Dá para encarar este jogo e este resultado dos mais variadíssimos prismas.
Catástrofe? Azar? Incompetência? Injustiça? Arbitragem? Euforia? Mau Benfica? Bom Setúbal? Primeiro milho é para os pardais?
Para começar é importante realçar a equipa visitante. O Setúbal veio ao Estádio da Luz fazer o jogo, praticar um futebol positivo, procurar a baliza adversária e, sem ignorar a dimensão superior do Benfica, olhar olhos nos jogos contra os nossos.
A arbitragem é sempre parte do jogo. Tenho muita pena daqueles que passam a vida a apontar o dedo aos outros quando reclamam das arbitragens mas depois quando não estão a ganhar fazem o mesmo. É a hipocrisia do Futebol e existe às montanhas dentro do nosso Benfica, principalmente entre os que mais comunicam para o exterior.
Foi uma boa arbitragem? Não.
O árbitro errou, teve erros para os dois lados e aos 82 esteve bem ao assinalar um penalty claro a nosso favor.
Há um lance, um lance crucial, que pode levar ao debate. O golo do Setúbal pode ter sido conseguido em fora-de-jogo. É para análise académica.
Não me parece que tanta barulheira à volta da arbitragem se justifique.
Quanto ao nosso jogo não fiquei tão desiludido quanto muitos que tenho lido.
Não fizemos uma enorme exibição, não fomos dominadores nem massacrámos o Setúbal (e se calhar era isto que se exigia) mas fizemos um bom jogo que podíamos ter vencido com um ligeiro maior acerto.
Para mim o mais positivo na nossa exibição foi a confirmação que há ali muito futebol nos pezinhos daqueles jogadores. Ontem deu para ter um vislumbre daquilo que podem vir a ser as combinações entre os nossos jogadores mais ofensivos.
Horta, Pizzi, Cervi, Grimaldo, Jonas… Tanta magia que pode surgir ali.
Basicamente a minha opinião não mudou desde a Supertaça. Há qualidade, há potencial, há craques mas ainda falta muito trabalha táctico nesta equipa.
Defensivamente estamos muito mais permeáveis. O Cervi não defende como o Nico já defendia e o Horta não é o bicho que era o Renato. Sem esquecer que na direita está o vertiginoso Semedo e não o equilibrador Almeida.
Nunca gostei do processo defensivo que o Vitória colocou no Benfica mas nesta altura temos é menos gente a defender relativamente à época passada.
Ofensivamente jogar com o Pizzi na direita traz uma qualidade ao jogo interior que o Salvio não consegue dar. Achei o Salvio, como já é sua imagem, muito desligado do colectivo da equipa. Ainda por cima não acho que tenha deslumbrado nas suas iniciativas mais individuais.
E claro que não ter Jonas muda tudo ali.
O Cervi tem pés de craque mas está muito verdinho. Longe ainda da capacidade de decisão e da confiança que o Nico já tinha.
Adoro o Horta, estou cada vez mais fã dele mas ainda acho que não tem características para ser o nosso 8 titular. Para jogos teoricamente mais exigentes não o vejo a conseguir jogar num meio-campo a dois.
Ao contrário do que tenho ouvido não acho que o Vitória devesse ter entrado com o Raúl ao lado do Mitro. Para substituir Jonas só mesmo Jonas. Para jogar na posição do Jonas a escolha teria de ser entre o Fonte (lesionado), Pizzi, Guedes ou Rafa (não sei ainda o que esperar do Zivkovic).
Não gostei nada dos nossos últimos 25 minutos. A equipa entrou em desespero, muito jogo directo, pouca clarividência e más decisões.
Na minha opinião um dos momentos mais marcantes do jogo foi a decisão do Rui Vitória de colocar o Jiménez no lugar do Cervi. A equipa perdeu qualidade na construção de jogo e leu nessa substituição uma mensagem de desespero de “bola para a área” do treinador.
Ah e o Carrilo… Muito longe de estar em condições de jogar. Era baixar o preço do Rafa com o empréstimo do peruano por um ano.
Este resultado chateia-me mas ainda não me preocupa. Tal como não me preocupa (mais do que já estou há um ano) a exibição da equipa.
Esta recepção ao Setúbal foi a nosso vitória moral da época. Ganhou-se realismo, acalmou-se a euforia e serviu para a equipa crescer para o que falta da época.
Venham mais jogos que eu vivo é disto.
