No seguimento do post anterior propomo-nos investigar as causas dos prejuízos nos últimos 4 anos, visto ser assumido pela Direcção que o modelo de gestão passa pela valorização de activos, modelo no qual o treinador Jorge Jesus é peça fundamental.
Será que o Benfica tem lucros tão grandes com a valorização de jogadores? Assumindo que este é o modelo que assegura o equilíbrio às contas deveremos pressupor que o saldo das compras e vendas de passes de jogadores é permanentemente positivo.
O saldo das transferências líquidas é igual à diferença entre os montantes obtidos pelas vendas dos jogadores (valores brutos, por exemplo 3,5 milhões por Éder Luís, 1 milhão por Felipe Bastos ou 1,2 milhões por Daniel Wass) e as aquisições de passes de jogadores (por exemplo 2,7 milhões por 30% do passe de Maxi Pereira) ou os encargos com as renovações de atletas (na época 2011-12 a Benfica SAD renovou Luisão, Gaitán, Jara, Luis MArtins, Urretaviscaya, Maxi Pereira, Pablo Aimar, Ruben Amorim, Javi Garcia e Javier Saviola).
Saldo líquido de transferências = alienações de passes - aquisições de passes - encargos com renovações de contratos
Os números foram essencialmente retirados dos Relatórios & Contas da Benfica SAD, porém visto que os dados mais antigos não estão discriminados nesses documentos, foi necessário consultar fontes alternativas para podermos obter a valorização de aquisições e alienações como os sites do zerozero ou do transfermarkt. Convém realçar que estamos a falar dos valores de transferência e não das mais-valias obtidas com essas mesmas transferências.
Saldo líquido de transferências = alienações de passes - aquisições de passes - encargos com renovações de contratos
Os números foram essencialmente retirados dos Relatórios & Contas da Benfica SAD, porém visto que os dados mais antigos não estão discriminados nesses documentos, foi necessário consultar fontes alternativas para podermos obter a valorização de aquisições e alienações como os sites do zerozero ou do transfermarkt. Convém realçar que estamos a falar dos valores de transferência e não das mais-valias obtidas com essas mesmas transferências.
Conforme se observa no gráfico acima, excepção feita à época de 2006-07, deveremos falar mais de épocas de investimento na equipa do que de épocas de vendas de jogadores. Nas últimas épocas temos realizado grandes vendas, como é possível então que sejam épocas de investimento ? Observemos então as últimas 5 épocas em detalhe:
Efectivamente, apesar de vendas que nas últimas 3 épocas somaram mais de 125 milhões de euros, a verdade é que as aquisições do Benfica nestas últimas 3 épocas custaram uns inacreditáveis 136 milhões de euros. Aliás se formos somar as últimas 5 épocas, os valores sobem para 153,2 milhões de euros de alienações, o que corresponde a uma média 30,6 milhões de euros, e 212,3 milhões de euros o que quer dizer uma média anual de mais de 42 milhões de euros.
Em conclusão, por muito que o Benfica consiga valorizar e alienar passes de jogadores a verdade é que investiu nos últimos 5 anos quase mais 60 milhões de euros do que obteve através das alienações. Claro que rapidamente irão perguntar pelo Witsel e pelo Javi. É verdade que nesta temporada, 2012-13, o valor das alienações é muito superior, 63,6 milhões de euros, ao valor das aquisições 18,1 milhões de euros, compensando cerca de 75% do investimento das últimas 5 épocas. Porém, quando se analisa apenas dados trimestrais podemos ficar com ideias erradas, pelo que apenas deveremos olhar para os valores das épocas completas, isso mesmo é referido no recente relatório do primeiro trimestre da Benfica SAD.
Quais as consequências então desta política de investimentos ?
Em primeiro lugar, o aumento significativo das amortizações.
