Dia 05/02/2021 o Benfica recebe o
Vitória de Guimarães na Luz. O jogo vai empatado a zero para o intervalo. Deus por
indicação de Jesus retira Everton do jogo e lança Darwin para atacar os
últimos 45 minutos.
E eu pergunto “Porquê?”
A época de 2009/10 foi o ano de grande afirmação de Jorge Jesus. É um ano que
está marcado para sempre no Benfiquismo.
Desde a adaptação de categórica do Fábio Coentrão a lateral esquerdo à explosão
de Di Maria como um mágico de classe mundial. Desde a afirmação do miúdo David
Luiz ao lado do Luisão até à detonação de golos do pé esquerdo de Tacuara
Cardozo.
E também trouxe ao nosso dialecto a posição 9,5 – um jogador de ataque que
ocuparia o espaço entre o ponta de lança e o médio criativo. Esse ano era
Javier Saviola que brilhava com essa camisola – entre o “9” de Cardozo e o 10
de Aimar.
Assim Jorge Jesus brilhava com um ataque construído por um ponta de lança e um
atacante mais solto em terrenos interiores na procura do espaço.
Posteriormente as duas duplas de ataque que mais sucesso tiveram com Jorge Jesus
foram:
2013/14 – Rodrigo e Lima
2014/15 – Jonas e Lima
É perceptivel que nenhuma destas duplas apresenta um ponta de lança. Jogadores
de ataque mais móveis, de futebol de apoios e combinações.
No primeiro caso temos Rodrigo a explorar mais a profundidade e Lima a procurar
os espaços para jogar e fazer jogar.
No segundo caso voltamos a ter Lima mas desta vez apoiado por Jonas que junta a
sua veia goleadora ao seu posicionamento como 10 enquanto o cérebro do ataque
encarnado.
Mais recentemente temos o grande sucesso de Jorge Jesus no Flamengo. Brilhando na
América do Sul com um médio de maior contenção, um 8 com mais chegada à área,
dois médios ofensivos com maior jogo interior e no ataque um extremo bem aberto
à esquerda a dar aceleração aos ataques e um avançado a descair na direita.
Neste Flamengo Jorge Jesus actuava só com um avançado, um avançado móvel a
explorar o corredor direito e a abrir espaço para a progressão dos médios.
Na presente temporada desde cedo se percebeu que Jorge Jesus iria querer actuar
com um ponta de lança. Não contando com Vinícius – que parecia desligado do
futebol que Jorge Jesus pretendia para a equipa – Seferovic apareceu como a
solução até ser contratado um novo avançado para o plantel. Veio Darwin, um
avançado poderoso, com boa presença na área e capaz de procurar a profundidade
do ataque. Apesar do uruguaio não ser um atacante de associação, tem um fantástico
sentido colectivo.
Por tudo o que foi visto na pré-temporada e no arranque da época, uma bela
discussão no seio benfiquista era sobre quem seria o 9,5 de Jorge Jesus, qual
seria o jogador que iria apoiar Darwin alternando entre a ocupação dos espaços
entre os médios e o atacante com as chegadas à zona de finalização. Havia o
recém-contractado Luca Waldschmidt que cedo mostrou uma incrível ligação com o
uruguaio, mas também a possibilidade de Rafa, Pizzi e do Pedrinho.
E daí o meu “Porquê?”
Na Grécia jogámos com Seferovic apoiado por Pedrinho. Dominámos o primeiro
tempo com um grande preenchimento do espaço interior faltando só um melhor
entendimento – primeiro jogo da época – entre os jogadores para se criarem mais
oportunidades de golo. Na segunda-parte o PAOK procurou adaptar-se melhor,
equilibrou o jogo e com 30 minutos para jogar os gregos chegarem ao golo. Um
bom Benfica com 30 minutos para fazer o empate e Jorge Jesus decidiu quebrar a
identidade da equipa. Sai Pedrinho e entra Darwin. Nasce a dupla de ataque
Seferovic/Darwin e o futebol da equipa morreu ali.
Assim nasceu o meu primeiro “Porquê?”
Temos uma primeira metade de época na qual o arranque deixou vários sinais
prometedores mas que se foram dissipando ao longo dos jogos, ficando a ideia
que perante um insucesso Jorge Jesus abdicava da identidade de jogo que andava
a ser construída.