8 comentários:
o problema não é o nelson é o termos dois laterais muito ofensivos a jogar ao mesmo tempo e maioria das vezes os dois a adiantarem-se ao mesmo tempo.
horta não tem concorrente esse é o grande erro como o ano passado nem tínhamos ninguém até vir o renato e depois ficamos sempre dependentes dele jogar sempre valeu que não se lesionou.
pizzi, tal como rafa não funciona como segundo avançado, a jogar com esta tactica sem jonas e sem fonte as alternativas são o guedes,o jimenez e o jovic.
para meter o pizzi, o rafa ou o cervi só alterando a tactica.
carrillo nunca será emprestado a um clube português não faz sentido nem o jogador aceita seria uma despromoção e uma humilhação.
até podes ter perdido qualidade de construção de jogo com a entrada do jimenez só que essa construção era inócua até essa altura tinha duas oportunidades mesmo no fim da primeira parte a partir dai em metade do tempo dobraste as oportunidades.
Bolas, temos um dos melhores pontas de lança jovens da Europa e vamos desperdiça-lo! Jovic
Há um erro capital, e que dita a diferença relativamente aos jogos dos nossos rivais este fim-de-semana: Não sofrer golos nas poucas oportunidades concedidas.
Tem de ser mantra, frase motivacional ou o que for. É a base de tudo.
Porque até num jogo menos conseguido, como tivemos alguns o ano passado, podemos marcar num lance fortuito. Mas não podemos deitar tudo a perder num golo concedido nas 2/3 oportunidades que os outros têm.
Não aconteceu nenhuma desgraçada e há ali muito talento. Muito mesmo. É seguir em frente e trabalhar.
Mais um bom post.
Vamos a ver se o Rui Vitória consegue equilibrar a equipa como conseguiu o ano passado. Esse é o grande desafio.
E sim, o ano passado Gaitan lesionou-se mas tinhamos Jonas... quando Jonas se lesiona temos... ups... pois. A qualidade com experiência ainda não está lá para certos jogadores mas é uma questão de acreditar que temos hipóteses para ir longe. Não fomos campeões à toa.
A única coisa que preocupa é que, o ano passado, nós fomos campeões nestes jogos. Este ano o sporting terá a exigencia da champions e vai perder mais pontos, não acredito assim tanto na capacidade do porto de aguentar após os primeiros desaires pelo que vamos ver. Tudo em aberto.
Carrega Benfica!
João Carlos,
Não concordo com algumas coisas.
O Jimenez é um ponta de lança. Não é para jogar atrás do ponta de lança mas sim ao lado dele.
Humilhação seria ficar mais um segundo ano sem jogar e o Benfica perder qualquer hipótese de ter algum rendimento com ele. O jogador ficou um ano sem jogar e tem agora de lidar com as consequências disso.
Acho que comparar oportunidades de golo com o resultado a 0-0 com uma altura em que o resultado era 0-1 é inconsequente.
A concorrência do Horta a 8 será o danilo.
concordo com o que dizes do jimenez mas devido à sua mobilidade e com este tipo de equipas faz mas sentido ele jogar do que jogar um jogador tipo o pizzi, o rafa ou o cervi.
não acho que ele vá ficar sem jogar assim tanto acho que é uma questão de ganhar ritmo, e se o queriam rentabilizar não sei para é que foram contratar mais tres extremos depois de o contratarem alias o rafa a ser rentabilizado provavelmente nunca dará tanto lucro como o carrillo rentabilizado.
não vejo porque o empate é tão mau resultado como a derrota, especialmente em casa e com este tipo de clubes.
só que o danilo não é um 8, alias é muito mais 8 o samaris que o danilo e tens-se comprovado que samaris a 8 muitas das vezes fica curto.
Concordo em tudo no seu post. Como foi referido em alguns comentários, também gostava mais de ver o Fonte e o Jovi. Sem dúvida que a equipa está em construção, envergonham - me as queixas do árbitro, eu acho que começa a existir bons valores que emergem neste campo.
Acho que o único lance crucial da arbitragem é mesmo a expulsão perdoada ao karateca do Setúbal. O lance do golo do Setúbal é "como mandam as regras", em caso de dúvida beneficie-se o atacante. Também acho que o Benfica devia ter feito muito mais para aquele golo do Setúbal ser irrelevante nas contas finais.
O Zivkovic está lesionado, mas pelo que se viu é concorrência para as alas. Aparenta flectir para dentro como poucos e acho que mesmo colocado atrás do ponta de lança acabaria invariavelmente por fugir para uma ala. Neste jogo eu tinha ido com Guedes no apoio, como em Tondela, e Pizzi na direita. O Sálvio foi um autêntico lateral do Setúbal (e na Choupana repetiu durante uns bons 70 minutos, "abençoado" golo do Tobias que despertou da letargia).
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