Com a vitória de ontem em Vila do Conde (2-0), o Benfica completou o seu 30º jogo oficial esta época. Curiosamente, ou talvez não - dado que a equipa sofreu de uma grave crise psicológica nos primeiros dois meses -, nem um único empate.
Esta curiosidade não é fruto do acaso, advém da capacidade que a equipa tem, quando em vantagem, para conservar o triunfo e da incapacidade que a equipa teve, quando em desvantagem, para conseguir dar a volta ao jogo ou, pelo menos, empatá-lo. Esses dois/três primeiros meses da época originaram quase na totalidade as derrotas sofridas - são 9 em 30 jogos, 7 delas até ao momento que marca a transformação da equipa, o jogo e derrota no Dragão.
Desde esse momento traumático, o Benfica jogou por 14 vezes, perdendo apenas duas, ambas para a Champions League. A nível interno, entre Campeonato, Taça de Portugal e Taça da Liga, jogaram-se 12 jogos e por 12 vezes consecutivas o resultado pendeu para a nossa equipa, num total de 36 golos marcados e 7 sofridos. É uma série notável de um conjunto que devia ter começado logo desde o princípio com estes números e que, por uma série de razões já anteriormente apontadas, umas por culpa própria, outras nem tanto, acabou por hipotecar tanto a possibilidade de liderança no Campeonato como a prestação europeia, sendo que aqui ainda tem uma segunda vida para chegar ao sucesso.
O que não sofre nem pode sofrer contestação é a qualidade óbvia destes jogadores e desta equipa como colectivo. O futuro será o que nós quisermos que ele seja, desde que se mantenham (ou até melhorem) os níveis de concentração e intensidade e que se façam, pontualmente, alterações tácticas que procurem adaptar-se às especificidades de cada jogo. E, se possível, que David Luiz não saia e entre um médio de características diferentes dos que temos actualmente no plantel.
3 comentários:
Ricardo, insulta-me se quiseres porque isto que agora vou dizer pode até ser entendido como uma desgraçada forma de auto-comiseraçao:
Mas cheira-me que nas pròximas 2/3 semanas vamos levar com outra arbitragem como a de Guimaraes.
Para "meter as coisas na linha"...know what I mean?
Ricardo,
Concordo com o que dizes; aliás, concordo com a generalidade das análises que vêm sendo feitas neste blogue ao ascender de forma da equipa e de certos jogadores, bem como aos percalços que ocorreram pelo caminho.
Parece-me bastante oportuna a ideia subjacente ao post, e penso que para a generalidade dos benfiquistas foi atingido um patamar de qualidade de acordo com as expectativas deixadas pela equipa campeã do ano passado. Dá vontade de dizer aquela frase da nossa infância, em pleno campo: “Agora é que é a sério, vá: zero-a-zero começa agora!” - Agora é que é a sério, estamos prontos! – Se esta equipa jogasse contra a do ano passado talvez perdesse, mas também seria possível ganhar. Era isto que os adeptos pediam, continuar onde se tinha parado, mais Ramires menos Ramires.
Mas há um mas. Há sempre um mas, pelo menos comigo. Depois de tantas vitórias consecutivas, no momento em que a nossa equipa parte para a fase do tudo ou nada, fica a pergunta: e nos jogos em que o nosso ascendente técnico não for claro, como vai ser? Em jogos de graúdos, este Porto parece-me mais combativo e competitivo do que este Benfica, talvez até mais que o do ano passado. Eu sei que o nosso futebol foi, e voltou a ser, o mais espectacular, o mais inequívoco das duas últimas edições da liga, mas…
Amigo,
tens tanta razão que quase chega a criar lodo. Sim, o Benfica deste ano não é uma equipa totalmente madura. E não será se, nos jogos "de graúdos", se mantiver a mesma compleição. Mas falemos baixo: às vezes o sonho supera a realidade...
Low, eu sou um gajo nascido em 1981. Grande parte da minha vida de adepto foi a assistir ao definhamento do Benfica nos anos 90 e à corrupção perpetrada por Pinto da Costa nos anos 80 e 90. Mas depois de 2000, achei que a coisa estava resolvida. Fui inclusivamente criticado por benfiquistas porque defendi que, desde 2002, o Porto, sempre que ganhava, ganhava porque era melhor. E muitas vezes tem sido.
Só que este ano a vergonha tem sido tão grande que às vezes me apetece deixar isto tudo. Este campeonato é uma mentira. À boa maneira dos anos 90. Fico triste e é só o que posso ficar.
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