O jogo de ontem foi o epílogo da carreira de Luisão ao serviço do Benfica. O capitulo final de um livro bonito, com alguns episódios tristes pelo meio e que na verdade já estava acabado há pelo menos dois anos.
Em Novembro de 2015, com 34 anos, na sequência da fractura de um antebraço após empurrão de João Pereira num jogo para a Taça de Portugal em Alvalade, Luisão perdeu a titularidade e dessa forma o Benfica pôs fim a um ciclo de resultados negativos e de golos sofridos nos quais o zagueiro não tinha estado em bom plano. Daí para a frente, na época 2015/2016, a história é a que se conhece: o Benfica estabilizou com Jardel coadjuvado por Lisandro primeiro e Lindelof depois e conquistaria o tricampeonato. Luisão ainda voltaria para uma tosca aparição a final da Taça da Liga frente ao Marítimo (2-6).
Na temporada seguinte, a sua reinclusão num quarteto defensivo onde encontrou jogadores com qualidade inquestionável como Nelson Semedo, Lindelof ou Grimaldo, protegidos por Ederson, permitiu colmatar as fragilidades do capitão encarnado, nomeadamente no que à velocidade e mobilidade diz respeito e assim passar incólume por entre os pingos da chuva.
Ontem, quatro meses e meio depois da última aparição com a camisola encarnada, Luisão, aos 37 anos, apresentou-se ao nível que os ex-jogadores costumam exibir nos encontros das velhas glórias encarnadas, estando em plano de destaque nos três golos sofridos: falta de velocidade no primeiro, perda de bola aérea com um adversário 10 cm mais baixo no segundo e dureza extrema de rins no terceiro.
O percurso de Luisão enquanto jogador do Benfica deveria ter terminado no final da época 2015/2016. A sua perpetuação foi um acto de caridade no qual o aspecto desportivo foi esquecido. E prolongar o contrato a Luisão após a presente temporada, como se equaciona actualmente para os lados da Luz, deveria fazer repensar o nome do clube para Sport Lisboa e Amigos.