segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
domingo, 28 de fevereiro de 2016
O BENFICA É O BIG BANG
É-me estranho ler sobre o mundo anterior a 1904. As pessoas que existiram, os livros que escreveram, as brigas que tiveram, os quadros que pintaram, as músicas que inventaram, os dias sob o Sol de costas arqueadas, as cartas profundas que - a pena, a giz, a sangue - escreveram, os amores que sentiram, as fomes, as tristezas, as guerras, os desvarios. Que espécie de humanidade era aquela, sem Benfica?
Quando Fernando Pessoa nasceu, os 3 oitos que lhe dão origem não são contemporâneos do Estádio da Luz. Como pode um homem escrever tamanha obra celestial sem ter provado as bifanas das barracas de madeira, ter abraçado desconhecidos sob a chuva, chorado desalmadamente uma derrota, envergado cachecóis e mantos sagrados, ter acalmado desamores na ternura do voo da águia, ter desistido de amigos por questões de paixão, ter vibrado e sonhado com golos do Benfica? Enquanto escrevia, numa alucinação de sentires e pesares, Pessoa nunca teve aquele conforto de alma de saber-se benfiquista.
Isto não está correcto, não pode ser verdade, há milagres escondidos na dimensão do mundo. Como Deus e outras patranhas similares, a invenção de que o Benfica nasceu em 1904 advém de uma necessária ilusão para que as notas toquem todas ao mesmo tempo e façam sentido. O Benfica não nasceu em 1904, o Benfica já existia muito antes de haver escritas e livros e pinturas e noções básicas de civilização. O Benfica nasceu no primeiro ser humano que surgiu na Terra. Quando um peixe, estafado de água e algas, se decidiu a caminhar, aos soluços, pela imensidão das veredas e coqueiros de uma ilha, meio grogue, já o Benfica o esperava nos areais da humanidade. Ainda não havia propriamente mundo nem humanos e já havia Benfica. O peixe criou patas, depois coluna vertebral, olhos e cabelos, noções de pele, medos, certezas, derivações de coragem, tudo isto enquanto o Benfica o alimentava de amor e daquilo que ele precisava para criar, não sem hesitações e despautérios, aquilo a que mais tarde se chamaria: o mundo.
Quando a corte portuguesa chegou ao Brasil em 1808 (dois oitos, menos um que o do Pessoa), já D. João cantava loas ao benfiquismo, envergando no peito uma declaração de liberdade e independência: “Crio este país como forma de potenciar jogadores para uma realidade que, apesar de distante no tempo, criará grande discussão no seio do reino de Portugal e do Benfica”. Embarcado em fuga, D. João já inovava pela clarividência de raciocínio e premeditação, fomentando prospectores de talentos e novas abordagens aos mercados mundiais. D. João era naturalmente benfiquista, pleno de criatividade, astúcia e ilusão, alheado dos factores universais das valorizações de activos. Criou o Brasil só para potenciar Jorge Gomes e os demais que se lhe seguiram, como Mozer, Aldair, Ricardo Gomes e, os dois expoentes máximos da epopeia, Valdo Cândido de Oliveira Filho e Jonas Gonçalves - o golpe transcendental em D. Miguel e seus anafados absolutistas.
O que fez história e ficou na posteridade – admiremos Cosme Damião por isso – foi ter o nosso “fundador” encontrado, na Praia da Adraga, um notável manuscrito de D. João no qual este versava sobre a fundamental importância de criar em Portugal um clube que desse corpo à ideia universal de benfiquismo. Escusamo-nos a revelar todo o conteúdo do maravilhoso documento, chega-nos a ideia de que Cosme absorveu, criou e recriou à sua imagem – homem de dignidade admirável -, fazendo do Sport Lisboa e Benfica aquilo que ele é, apesar dos apesares, hoje. O que nunca ficou escrito, e é pena, é o facto de D. João, também ele, ter encontrado na praia cartas dos antepassados benfiquistas. Em resumo: uma sequência peculiar de descobrimentos de garrafas nas quais a História do Benfica é contada desde os tempos primeiros em que nem sequer havia giz, sangue, penas ou vidros. Um mistério que ainda está por ser descoberto, provavelmente advindo de relações internacionais com extraterrestres.
Festejemos, no entanto, o último dos humanos: o bigodudo Cosme Damião, o autor da proeza genial, e rara, de dar vida a um sentimento que percorre milénios de humanidade e existência. Naquela reunião na Farmácia Franco, Cosme nunca falou do Cosmos, limitou-se, bem, a inventar o Benfica. Agradeçamos, em devida vénia, respeito e amor, ao nosso ilustre bigodudo por isso. Não esquecendo, agora que conhecemos a verdade dos factos, que o Benfica nasceu do mar. E antes dos astros. O Benfica é o Big Bang.
sábado, 27 de fevereiro de 2016
VIEIRA ÁGUIA DE OURO, O VERDADEIRO FENÓMENO DAS FURNAS
Já estamos habituados a que o nosso Presidente surpreenda o mundo benfiquista com novos objectivos e peculiares feitos. Na verdade, Vieira está sempre a inovar. É por isso que aplaudimos mais um acontecimento inédito na História do nosso clube: um sócio que receberá a Águia de Ouro sem haver registo de ter recebido a Águia de Prata. NOTÁVEL!!!
Só ao nível dos grandes visionários, dos homens eternos, daqueles que deixarão marca visível a todos quando deixarem o Benfica. Temos a certeza de que, quando este Presidente nos abandonar, vamos ter variadíssimas razões para não esquecer a sua passagem pelo mais Glorioso do mundo. Juntamos por isso a nossa à voz de Alberto Miguéns:
"Bem-vindo ao grupo dos Sócios com Dedicação. Embora o dos 50 anos (dourado) ainda seja mais belo - e significativo - que este (prateado). Oxalá eu consiga chegar, em 28 de Fevereiro de 2029, a esse dourado! Só que depois fico com dois. E registados no nosso "O Benfica"!"
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
O Eterno Capitão
Foste, és e serás para sempre a imagem deste blogue. Uma das águias mais gloriosas da História do Benfica, O Monstro Sagrado, o maravilhoso, possante, elegante Capitão que enchia o campo e elevava a equipa à sua condição eterna. Obrigado por tudo, Senhor Mário Coluna.
João Mário
Que craque. Tivesse eu bigode e grandes orelhas e levava uma mala cheia de milhões e recrutava este jovem para o lado glorioso da Segunda Circular. Com Jonas, Ruiz e Gaitán completa o quarteto mágico do futebol português.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
A boçalidade televisiva
Vamos imaginar adeptos de futebol entre os 5 e os 15 anos. Estes putos quando ligam a televisão para ver programas sobre futebol apanham com verdadeiros espectáculos indecorosos de homens de gravata em insultos constantes, em paranóicas conversas sobre arbitragem, em desculpabilizações sobre os próprios erros, em linguagem feia, agressiva, patética.
