outros cefalópodes e gente que tinha a mania que era superior a todos os outros.
As suas estórias da juventude associadas a uma equipa que verdadeiramente representava todo esse espírito popular e que dominava tudo e todos, que mesmo que perdesse fora de casa com 15 minutos à Benfica punha as eliminatórias no seu devido lugar. e assim, mesmo antes de conhecer os Nenés, os Humbertos, os Tonis, os Albertos, os Pietras, já eu sabia de cor a linha avançada que maravilhou a Europa e o Mundo em 66 - Zé Augusto, Jaime Graça, Eusébio, Coluna, Torres e Simões, sem esquecer o grande Zé Águas, o Santana, o Cavém, o Neto, o Germano e mesmo o Costa frangos.
Mas, não havia nada como a Bola para aprendermos a ler e a conhecer os nomes dos craques, a aprender geografia e vocabulário que mostrava que os redactores da altura nada tinham a ver com os junta-letras de hoje em dia. Para conhecer as caras, então tínhamos que completar as cadernetas de cromos que todos os anos saíam desactualizando a da época anterior e fazendo com que nunca se acabassem, pois todos tínhamos os mesmos cromos para a troca. Ao domingo à tarde, senão saíssemos, era certinho que passava uma tarde a ouvir o transistor em onda média a relatar quer os jogos do glorioso, quer os jogos dos outros clubes que por esse país fora disputavam a primeira e segunda divisões nacionais.
Se por um lado o meu pai pouca ou nenhuma disponibilidade tinha para ver os jogos ao vivo, o mesmo já não se passava com um dos meus vizinhos que sendo sócio, me propôs para sócio, sim porque no meu tempo só se entrava para sócio sendo proposto por outro sócio e me levou as primeiras vezes ao velhinho Estádio da Luz. Domingo de manhã, com o farnel na mochila, zarpávamos cedo, sim zarpávamos pois íamos de cacilheiro para Lisboa. Primeiro, uma paragem na sede para saber as novidades do dia anterior e depois toca de apanhar o metro para Sete Rios.
Chegar ao complexo da Luz era um espectáculo antes do espectáculo. Os Juniores a jogar no campo número 3, sim porque o 2 só servia para os treinos da equipa de atletismo. Os vendedores, a multidão, o sangue garrido dos cachecóis, as bandeiras predominantemente brancas com 2 listas vermelhas e o símbolo bem no meio do alvo pano. O sonoro dos altifalantes anunciando o homem da Regisconta ou a fama do Constantino, antes de anunciarem os onzes iniciais que se ouviam quase no Califa.
Não, não havia Colombo, nem a segunda circular tinha assim tanto trânsito. O que havia era um pavilhão debaixo das bancadas onde se ia ver o basquetebol ou o hóquei se o dia fosse mais longo. Depois era voltar para a casa a recordar todos os aspectos do dia para poder contá-lo aos meus pais e no dia seguinte para causar inveja na escola.
Acima de tudo, o grande espectáculo era ver a equipa entrar em campo e sentir o apoio dos Diabos que tanto fumo libertavam que mal conseguíamos respirar ou mesmo ver o jogo nos primeiros minutos. Claro que os velhotes, que ao fim de alguns jogos já me tratavam como um deles, não apreciavam o espectáculo da claque, mas quando o jogo começava não havia divisões, pelo menos se a equipa fizesse uma entrada à Benfica. O troar do antigo terceiro anel fazia com que os jogadores adversários se amedrontassem e por causa do público começavam logo a perder o jogo. Mas ai da equipa que descansasse enquanto o resultado não estivesse garantido. O tribunal da Luz não perdoava os fracos, fossem eles adversários ou jogadores da própria equipa.
E vocês, donde vem o vosso benfiquismo ?
em casa o futebol nunca foi refeição diária, mas a minha mãe e a minha tia eram do Benfica e o meu pai nunca pôs obstáculos. foi algo que cresceu em mim de forma tão natural que nunca o questionei. creio que as minhas primeiras memórias do Benfica são das épocas 92/93 e 93/94, e lembro-me de ver um benfica-juventus em 93 e de ficar obcecado com as camisolas e o patrocínio da fnac.
ResponderEliminarmas a primeira época que segui a preceito, com almanaque do benfica, poster do plantel e muito orgulho foi a de 94/95. portanto até hoje ainda ando à espera de ver o verdadeiro Benfica. passo a passo, que enquanto houver memória havemos de lá chegar.
