terça-feira, 7 de junho de 2011

A mística morreu

Um clube, seja ele qual for, deve antes de tudo ter uma identidade própria. Um rumo definido, baseado numa ideologia assente nos príncipios que regem quem o representa e, mais importante, que regeram os que o fundaram. Adulterar este princípio sob a justificação de um novo mundo ou de confrontação com ideias gastas é adulterar o próprio clube e, no limite, extingui-lo.

É certo que o Benfica de 2011 está longe, muito longe, daquele Benfica pensado, idealizado e construído nos longínquos anos de uma Farmácia Franco, sob a batuta de homens sonhadores que, enfastiados com a burguesia desportiva de então, submissa, muito à portuguesa, a uma Inglaterra de Sirs, decidiram fundar um clube de raíz popular, portuguesa e solidária. Só assim se construiu o Benfica: pela solidariedade, pelo altruísmo, pela capacidade de organização e pelo trabalho. E, sim, mais que tudo, pelo sonho.

Mas os sonhos são apenas a primeira parte da edificação: o resto, se vem para durar, necessita de consistência, de labor, de uma ideia colectiva, de identidade.

Até ao final dos anos 80, o Benfica, ora afastando-se pontualmente das ideias genéticas, ora reorganizando-se tendo sempre como ponto fundamental a génese, conseguiu seguir a tradição de Damião - quem o representava, sabia da importância, da responsabilidade, do orgulho, da mística que significava o vestir, jogar e suar com a camisola encarnada. Mas, a meio dos anos 90, uma hecatombe de ideias, dirigentes, treinadores, jogadores e abutres, transformou o nosso clube num colosso em ruínas, ainda com memória mas pouco hábil a enfrentar a realidade e o futuro.

Desde aí, o sucesso desportivo tem sido pontual, intermitente, raro, e sempre, quando ocorre, esporádico. Porque não há exigência. Não há cultura de vitória. Não há o entendimento de que, no Benfica, não basta ganhar uma vez e descansar à sombra desse sucesso durante 4 ou 5 anos. Falta memória às pessoas que edificam hoje o Benfica. Falta interpretar o que significa a palavra "mística".

Hoje, mística, é apenas uma palavra repetida, usada com intentos comerciais e políticos. Não significa nada para quem a profere, do alto das suas tribunas presidenciais. É um arroto, um espirro, um espasmo. Só vive nos corações dos adeptos e na ilusão esperançada de um futuro cheio dela.

E o que é a mística, afinal? Mais do que uma ideia utópica ou fantasista, a mística é uma construção real que existia, um legado de ideias e acções, sonhos, comportamentos, ensinamentos, lições, que os mais velhos iam passando para os que chegavam, num carrossel sempre bem oleado, sempre defendido das falhas, dos acidentes ou dos problemas mecânicos. No Benfica, era imperioso não deixar cair os pratos no chão - quando alguém saía de cena, logo outro preparava-se para tomar os pratos na mão e fazê-los rodar e assim, de roda em roda, de gente em gente, a mística ia estando sempre no ar, sem falhas, sem pratos partidos, sem erros que a pusessem em causa.

A mística é a identidade do clube, a sua génese e o único fundamento real para a existência do Benfica. Sem mística, o Benfica torna-se uma necrópole. Ruínas de uma construção monumental. E nesta construção os agentes principais são os que a edificam, que lhe dão brilho, que a sustentam e cuidam dela. Sem legado entre estes agentes, não há mais nada.

Compete, por isso, a quem representa o Benfica - acima de tudo, a quem o dirige - primeiro, o conhecimento do que este clube representa, segundo, a noção correcta de como o interpretar e, por fim, a astúcia, a sabedoria, a inteligência de o preservar, manter e exponenciar sempre com a ideia primeira na consciência: vencer.