Estes putos, entre os 5 e os 15 anos, vão achar que falar de futebol é isto, quando na verdade isto nem é futebol nem sequer é falar. Falar exige um certo nível de civilidade e respeito que estas figurinhas asquerosas não conseguem atingir. Têm culpa as televisões mas sobretudo as pessoas que, fingindo gostar do jogo, alimentam à exaustão a mediocridade e a boçalidade.
Estes putos serão os adeptos das próximas décadas. Estes putos serão, levando com estes banhos de imbecilidade, os grunhos do futuro, os que odiarão os adeptos dos outros clubes, os que andarão à porrada com outros adeptos, os que perseguirão árbitros, os que nada perceberão da maravilha que é ver um jogo de futebol ao lado do nosso Pai, dos nossos filhos, dos nossos amigos, dos nossos amores.
Estes putos, entre os 5 e os 15 anos, vão achar que falar de futebol é isto, quando na verdade isto nem é futebol nem sequer é falar. Falar exige um certo nível de civilidade e respeito que estas figurinhas asquerosas não conseguem atingir. Têm culpa as televisões mas sobretudo as pessoas que, fingindo gostar do jogo, alimentam à exaustão a mediocridade e a boçalidade.
Estes putos serão os adeptos das próximas décadas. Estes putos serão, levando com estes banhos de imbecilidade, os grunhos do futuro, os que odiarão os adeptos dos outros clubes, os que andarão à porrada com outros adeptos, os que perseguirão árbitros, os que nada perceberão da maravilha que é ver um jogo de futebol ao lado do nosso Pai, dos nossos filhos, dos nossos amigos, dos nossos amores.
A origem do lagarto
Está finalmente descoberta a razão pela qual se usa o termo "lagarto" relacionando-o com o sportinguismo. Em 1951, o Sporting anunciou uma espécie de "Operação Coração" tendo como marca de água o bichinho rastejante (primeira imagem). Na segunda imagem, a deliciosa notícia explicando aos sportinguistas como poderiam adquirir um "lagarto". Tudo isto é muito bom e bonito. É mesmo caso para dizer "graças a Cosme que sou do Benfica" ou, numa expressão mais popular, "lagarto, lagarto!"
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
A METAMORFOSE - DE SER HUMANO A LAGARTO
A histeria sobre o penálti de Sábado em contraste com o silêncio sobre o penálti de Domingo lembrou-me nesta Segunda-feira esse curioso fenómeno que dá pelo nome de lagartismo. Que fique bem claro: há uma distinção óbvia no seio do Sporting. Há os sportinguistas, adeptos normais que vivem o amor ao seu clube como prioridade, e depois há os outros, os lagartos - uma espécie que se identifica facilmente pela obsessão que tem pelo Benfica. Infelizmente para todos nós, benfiquistas e sportinguistas, é uma espécie em vias de expansão.
- o lagarto não pensa primeiro na vitória do Sporting - primeiro deseja ardentemente a derrota do Benfica;
- o lagarto antes de saber o Hino do Sporting para o cantar já sabe o Hino do Benfica para o gozar;
- o lagarto, se estiver a dar o Benfica e o Sporting ao mesmo tempo, prefere ver o Benfica para dizer mal do que ver o Sporting para dizer bem;
- o lagarto só vê benefícios arbitrais para o Benfica, nunca vê para o Sporting e, verdadeiro sinal do seu lagartismo, raramente fala nos benefícios ao Porto (porque isso seria estragar a sua teoria mirabolante e conspirativa que passa por insinuar, dizer, fingir, inventar que o Benfica é sempre o mais beneficiado);
- o lagarto quando vai ver as notícias de desporto vai primeiro às do Benfica para se indignar, só depois vai às do Sporting para se maravilhar;
- para o lagarto todos os jornalistas são do Benfica, nenhum é do Sporting;
- o lagarto gosta de tentar gozar com o número de adeptos do Benfica e diz que o Sporting tem muitos mais do que aqueles que os jornalistas dizem mas depois acha que todos os árbitros, jornalistas, treinadores, massagistas, médicos, apanha-bolas e stewards são do Benfica e, por isso, estão todos naturalmente contra o Sporting;
- o lagarto vê uma capa de um jornal com uma notícia do Benfica e grita logo que aquilo é para fazer propaganda mas se a capa vem com alusão ao Sporting é para denegrir e enxovalhar o clube leonino;
- em casa, o lagarto fala 90 por cento do tempo no Benfica; o resto do tempo fala no Sporting mas só para dizer que é de um clube diferente - que é a forma que arranjou de se auto-nomear como uma pessoa com problemas graves ao nível da cognição;
- no táxi, se o condutor é do Benfica, não se cala, sempre a querer que o outro reconheça as suas conspirações mais estapafúrdias; se o condutor é do Sporting, também não se cala. A falar no Benfica;
- o lagarto não sabe quase nada da História do seu clube, mas perguntem-lhe por um dirigente do Benfica dos anos 30 que ele logo vos dirá que era do mais corrupto que alguma vez já existiu;
- o lagarto não sabe que o Sporting teve vários dirigentes ligados ao Estado Novo - um deles, Presidente do clube, grande idealista da Legião Portuguesa - ou que o Hino do Benfica foi censurado pelo Regime por ter "Avante" no nome, mas ele do alto da sua absoluta oligofrenia vos dirá que o Benfica era o clube fascista;
- o lagarto não sabe que o fundador do seu clube comia sopa com o garfo mas perguntem-lhe por Cosme Damião que ele logo nomeará a marca de brilhantina que o glorioso fundador do Benfica usava na bigodaça.
É desconhecido o momento em que esta espécie chegou ao futebol. Não se sabe bem como e quando estes seres humanos se metamorfosearam em lagartos. Há apenas teorias. De qualquer forma, será fácil a qualquer bípede identificar este ser. O lagarto é aquele que não se importa de ficar em 17° lugar e descer de divisão se o Benfica ficar em 18°.
domingo, 21 de fevereiro de 2016
O Futebol e os grunhos
De grunhos esperamos tudo: que só vejam erros de arbitragem quando são contra o seu clube; que qualquer divergência sirva para promessas de porrada e ameaças de morte; que uma crónica lúcida de um jornalista lhes seja uma afronta porque não a percebem e que desse texto consigam extrair material para mirabolantes teorias da conspiração.