Eu sou brasileiro. Vivi em Lisboa de 2008 a 2012 e lembro-me bem quando vi o estadio da Luz pela primeira vez. Encantei-me com a beleza e a força, a mistica e a imponencia. Tornei-me Benfiquista quando pisei os pés na Luz, dias depois, levado pelo meu amigo Alberto Barreiro. Vi jogos memoraveis e senti na pele ser campeao no primeiro ano de Jesus. Estava la no ultimo jogo!! Agora, de volta ao Brasil, deixei de ser apenas brasileiro, sou Benfiquista-brasileiro! Andre Gusmao
ResponderEliminarVem dos meus 7 anos... quando regressei de Moçambique... nasceu numa Taberna na Cova da Piedade.
ResponderEliminarLembro-me ainda em Lourenço Marques (Maputo) de ver da janela da minha casa um ringue de Hóquei em Patins... é por isso que nomes como Piruças e Pica (?) fazem parte das minhas memórias de infância... mas voltando ao principio... foi nas longas conversas com os clientes da taberna (vulgo bêbados, segundo o meu Pai) que eram adeptos do Cova da Piedade, que fui iniciado no benfiquismo e depois através da televisão e com a preciosa ajuda do Lençol "A Bola" (adorava aquele jornal)... foi aí que conheci o Eusébio, o Coluna, o Torres... mais tarde o Chalana e muitos outros, mas nunca os vi ao vivo... essa é uma das minhas tristezas... só fui a um jogo de primeira divisão há pouco mais de 15/20 anos... os primeiros jogos que vi ainda miúdo foram do Cova da Piedade e do grande craque da altura o Zé Francisco(?)... são memórias de vida pura e alegre... grato a todos os que me levaram ao futebol e que falaram comigo...e grato a vocês todos também!!!!
Desde que me lembro que sempre fui louco pelo Benfica. Toda a minha familia é Benfiquista. Tardes de Domingo a ouvir o relato na Resnascença em casa dos meus avós; grandes noites europeias que me faziam vibrar... tudo isto à distância, a 250 km de Lisboa Muita emoção, indiscritiveis. Só vim para aqui aos 18, na altura em que estava para entrar no Benfica Vale e Azevedo... Todos sabemos como foram as épocas nesse tempo... Antes de tudo isto, vinha à Luz ocasionalmente. Num jogo europeu, quando havia alguma excursão, o costume para quem morava fora. Ou quando estava de férias. Dias antes de rumar a Lisboa para assistir a mais um jogo do Glorioso, não conseguia dormir, quase nada. Parecia que era eu que iria estar em campo, tinha nos ombros o peso da responsabilidade de ter que vencer aquele jogo. Não conseguia pensar noutro cenário, sequer. Também me lembro bem de ver os Juniores e de estar lá rodeado dos "velhotes" com a suas opiniões, ver os jovens craques do futuro. Lembro-me de ver jogos indiscritiveis, contra Sporting, Porto, Steua Bucareste, Marselha, Barcelona, Parma... Lembro-me de 90, 100 mil pessoas... Onde vão esses tempos. Tive toda a influência do mundo da minha familia para ser do Benfica. E, ainda bem!
ResponderEliminarO meu Benfiquismo nasceu nas noites europeias. Compreendo que hoje os tempos são outros e se possa dizer que a prioridade é o campeonato. Mas se no final dos anos 80, princípio dos anos 90, não houvesse maravilhosas noites europeias eu não era o Benfiquista que sou hoje. Uma noite europeia significava para mim uma vinda a Lisboa proveniente do Alentejo profundo. O meu pai era o único do grupo que fazia questão de trazer o filho. A minha mãe preparava sempre sandes de ovo para comer na paragem obrigatória de Palmela. A chegada ao Estádio era feita com várias horas de antecedência. Todos queriam entrar primeiro para que se pudesse escolher os melhores lugares. Já lá dentro eu cumpria a minha função. Estender os cachecóis pelos empedrado e ficar ali sentado a marcar os lugares enquanto o meu pai e os amigos iam beber uma cervejola. E não, ele não estava a ser irresponsável ao deixar-me ali sozinho. Ele sabia que eu estava em casa! Mais do que em casa, eu estava em família! Como é grande o BENFICA!!!!!!!!!!
ResponderEliminarOlha, o que eu sei é que o do Ricardo nunca chegou a nascer...
ResponderEliminarEle deve tar à espera de uma derrota do benfica para sair a terreiro. Tem andado muito caladinho nos ultimos tempos, pudera, o benfica ganha sempre. E isso concerteza nao deve encaixar bem na cabeça daquele que afirmou no principio da época que nao tinhamos hipotese NENHUMA de ganhar o campeonato. Ainda tenho aqui o post guardado. No seu devido tempo será esfregado na tua cara, nao só por mim, mas por quase todos que se lembram.