O que são as amortizações ? Quando se adquire o passe de um jogador este assina um contrato com a SAD de x anos. Imaginemos o caso do Bruno César, cujo passe custou 6 milhões de euros e assinou por 6 anos até 30 de Junho de 2017. Ao valor de 6 milhões, dever-se-ia adicionar o prémio de assinatura, mas como não me foi possível saber o valor do prémio de assinatura (luvas), vamos utilizar como referência apenas os 6 milhões e dividir este valor pelos 6 anos de contrato, ou seja, o passe do Bruno César vai ser amortizado ao valor de 1 milhão de euros por ano. Ou seja, o Benfica em vez de na aquisição contabilizar um custo de 6 milhões, vai dividir esse custo ao longo do contrato, à semelhança do que fazem as empresas quando adquirem um qualquer equipamento. Se o contrato fosse apenas de 1 ano, então esse valor teria que ser contabilizado numa única época.
De referir que antes de 2007-08 as amortizações de jogadores não estavam isoladas das outras amortizações (amortizações de equipamento), pelo que optei por calcular o valor para 2006-07, através do desconto mencionado para o valor da amortização do CFC, considerando o remanescente como residual. Independentemente disso, verificamos que na época de 2011-12, o valor das amortizações com passes de jogadores é praticamente o dobro do valor da época de 2007-08.
Aliás, se olharmos em termos internacionais, os valores de amortizações do Benfica não eram muito diferentes dos valores do Bayern Munique na época de 2010/11.
Efectivamente, a diferença que separa o Borussia de Dortmund do Benfica é maior do que a diferença que separa o Benfica do Bayern Munique ou mesmo as diferenças que separam os valores do Benfica dos valores de AC Milan e Manchester United.
A opção pela inclusão pelo Borussia de é para provar que um clube que é competitivo, o Borussia é campeão alemão em título (2010-11 e 2011-12) e tem como modelo a detecção de jovens jogadores talentosos para desenvolvimento e posterior alienação com mais-valias. Em 2012, o Borussia vendeu o passe do japonês Shinji Kagawa por 16 milhões de euros que tinha sido adquirido por 350.000 euros ao Cerezo Osaka em 2010 e o passe do paraguaio Lucas Barrios por 8,5 milhões de euros ao Guangzhou Evergrande que havia adquirido em 2009 por metade do valor ao Colo Colo.
É certo que o Benfica consegue realizar vendas maiores mas se compararmos o investimento líquido em transferências (vendas-compras) nas últimas 5 épocas, a verdade é que enquanto o Benfica investiu 59 milhões de euros e conquistou um campeonato, o Borussia investiu 16 e conquistou 2.
A segunda consequência da política de investimentos é o crescimento dos custos com pessoal.É certo que o Benfica consegue realizar vendas maiores mas se compararmos o investimento líquido em transferências (vendas-compras) nas últimas 5 épocas, a verdade é que enquanto o Benfica investiu 59 milhões de euros e conquistou um campeonato, o Borussia investiu 16 e conquistou 2.
Para que seja mais fácil ler a informação do gráfico, o valor dos custos com pessoal está a vermelho na base das barras, ou seja em 2007-08 os custos com pessoal foram de 27 milhões de euros, enquanto que em 2011-12 tinham subido para 48 milhões de euros. Concomitantemente o número de jogadores sob contrato no final da época de 2007-08 era 36, enquanto que a 30 de Junho de 2012 esse número tinha subido para 81.
Enquanto que os custos com pessoal cresceram 77% em 5 épocas, o número de jogadores aumentou 125%, ou seja grosso modo podemos afirmar que o custo médio por atleta baixou cerca de 20%.
Mesmo tendo em consideração que há uma equipa principal, uma equipa B que deverá servir de suporte às necessidades da equipa principal e adicionalmente alguns juniores que não estando incluídos na equipa B também têm contrato profissional, não me parece que 81 atletas seja um número adequado às necessidades / possibilidades do Benfica.
Mesmo tendo em consideração que há uma equipa principal, uma equipa B que deverá servir de suporte às necessidades da equipa principal e adicionalmente alguns juniores que não estando incluídos na equipa B também têm contrato profissional, não me parece que 81 atletas seja um número adequado às necessidades / possibilidades do Benfica.
Um aspecto que é importante de analisar, quando nos debruçamos sobre os custos com pessoal, é a relação entre custos com o pessoal e receitas. Inclusivamente, as regras do Fair-play Financeiro da UEFA, que deverão ser adoptadas na época de 2013-14, indicam que o rácio entre os custos com pessoal e as receitas geradas com o futebol não deve ultrapassar os 70%.
