Ganhar, seja por que margem for, nunca é mau. Pode ser
melhor ou pior, dependendo das necessidades e do adversário, mas é sempre bom.
Nesse sentido, o resultado de ontem, embora longe de ser fantástico e/ou
tranquilizante para a 2ª mão da eliminatória, acaba por ser bom ou quase bom.
Seria preferível o 1-0 que o 2-1 conseguido. Mas não há que lamentar, há que
ter confiança que faremos o resultado necessário para fazer da próxima viagem a
Turim, a penúltima da época.
Fizemos uma primeira parte superlativa, sem mácula. No
primeiro tempo, sem sermos esmagadores (mas quem o consegue ser frente a esta Juventus?),
fomos dominadores e amplamente melhores. Defensivamente perfeitos, devemos a
nós mesmos o facto de termos chegado ao intervalo apenas com a diferença mínima
no marcador.
No segundo tempo, com o decorrer do jogo e o
consequente aumentar do cansaço físico e psicológico, aliados a uma atitude de
maior expectativa que me parece ter sido pedida e a uma maior afirmação
italiana, os erros defensivos já foram mais abundantes e o fulgor ofensivo mais
compassado, ainda que tenha sido suficiente para “sacar” um penalti claríssimo que
o senhor árbitro viu, mas não assinalou.
Durante os 90 minutos, Luisão, Garay e Enzo foram
gigantes, enormes na arte de defender com intensidade e inteligência. O nosso
médio centro foi simplesmente sublime. Foi dele e de Rodrigo a tarefa de mover
apertada e eficaz pressão sobre Pirlo, algo que, felizmente, Marchisio nunca
soube capitalizar, pois com Enzo em cima do 21 italiano, sobrava espaço que o 8
podia aproveitar, mas não soube.
Esta marcação foi afrouxando ao longo do tempo,
sobretudo por influência de Rodrigo. O jovem espanhol não conseguiu, nem de
perto nem de longe, manter a mesma intensidade que tinha apresentado na
primeira metade.
Houve ainda outro pormenor que contribuiu para a tal
menor eficácia em anular Pirlo, mas este partiu do banco da vecdhia signora. A dada altura, Conte
ordena a troca posicional entre Pirlo e Marchisio. O primeiro passava a ser o
novo interior esquerdo, enquanto o segundo recuava para o vértice mais recuado
do meio-campo. E foi neste período que a Juventus viveu o seu melhor no jogo e,
por consequência, o Benfica o seu pior. O jogo interior dos italianos fluiu com
muito maior facilidade e eficácia, não só porque foram confundidas as marcações
no miolo, mas sobretudo porque Pirlo soube aproveitar muito melhor a
inferioridade numérica do Benfica a meio-campo.
E é neste período, e daquela zona do terreno que nasce
um passe delicioso para a Asamoha que coloca em Tevez, liberto de marcação por
erro do meio-campo, que não tem dificuldade em ludibriar Luisão e fazer o 1-1
de então.
Depois disto, os italianos voltaram a baixar o seu
ritmo e nós voltamos a conseguir aumentar o nosso. Com a entrada de Cavaleiro,
a equipa voltou a ganhar asas e velocidade para o ataque rápido, e com a dupla
Lima/Rodrigo conseguimos confundir por completo os pesados e lentos centrais
italianos.
Ainda que não tenhamos sido perfeitos, estamos de
parabéns. Ainda que não tenhamos arrumado com a Juve, somos dignos de um belo
processo em tribunal, pois não se bate a sim numa senhora, muito menos numa
velha.
P.S. Ontem foi mais um jogo em que se viu a aversão
que Jorge Jesus tem a qualquer sistema que implique ter 3 homens no corredor
central. A dada altura do jogo, o nosso técnico decide trocar um extremo por um
médio. Quando seria de supor que a equipa se organizaria com 3 médios
(Almeida-Enzo-Gomes), para assim estancar o claro ascendente interior que a Juventus
estava a revelar, e Rodrigo deslocado para o flanco esquerdo, onde poderia dar
velocidade importante no contra-ataque, JJ opta por colocar André Gomes na ala
e manter uma dupla de avançados na frente. Ou seja, de uma penada, perdemos
velocidade na faixa e não ganhamos consistência ao meio, porque A. Gomes vivia
num limbo entre encostar na linha e fechar ao meio do qual nunca conseguiu
sair. O próprio JJ confirmou que com a troca de A. Almeida por Sulejmani
pretendeu fechar o corredor central por onde a Juve estava a entrar com
relativa facilidade. Ou seja, leu bem, executou mal. Percebeu o que tinha de
fazer, mas não admite mudar o seu sistema. Perca ou ganhe, fá-lo-á agarrado às
suas convicções, não há nem haverá volta a dar.
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