Saudaçoes Benfiquistas
Eu acredito sinceramente que nasceu comigo! Desde muito cedo que me dizem que o futebol me chamava para a frente da televisão. Contam-me que por volta dos meus 2 anos via um jogo do Benfica e disse à minha Mãe que estava contente pelo Benfica estar a ganhar mas que tinha pena do homemm de preto que ninguem lhe passava a bola (se soubesse o que sei hoje!!!). Dois ou três anos mais tarde o meu avô veio de Vila Real para ver um jogo com o sporting (nessa altura demorava-se mais de 9 horas de autocarro) e lá fui eu e ele para a Luz, sozinhos, acompanhados apenas da vontade e uma bandeira que naquela altura me parecia gigante. O resultado final foi decepcionante, o Benfica perdeu. Ao sair aquela bandeira gigante parecia que pesava uma tonelada com o cansaço de um miudo de 4 ou 5 anos e o peso da derrota. Pedi ao meu avô para levar a bandeira ao que ele respondeu algo mais ou menos assim: Só vais ser do Benfica a sério quando defenderes essa bandeira quande ganhares ou quando perderes, leva-a com orgulho. Assim apendi a minha forma de ser Benfiquista
ResponderEliminarO vicio da bola foi o meu pai que sem querer me o incuclou, ele que na vida nunca deve ter dado um chuto numa bola, ao presentear-me aos seis, sete anos com uma bola de luxo que eu aprendi a pontapear com os meus colegas da primária nos relvados lameiros para onde ia pastar as vacas.
ResponderEliminarO meu Benfiquismo sóa mim o devo e só soube que o Benfica existia quando pela primeora vez vi televisão no colégio onde estudava.
Foi mais um presente pois deixaram-nos ver a final dos 5-3 contra o Real Madrid.
A partir daí fui sempre eu a adubá-lo em doses industriais começando desde muito novo a pregá-lo e não duvidem que converti muitos apostolos, acção que continuo a praticar.
Seja em que local ou circusntâcia e perante quem for quando me apresentam alguém ou sou apresentado a seguir ao nome acrescento..E Benfiquista.
Completando direi...Português, Transmontano e BENFIQUISTA.
Como também habitualmente refiro:
O Benfica é para mim uma das minhas razões de viver.
Obrigado ao Bcool e a vocês. Estive a ler tanto o post como os comentários e emocionei-me. O Benfica é tão enorme.
ResponderEliminarEram o Picas e o Piruças.
ResponderEliminarQuanto a mim lembro-me qual foi o dia em que disse, SOU DO BENFICA, foi no dia 13-12-1989 aquando de uma vitória sobre o setubal por 5-1, ( 3 de Vata, 1 Magnusson, 1 Pacheco) tinha ja 8 anos, quando afirmei sem receios, sou do BENFICA. Sem receios porquê?! Ambos os meus avôs eram lagartos, um deles era também meu padrinho e as ofertas eram sempre equipamentos verde e brancos. O Meu Pai é um grande Benfiquista, mas nunca proibiu equipamentos verdes la em casa, sabia que o tempo iria por as coisas no sitio, e apesar de me tentarem impingir tal maldade esverdeada sempre fui Benfiquista, hoje sou cada vez (de)mais! Nao se explica... sente-se.
ResponderEliminarParabéns por este post, já me tinha debruçado sobre o mesmo no meu blogue o ano passado. Aqui fica o post que publiquei na altura:
ResponderEliminar"Já não é a primeira vez que me interrogo sobre o que é ser benfiquista e porque eu também me decidi a sê-lo. Penso nisso quando vejo, normalmente na Benfica TV, um jornalista fazer essa pergunta a um adepto. Trata-se de uma questão pertinente que deixa as pessoas a pensar um pouco antes de responder.
Cresci numa localidade onde só existam duas opções: ser do Benfica ou do Sporting. Com a família materna toda benfiquista, e a paterna toda sportinguista, está bem de ver que a pressão foi intensa – pese embora nem pai nem mãe tenham exercido grande influência. As circunstâncias da vida levaram a que eu passasse mais tempo junto dos familiares maternos e isso influenciou decisivamente a minha escolha. Contudo, confesso que, na altura, não tive noção da importância da opção que tomei.
Ao longo do tempo fui-me apercebendo que me coloquei do lado certo da barricada. Ao olhar para a história dos dois grandes de Lisboa, identifico-me bastante com a história do Benfica, um Clube fundado por gente pobre mas honrada. Tudo o que o Benfica conseguiu foi com o suor dos seus membros ao contrário do nosso rival a quem tudo foi dado. Lutar contra as adversidades foi, desde muito cedo, um atributo do Benfica.