No fundo, esperamos que um grunho aja como grunho. O problema é que na actualidade o futebol está cheio de grunhos e de gajos que no resto da vida fingem não ser grunhos mas que afinal são ainda mais grunhos do que os grunhos. Um grunho é genuinamente grunho para só reclamar do árbitro quando é prejudicado; já o grunho que quer passar por não-grunho tem a noção de que está a ser grunho. Mas continua a fazer figuras de grunho porque, na verdade, é um grunho. O problema disto tudo é que estes grunhos estão a criar grunhamente condições para uma tragédia.
O futebol mudou muito nos últimos 20 anos. Mudou ao nível do jogo propriamente dito e mudou ao nível do ambiente que se vive entre adeptos, sobretudo nos estádios. Agora o que está na moda é andar tudo à porrada, uns em esperas aos outros, tarjas nojentas, petardos, tochas para cima de outros adeptos, Comunicados idiotas por parte de dirigentes contra árbitros, jornalistas, adeptos de outros clubes. É só ódio, violência, imbecilidade. O futebol nem sempre foi assim e para quem ainda se lembra do que o futebol já foi não pode deixar de ir perdendo, paulatinamente, alguma paixão pela vida de adepto.
Eu não tenho filhos; se os tivesse, pensaria seriamente em não levar os putos a um Benfica-Sporting. E acho que isto diz tudo do mundo de grunhos em que tornaram o nosso querido jogo da bola.
sábado, 20 de fevereiro de 2016
5 notas
- Jonas continua a ser Jonas - mais uma lição de classe. De longe, o melhor jogador desta Liga. Atrás vêm Ruiz, João Mário, Pizzi e Gaitán;
- Continuam os problemas no miolo após a perda. Nem sempre dá golo porque a bola cai nos pés de jogadores sem grande qualidade; desta vez deu golo porque a redonda foi ter com um jogador cheio de talento;
- É preciso tirar Samaris da posição 6. Tem estado intragável. Ou Almeida ou Sanches.
- Carcela e Lindelof - bons reforços de Inverno.
- Almeida, Jardel e Sanches em perigo. Só o último é fundamental para Alvalade.
O Patilhas
O notabilíssimo «Patilhas» da Velha Catedral. Vendia queijadas de Sintra e nougat. E tanto vestia de vermelho e servia na Luz como punha um manto verde e ia dar de comer aos sportinguistas para Alvalade. «Olhá queijada de Sintra! É de Sintra, a queijada!». Dá saudades do Benfica.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
Extraordinário central
Hummels está uns anos à frente do tempo. O futebol caminha para a utilização na zona central da defesa de jogadores criativos, de óptima técnica e entendimento perfeito do jogo, com capacidade para sair a jogar com critério. Podem ter 1m60, é indiferente. Está por isso em extinção o uso do central alto, forte, possante, de trombas à Ordralfabetix.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
Dupla Sueco-Argentina
E se até ao regresso do Luisão começássemos a jogar com a dupla Lisandro - Lindelof?
O miúdo sueco tem mostrado segurança e qualidade e as características dele combinam muito bem com as do Lisandro.
Quando o Luisão voltar logo se vê mas eu agora gostaria de ver esta dupla.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
Talibans anti-Jonas
Parece que está encontrado o problema do Benfica. Vieira? Rui Gomes da Silva? Pedro Guerra? Rui Vitória? Não, não, Jonas. Os benfiquistas descobriram que o mal está no nosso melhor jogador e pedem um onze para hoje com "um gajo que marque golos às grandes equipas". Perante isto, gozar com os sportinguistas que acreditam em Bruno de Carvalho? Não consigo, tenho vergonha.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
Clássico Desperdício
Só agora me deu para escrever sobre a passada Sexta-feira.
Muito já foi falado e escrito e portanto, já a entrar em modo Champions,
deixo só aqui o meu desabafo.
Primeiro quero apontar que esta foi uma noite de total desperdício.
Desperdiçámos:
- Vantagem de um golo.
- Vantagem de um golo.
- 3 Pontos.
- Possibilidade de conquistar vantagem directa sobre o Porto.
- Parte da confiança conseguida em 11 vitórias.
- Uma vitória contra o Porto mais fragilizado dos últimos muitos anos.
- Possibilidade de conquistar vantagem directa sobre o Porto.
- Parte da confiança conseguida em 11 vitórias.
- Uma vitória contra o Porto mais fragilizado dos últimos muitos anos.
- Golos atrás de golos.
- A liderança que perseguimos durante tantos meses.
- A oportunidade de aumentar a pressão sobre o Sporting na
Madeira.
- Colocar o Porto definitivamente fora da luta pelo título.
Foi um Clássico de desperdícios.
Quanto ao jogo em si, não vi um Benfica nem melhor nem pior
do que aquele que tem ganho e goleado nos últimos jogos.
O Benfica de Rui Vitória é uma equipa que quer ter posse mas que é inofensiva
nesse processo. É uma equipa que beneficia de uma extraordinária capacidade de contra-ataque.
É nestes lances que temos sido soberbos. Temos brilhado naqueles momentos em
que após a recuperação da bola, pela nossa defesa ou por deslize dos adversários,
esta chega rapidamente aos nossos jogadores mais criativos – Jonas, Renato,
Pizzi e Nico – que em velocidade, inteligência e magia a levam até às redes
adversárias.
Foi assim tanto nos jogos com o Moreirense e Belenenses como no jogo com o
Porto. O que mudou? Não fomos tão eficazes e principalmente jogámos contra um
Danilo, Maxi, Layún, Iker e até Indi e não contra o Vítor Gomes, Evaldo,
Danielson, Stefanovic, Aguilar, Geraldes, Fábio Nunes, Brandão e Ventura.
Este Benfica tem o seu grande defeito no processo defensivo.
Não falo da qualidade individual dos defesas e nem só desses jogadores.
Temos um fosso enorme entre as zonas de pressão. Basicamente pressionamos no meio-campo adversário, pressionamos dentro da nossa área mas não pressionamos no resto do terreno. Facilmente as equipas adversárias criam jogadas de ataque, conseguem situações de 4 vs 5 ou 3 vs 3 e se aproximam da nossa baliza.
É norma vermos os nossos jogadores juntos dentro da área, demasiado na expectativa e a darem todo o espaço para os atacantes pensarem, decidirem e executarem.
Temos um fosso enorme entre as zonas de pressão. Basicamente pressionamos no meio-campo adversário, pressionamos dentro da nossa área mas não pressionamos no resto do terreno. Facilmente as equipas adversárias criam jogadas de ataque, conseguem situações de 4 vs 5 ou 3 vs 3 e se aproximam da nossa baliza.
