terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Sagres Fora de Contexto



O que dizer sobre mais esta polémica de palha?
Nesta discussão não vejo espaço para falar em decência. Isto nem é uma questão de Futebol mas sim Empresarial. A discussão possível é do foro da Gestão, de estratégia da Sagres.

A Sagres decidiu nesta sua parceria com a Liga aparecer com uma publicidade diferente. Quis ter impacto e acrescentar uma nova dinâmica na sua relação com o futebol português.

Pelo que se vai discutindo parece que a estratégia era ridicularizar o Sporting ou o Patrício. Alguém que pense mais de dois segundos nisto consegue mesmo acreditar nesta possibilidade?

A Sagres imaginou o que seria todas as jornadas fazer um vídeo caricato sobre um (ou mais) dos jogos realizados. A Sagres imaginou o que seria no final de Domingo ter os adeptos à espera de saber qual seria o vídeo que a marca ia lançar, sobre que jogo seria e como seria. A Sagres imaginou ter os adeptos de futebol também a ansiar pelo input da marca nas jornadas do campeonato português

Isto é uma imagem forte. É um marketing poderoso. A Sagres quis ter impacto.

Não vejo qualquer problema no vídeo. Não vejo qualquer problema na ideia. Não vejo qualquer problema na mensagem.

Um resumo em forma de caricatura de um jogo de futebol onde se foca na falha do Patrício e no tombo do Belenenses no último minuto tem sido divulgado como um simples ataque ao Patrício.

Não vejo porque discutir o conteúdo ou qualidade do vídeo mas sim a estratégia da Sagres. Terá sido devidamente analisado o contexto do futebol português? Terá sido bem analisado o timing de lançamento desta propaganda?

Em Portugal já se sabe que há pouco espaço para o que é diferente. Se apontam à nossa “dama” são recebidos à pedrada.
A ideia da Sagres foi boa mas estava praticamente condenada ao falhanço devido ao tipo de adeptos que há no futebol português. Estamos sempre em modo defensivo, em modo guerrilha. 

Mas além desta postura constante era também importante ter em atenção o momento que se vive entre o Benfica e o Sporting. Não era o timing ideal para lançar aquele vídeo. O Sporting de Corte-de-Relações/Sporting-de-Bruno-de-Carvalho não ajuda a possibilitar este tipo de iniciativas. 

A Sagres falhou. Falhou a analisar o futebol português e o momento do mesmo. 

Mesmo já estando previamente definida a data de lançamento, a comunicação da marca deveria ter optado por uma mudança de estratégia, por um adiamento deste.
 
Neste momento um vídeo daqueles sobre um empate do Sporting com o frango do Patrício era lançar lenha para uma fogueira que já está a arder faz algum tempo.
 

A Sagres não tem culpa das limitações do adepto de futebol. A Sagres tem culpa na sua análise de mercado.

Esta iniciativa merecia ter começado noutro jogo e bem distante das susceptibilidades leoninas.
A reacção ao vídeo foi a esperada, as virgens andam muito ofendidas e a Sagres tinha obrigação de estar preparada para isso. Ao retirar o vídeo mostrou não estar.


Quero só acrescentar que não vejo motivo para falar em hipocrisia evocando a questão Je Suis Charlie. A menos que alguém faça ameaças de terrorismo ou realize mesmo um atentado terrorista contra os escritórios da Sagres não há qualquer ligação entre os casos.
Liberdade de expressão não é só para falar mas também para responder.


20 comentários:

  1. Concordo com o conteudo total deste post exceto no ultimo paragrafo. Invocar o Je Suis Charlie é despropositado, até porque nós os adeptos do SCP não fizemos mais do que usar os mesmos meios que eles para passar mensagem. Não fomos lá ataca-los nem os impedimos de trabalhar.

    Mesmo o pedido de BdC para a Sagres retirar o video poderia perfeitamente ter sido rejeitado que não teria havido qualquer consequência para além daquela que já vai haver, que é menos consumo da cerveja Sagres.

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  2. Mais um que não percebeu que a questão fundamental aqui é a liberdade de expressão nas suas várias formas. Afirmar que só se a Sagres fosse ameaçada de terrorismo é que seria comparável é não ter noção. Neste blogue já estamos habituados à falta de capacidade de reflexão e raciocínio.

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  3. Caro Anónimo,

    Parece-me que a falta de capacidade de raciocínio é tua.
    Eu não impedi ninguém de fazer nada, apenas critiquei uma opção de marketing da Sagres. Agora não posso ter opinião, é? Também não tenho liberdade de ter opinião?

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  4. Anónimo das 17:23,

    Também aqui já estamos habituados aos anónimos que só cá aparecem com a intenção de nos denegrir e não de participar na discussão.

    Não ter noção do quê? O que é que não foi percebido?

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  5. Mike Portugal,

    Não é exactamente isso que digo no último parágrafo?

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  6. Se fosse com Roberto toda a gente podia gozar!!!

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  7. Daniel,

    Interpretei o teu ultimo paragrafo ao contrário, se calhar. Se assim foi, estou 100% de acordo com o post.

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  8. Utilizador,

    Se fosse com o Roberto todos os SCPs gozavam e seriam os SLBs a ficarem chateados. A situação ficava invertida. Não há falta de coerência nenhuma aqui.

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  9. Naturalmente que têm direito ao disparate como toda a gente.
    Afirmar," A menos que alguém faça ameaças de terrorismo ou realize mesmo um atentado terrorista contra os escritórios da Sagres não há qualquer ligação entre os casos", é não fazer a mínima ideia do que está em jogo e em discussão.
    Mas para ter ideia é preciso mais do que um local onde escrever, é preciso inteligência!

