terça-feira, 31 de março de 2015

Seleccção Nacional na Luz e a caminho do Cabo Verde



Bem, hoje joga Portugal. 

Portanto hoje ainda tenho o botão selecção accionado. Felizmente isto dá para ter vários botões ligados ao mesmo tempo. A partir de amanhã já foco somente no Benfica que a todos nos une. 

O que dizer da Selecção… 

Jogo no Estádio da Luz, casa cheia, ambiente fantástico. Só podia. 

Coentrão a marcar, Matic a brilhar… mais do mesmo. 

O Fernando Santos chegou agora. Os resultados do seu trabalho ainda estão longe de ser aquilo que todos queremos. Nota-se que há muito para mudar, muito para afinar e muito para trabalhar. Vai levar tempo, é um processo longo. Tem mais um ano para o fazer. 

A Selecção joga pouco. Joga o suficiente para ir ganhando com dificuldade cada jogo que vai fazendo. E sinceramente, neste processo de transição, é crucial conseguir ganhar os jogos, somar os 3 pontos, garantir o apuramento e ganhar o grupo. Mas isto só nos leva ao Europeu. Há toda uma outra parte que precisa evoluir para não irmos somente fazer turismo a França. 

O Fernando Santos chegou e fez logo o que tinha de fazer: abrir o grupo fechado que esta selecção se tinha tornado.
O Paulo Bento tem as suas qualidades. Conseguiu ter um impacto muito positivo quando chegou a seleccionador. Contudo não soube renovar a sua imagem e mês após mês foi cada vez mais se fechando num conservadorismo de grupo e táctico que não pode existir numa Selecção Nacional. 

O FS soube acabar com este conservadorismo. Reabilitou jogadores de qualidade para a selecção, trouxe novas ideias de jogo e percebe-se que está à procura de algo.
É importante que aos poucos não comece a cair no erro do seu antecessor. É importante que não comece a fechar a selecção a um grupo da sua confiança e a uma ideia única. 

O jogo com a Sérvia agradou pelo resultado mas deixou claro que a selecção está ainda longe de encontrar um novo ritmo e identidade. 

O meio-campo é onde estamos melhor servidos. Temos o Tiago e o Moutinho, temos também o William Carvalho e o André Gomes. E ainda temos outras soluções como o Amorim, Pizzi, Adrien, João Mário, André André, Tiba, Bernardo Silva, Ruben Neves, entre outros.
Mais importante que os nomes ou que a qualidade individual, é encontrar um equilíbrio e uma heterogeneidade para o meio-campo. É preciso saber expandir o meio-campo. É preciso potenciá-lo no momento da posse de bola. Basicamente, o oposto do que acontecia com o Paulo Bento. Tenho então alguma expectativa na inclusão do William e/ou do Pizzi e/ou do Bernardo Silva.

Sem nenhuma exibição de encher o olho, foi no centro do terreno que tivemos os melhores jogadores: tanto o Moutinho e o Tiago pela qualidade de jogo como o Coentrão pela presença nas jogadas.  

A baliza não está mal entregue mas ainda gostava de ver o que o Anthony Lopes pode fazer. O Beto é que não. 

No início deu para perceber a chamada do Bosingwa mas… já chega. 

Na esquerda… Há Coentrão e há Antunes. Há também o Sílvio e o André Almeida. Há ainda outros jogadores como por exemplo o Tiago Gomes ou o Tiago Pinto. O Eliseu é que não, por favor. 

No centro da defesa há novamente Ricardo Carvalho. Faz logo toda a diferença. Infelizmente saiu antes do minuto 20 por lesão. Até aí estava a ser o melhor da selecção. Além do golo esteve impecável tanto no seu papel de central como no de corrector de borradas do Bruno Alves. 
Pepe e Fonte são apostas seguras. Falta explorar outras possibilidades, como o Paulo Oliveira. O Bruno Alves no máximo como quarto central e nesta altura já estaria bem melhor fora das observações do seleccionador. 

Nas três peças ofensivas foi onde vi menos qualidade. É no ataque que se nota uma maior deficiência na selecção. Ainda é tudo muito experimentas e individualmente as coisas não estão a funcionar.
Deus me livre estar a pedir a inclusão do Almeida ou do Éder… mas algo tem de ser criado.
Neste jogo o Danny foi inexistente, como normalmente é. O Nani foi esforçado, participativo mas ineficaz. O Cristiano foi um apagão com dois ou três pequenos momentos de qualidade. Não se pode ter um jogador com a qualidade do CR afastado do jogo criativo da equipa. Um jogador como o Cristiano tem de ter uma participação constantemente activa no jogo da Selecção. 

A Selecção Nacional é a Selecção de Portugal. Nunca poderia ter sido a Selecção do Paulo Bento e não pode ser a Selecção do Santos nem a Selecção do Cristiano. Já passou da hora de a braçadeira de capitão ser entregue a quem a merece. Já passou da hora da responsabilidade das bolas paradas ser colocada em quem tem qualidade para a ter. 

Tenho reparado que apesar do meio-campo com 3 elementos, o jogo da selecção passa muito pelos ataques rápidos e contra-ataques. Jogar contra uma Alemanha assim até percebo e acho que pode resultar. É uma forma eficaz de explorar os pontos fortes do Cristiano, a velocidade dos avançados e laterais da selecção e a subida da defesa adversária. Mas jogar assim contra equipas do nosso nível ou de um nível inferior já me parece um desperdício de talento e uma forma ineficaz de enfrentar quem não se expõe ao risco.
A presença do Coentrão no meio-campo veio acentuar esta ideia de jogo. 

Posso dizer que estou agradado com a selecção mas a partir de agora a exigência irá aumentar jogo após jogo. É crucial começar a ver-se mais.

Estou mais entusiasmado hoje com os convocados para o jogo do que estava no jogo anterior. Gosto desta politica de convocar só nacionais e de promoção de jovens dos sub-21 para a A. Espero que se queira tirar proveitos disto e que seja uma medida estratégica e com continuidade e não só uma excepção no percurso.

Portugal tem qualidade, talento e principalmente competência para sonhar mais alto. Só os “Srs. Só somos 10M” é que não conseguem ver isso. 

Quando uma selecção joga, em campo não estão jogadores individuais nem uma equipa colectiva mas sim um país. Todos os nomes são secundários, o que realmente importa são as 11 camisolas, enquanto símbolo nacional, que estão a disputar o jogo.
É esta noção que se tem perdido, tanto entre os jogadores como entre os paineleiros e também entre os adeptos.

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