É norma vermos os nossos jogadores juntos dentro da área, demasiado na expectativa e a darem todo o espaço para os atacantes pensarem, decidirem e executarem.
Foi assim tanto contra o Moreirense e Belenenses como contra o Porto. A
diferença?
Sexta-feira jogámos contra o Brahimi, Herrera e Aboubakar e não contra o Juanto, Sturgeon, Bakic, Boateng, Ohemeng e Palhinha.
Sexta-feira jogámos contra o Brahimi, Herrera e Aboubakar e não contra o Juanto, Sturgeon, Bakic, Boateng, Ohemeng e Palhinha.
O arranque deste jogo foi marcado pelo diferente momento que
as duas equipas passam. O Benfica entrou muito mais confiante, confortável e
entusiasmado. O Porto não estava a fazer um mau jogo mas entrou sem
criatividade e rasgo com bola e permeável na perda desta.
O 1-0 apareceu sem surpresa e confesso que aí fiquei
convencido que os 3pontos estavam decididos.
Enganei-me. Permitimos todo o tempo e espaço para o Herrera
igualar o jogo, o Casillas esteve impecável e fomos perdulários na busca do
segundo golo. Isto levou a um boost na confiança no Porto no momento em que o
Soares Dias apitou para o intervalo.
O Porto voltou mais forte, mostrou mais qualidade na posse e o Peseiro soube
corrigir a reacção da equipa à perda de bola.
Oportunidades para os dois lados mas eles tiveram mais jogo, subiram de rendimento e chegaram ao 1-2. O desespero tomou conta de nós e aí sim o jogo ficou decidido.
Passes falhados, lances precipitados e treinador em desespero a mexer na equipa. Não sou fã de treinadores que não agem, só reagem. O Rui Vitória não agiu sobre o futebol jogado, limitou-se a reagir ao resultado. Reagiu em desespero com duas substituições que mataram a equipa.
Oportunidades para os dois lados mas eles tiveram mais jogo, subiram de rendimento e chegaram ao 1-2. O desespero tomou conta de nós e aí sim o jogo ficou decidido.
Passes falhados, lances precipitados e treinador em desespero a mexer na equipa. Não sou fã de treinadores que não agem, só reagem. O Rui Vitória não agiu sobre o futebol jogado, limitou-se a reagir ao resultado. Reagiu em desespero com duas substituições que mataram a equipa.
As soluções no banco não era muitas mas existiam e fica ao
critério do treinador o número de substituições que faz.
As 2 substituições quebraram o ritmo da equipa, retiraram o entendimento ofensivo e facilitaram o trabalho de um Porto mais recuado.
As 2 substituições quebraram o ritmo da equipa, retiraram o entendimento ofensivo e facilitaram o trabalho de um Porto mais recuado.
Após o 1-2 perceberia a saída do Samaris ou Pizzi para a
entrada do Carcela mas nunca aquele dupla substituição na fase de construção
ofensiva. Não era jogo para o Talisca ser segundo médio e havendo a necessidade
de maior velocidade e profundidade é uma incógnita a não utilização do
N.Semedo.
Ver o Salvio regressar foi maravilhoso mas as circunstâncias
foram medonhas. Pior momento do nosso treinador.
Com o Mitroglou exausto, até a entrada do mexido Jimenez seria
mais justificável.
Sem esquecer aquele momento em que se decide colocar o nosso melhor definidor a jogar como lateral.
Sem esquecer aquele momento em que se decide colocar o nosso melhor definidor a jogar como lateral.
Não fizemos um mau jogo. Fizemos o nosso jogo e a história dos acontecimentos
justifica o não termos vencido.
O Mitroglou é um jogador enorme. Excelente na leitura de jogo, sentido
colectivo e técnica e inteligência nas combinações. Mais ou menos perdulário é
o nosso titular.
O Jardel continua a ser um central mediano que com melhorias e muito esforço vai desenrascando.
O Eliseu é pujança. Não passa disso.
O Jardel continua a ser um central mediano que com melhorias e muito esforço vai desenrascando.
O Eliseu é pujança. Não passa disso.
O Nico nota-se que ainda não está totalmente recuperado.
O Renato é um monstro. Falha passes, precipita-se e tem
falhas de posicionamento. Faz parte. É um monstro e transformou o nosso
futebol.
O Samaris é muito mais jogador que o Fejsa. Contudo, num processo defensivo tão mal trabalhado como o nosso, vejo o sérvio a ser mais útil que o grego.
O Samaris é muito mais jogador que o Fejsa. Contudo, num processo defensivo tão mal trabalhado como o nosso, vejo o sérvio a ser mais útil que o grego.
O Jonas já sei, não marcou então não apareceu.
Podíamos ter ganho. Devíamos ter ganho.
O Zenit será um Porto em melhor.
O Zenit será um Porto em melhor.
O Rui Vitória está a ter muitos méritos: Nélson Semedo, Renato Sanches,
confiança e união daquele balneário e o maravilhoso entendimento entre os
nossos 5 mais adiantados. Mas aquele processo defensivo…
Vemo-nos na Mata Real.
sábado, 13 de fevereiro de 2016
7 notas sobre o Clássico
1) Há dias escrevi sobre as minhas preocupações em relação ao fraco modelo de Rui Vitória, esperando que, contra uma equipa liderada por alguém que admiro, José Peseiro, o nosso treinador pudesse enfim provar que tem qualidade para treinar o Benfica. O jogo provou que Rui Vitória não serve: não só pela fragilidade dos posicionamentos (inacreditáveis os dois golos do Porto pela tão má movimentação colectiva do Benfica) mas também por aquilo que fez ao longo do jogo - três substituições absurdas, sendo a do Salvio algo que supera a compreensão humana, só entendível pelo facto de ser o mister um bebedor compulsivo de água na esperança de que a equipa adversária não marque golos;
2) Apesar da fraca qualidade de Vitória, mais uma vez a principal responsabilidade tem de ir para uma Direcção que não só escolheu este técnico como não lhe condições apropriadas. De uma pré-época planeada de forma amadora até este Janeiro em que podia ter havido a competência de dotar o plantel de outras soluções tudo minou o trabalho do treinador, como é costume. A única solução de banco para a posição 8, quando queremos mexer no jogo e criar outro tipo de problemas ao adversário, é... Talisca. Tudo dito.
3) A mediocridade de Jardel exposta uma e outra e mais uma vez. Depois dizem-me que persigo injustamente o rapaz. Bom moço, medíocre jogador.