No Benfica, os sonhos devem ser parte integrante da sua evolução mas também a humildade e a noção da realidade. Numa era milionária, em que os mais fortes são os que enriqueceram e dominam os mercados, ao Benfica sobra, e não é pouco, a sua cultura e a necessidade de saber reorganizar-se por dentro. Se os grandes clubes europeus têm uma grande capacidade financeira, ao Benfica resta, e não é pouco, escolher bem, manter os melhores e formar gente que aprenda, siga e transporte os seus mandamentos. Abdicando destes princípios, desbaratando os seus jovens, escolhendo mal e deixando sair os seus melhores, o único trajecto possível será o do definhamento gradual, da perda dos seus valores e da cada vez menor capacidade de sucesso.


Não espanta, por isso, a entrevista dada ao "AS" por parte de Coentrão. Nunca lhe ensinaram o que era a mística - teve de aprender por ele. Mas, como autodidacta, teve defeitos na aprendizagem. Entendeu os adeptos, percebeu o orgulho de vestir a camisola do nosso clube, envaideceu-se com a admiração que eles lhe prestaram, mas faltou-lhe o golpe de asa - que deveria ser ensinado por quem dirige o Benfica - para interpretar o que significa ser jogador deste clube e o que deve significar dizer-lhe adeus. Coentrão não sabe como dizer adeus ao Benfica porque nunca ninguém o fez aprender. Não sabe ele, que tem sido dos que mais perto tem estado da mística na forma como joga e representa e defende o Benfica, nem sabem todos os outros. Porque perdeu-se a identidade deste clube. A correia de ligação partiu-se e não há quem o possa ensinar. A ele e a todos os outros. A mística - tal qual a vimos, sentimos, cheirámos, tocámos, conhecemos - é agora uma palavra oca, desligada da realidade, perdida entre escombros do velho estádio e nas memórias dos que a viveram. A mística morreu.

23 comentários:

rsa disse...

A mistica foi-se com a Europa e a globalização.

O Fábio é só mais uma "vitima" jogadores como Maldini Giggs Scholes e porque não o "nosso" Luisão estao em vias de extinção, o mediatismo a novidade o resultado leva a que nos adeptos rapidamente fiquemos fartos de quem nos dá alegrias (Cardozo/Saviola) e queremos caras novas.
Depois temos casos como o de Raul tremenda injustiça a forma como saiu do Real mas ele queria jogar e no Real já não era possivel ou do "nosso" Nuno Gomes nem sempre apreciado (por mim também) mas que agora queremos fazer um heroi quando o seu tempo é finito saiba ele e o Benfica entender isso.

No seculo XXI, o que vale é o momento, é o gosto, o já está, usar e deitar fora, marcas como o Benfica vão continuar a existir mas é cada vez mais dificil ser adepto.....

Bruno disse...

Enquanto houver adeptos do Benfica, a mística não morre. Está dentro de todos nós. Em nenhum clube do mundo hoje existe mística. Mesmo os jogadores formados no super Barça, só lá estão porque são bem pagos e porque ano após ano a equipa discute os títulos importantes. Se assim não fosse todos aqueles que beijam o emblema, sairiam alegremente para um qualquer M. City cheio de papel. A mística nos jogadores morreu mas não só no Benfica em todo lado. Agora cabe aos adeptos carregar esse património passando de geração em geração. O ultimo que vi carregar a mística em campo (pelo menos a minha definição de mística) foi o Rui Costa.
Quanto ao Fábio, jogador que dignificou o Glorioso, corre sérios riscos de sair a mal com os adeptos, devido a uma injustificada diarreia verbal. Todos nós sabemos que vai sair. Ele mais que ninguém também sabe. É no mínimo inconsciente rebentar com todo a ligação com adeptos por palavras a um jornaleco qualquer.