A linha descontínua do rácio entre os custos com pessoal e as receitas (turnover), deve ler-se no segundo eixo (%), pois trata-se de um valor relativo e não absoluto.
Ao contrário das outras principais equipas portuguesas, por muitos malabarismos que se façam para transformar custos com o pessoal em serviços externos, o Benfica normalmente cumpre este requisito. Porém, convém realçar, que uma eventual ausência da Liga dos Campeões poderá alterar esse facto dado o peso dessas receitas no total das receitas do Benfica, como se comprova pelo pico (86%) que aconteceu na época de 2008-09.
Como o post já vai longo, em jeito de resumo, podemos dizer que a gestão do Benfica, em particular nos últimos anos, tem sido marcada por investimentos significativos na aquisição de jogadores, tanto em valor como em quantidade. Esses investimentos além de ultrapassarem o valor das vendas, e atenção que salientámos que não se tratam dos valores das mais-valias geradas mas apenas dos valores das transferências, originaram um crescimento significativo das amortizações anuais.
Outra consequência foi um aumento significativo dos custos com pessoal, mas esse valor tem sido contra-balançado pelo crescimento das receitas. No entanto, como as receitas dependem do desempenho desportivo na liga interna com a consequente qualificação para a Liga dos Campeões, esse factor é um factor de risco para o cumprimento de um dos requisitos do Financial Fair-play da UEFA que entrará em vigor na época 2013/14.
PS - Não há engano, este post foi republicado visto que chegámos à conclusão que a não explicação sobre os conceitos de amortizações e transferências líquidas poderia ter tornado o texto demasiado técnico, pelo que optou-se pela republicação com a inclusão da explicação do que são as amortizações e o saldo líquido das transferências.
Outra consequência foi um aumento significativo dos custos com pessoal, mas esse valor tem sido contra-balançado pelo crescimento das receitas. No entanto, como as receitas dependem do desempenho desportivo na liga interna com a consequente qualificação para a Liga dos Campeões, esse factor é um factor de risco para o cumprimento de um dos requisitos do Financial Fair-play da UEFA que entrará em vigor na época 2013/14.
PS - Não há engano, este post foi republicado visto que chegámos à conclusão que a não explicação sobre os conceitos de amortizações e transferências líquidas poderia ter tornado o texto demasiado técnico, pelo que optou-se pela republicação com a inclusão da explicação do que são as amortizações e o saldo líquido das transferências.
18 comentários:
Incluíste a alienação parcial dos passes ao fundo?
Nas vendas, consideraste o valor total ou apenas a parte que cabia à SAD (nos casos em que não detínhamos a totalidade do passe)?
Tens em consideração pagamentos ou recebimentos por empréstimo de jogadores? Se não, consideras relevante neste contexto?
Obrigado!
Eu sobre esta direção quem me conhece sabe o que acho mas tambem acho que estar a falar disto em semana de classico é um golpe um bocado baixo,parece que ja andas apalpar terreno caso a coisa corra mal no domingo
Olá B Cool,
Apesar de andar submerso a qualidade do teu trabalho obriga-me a vir à tona ;)
Estruturalmente a principal determinante dos RL tem sido o nível de receitas. Isto resulta de uma elevada alavancagem operacional que, na actual conjuntura, exige maiores cuidados - refiro-me ao ambiente económico e ao previsível impacto negativo na generalidade das receitas. Deste lado, o operacional, o volume de negócios vai perdendo poder essencialmente pelo crescimento do quadro de jogadores e do seu valor - parece haver margem para melhorar a exploração sem grande prejuízo da competitividade. De facto, a simples redução do número de jogadores, pela redução das amortizações, beneficiará os resultados (de notar que apenas em 08/09 a dimensão do RL negativo extravasa o valor das amortizações), protegendo os Capitais Próprios, muito embora possa ser prejudicial em termos de Cash Flow no curto prazo (em rigor seria neutra, diluindo eventuais indemnizações pela duração dos vínculos). Falta saber se ainda se mantém como estratégica a opção pelo modelo de negócio de negociação de jogadores.