4) Força, velocidade, agressividade, rasgo podem ajudar mas não sāo um fim em futebol. Renato Sanches tem culpa no primeiro golo e esteve demasiado ineficaz no passe. Todo o potencial do mundo mas convém não crescer para o lado errado. É evidente que não ter um bom treinador está a prejudicar a sua evolução.
5) Exceptuando dois ou três lances, e mesmo apesar de termos criado algumas oportunidades de golo, o ataque do Benfica foi forçado a procurar o jogo exterior à espera de um acidente que metesse a bola lá dentro. Ou seja, Peseiro soube condicionar o jogo do Benfica e Rui Vitória não soube condicionar o jogo do Porto.
6) Este Porto chegava à Luz destruído, uma vitória nossa não só nos lançava para o título como arrumava as esperanças portistas. Nunca foi tão fácil poder vencer o Porto, até golear. Porém, eles têm um bom treinador, nós não. Se depois deste jogo não conseguiu perceber a diferença entre uma equipa com um bom treinador e outra sem um bom treinador, talvez deva dedicar-se à pesca.
7) Não acredito que o Benfica consiga ir ganhar a Alvalade, o que sugere a inevitabilidade de ganharmos os outros jogos todos até ao fim. Tendo em conta o calendário mais difícil do Sporting, é possível sonharmos com o TRI. De qualquer forma, vencendo ou perdendo o Campeonato, se eu fosse Presidente do Benfica, estava já a pensar numa solução de qualidade para a próxima época. Esta claramente não serve.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
Dá-me um bigode, mister Vitória!
Serei um mau benfiquista, provavelmente nem terei direito a ir ao Marquês caso sejamos campeões, talvez até mereça que a Direcção me expulse de sócio, mas não posso fugir à minha percepcão das coisas: continuo a achar Rui Vitória um fraco treinador e a ver demasiadas fragilidades colectivas que as individualidades vão disfarçando em jogos contra equipas mais vulneráveis.
Não nos equivoquemos, não sou daqueles que não vêem mérito nenhum no nosso mister. Concedo-lhe algumas virtudes: é claramente um tipo de líder que procura criar um ambiente familiar no balneário (é evidente a empatia entre os jogadores; é óbvio o espírito solidário); tem um discurso sereno e lúcido, o que faz transmitir à equipa uma noção de confiança e segurança no trabalho realizado (os histéricos é que, por fraqueza, precisam de estar constantemente a criar polémicas); com algumas deficiências no plantel - culpa, mais uma vez, de uma Direcção que não cumpre o que promete -, soube encontrar as melhores soluções disponíveis, sendo o expoente máximo dessa sagacidade as apostas sem hesitações em Renato Sanches, Semedo e Guedes e a criatividade na solução de colocar Pizzi como interior direito.
Porém, estas são virtudes que, a meu ver, não superam os defeitos, o maior de todos o de construir um modelo frágil, com uma proposta defensiva, em organização mas sobretudo em transição, que é vulnerável porque se expõe demasiado ao risco. Repare-se que a reacção à perda no miolo (fruto da tal perigosa exposição que advém dos movimentos de Sanches, deixando constantes crateras entregues ao médio defensivo) é quase sempre errática e errada, não havendo uma movimentação coerente - tanto sobem o médio e um central, baixando o outro central e os laterais como baixam do lado da bola e sobem do lado contrário, expondo a linha defensiva a um caos que não raras vezes potencia o perigo adversário. A pressão é feita de modo volátil, parecendo que a ideia é responsabilizar o jogador mais perto da bola a pressionar individualmente. Não se vê um movimento de pressão ajustada e colectiva, não se vislumbra uma ideia de usar a pressão para forçar o adversário a seguir pelos caminhos que nos favorecem a recuperação. As bolas paradas defensivas são pouco eficazes, tendo gerado já várias situações de perigo e/ou golo. Uma equipa organizada, com bons conceitos colectivos, com um bom treinador, saberá aproveitar tantas estradas para a nossa baliza.
Mas nem tudo é mau. Tenho boas noticias: há em mim uma esperança em Rui Vitória. Quero, com todas as forças, começar a ter de assumir que estava errado quando achei má a escolha de Vieira. E, para isso, quero que o mister me prove já na Sexta que afinal todos estes defeitos que eu vejo no seu modelo não passam de alucinações. Vitória tem no jogo com o Porto o seu grande teste, a sua oportunidade de brilhar, o palco perfeito para demonstrar que é capaz de superar uma equipa que, apesar de estar desfeita emocionalmente, tem bons jogadores e um bom treinador. Aliás, é precisamente pela admiração que tenho pelas qualidades de José Peseiro que acho que, independentemente do resultado, se o Benfica se superiorizar tacticamente aos portistas, terá de ser Rui Vitória o mais elogiado.
Não me levem a mal este meu benfiquismo tão pouco dado ao apoio cibernético (o apoio é no estádio, é lá que os nossos jogadores precisam de apoio; ninguém no balneário quer saber dos "Carrega, Benfica" do facebook). No fundo, todos, menos ou mais lúcidos, mais ou menos pragmáticos, menos e mais críticos, queremos o melhor para o Glorioso e estar em Maio no Marquês. Mesmo que eu não possa ir.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016
A Onda Vermelha de Taberna
Amigos, pedimo-vos que nos enviem, para depois as publicarmos, fotos de vocês nos tascos/cafés/Casas/salas/tabernas onde gostam de ver o Benfica. É evidente que o Super-Tasco é o Estádio da Luz mas nem sempre os benfiquistas podem, por questões financeiras, de distância ou quaisquer outras, ver o Glorioso ao vivo.
Vamos fazer um Mosaico Popular da Mística de Tasco. Da Onda Vermelha de Taberna.
Vamos fazer um Mosaico Popular da Mística de Tasco. Da Onda Vermelha de Taberna.
O que fazer com mais esta vergonha?
Este episódio ainda dará muito que falar. Há mais provas fotográficas sobre o encontro do elemento da equipa técnica do Sporting com responsáveis do Rio Ave. O Benfica só tem de fazer duas coisas: deixar os seus jogadores e equipa técnica focados no jogo de Sexta e meter toda a Comunicação e Departamento Jurídico a estudar a forma como apresentar uma estratégia de divulgação e queixa formal sobre esta vergonha. Por ora, espera-se que os jogadores vilacondenses demonstrem a sua integridade profissional e ganhem pontos em Alvalade.
sábado, 6 de fevereiro de 2016
QUERO AGRADECER A BdC E A JJ
Se JJ estivesse no Benfica, na posição de Rui Vitória, esta seria aquela altura em que faria a maior das cagadas. Com alguma sorte, talvez sobrevivesse a este próximo mês de loucos, à semelhança da "caganeira absoluta" que tivemos no ano passado, no Dragão e em Alvalade. Mas o mais natural em JJ seria perder quase tudo nesta altura. Já todos vimos este filme demasiadas vezes.