Anónimo disse...

apoio a primeira frase do bruno. de resto, no plantel não falta quem a sinta e a compreenda muito bem:

luisão é o exemplo acabado disso. oito anos de casa, estrangeiro com mais jogos de sempre, carácter fortíssimo.

moreira. catorze anos de casa.

ruben amorim, benfiquista desde pequenino, formado no benfica, com um intervalo no belenenses por culpa de vale e azevedo, mas é da casa.

e jogadores como maxi ou aimar também já se identificam connosco a um nível profundo.

veremos se haverá mais um par de jovens da formação no plantel.

a mística é uma abstracção. há décadas que é quase uma estória de pai natal.

Bruno disse...

Deixo a pergunta: Se a qualquer um dos jogadores que mencionaste fosse oferecido situação contratual melhor, não trocavam o Benfica na hora? Se Deus me tivesse abençoado com a capacidade de jogar bem e tivesse o privilégio de jogar pelo Benfica só saía se o Benfica me pusesse fora. Doutra maneira, estava-me bem borrifando para Reais Madrids, Chelseas e companhia. Jogar pelo Benfica é jogar pelos maiores ponto. Há jogadores que realmente têm mais empatia com o clube. Agora a mística que tinha o Ângelo, Coluna, Cruz, etc, essa só persiste mesmo em adeptos como eu e tu... O azar é não jogarmos nada à bola :P

Ricardo disse...

A mística não tem de estar morta por um mundo mais automatizado ou um mercado com outros critérios.

A mística pode sobreviver, existir e potenciar os clubes. Há vários exemplos de clubes que mantêm uma identidade própria e, que através dela, sustentam o sucesso desportivo.

Justificar a perda da mística com a inevitabilidade do seu declínio parece-me parco de objectividade.

O problema está em saber manter ou, no caso, já que a perdemos, resgatá-la. Ressuscitá-la.

Deixem-me dizer-vos algo sobre a novela Coentrão desta Terça-Feira: o jogador obviamente tem culpa por ser parolo e pouco inteligente - estando calado, o negócio far-se-ia na mesma e ele mantinha o carinho que os adeptos benfiquistas sempre lhe tiveram.

Mas mais importante, muito mais importante, o que é necessário fazer por parte de quem dirige o nosso destino é precaver estes episódios. Prevenir. E como? Construir uma cultura de identidade benfiquista, um forte onde quem está compreende na totalidade o privilégio que tem e quem sai, por esta ou outra razão (que muitas vezes são legítimas), sai a bem, orgulhoso por ter sido jogador do Benfica, agradecido por o terem potenciado e respeitando o clube, sem declarações imbecis.

Mais: em vez de processos disciplinares posteriores aos actos de desrespeito, o que é preciso é uma política de divulgação da mística benfiquista e de prevenção contra estes atentados ao amor que os adeptos têm pelos seus.

O que resta, agora? um jogador que abriu as pernas de forma ridícula ao clube comprador e uma Direcção que o pune, depois do mal feito? Não é esse o caminho. Mas provavelmente já está tudo a insultar o Coentrão e a dizer à Direcção para o atirar da ponte. E, se necessário for, por um preço muito abaixo da cláusula.

Missão cumprida, então.

rsa disse...

O MU perdeu Ronaldo, o Rooney no principio da época fez birra e só ficou porque o contrato foi melhorado a mistica hoje é o dinheiro.

Falas de sair a bem como o David Luiz ou a mal como provavelmente vai acontecer com o Fábio isto para nos adeptos porque para o clube é sempre "dinheiro fresco"

Só o Barça terá essa mistica mas não é exemplo é a excepção.

No nosso caso, o Benfica teria que voltar a ser português e isso não me parece possível, da mesma forma que o sul americano sonha com a Europa o jogador português sonha com Espanha, Inglaterra, o sonho de jogar no Benfica hoje é potenciado em jogar no Chelsea no MU, no Real, no Barça, de ser um Ronaldo Messi , hoje ninguém quer ser um Diamantino, um VPaneira por isso e porque os miudos estão mal preparados o Fábio é a regra .

PS: Esta novela também interessa ao Benfica....