Do lado financeiro, que trataste no outro post, a alavancagem tem sido crescente e salta à vista de qualquer um que esse rumo tem que ser invertido - na verdade parece que já está a ser. Devo dizer que, muito mais que o nível absoluto da dívida financeira, preocupa-me a manutenção de uma proporção exagerada de dívida de curto prazo, situação muito comum em empresas portuguesas e que até tem alguns inesperados benefícios, mas que traz ao clube maior exposição ao risco, ainda por cima a somar ao maior risco operacional. Tal como tu, aguardo, com expectativa, notícias das condições de refinanciamento dos empréstimos obrigacionistas... Dá-me esperança o facto de haver na SAD quem considere que, apesar do aumento do risco de que já falei, ainda há espaço para acomodar mais risco, através da aventura que se desenha nos direitos de transmissão - estando de fora isto parece-me ter tudo para ser ruinoso: note-se que, com tudo o resto constante, com um contrato equivalente ao que rejeitámos há pouco menos de um ano, os resultados apenas seriam negativos em 08/09 e 09/10.
Pondo os nomes nos bois, eu não contesto, nem nunca contestarei, a opção da SAD tomada a partir de 08/09 de valorização do plantel, mesmo que para isso se tenha tomado mais risco. Concordo contigo quando dizes que o rendimento desportivo tem ficado muito aquém do que seria de exigir, mas também concordei com o JJ quando disse há dias que se ganharam outras coisas para além de títulos. O que concluo é que se tomou uma opção que considero correcta mas que me parece não haver capacidade para a desenvolver ao máximo. Este ano tem-nos valido JJ que parece que já foi promovido, uma vez que já faz milagres...
Cumprimentos
Grande trabalho, uma vez mais, BCool. Agradeço-te o tempo que perdeste a fazer uma coisa que todos nós deveríamos fazer.
Acho que só falta uma questão: para além de saber quais são os resultados efectivos da políica, resta estimar os potenciais. Ou seja, comparar os activos que temos hoje e os que tínhamos há 5, 6, 7 anos.
Caro B Cool,
Quero desde já agradecer pelo trabalhoso artigo.
Contudo, gostaria de saber ao certo o que se entende por "amortizações" no texto?
Elas compreendem os juros e o pagamento dos empréstimos bancários ou também o pagamento faseado dos jogadores? É que se assim for não há uma cerca duplicação na contabilização dos custos?
Agradecia que me esclarecesses esse ponto, até porque não sou da área financeira...
;)
Sobre os títulos do Dortmund (e do investimento que fizeram, comparado com o do Benfica), há também na Alemanha fiscais-de-linha que "se equivocam" a decidir foras-de-jogo a receberem na época seguinte prémios da associação de futebol de Munique?
@Tomaz,
Usei os números indicados pela SAD nos relatórios anuais. Quanto à diminuição das percentagens usadas, elas contrabalançam-se com os réditos das cedências ao BSF.
Os empréstimos não os considerei relevantes por 2 ordens de razões:
- os valores são normalmente irrelevantes
- não são consideradas alienações de jogadores.
@rui,
se é isso que achas, nada do que eu possa dizer vai mudar este teu achismo
@Bicadas,
Obrigado pelos teus inputs.
Quanto às receitas, serão objecto de análise em futuros posts.
A avaliar pelas aquisições efectuadas esta época - Salvio, Ola John e Lima, estamos a falar de um incremento das amortizações anuais na ordem dos 5 milhões.
Claro que a saída do Witsel terá implicado a diminuição anual entre 1,3 e 1,5 milhões, mas sempre que se fala de aquisições por mais de 5 milhões de euros e parece que o Benfica agora não consegue comprar mais barato, as amortizações subirão. Mais grave que as amortizações subirem, é o facto de vários investimentos acabarem sem qualquer retorno.
Se há alguns que assim o são pela experiência e qualidade dos jogadores como Martins, Aimar ou Saviola, o problema são os Sidneis, os Jaras, os Yebdas, os Makukulas, isto sem contar com os muitos jogadores que nem chegam a jogar na equipa principal e que o preço de custo acaba por ser superior ao preço de venda, mesmo não sendo preços elevados tipo Schaffer, Andrés Diaz, José Luis Fernandez, Weldon, Patrick, Leo Kanu e outros monos do género.
