Ontem de madrugada acordei meio atordoado. Alheio às horas
liguei a televisão sem saber bem com que intenção.
Não eram ainda 4 da manhã e o Benfica tinha jogado com o Famalicão no inicio da
noite do dia anterior. A verdade é que aquela segunda parte deixou-me deprimido
e assim que acabou o jogo afundei-me no Youtube até adormecer.
Por isso quando ligo a televisão esta encandeia-me com BTV. Estava a dar o programa
Chama Imensa.
Apesar da vitória o Benfica vinha de uma sequência de maus resultados, pouco
futebol, eliminação da Taça da Liga e com uma desvantagem de 11pts para a
liderança do campeonato. Apesar da vitória frente ao Famalicão, este foi mais
um jogo pouco conseguido: bom arranque com dois golos logo a abrir, depois 30
minutos a controlar os espaços e por fim 45 minutos a ver jogar.
Assim deixei-me a ouvir o que na BTV, perante o contexto actual do nosso
futebol, se estaria a dizer.
No momento deu-me um impulso imenso de vir aqui desabafar mas... 4 da manhã. E
apesar das 36 horas já passadas, não tenho como não soltar aquela experiência
aqui em palavras.
Apanhei o finalzinho da intervenção de um João Diogo onde falou do Porto, de
arbitragens e de penalties. Deu-me logo um nó.
De seguida o jornalista da BTV passa a palavra para um tal de António Bernardo,
perguntando-lhe se sobre o Porto e a arbitragem tinha algo a dizer. Depois de nos
fazer saber que também o António Rola já tinha estado minuciosamente a falar do
Porto e de arbitragens e que concorda totalmente tanto com o Rola como com o
João Diogo, o António Bernardo afirma que quer falar de “outras coisas que eu acho
que posso acrescentar... E posso já relembrar aqui 3 ou 4 situações que me
andam a preocupar”.
Pensei eu, ingénuo, que estando o assunto arbitragem arrumado, agora iriam
falar sobre os jogos do Benfica, as dificuldades que temos tido, as melhores
e/ou piores exibições de alguns jogadores, sistemas tácticos, reforços... algo
assim.
Não. Começou a falar do Pedro Mantorras. Sim. “Relativamente ao Porto tenho uma
coisa a dizer, eu estava no Benfica em 2002-03 quando o Pedro Mantorras era um
mártir a levar pancada”. Epa o que esta malta faz para não ter de falar de
Futebol.
Portanto as 4 coisas a que este António Bernardo andavam a preocupar eram:
1 – Arbitragens
2 – Imprensa toda dominada pelo Porto e pelo Sporting
3 – Unilabs, se mudaram de laboratório e se é verdade que os jogadores do
Benfica tiveram mesmo Covid.
4 – “Caso” Palhinha e ter juízes amigos.
E termina a dizer “Isto é que são coisas importantes a debater no Futebol e no
Desporto em termos gerais”.
Exacto. São estas merdas de novelinhas e de choros que é crucial debater no
Desporto.
Já estava eu meio em dúvida se estaria mesmo acordado quando aparece o José
Marinho a falar. Questionado sobre esta época atípica onde o Paços de Ferreira
surgia com tão bom desempenho, o José Marinho entra, como sempre, naquele seu
mundinho onde é rei mas de coisa alguma. Fala e fala e fala, com grande autoridade,
mas depois quando se espreme percebe-se que não faz ideia sobre o que diz.
O inicio da sua intervenção dava um bom número de comédia. Começou a criticar
aqueles que tanto falam da importância de se ter uma boa estrutura nos clubes e
a meio desta palermice lá se lembrou que é no Benfica que mais se fala nisso.
Enrolou-se. Inverteu a coisa e começou a elogiar a Estrutura do Benfica.
Assunto estrutura rebobinado lá começou a falar do sucesso do Paços de
Ferreira. Então salientou que aquele clube tem um sucesso constante e que isso
se deve por sempre ou quase sempre escolherem acertadamente tanto os
treinadores como os jogadores. E enquanto o Marinho debitava eu juro que pensei
que ele estava era a falar do Rio Ave.
Então avança relembrando que a actual posição do Paços de Ferreira não é
surpreendente porque “por exemplo” há uns anos com o Paulo Fonseca tinham
conseguido apurar-se para uma pré-eliminatória da Liga Europa. Insiste que para
o Paços esta não está a ser uma época atípica porque nos últimos anos têm-nos habituado
a andar lá em cima e sempre com boas equipas. É o que dar falar de cor caro
José Marinho.
Para começar é esquecer o “por exemplo” porque a referida época é uma exepção e
não somente um dos possíveis exemplos. E depois é elucidar que o apuramento foi
mesmo para o Play-Off da Liga dos Campeões.
Sim, em 2012-2013 o Paulo Fonseca conduziu o Paços de Ferreira a um excelente
3º lugar.
Desde então disputaram-se mais 7 campeonatos o Paços classificou-se em:
16º
8º
7º
13º
17º - Despromoção
1º - Promoção
13º
E atenção, todo o respeito pelo Paços de Ferreira. Contudo dizer que nos
últimos anos estar em 5º lugar não é atípico para o Paços quando nos últimos 7
anos só duas vezes ficou no Top-10 tendo mesmo sido despromovido em 2018 e
tendo disputado a segunda liga em 2019...
Tão sobranceiro falou o José Marinho sobre o Paços de Ferreira conseguindo
confundi-lo com o Rio Ave e mostrando deste somente saber que há uns anos era
treinado pelo Paulo Fonseca e que ficou num lugar Europeu (qual não sabe) e que
esta época é treinado pelo Pepa.
De resto não refere nada em especifico sobre este clube – nem treinadores, nem
jogadores, nem modelo de jogo – e o que tenta falar sai tudo ao lado.
Que fraude é este José Marinho.
E que tristeza de canal tornam a BTV.
Depois desta intervenção do Marinho desliguei a televisão. Não dava para mais.
A curiosidade matou mesmo gato.
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