MM disse...

Um clube de raiz popular que gasta 50 milhões de euros (que não tem) por ano em jogadores de futebol, dá 9 milhões de euros pelos 3ºs guarda-redes do Atlético, auto-intitula-se o "Glorioso", é - segundo os próprios - "maior que uma nação", teve como 1 dos seus fundadores um apaixonado Sportinguista, teve de jogar em campos emprestados pelo Sporting no princípio do Século porque foi despejado dos seus, aldraba e mente sobre praticamente tudo e mais alguma coisa e, vê inclusivamente os seus adeptos falar de "Sirs" e "Burguesia" quando o Sporting desde que nasceu foi o principal motor do desenvolvimento da prática desportiva em Portugal. Foi o Sporting que trouxe o Râguebi para Portugal, foi o Sporting que construiu e disponibilizou ao público as primeiras piscinas em Portugal, foi o Sporting que levou os primeiros atletas Portugueses a JO, foi o Sporting quem nunca se demarcou de oferecer desporto à comunidade que serve - em todas as modalidades que praticou / pratica - e é o Sporting - pasmem-se os "novos-ricos que não o são mas fazem vida de rico como mais ninguém" que em pleno mais de 100 anos depois, continua a fazê-lo ...

Queres regressar à identidade do passado? Cria primeiro uma Ricardo, porque o teu clube nunca teve. Se possível, aprende com aqueles que realmente têm uma identidade e preocupam-se em fazer desporto. O teu mal, é que levas muitas sovas de futebol. E é só por isso que dizes o que dizes ... isto é, nem os teus propósitos são genuínos ou puros, e por trás desse discurso cheio de "alma", não existe nada (refiro-me ao teu Benfica, claro está).

Sobre o Coentrão, não sei onde é que está a surpresa. Podem agora todos os adeptos do Benfica que andam com imagens da "revolta em Braga" a fazer eco do "fossem todos como o Coentrão e o Benfica seria muito diferente" retirá-las e acordar para a vida: dinheiro, apenas. E é por isso que o Coentrão foi para o Benfica, em 1º lugar. Não sei portanto onde é que está o espanto. Vocês realmente são muito fáceis de enganar ...

Desde o Rui Costa (que saiu com 21 ou 22 anos), o Benfica teve / tem / produziu / produz 0 referências nos seus quadros, sejam eles jogadores feitos na casa ou contratados. 0. E porquê? Por isso que dizes: são um clube sem identidade.

MM disse...

Não vou dizer isto para achincalhar ou deitar abaixo o Benfica. Digo-o porque são 2 testemunhos de quem conheceu as 3 casas, aos pares, óbvio:
João Vieira Pinto, Benfica e Sporting: "Fui muito tarde para o Sporting, devia ter ido mais cedo, e não devia também ter saído ao fim de 3 anos. Foi precipitado."
Zahovic, FC Porto e Benfica: "O Benfica é uma merda, o Porto é o melhor clube onde joguei".
Miguel Veloso, que fez o seu percurso de formação entre Sporting e Benfica, pela ordem inversa: "Em que é que o Sporting é superior ao Benfica? Em tudo."
Balboa, "O Benfica é pior que me aconteceu na carreira. Nunca me haviam tratado desta forma. Nem um palavra foram capazes de ter comigo."
Villas-Boas, "Treinar o Benfica? Lol."

MM disse...

Ricardo,
Ainda num registo distante do clubismo e só sobre o Benfica: pensa nas noções que tu próprio tens do teu clube, tu que és adepto do Benfica. O que é que tens para gabar? Diz. Se pensares nisso concluirás que o teu pedido de identidade advém apenas do insucesso desportivo. Nada mais.
Isso, meu caro, não é identidade. O que é que o Benfica promove?, ou faz de especial? O que é que dá à comunidade? O que é que o teu clube faz para além de gastar 50 milhões de euros por ano em jogadores? Nada. Zero.
A vossa capacidade é nula. E mesmo o sucesso desportivo que tiveram num ano foi-vos oferecido por um treinador que não faz parte do "universo Benfica". Gostes ou não, o teu clube está dependente do sucesso que consiga ou não "comprar". Identidade próprio, não têm nenhuma. É triste, eu sei, mas é a dura realidade.

bailarino disse...