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  10. Anónimo das 19:50,

    Pelo que parece você tem a inteligência mas pensa não ter um espaço para escrever.
    Aproveite aqui este espaço de comentários para escrever então.
    Mas escreva, diga algo. Partilhe essa inteligência.
    É que as 5 linhas de texto que partilhou mostram zero daquilo que você pensa sobre o assunto.

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  11. é óbvio que se aplica na integra o Je suis Charlie visto que todos os críticos vieram referir que a Sagres não tinha direito a fazer este video e que o tinha que retirar. O je suis charlie não se aplica para a forma como atacas a liberdade de expressão mas para o ataque em si à Liberdade de expressão... mas para o perceber era preciso inteligência

    Ricardo Nascimento

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  12. Menos consumo de sagres???
    Foda-se cá por mim vou aumentar o consumo de sagres!!!!

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  13. Ricardo Nascimento,

    Como não mostras inteligência para saber estar numa conversa ficamos por aqui.

    Sobre o Je Suis Charlie tenho a minha opinião já publicada. Procura se tiveres para aí virado.

    Ás vezes não é só exigir inteligência aos outros, convém também o ser.

    Bem haja.

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  14. Mas a Sagres também já fez um do Roberto e não vi este folclore todo...

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  15. Como se deve encarar o que se passou com a Sagres e o frango de Patrício.

    http://videos.sapo.pt/bVBFajV5IajmgcgZOZRG

    Cumprimentos,
    F.T.

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  16. Pelo contrário, acho que a Sagres não falhou. Não se fala de outra coisa! Que grande publicidade, que mesmo após ter retirado o anúncio, se continua a falar dele! Parabéns à Sagres e eu que até gosto mais de Super Bock...

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  17. Anónimo das 20:17,

    Não, isto não tem nada a ver com Je Suis Charlie. Criticar algo escrito não é um ataque à liberdade de expressão, é um exercício dessa própria liberdade de expressão. Se há algo que eu vejo e não gosto, tenho a liberdade de o dizer. O Charlie Hebdo também criticava comportamentos e expressões de outros. Aliás, vai ver a edição do dia em que foi o ataque e perceberás que é um ataque completo ao livro do Michel Houellebecq. A crítica de comportamentos visa essencialmente a alteração / não repetição desses mesmos comportamentos.

    Com a crítica, um ataque escrito a algo que estou a fazer, estou eu próprio a exprimir o meu ponto de vista, mas não estou a forçar ninguém a fazê-lo, nem a exercer qualquer tipo de retaliação que afecte a liberdade / vida dos autores. Quando a empresa retira o vídeo, retira-o por perceber que é uma burrice a nível de comunicação empresarial / marketing, não porque está a sentir que há um ataque à sua liberdade de expressão.

    Tudo visto, parece-me se há alguém que não sabe o que está em discussão, és tu… Mas poderás sempre retorquir e provar o contrário...

    PeMa

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  18. PeMa,

    Obrigado por essa resposta que a mim não me apeteceu escrever (acho cansativo ter de estar sempre a repetir-me).

    Antes da questão "Je Suis Charlie" se tornar viral, já sabemos que toda a boa mensagem se desvirtua quando se torna viral, boa parte das imagens partilhadas era um versus entre um lápis e uma arma. A questão nunca foi o ataque verbal ou o insulto mas sim combater-se palavras com violência.

    Mas isto somos nós a falar, nós sem a inteligência de outros.

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  19. PeMa quem não percebe és tu.
    A única razão por que a Sagres retirou o vídeo tem mais a ver com o facto de não querer arcar com as consequências comerciais de manter o vídeo. Não tem nada a ver com liberdade de expressão.
    Criticar algo que foi escrito não é um atentado à liberdade de expressão, mas tentar censurar ou condicionar a liberdade de o escrever, através de incentivos escondidos a boicotes da marca ou ameaças veladas, como já aconteceu noutras ocasiões, é um atentado à liberdade de expressão artística ou escrita. Foi exactamente isso que fizeram os jihadistas, condicionaram a livre expressão da sátira e do humor através de ameaças de morte.
    Por isso são casos semelhantes, nos fundamentos, a única diferença está no grau e nos meios.

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  20. E o anónimo continua sem perceber.

    Lápis contra Revólver.
    É contra isto que cresceu o movimento Je Suis Charlie.

    Quantos acordos acha que o Jornal perdeu para ter aquela sua linha editorial? Quantos poderos manifestaram-se contra aquele jornal? Quantas pessoas se recusaram publicamente a comprar o jornal?

    Isso são negócios.

    A Sagres está no seu direito de fazer a sua campanha publicitária e os seus parceiros estão no seu direito de se demarcarem de tal campanha e da marca.

    A Sagres está no seu direito de retirar ou manter a campanha.

    Tudo feito dentro da legalidade.

    Je Suis Charlie não é anarquia. Não é ser contra as leis nem contra a constituição.

    Estamos todos limitados na nossa liberdade por leis, tanto do país como do mercado.

    Uma coisa é negócios outra coisa é usar a violência como resposta à liberdade dos outros.

    A violência também é uma forma de liberdade. Mas é uma liberdade censurável. Uma liberdade condicionada. Uma liberdade que não entra no conceito Je Suis Charlie.

    Pelo menos como eu o vejo e como ele nasceu.

    Não tenho inteligência para olhar para ele com a superficialidade com que você olha.

    Fiquemos por aqui porque se ainda não percebeu também não irei conseguir explicar melhor.

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Vai ao Estádio, larga a internet.