Logo nos primórdios, e depois de nos irem roubar alguns dos nossos melhores jogadores, o Benfica não esmoreceu. Pelo contrário, tornou-se mais forte e, apesar de ter perdido o primeiro confronto com o rival, nasceu aí o sentimento benfiquista de superar todos os obstáculos com que nos deparávamos.
A saga continuou com as mudanças sucessivas de instalações. Sem dinheiro para o seu próprio campo, o Benfica andou com a casa às costas até 1954, altura em que foi construído o Estádio da Luz. Há quem diga que a construção do antigo Estádio marcou o início dos grandes feitos do Clube, já que foi grande o empenho e a adesão de sócios e adeptos que contribuíram com tudo o que tinham para que o Estádio fosse uma realidade.
Atingido esse objectivo, e à medida que nos íamos consolidando como um dos melhores Clubes do mundo, logo os nossos rivais trataram de desvalorizar os nossos feitos, colando-nos o rótulo de “clube do regime”. Porém, e como os factos comprovam, o Benfica foi sempre o Clube menos beneficiado por Salazar. O excelente trabalho realizado por Alberto Miguéns no seu “Em defesa do Benfica” demonstra isso mesmo.
Mesmo no tempo de Vale e Azevedo, quando éramos chacota dos jornais e dos adeptos contrários, o Benfica soube erguer-se e restaurar o seu bom nome. Hoje, a luta faz-se contra um sistema bem montado e com muitos interesses instalados. Tenho a certeza que, mais cedo ou mais tarde, ocuparemos de novo o nosso merecido lugar.
Com 23 anos de sócio, sinto-me feliz por fazer parte desta segunda família. Orgulho-me do cartão 23678 que envergo e do lugar que mantenho, na nova Catedral, desde 2004. Ali já festejei muitas vezes mas também já sofri algumas decepções. Nada que faça esmorecer este sentimento de orgulho que é fazer parte do Clube de Cosme Damião, Rogério Pipi, Julinho, José Águas, Coluna, Eusébio, Nené, Chalana, Rui Costa, entre outros. Ganhe-se ou não, o sentimento de ser benfiquista nunca muda. Mário Wilson, com as suas palavras sábias descreveu isso da melhor forma: “Por muitos desgostos que possamos ter, valores mais altos se levantam”.
Como não quero que a minha filha um dia se venha a arrepender da escolha que fizer, tratei de lhe dar uma ajudinha logo após o seu nascimento…"
Grato Bcool!
ResponderEliminarFoi assim:
ResponderEliminarhttp://www.rogerajacto.blogspot.pt/2008/11/dia-b-slb.html
Sou da cidade do Porto, cidade de elevada importância para Portugal, cidade que se localiza a uns 306 km da capital Lisboa. Nesta cidade nasci e me fiz homem de agora 23 anos. Os meus avos (ambos) são portistas. Toda a minha familia do lado do meu Pai é do Porto e o Avô do lado da minha Mãe sempre foi sócio do fc Porto não obstante disso o meu tio mais chegado era dirigente do porto de um sector muito chegado ao jorge nuno... No entanto sendo a minha mãe do porto também, o meu Pai era Benfiquista mas cansado no meio de tanto azul. A minha infância revelava-se difícil! No entanto por ordem dos meus pais fui para a um colégio onde a minha educadora nos tenros 4 anos, sempre me viu um "não alinhado" e puxou me para o Glorioso. Dizia-me baixinho: Benfica, tu és do Benfica!! E eu comecei com o meu maior amor. Eu andava diariamente equipado á Benfica no trajecto Casa-Colégio... Todos os meus Colegas, TODOS, eram do Porto. Sempre fui diferente e paixão fervorosa ia crescendo. Pegava me para defender o Benfica, fui inclusivamente companheiro de turma de alguns jogadores do porto e membros das claques colectivo e super que sempre souberam quem eu era. Isso fez me Homem de 23 anos. Atenção passei na cidade do Porto os momentos mais gloriosos do fcporto e praticamente não vivi glória do Benfica. Só o que difere deles é que eu acordo de manha e penso: "Sou do Benfica, e amo aquele clube"!! Essa é a diferença.
ResponderEliminarSó uma curiosidade, o meu avô socio do Porto é agora do Benfica desde 2008 e agora com os seus 81 anos diz: "É tão bom ser do Benfica!" Mas que grande este clube. Vá la, Vamos Ganhar!!