MM, para quem é do sporting tens uma moral... :)

Armando disse...

Muito bem, eis um texto que não importava de subscrever. No entanto, essa coisa da “mística” sempre me deixou de pé atrás. Certo ou errado, penso que aos conceitos devem corresponder práticas coerentes. Se não existe unidade no fluxo, a confusão é garantida. Vejamos, sou o orgulho herdeiro de um velho Cândido de Figueiredo, edição de 1949 e seguem-se as definições que ele indica para as entradas:

Mística: “o estudo das coisas divinas ou espirituais”;
Espiritual: “relativo ao espírito, místico, devoto” e outras ligadas à religião;
Místico: “que contém o carácter de alegórico (referindo-se às coisa religiosas). Misterioso. Relativo à vida espiritual. Relativo à devoção religiosa; devoto: vida mística. Aquele que processa o misticismo.

Parece-me que existe muita tralha no conceito. Daí que sempre tenha recusado o conceito de “religioso”, prefiro o “tribal”.

PS. Fábio Coentrão. A culpa é inteiramente da estrutura. A transferência era e é inevitável. Assim sendo, um mês atrás, uma estrutura competente chamaria o jogador, garantiria ao mesmo que os interesses dele estavam garantidos, incluindo a escolha do clube, em troca ter-lhe-ia pedido: silêncio, nada de entrevistas ou declarações avulsas, o máximo aquela “o que for Bom para o Benfica é bom para mim”. Mas não, deixaram apodrecer a situação, não falaram com o jogador e a situação tinha que se descontrolar. Resta saber se não estes os objectivos da estrutura, a desculpa necessária. E esta de um processo disciplinar, nesta altura, quando ouvi a notícia ia-me engasgando com um ataque de riso.

Armando disse...

E não sobrevalorizem a credibilidade do "AS", "O Record" castelhano, embora menos mau.

Ricardo, em "suavesemfiltro" tens um texto sobre a transferência de poder no nosso futebol, quando e de que maneira. Ainda o tens?

Ricardo disse...

Armando, a mística de que falo, a nossa, a do Benfica, nada tem de religioso - pelo menos, no mau que tem qualquer tipo de religiosidade.

Tribal, sim, gosto e corroboro. É uma mística tribal. Era uma mística tribal. E - perdoem-me a utopia - ainda acredito, e só aqui - nunca em questões de 2000 anos de uns pobres de espírito que ainda hoje rezam a uma cara barbuda - que possa ressuscitar.

Quanto ao Coentrão, é tudo isso e nada mais, Armando. Percebes a necessidade que tenho de falar sobre estes incompetentes que dirigem o Benfica? É que até nas coisas mais simples denotam uma imbecilidade atroz. Ou então isto serve-lhes algum intento. Prefiro não ir por aí.

Tenho o texto, sim. Queres que to mande?

MM, acabei há pouco tempo de ver a saga de Karl Pilkington na excelente série britância "An Idiot Abroad" e estou por estes dias a acompanhar outra - dos mesmos Ricky Gervais, Stephen Marchen e o falado Karl -, "The Ricky Gervais Show". Por isso não leves a mal que não comente os teus verborreicos apontamentos. É que eu, além de rir, gosto que me ensinem coisas e me façam pensar. Mas do mal o menos: a primeira premissa foi atingida.

MM disse...