Agora está tudo invertido. JJ está (por vontade própria) apenas no campeonato, pois duvido que jogue a Liga Europa a sério, com os titulares indiscutíveis (vamos esperar para ver). Esse é o maior problema "externo" que temos pela frente. E é Rui Vitória que tem que mostrar o que vale, nas horas grandes.
Analisando a nossa casa, Renato, por mais miúdo que seja, foi o desbloqueador do jogo do Benfica. Deu uma consistência brutal à equipa. Veio cortar com aquela forma tosca e inconsequente de tentar progredir fazendo passes para o lado. Renato progride. E pronto! E defende bem, é carraça e muito, muito forte. Terá que melhorar o passe para ser um génio total, mas ainda tem muito tempo para isso. A forma como ocupa o campo é impressionante, um verdadeiro colosso de força. E técnica. Acredito que seja o médio do futuro, disputado por todos os grandes emblemas europeus.
Renato contribuiu também para desbloquear Pizzi, que agora, mais solto na frente de ataque, encontra frequentemente as tabelas do génio. Pizzi está, finalmente, onde tem que estar.
Carcela trouxe mais progressão ainda ao nosso jogo. É muito rápido, cruza muito bem, e tem aquela característica rara, própria de um grande extremo, que é a procura da linha para cruzar para as costas dos defesas. Nem Pizzi nem Gaitan o fazem, normalmente.
O Almeida, com as limitações que todos lhe reconhecemos, tem feito cruzamentos tensos e jogado mais com o respectivo extremo. Até Eliseu tem estado razoável, tirando um ou outro pormenor.
Lizandro é óptimo, mas acho que já todos o sabíamos antes da titularidade.
Mitro é muito melhor do que o meio-passe-por-nove-milhões, e tem que jogar. Sempre. Com o génionas.
E sobre Jonas, já não sei mais o que dizer. Sei que é um privilégio vê-lo jogar, razão pela qual, desde que entrou na equipa, nunca mais perdi um jogo na Luz e arredores. Só espero conseguir esta proeza até que se reforme.
A equipa cresceu, sem dúvida. E, tal como em outros anos, quando uma parte da equipa se entende e joga muito bem, a outra vem atrás. Mérito a Rui Vitória, que, segundo aparenta, sabe motivar muito bem a sua equipa. Os jogadores estão, definitivamente, com o treinador. O balneário está muito unido, vê-se claramente no prazer que têm em jogar, no prazer que têm em marcar mais um golo, na vontade genuína com que imprimem intensidade até ao final dos descontos de um jogo que se está a ganhar por cinco bolas a zero.
Tenho algum receio pelos jogos com equipas que sabem defender bem e atacar bem. O nosso processo defensivo continua a ser muito fraco. Esperemos que este ataque demolidor o consiga compensar.
"And now, a word from our sponsors": esta azeitice completa de BdC, de JJ (com os árbitros) e de todos os verdes lacaios a soldo que vemos na televisão, tem dado frutos... para o nosso lado!!! Quero, por esta razão, agradecer a BdC pela sua incomensurável dose de demência descontrolada, esta insana contenda, este desequilíbrio desvairado, e de uma "tonteria" absoluta, que tem dado frutos na motivação do nosso balneário. E a JJ também, pela total falta de classe e estupidez profunda como se referiu a Rui Vitória. Disse publicamente que não era treinador, mas os seus ex jogadores não gostaram daquilo que disse. Os seus ex jogadores-relegados-ao-banco-de-suplentes também não gostaram. E aqueles que não eram seus jogadores, porque tinham que nascer dez vezes para o ser, também não gostaram. Nada melhor do que um grupo unido em torno de um sentimento de justiça. E nada melhor do que um verdadeiro vilão para o conseguir. Sabem aqueles vilões dos filmes norte americanos? Aqueles que têm tudo, mas tudo, para serem vistos como odiosos, nojentos e insuportáveis? Pois é isso tudo. Os nossos jogadores estão na posição de heróis. Que tenham um final feliz! Que sejam estes o fevereiro e o março do nosso contentamento.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
PREOCUPAÇÕES DE FEVEREIRO
Há duas principais formas de fazer análise futebolística:
1) a RESULTADISTA - se a equipa vem ganhando uns jogos, está a jogar muito bem e é favorita; se empatou ou perdeu algum jogo, está sem identidade e à procura da melhor forma; se perdeu vários jogos, está a jogar muito mal e não tem quase hipóteses nenhumas de atingir os objectivos. Esta análise é a mais recorrente - podemos ouvi-la constantemente nas rádios e nas televisões, lê-las nos jornais desportivos ou nas redes sociais. Não tem qualquer mérito porque não depende de mais nada senão das bolas que entram ou deixam de entrar na baliza. Se, por exemplo, uma equipa que está a ganhar consecutivamente começa de repente a perder o analista resultadista não entende a razão do fenómeno, passando imediatamente a defender que a equipa está a jogar muito mal e já não tem quase hipóteses nenhumas de atingir os objectivos. Serve apenas para quem não tem conhecimentos sobre o jogo: como há que dizer alguma coisa, vai-se pelo mais fácil: os resultados.
2) a PRAGMÁTICA - independentemente dos resultados da equipa, o analista pragmático observa sobretudo o que se passa em campo para lá dos golos marcados e falhados. Ou seja, não pensa apenas no que aconteceu, mas naquilo que poderia ter acontecido. É claro que este tipo de análise é mais rara por motivos óbvios: é preciso conhecer o jogo para além de olhar para o jogador que vai com a bola; é preciso entender um conceito simples mas que por vezes parece complexo que é o da relativização das estatísticas em futebol - neste desporto, os números interessam muito pouco, quase nada dizem do que é importante dizer sobre um jogo; é preciso ser anti-popular em discussões futebolísticas. Como é que um benfiquista chega perto de 4 consócios e lhes diz: "Pessoal, 10 vitórias consecutivas e tal, golos atrás de golos, jogadas bonitas, emoção, mas... esta equipa tem pouquíssima qualidade defensiva e ofensivamente vive sobretudo do talento de 3 jogadores, não de uma dinâmica colectiva ensaiada e posta em prática pelo treinador"? Vai logo levar com os 4 consócios em cima e provavelmente ser acusado de nem sequer ser benfiquista ou de querer que a equipa perca para ter razão. As pessoas confundem muito aquilo que se quer daquilo que se vê.
