Há quem nasça com o cu virado para a lua e quem nasça sujeito aos delírios laboriosos de sol a sol. Na blogosfera, não é diferente. Enquanto uns trabalham de forma séria, responsável, com qualidade, outros passeiam-se pelos textos, quais vagabundos, como cães vadios em busca das traseiras de um restaurante italiano.
É por isso que, quando a fama chega, chega só para alguns. Destaque-se uma Tertúlia Benfiquista - cujos membros discutem e bem o benfiquismo em directo e a cores na Benfica TV -, um Mágico SLB - que, além de ter sido considerado o "blogue da semana" no Jornal do Benfica, não raras vezes vê o seu nome escarrapachado no Jornal de Notícias -, uma Ilíada Benfiquista, um Eterno Benfica, eu sei lá mais quantos, todos bons e todos verdadeiros corredores de fundo. Autênticas máquinas de gerar comentários.
No nosso caso, a fama terá de ser sempre relativizada. Um comentário aqui, outro ali, e vemo-nos logo lançados no limite máximo a que este blogue aspirou (se aspirou a alguma coisa). Repare-se na forma espartana como a casa está construída, fracos acabamentos, materiais duvidosos, peças soltas, fios em perigo de matar alguém, torneiras que não fecham e, pior do que isto tudo, uma voz que fala muito pausada e intermitentemente. Este blogue não luta pelo título, é bem verdade, nem sei se luta pela Europa, mas é honesto, ah isso é, e, caso lhe chamem nomes, é até bem capaz de dizer "apre" e ficar chateado durante uns 2 minutos. Depois passa-lhe, porque não está para chatices.
Isto tudo vem a propósito de quê? Vem na sequência de termos lido a entrevista dada à Futebolista pelo companheiro Ricardo Cunha, do Catenaccio (já agora, mais um daqueles que merece todos os elogios possíveis), que, entre explicações justas e inteligentes sobre o blogue e sobre futebol, decidiu enlouquecer metendo-nos na sua lista diária de escolhas bloguísticas. Ora, agradecendo a referência, aconselhamos o companheiro Ricardo a procurar um terapeuta porque algo pode estar a falhar nos critérios decisórios do companheiro. Não merecemos tão grandes elogios e honras. Mas, como cães danados por um ravioli, aceitamo-los com um sorriso nos lábios.