Ricardo,
Não sei que interesse terá (para mim, ou para a questão que levantas no post) as séries que acompanhas ou não ...
Gostas de rir? Óptimo, mas isso não fará o teu clube ganhar uma identidade. Recuperá-la está visto que é uma impossibilidade ...
Sobre o post, a verdade magoa, eu sei. Se o Ricky Gervais ou outro comediante qualquer (em Portugal tens aí muitos, e bons) te ajudam a superá-la, meu caro, óptimo, não sei é que relevância isso terá.

A verdade magoa, eu sei, e sei que algumas coisas custam ler. Pede lá ao ignorante do teu presidente que vá gastar mais 50 milhões de euros em 2 dúzias de jogadores que é para um alheado como tu vir gritar que são o clube do povo ...

Armando disse...

Ricardo, sabes que somos uma minoria, aqueles que temos a consciência de ser, aqueles que têm orgulho nas esfarrapadas bandeiras, a cheirar ao suor do tempo, as manchas acastanhadas do sangue, do nosso, que nos levaram a sobreviver aos primeiros vinte anos da existência do clube, quando não tínhamos campo e tínhamos que jogar duas vezes nos campos dos adversários, uma na condição de “visitante”, outra como “visado”. E fomos campeões, mesmo em condições tão adversas. Muitas pessoas não sabem onde ficavam as Amoreiras, a primeira proposta de Estádio em Portugal. Sim, ficavam nas Amoreiras, onde se situam o CC e o Liceu Francês. Foram sacrificadas ao progresso segundo Duarte Pacheco. Que um tal clube e em tais condições de pobreza tenha sobrevivido, acho que é uma demonstração da irracional força da natureza. Que tenhamos mantido, nos últimos 30 anos, o essencial da nossa força, os adeptos, é quase outra irracionalidade, apesar dos “jardineiros” que fizeram e fazem o seu melhor para a auto-destruição, seguramente pela mais pura bondade. Se tu, eu, e uma minoria, que não somos do Benfica porque sim, desistíssemos, ainda que na nossa solidão, duvidaria do futuro, Assim, apesar do incómodo dos arranhões, alguns muito fundos e dolorosos, também continuo a acreditar. Que diabo, a falência, inevitável, por artificial, da teoria do proletariado, não me impede de acreditar na Revolução.

Sobre o tal texto, gostaria que o lesses e me desses a tua opinião, conheces o caminho. Não duvido da validade do mesmo, apenas tenho dúvidas quanto à oportunidade. No entretanto, vou enviar um texto, já prometido, sobre os “noyaux”. No presente, é dedicado a MM, no futuro próximo, talvez ingressemos no grupo.

Edson Arantes do Nascimento disse...

Ricky Gervais? Mas não era Ricky van Wolfispankel?

Grandes comentários, concordo com quase tudo o que foi dito. Só que para mim, faz mais sentido, pelo menos em primeira instância, criticar atitudes. Então eu acho que o Fábio deveria ter mais cuidado. Cala-te, já chega.

Depois podemos, com certeza, responsabilizar os gestores técnicos e administrativos da SAD. Claramente não souberam lidar com a situação. Como já aconteceu por diversas vezes...

Gençlerbirligi.

Cair e Levantar! disse...