Portanto, como é que se chega a 5 de Fevereiro, dia do jogo em Belém, recheado de vitórias e golos, e há a percepção de que neste mês, contra equipas mais fortes e com uma Direcção sem ter mais uma vez ajudado o treinador (inacreditável como não fomos buscar um central e um médio de transição), a equipa vai ter maus resultados e colocar em causa os objectivos da época? Ou então como é que se chega a 5 de Fevereiro, dia do jogo em Belém, recheado de vitórias e golos, com a convicçâo de que mais cedo ou mais tarde o Benfica vai passar para a liderança e consumar o 35 além de passar pelo menos aos quartos da Champions?
Agora escolha. Seja resultadista ou pragmático. Ou então seja assim-assim. Eu confesso: tenho muitas preocupações de Fevereiro.
1) a RESULTADISTA - se a equipa vem ganhando uns jogos, está a jogar muito bem e é favorita; se empatou ou perdeu algum jogo, está sem identidade e à procura da melhor forma; se perdeu vários jogos, está a jogar muito mal e não tem quase hipóteses nenhumas de atingir os objectivos. Esta análise é a mais recorrente - podemos ouvi-la constantemente nas rádios e nas televisões, lê-las nos jornais desportivos ou nas redes sociais. Não tem qualquer mérito porque não depende de mais nada senão das bolas que entram ou deixam de entrar na baliza. Se, por exemplo, uma equipa que está a ganhar consecutivamente começa de repente a perder o analista resultadista não entende a razão do fenómeno, passando imediatamente a defender que a equipa está a jogar muito mal e já não tem quase hipóteses nenhumas de atingir os objectivos. Serve apenas para quem não tem conhecimentos sobre o jogo: como há que dizer alguma coisa, vai-se pelo mais fácil: os resultados.
2) a PRAGMÁTICA - independentemente dos resultados da equipa, o analista pragmático observa sobretudo o que se passa em campo para lá dos golos marcados e falhados. Ou seja, não pensa apenas no que aconteceu, mas naquilo que poderia ter acontecido. É claro que este tipo de análise é mais rara por motivos óbvios: é preciso conhecer o jogo para além de olhar para o jogador que vai com a bola; é preciso entender um conceito simples mas que por vezes parece complexo que é o da relativização das estatísticas em futebol - neste desporto, os números interessam muito pouco, quase nada dizem do que é importante dizer sobre um jogo; é preciso ser anti-popular em discussões futebolísticas. Como é que um benfiquista chega perto de 4 consócios e lhes diz: "Pessoal, 10 vitórias consecutivas e tal, golos atrás de golos, jogadas bonitas, emoção, mas... esta equipa tem pouquíssima qualidade defensiva e ofensivamente vive sobretudo do talento de 3 jogadores, não de uma dinâmica colectiva ensaiada e posta em prática pelo treinador"? Vai logo levar com os 4 consócios em cima e provavelmente ser acusado de nem sequer ser benfiquista ou de querer que a equipa perca para ter razão. As pessoas confundem muito aquilo que se quer daquilo que se vê.
Portanto, como é que se chega a 5 de Fevereiro, dia do jogo em Belém, recheado de vitórias e golos, e há a percepção de que neste mês, contra equipas mais fortes e com uma Direcção sem ter mais uma vez ajudado o treinador (inacreditável como não fomos buscar um central e um médio de transição), a equipa vai ter maus resultados e colocar em causa os objectivos da época? Ou então como é que se chega a 5 de Fevereiro, dia do jogo em Belém, recheado de vitórias e golos, com a convicçâo de que mais cedo ou mais tarde o Benfica vai passar para a liderança e consumar o 35 além de passar pelo menos aos quartos da Champions?
Agora escolha. Seja resultadista ou pragmático. Ou então seja assim-assim. Eu confesso: tenho muitas preocupações de Fevereiro.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
Tanto Golo e Tão Mais que Golos
Temos o Avançado Trabalhador, aquele que corre e defende
muito, aquele que pressiona alto, joga liberto de egoísmos e cria os
equilíbrios no último terço do terreno.
Temos o Segundo Avançado, jogador que liga o meio-campo ao ponta de lança. É um
avançado que procura mais criar espaços para o golo do que o concretizar. O Segundo
Avançado traz os médios e os extremos para zonas de finalização. O Segundo Avançado
arrasta os defesas e proporciona maior liberdade e apoios ao ponta de lança.
E portanto temos também o Ponta de Lança. Posição mais clássica na frente de
ataque. O homem golo. Normalmente robusto, rápido no curto espaço, bom de
cabeça e com o olhar preso no balançar das redes. O Ponta de Lança tabela em
prol de se isolar, o Ponta de Lança dá um passo atrás para finalizar dois
passos à frente. O Ponta de Lança tem a arte do último toque, aquele que descansa
a bola no grito de golo.
Qual o mais valioso? Provavelmente aquele que é conhecido como o Avançado
Completo.
O Avançado Completo não é nada mais que um super jogador que por acaso joga na
frente de ataque.
É um avançado que joga para a equipa, que defende, que corre e que acaricia a bola em qualquer zona do terreno; brilha na área, brilha no meio-campo e brilha na linha; joga tanto que em 90 minutos consegue ser egoísta e altruísta em simultâneo, sabe exactamente quando atacar a baliza com os seus pés ou com os pés dos seus parceiros.
É um avançado que joga para a equipa, que defende, que corre e que acaricia a bola em qualquer zona do terreno; brilha na área, brilha no meio-campo e brilha na linha; joga tanto que em 90 minutos consegue ser egoísta e altruísta em simultâneo, sabe exactamente quando atacar a baliza com os seus pés ou com os pés dos seus parceiros.
Um Avançado Completo é um jogador de categoria mundial, é um avançado de
classe, é Jonas.
Jonas é um típico trabalhador. Garante os equilíbrios no último terço, defende
e apoia os seus colegas em qualquer zona do terreno.
Jonas é o segundo avançado que qualquer ponta de lança quer.
Maravilhosa leitura de jogo, sabe quando largar a bola, entusiasma na sua
capacidade de tabelar, combina excepcionalmente com os médios e com os extremos
e não se coíbe a ir à linha, seja para abrir espaços ou para cruzar.
Jonas não sendo ponta de lança também o é. É-lhe inevitável.
A qualidade é em demasia e a classe de outro mundo. Lê tão bem o jogo que sabe
sempre quando aparecer para finalizar; toca tão bem a bola que do seu pé ela
sai quase sempre redondinha para o fundo das redes. Não precisa de egoísmo para
marcar, não precisa de constantes oportunidades para fazer balançar as redes.