Quanto ao modelo de negócio faz sentido, mas se for optimizado o modelo, isto é, não faz sentido comprar jogadores medianos, baratos ou caros, mas jogadores com potencial, desde que sejam analisados psicologicamente para perceber se têm capacidade para se adaptar às mudanças ou se não têm estrutura mental para essas mudanças. Não se eliminará totalmente o risco, mas a implementação deste teste, além dos físicos, antes das contratações poderia contribuir para detectar certas situações à priori. (cont.)
(cont.)
Do lado financeiro, acho que a mudança de atitude tem a ver com imposições dos parceiros, mais do que com decisões estratégicas.
E o problema é que as opções anteriores limitaram as opções actuais porque tiraram vários graus de liberdade dado o endividamento, um pouco à semelhança do país.
A opção por empréstimos obrigacionistas, sem que estes tenham sido usados para se criar um modelo que seja auto-sustentável, seja ele baseado na formação, seja ele baseado na detecção de valores estrangeiros e posterior valorização dos mesmos antes de serem transacionados assegurando mais-valias significativas.
Quanto aos riscos adicionais que vão optar por seguir, penso que tenham estudos que comprovem que a exploração internacional possa ser mais vantajosa que a exploração nacional dos mesmos, o que só serve para mostrar que quem em Portugal detém os direitos é extremamente incompetente na sua exploração, além de terem activamente promovido o esvaziamento dos estádios o que ainda dificulta mais a venda do produto internacionalmente.
Quanto ao Jesus, o objectivo do Benfica são os títulos e mais do que a qualidade do jogo ou a capacidade de potenciar jogadores, é por eles que o desempenho dele deve ser avaliado.
Pode questionar-se se haverá quem tenha capacidade para levar o Benfica a ganhar mais, mas perante isso eu penso, mal estará o futebol do Benfica se o técnico mais capaz do mundo e arredores para as possibilidades do Benfica, e poucos são os que o Benfica não pode pagar, não consegue obtê-los de forma consistente.
@Mr. Shankly,
É muito complicado esse exercício, pelo menos para mim.
Em primeiro lugar, a valorização correcta dos activos perante quem vê de fora, depende da informação disponível e embora hoje em dia os relatórios já tenham muita informação, a verdade é que ficam ainda aquém do desejável, ou por exemplo do que o Porto informa.
Em segundo lugar, fazer cenários alternativos passa por usar premissas que são muito difíceis de verificar.
Por exemplo, se o Benfica tem conseguido eliminar o Chelsea e o Barcelona e conseguisse ter ido à final da Champions, mesmo que perdesse, não tenho dúvidas que teria tido propostas por muitos jogadores, mesmo antes de 30 de Junho e consequentemente ter equilibrado as finanças, isto já sem falar dos prémios desportivos da UEFA.
A questão é que os efeitos não se limitariam a esta época como também às seguintes.
Quem fala da champions, pode falar de ter passado o braga e ter ganho a UEFA ao porto, pois isso implicaria uma grande valorização dos jogadores.
A óptica alternativa seria saber quanto foi o custo individual de todos os jogadores mais fracos que vieram para o Benfica, quais os salários que auferiram, descontar eventuais compartipações salariais dos clubes a quem estão emprestados, descontar as verbas recebidas por empréstimos (valores estes não discriminados nos relatórios) para perceber quaqnto é que se deixou de perder em jogadores que pouco ou nada acrescentaram.
Seja como for, sem ter acesso aos números que estão na base dos relatórios anuais é para mim impossível fazer essas estimativas, mas que não deixaria de ser interessante fazer essa avaliação isso é um facto.
@PP
As amortizações dizem respeito ao seguinte:
- a diferença entre investimentos e custos tem a ver com a durabilidade dos efeitos do bem adquirido, se tiver efeito só a um ano é um custo, se tiver efeitos a mais de 1 ano é um investimento
- os investimentos como têm efeitos a mais de 1 ano, os custos de aquisição devem ser divididos pelo número de anos que o investimento produz efeitos
- a aquisição de um passe de um jogador é um investimento pois os jogadores assinam normalmente contratos a mais de 1 ano
- assim sendo, o investimento é amortizado em x anos, em que o x é o número de anos do contrato assinado
Exemplo:
O Bruno César custou 6 milhões de euros e assinou um contrato de 5 anos. Neste caso, vais dividir os 6 milhões por 5 anos e ficas com a amortização anual de 1,2 milhões de euros.