para o Lagarto:tirando o ciclismo,o SLBENFICA é o único clube em Portugal que tem todas as modalidades de alta competição(até surf temos).Pela comunidade temos a Fundação Benfica,demos casas na Madeira depois do temporal,fizemos um jogo para ajudar as vitimas do Haiti.Durante anos tiveste um capitão de equipa que era assumidamente Benfiquista e na 1ª oportunidade que teve mudou-se para o fcporto,assim como todos os jogadores que vocês produzem/fabricam/exportam que na 1ª oportunidade que têm se vão embora.O Rui Costa acabou a carreira no Benfica,e o Figo???é verdade que o Sporting foi o 1º clube a construir e disponibilizar piscinas ao público...público esse que tinha que pagar uma fortuna para as usar,ou seja burgueses!!gabas-te das modalidades...quantas medalhas ganhou o sporting nos ultimos JO???onde estão os vossos pavilhões das modalidades??onde está a vossa equipa de raguêbi(o tal desporto que trouxeram para Portugal...)???onde anda a vossa equipa de Hóquei???e o Basquetebol anda bem??e que tal as vossas assembleias gerais com 20 pessoas???é só interesse no vosso clube!!rapaz aprende uma coisa,se há coisa que o SLBENFICA não é,é perfeito,ao longo da sua história foram cometidos muitos erros e o BENFICA,tal como tudo neste mundo não é perfeito,mas o teu Sporting é muito mais imperfeito que o nosso BENFICA,e a prova disso é que há pessoas que gostam e amam o Benfica,como o Ricardo a quem dou os Parabéns por este texto que 2assino" por baixo,mas não só o Ricardo,somos muitos com o mesmo sentimento,e quando o Benfica se vai abaixo somos fortes e unimos-nos para o puxar para cima,nós os adeptos puxamos o BENFICA para cima(E PLURIBUS UNUM),no teu clube e nos outros,é o clube com as vitórias que os puxa,como não ganhas nada,vê-se o interesse de sócios e adeptos pela vossa vida desportiva,interesse 0,1...só não é zero porque vocês ficam todos contentes com as vitórias do fcporto sobre o BENFICA,ou seja,para além de tudo o que referi e muito mais que podia referir...são submissos da máfia do norte,o clube satélite!!
Ricardo, "Nós pelo BENFICA não podemos desistir nunca!"... VIVA O BENFICA!!

Cair e Levantar! disse...

e já agora pergunto eu,o que faz o Sporting pela comunidade???

bailarino disse...

Eu acho que a pergunta é mais: o que é o sporting? E não venham com a conversa das modalidades e da academia.

PS - o Godinho para este mandato fez mais um corte de 20% nas modalidades. De facto, um orgulho.

M.C. disse...

A lagartixa assexuada alêm de ressabiada é burra !
Bastava ir até ao sítio ...
http://rugbyoeiras.paginas.sapo.pt/historiaRugby.htm#Origem%20do%20Rugby%20em%20Portugal,para verificar que o que clube dos" viscondes falidos" apareceu 22 anos depois,para fazer um joguinho contra o " Lisbon Football Club" estes sim, os verdadeiros responsáveis pela introdução do rugby em Portugal!
Óh lagartixa ainda estás muito cru!

Ricardo disse...

M.C., toda a gente que acompanha o desporto e se interessa verdadeiramente por ele sabe que o Rugby não foi trazido pelo Sporting. Mas isso não interessa na discussão com o ilustre MM. Porque os factos, na mente deste sportinguista, são apenas episódios, muitas vezes irritantes e incómodos. O MM prefere sonhar, inventar, criar - tenhamos a simpatia de o acarinhar nos seus propósitos.

E rir. Façamos o favor de rir. Sabes, M.C., não chames nomes ao MM. Os comentários que aqui faz são só um exemplo da identidade que o seu clube tem: um delírio completo de megalomania desportiva e, claro, o trauma profundo em relação ao Benfica.

Não queiras descobrir mais mentiras nos comentários do MM, porque perderás a tua vida em investigação. Ri-te. Ri-te galhardamente, proficuamente, deleitosamente. E manda-lhe um beijinho no final.

Miguel disse...

Caro Ricardo,

Parabéns pelo excelente post e também por este magnífico blogue (até a foto em fundo é estupenda), que em boa hora acabo de descobrir e continuarei a acompanhar.

Concordo com quase tudo o que escreves sobre a mística do Benfica, mas encerras o teu post com uma nota pessimista que não posso subscrever porque, bem no fundo, acredito que ainda é possível reanimar-se a mística - está moribunda mas ainda não morreu, assim o Benfica saiba encontrar os médicos (dirigentes) adequados para essa reanimação. Não te censuro, porém, a nota pessimista: como diz o ditado (acho que russo), "um pessimista é um optimista bem informado".