Jonas acaba com a teoria de que um goleador se cria com um posicionamento junto
da linha de golo. Jonas tem a sua própria teoria, aquela que nos diz que o
goleador nasce na elevação da qualidade e fluxo ofensivo da sua equipa, pois
nessa transcendência os seus golos irão aparecer com a mesma naturalidade com
que veste de vermelho e branco.
21 Golos à 20ª jornada. É o melhor marcador do campeonato e está a 5 golos da
melhor marca das últimas 13 épocas – Cardozo e Jackson com 26 golos em 30 jornadas.
9 Assistências – 2ºmelhor assistente do campeonato.
Umas dezenas de assistências para assistências.
E muito, mesmo muito, futebol.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Acabar o assunto e os vouchers
Oficialmente já foi colocado um ponto final neste assunto. Ficou
esclarecido que o Benfica nada mais faz que receber muito bem os
árbitros e que tal atitude está dentro da legalidade do simbólico.
Não oficialmente o assunto continua a correr. Há os adeptos de clubes
rivais que continuam a querer um castigo para o Benfica e que insistem
na ideia que há uma qualquer tentativa de influenciar os árbitros. Há os
oradores do nosso clube que teimam em manipular intelectualmente o
assunto, mentindo e tentando transformar a conversa em algo mais
ridículo do que aquilo que verdadeiramente é (e que triste espectáculo,
mais um, deu o Pedro Guerra ontem).
Dentro da legalidade cada
clube recebe os árbitros como quiserem. Os vouchers são legais mas são
desnecessários. São dispensáveis e não fazem qualquer sentido.
Se é para insistirmos em receber tão maravilhosamente bem os árbitros deixo a seguinte proposta:
- Acabar com os vouchers.
- Providenciar o serviço mínimo e humano que consiste em colocar no
balneário garrafas de água, alguma fruta (nada de fruta exótica ou
tropical) e ainda disponibilizar a assistência de um fisioterapeuta.
- Manter a visita ao Museu Cosme Damião.
- Camisola do Eusébio e não só. Até este ano tem sido a do Eusébio e a
minha proposta é que a partir de agora se defina um jogador diferente
todas as épocas.
Faria ainda outra alteração. A visita ao museu e
a camisola só seriam ofertadas em jogos na Luz (não no Seixal) e no
primeiro jogo da época que cada um dos 4 árbitros fosse arbitrar em
nossa casa.
Assim se acaba com a conversa e com a parvoíce dos vouchers.
Assim se faz algo que, para mim, faz sentido.
Assim se faz algo que, para mim, faz sentido.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
O delay que nos mata o golo
Para qualquer adepto de futebol há poucas coisas mais irritantes do que o delay. Talvez aquele sócio do Piso 1 (fui lá uma vez e não volto, já disse) que, atrás de nós, enquanto soltamos o corpo e a voz para a acústica do Estádio, nos ordena que nos sentemos: "está a sentar, isto não é o peão", ao que normalmente tenho por tradição responder: "está a levantar, isto não é a ópera", mas só de vez em quando, não vá a maralha ter de arrefecer os rabinhos e aquecer as raivas contidas, atirando-me, qual Lyonce Viiktória, em voo rasante pelas alturas do anfiteatro. Com sorte, poderia imitar a já antiga Águia do Barnabé que, entre bezanas de tarântulas, ratos e toupeiras, às vezes acabava a fazer compras na Zara do Colombo.
Talvez o assobiador compulsivo, sempre tão empenhado em escolher criteriosamente os momentos do jogo em que se levanta para fazer barulho: ou quando chama o árbitro de "minha querida papoila" ou quando carrega todas as frustrações da sua vida num só instante e as traduz num gesto seco - três dedinhos em riste e dois em curva para a solidão da língua - em direcção aos Taliscas desta vida e acaba com um sempre digno: "joga à bola, palhaço", não sabendo ser ele o verdadeiro protagonista do circo idiota em que voluntariamente se inscreveu.
Apetece sempre qualquer coisa, nestes momentos: um "vai assobiar para o caralho, cabrão!" ou então, numa perspectiva mais preocupada com a higiene do cefalópode: "coças o cu e metes na boca, és pouco porco, és!", mas atentemos que é o Benfica que estamos a ver, é escusado tornarmos o Estádio numa caótica guerra de aldeia de gauleses, entre peixes podres, menires, javalis e um bardo atado a uma árvore. Há-de chegar o dia em que soltemos pequenas lanças de veneno no calor dos cachecóis.
Mas o delay, essa finta dos deuses das ondas de som, tem de estar presente em qualquer campeonato minimamente credível que premeie as maiores irritações para um adepto. O delay é cobarde, esconde-se no ar, esvai-se no tempo, ri-se de nós em silêncio e depois em som, esvoaça por cima, aparece por dentro, cai num fosso vazio, sobrevoa-nos pelo céu. O delay goza-nos, enquanto tragicamente nos relembra a nossa condição humana. Adora mostrar-nos do que é capaz, adora saber-nos impotentes para o controlar. O delay é a prova intangível de que há maldade no mundo.
Quantas vezes vimos jogos em tascas, esperando aquele golo salvador ou temendo o golo da desgraça, enquanto um velho de transístor no ouvido, de pé, mãos acenando ao ar como que antecipando a euforia ou a depressão colectiva, arrisca uma umbilical relação com o divino delay e se faz deus, anunciando, com 3,456 segundos de diferença, o goooooooooooooooooooooooolo? Quantas, delay do céu, quantas? E nós ali, olhando esperançados o ecrã ou morrendo por dentro no temor da tristeza, feitos bonecos humanos nos braços de forças incontroláveis, apenas iscos da existência. O crime de nos negarem a surpresa infantil do gesto do golo.
O eterno caso do gajo que está no café, todo equipado à Benfica, de rádio no bolsinho de onde sai um fio malandro que só lhe acaba nos tímpanos. O herói da tarde. Para ser visto, vai para a mesa central, a primeira, a metro e meio da televisão. Nas jogadas perigosas levanta-se em gestos de desespero, enquanto nós ainda estamos a ver a bola nos pés do Júlio César. Sabemos que não vai dar golo, sabemos da impossibilidade da festa, do remate nas redes, do lance brilhante, da magia do esférico a voar para a baliza. Basta atentar no gesto demoníaco do pobre demónio a pedir mais uma mini - e nós ainda a vermos a bola a passear no meio-campo. Para quê olhar a televisão, se o delay nos goza com a ausência de golo? De que vale encher o peito de esperança naquele lance pela ala se na Luz ainda ninguém tinha levantado o coro glorioso da jogada decisiva?
Como explicar o delay àquele velho sócio do Benfica que está no estádio de rádio ao ouvido a querer ouvir o golo antes do golo acontecer?