@Hugo Rocha,
Não sei se na Alemanha, no jogo com o Bayern, se o Kagawa se lesionasse, o treinador do Borussia optava por meter um avançado em vez de substituir o médio lesionado por um avançado, à semelhança do que o Jesus fez quando ganhava 2-1.
Independentemente disso, aqui fala-se de gestão, de como as opções que se tomam em termos de gestão afectam e muito os anos futuros.
Caso não tenhas recordação, a máquina de vendas do Porto começou após o Mourinho os ter levado a ganhar a UEFA e a Champions e no ano da Champions, o Porto ter sido a base da selecção que foi vice-campeã europeia.
Obviamente que aproveitaram isso para enfiar uns quantos barretes, mas o Benfica também beneficiou disso (do europeu) para enfiar o Tiago no Chelsea.
B Cool,
Obrigado pelo esclarecimento. É que já vi várias pessoas a duplicarem valores à pala disso, ou seja, colocam um custo dos tais €6M do Bruno César (por exemplo) no ano que foi adquirido e depois nos anos seguintes incluem novamente essas amortizações. Daí que tenha querido esclarecer.
Já agora, sabes quanto é que estamos a gastar com pagamentos de juros dos empréstimos por ano?
PS: Seria possível o Benfica ser auto-sustentável ao ponto de gerar lucros que poderia emprestar às instituições bancárias em forma de fundos?
Benfica SAD - 14,630 milhões
Consolidado - 16,950 milhões
A única forma de isso acontecer seria a Benfica SAD ter excedentes de tesouraria tais que pagasse o passivo bancário e depois disso os aplicasse na compra de empréstimos obrigaccionistas dos bancos.
Seja como for isso seria uma aplicação muito pouco inteligente, porque o negócio da Benfica SAD é potenciar as receitas a partir da sua equipa de futebol.
O objectivo seria desenvolver projectos para potenciar as receitas da marca, nomeadamente internacionalizando a marca ou no limite comprando os direitos da liga portuguesa para se constituir como alternativa à sport tv, mas confesso que não estou a ver porto e sporting a venderem os seus direitos à benfica tv, pelo que seria mais fácil comprar a sport tv do que os direitos.
Seja como for é muito dificil chegar a esse ponto. Pessoalmente se conseguíssemos diminuir significativamente o passivo já ficava satisfeito
B Cool,
Agradeço-te a atenção pela revisão do artigo no que respeita a alguns conceitos que pelo menos para mim ficaram clarificados.
Quanto ao meu ps no qual respondeste estou completamente de acordo e fizeste bem em relembrar-me a questão da internacionalização da marca do Benfica.
Ainda sobre este artigo, há uma coisa que não bate certo com o que o LFV falou na altura das eleições sobre o número de jogadores com contrato com o Benfica. Ele argumentava que os cedidos geravam até um certo lucro... lucro esse por uma quantia da cedência de empréstimos, mais o pagamento dos respectivos vencimentos. Olhando para o teu gráfico dá-me a sensação que o sr. presidente deu peta. É verdade o que escrevi?
Outra questão que gostava que me explicasses (ou outro leitor pudesse explicar) é a seguinte: quem é que anda a lucrar com este esquema todo?
É que o Benfica não é... pelo que percebo só pagamos as contas... e pior é que nem títulos vemos!
@PP,
Penso que a evolução de custos com o pessoal é bastante explicativa e se poupamos salários com empréstimos não quero pensar em que valores atingiríamos.
Quanto ao valores das cedências, são um dos items que são classificados em outros proveitos operacionais. Estes valores são residuais quando comparados com os valores das transferências.
Quem ganha com este esquema todo ?
Quem quiser responder que responda, mas de certeza que pelo menos os empresários cujas comissões têm sido cada vez maiores, quer nas compras, quer nas vendas de passes, não têm muito que se queixar.
A ideia é boa. Mas os cálculos não estão bem feitos...
Fica a intenção...
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