Lembro-me sempre de uma entrevista que o Álvaro Magalhães deu aqui há uns anos, quando era treinador-adjunto do Trapattoni. Afirmou ele que, algumas semanas após a chegada ao Benfica (enquanto jogador) deu uma entrevista a um jornal desportivo sem conhecimento dos capitães de equipa à época (Toni e Humberto), e sem conhecimento do director desportivo (creio que era Gaspar Ramos) e do treinador (já não me lembro se seria Baroti).

Só por aqui já está tudo dito: era preciso que capitães, director desportivo e treinador estivessem ao corrente das entrevistas que os jogadores mais novos davam aos jornais - porque eram mais novos, ainda não tinham adquirido "a mística" e podiam cair nas ratoeiras armadas pelos jornalistas.

Ora parece que nessa entrevista (que ele deu sem comunicar nada a ninguém porque ainda desconhecia as regras do Clube) o Álvaro caiu na ratoeira e disse alguma coisa que não devia ter dito; nada de importante, nada que pusesse em causa o Clube, os seus dirigentes ou o grupo de trabalho, mas ainda assim disse alguma coisa perfeitamente dispensável. E quando a entrevista saiu, o Humberto e o Toni foram imediatamente falar com ele, explicando-lhe as regras e o que podia ou não ser dito à imprensa, para benefício de TODOS: do Clube, em primeiro lugar, do grupo de trabalho e do próprio jogador. E o Álvaro disse que nunca mais esqueceu aquela advertência, e que mais tarde teve sempre o cuidado de fazer o mesmo com os mais novos que chegavam.

Assim se foi construindo a mística no Benfica, ao longo dos anos: com jogadores com anos de casa que serviam de exemplo aos mais novos, com capitães que impunham respeito e eram vozes com autoridade no balneário, com directores desportivos que protegiam esse mesmo balneário e que serviam de elo de ligação com a Direcção.

Para isso é necessário não se desfazer equipas campeãs, manter-se no Clube jogadores com carisma e haver um director desportivo que seja uma muralha quando a imprensa pretende desestabilizar o grupo de trabalho, com aquelas entrevistas repletas de armadilhas - e nós, hoje, temos dezenas e dezenas de jornalistas, de todos os diários desportivos e mais a sportv, que estão sempre à espreita dessa brecha - vide o "caso" Coentrão.

É por isso que, na temporada que aí vem, é fundamental não deixar sair mais ninguém para além da inevitável saída do Coentrão. Maxi, Luisão, Moreira, Javi, Saviola, Amorim, Aimar e Cardozo são o que nos resta de jogadores que podem ensinar a quem chega o que é o Benfica. Porque quem chega são miúdos com o rei na barriga, que ganham ordenados chorudos e olham com cobiça para as noites de Lisboa. Que querem lá saber do Benfica para alguma coisa - a não ser que alguém lhes mostre "as regras". Para isso precisamos de jogadores com anos de casa (jogadores oriundos da formação são imprescindíveis - ainda não acredito que se vai dispensar novamente Miguel Vítor) e, claro, de um bom, excelente, GRANDE director desportivo - ainda para mais se tivermos em atenção que o actual Presidente dá tiros nos pés uns atrás dos outros, desestabilizando o Clube, dividindo adeptos e não fazendo passar uma mensagem de confiança aos jogadores e treinador. Mas se houver "esse" director desportivo, os estragos serão consideravelmente menores.


Abraço e parabéns pelo teu post.

Miguel

Paulinho Cascavel disse...

"Olha, que se foda o Sporting. (...) Na próxima oportunidade uma das primeiras passagens será Alvalade, e deixar o meu cartão de sócio ao cima das escadinhas. E é lá que vou deixá-lo, porque não sou capaz de o deitar fora mas também não quero guardá-lo porque a minha ligação emocional ao Sporting não se faz via quotas.

MM

27 de Março de 2011"