O arranque da dupla Luca/Darwin foi fortíssimo. Com algumas exepções onde o JJ
tentou ganhar os jogos retirando o 9,5 e lançando outro 9, foi esta dupla que
foi dando frutos no ataque do Benfica. Mas quando a coisa descambou no Bessa, pareceu
cada vez mais evaporar-se – para Jorge Jesus – a importância do avançado do
jogo entre-linhas. Cada vez mais Jorge Jesus começou a optar pelo ataque à bruta
em prol do ataque em classe.
Após a derrota na Supertaça a aposta de Jorge Jesus na dupla Darwin/Seferovic
intensificou-se, fosse de inicio ou fosse para inverter resultados. Uma mudança
no seu futebol e sinceramente um jogo muito menos atractivo por parte do
Benfica.
Isto traz-nos ao jogo da última Sexta-Feira, na Luz, com o Vitória de Guimarães.
O Benfica começa com um ataque formado por Seferovic e Pizzi. Weigl no
equilíbrio do meio-campo, Taarabt na condução pelo centro, Everton e Cervi em
rotação ocupando mais os espaços interiores, Seferovic como referência ofensiva
apoiado por Pizzi que ia procurando o jogo entre-linhas para abrir a defesa e o
jogo. Algo muito mais parecido com aquilo que vimos Jorge Jesus a trabalhar no
inicio da época.
Sim explorámos demasiado as laterais e os cruzamentos para o meu gosto e sim o
trio de médios do Vitória actuou mais na contenção tentando somente retirar
espaço aos 4 médios criadores do Benfica - – Weigl, Taarabt, Everton e Pizzi. Mas depois
do descalabro dos últimos jogos, soube bem ver o Benfica a surgir dominador,
com boas dinâmicas, a preencher os espaços, a retirar possibilidade ao adversário
de jogar e a criar várias oportunidades de golo.
Apesar do 0-0 ao intervalo não havia qualquer dúvida que aquela era a fórmula
para marcar um, dois ou três golos no segundo tempo.
Então porquê?
Porque é que ao intervalo se muda totalmente a dinâmica ofensiva da equipa? Porque
é que se retira um dos médios ofensivos criativos e se coloca mais um ponta de
lança? Porque é que o Benfica abdica do preenchimento do jogo entre-linhas? Porque
é que opta por ter mais presença na área em prejuízo da zona de criação?
O Benfica continuou superior ao Vitória? Sem dúvidas. Mas ao contrário do
primeiro tempo já houve Vitória com bola e a criar algum perigo, ao contrário
da primeira parte já não houve um Benfica tão dominador com bola e tão capaz de
criar jogadas de finalização.
Porque é que um treinador com o histórico de Jorge Jesus anda agora a recorrer
tão frequentemente a um futebol com um duplo pivôt ofensivo?
Com o Vitória, tal como na Grécia, esta substituição matou a reacção do Benfica
a um resultado menos favorável.
Por isso pergunto... Porquê?
Totalmente de acordo. Everton era o único a conseguir entrar na área e a criar perigo, mas o "homem" que inventou a "bola" é quem manda. Infelizmente.
ResponderEliminarno caso deste jogo na segunda parte fomos piores por causa da alteração mas não só por causa disso tem sido um padrão, e já são vários os jogos, em que na primeira parte produzes, e rematas muito mesmo com muito desperdício, e na segunda tens um quarto ou um quinto do que fizeste na primeira.
ResponderEliminarem termos defensivos o problema esteve muito mais na alteração que eles fizera, e na maneira como se posicionaram e pressionaram, do que com a nossa alteração.
o que se tem visto é que não temos equilíbrio ou só atacamos pelo meio, e aquilo parece mais futsal que outra coisa, esquecendo completamente as alas ou então usamos só as alas e esquecemos o meio não existe meio termo.
e o mal nem esta nos cruzamento o mal esta nos cruzamentos pelo ar, sendo que os pelo chão até devem de ser a forma que mais perigo temos criado.
a sua analise aos ponta de lança, e segundo avançado, não a vou discutir agora uma coisa é certa seja qual seja o modelo ele não pode nunca incluir o seferovic é que ele não sabe finalizar ao contrario de todos o que referiu, sendo uns mais moveis e outros não, todos sabiam finalizar.
é que na primeira parte com outro ponta de lança, por exemplo vinicius, quase de certeza que tínhamos finalizado com sucesso uma das jogadas e por isso nem sequer era preciso aquela alteração.