O FC Porto prepara-se para quebrar um jejum de quatro temporadas sem conquistar o campeonato nacional, período nunca antes visto sob liderança de Pinto da Costa, pondo também fim a um ciclo (e não hegemonia) de triunfos do Benfica. Vencerá o campeonato e com toda a justiça.
Não que a época dos azuis-e-brancos tenha sido exemplarmente preparada, pelo contrário. O treinador foi escolhido e contratado de forma pouco ortodoxa e o plantel apresenta lacunas importantes inclusivamente em posições para as quais os titulares são jogadores cuja qualidade fica a desejar para quem quer ser campeão. Mas tal como a nossa própria experiência recente nos mostrou, não é só de qualidade em bruto que se fazem os campeões. E este Porto foi bem trabalhado. Prova disso são as retumbantes vitórias europeias no Mónaco ou com o Leipzig, a exibição em Alvalade para o campeonato, o jogo que fez (e que merecia ganhar, com erro grosseiro da arbitragem) frente ao Benfica no Dragão e a vitória decisiva que alcançou na Luz.
Resumindo, o Porto venceu porque foi melhor dentro de campo. Nas quatro linhas. Não foi por Francisco J. Marques, por Pedro Bragança, pela arbitragem, pela imprensa, pela sorte, o azar, as estrelas, as constelações, os astros. Há demérito do Benfica, naturalmente, pela forma absolutamente amadora como preparou a época e pela incapacidade crónica do seu treinador em extrair o melhor dos jogadores que tinha (algo que Sérgio Conceição fez com mestria exímia). Mas há sobretudo mérito do FC Porto. E enquanto andarmos preocupados com fait divers em vez de arrumarmos em definitivo a nossa casa e de reconhecer o mérito de quem ganhou com justiça, mais longe andaremos de voltar a ganhar.