sexta-feira, 30 de junho de 2017

O crónico cronismo



Exceptuando ilustres e raros talentos, os jornais desportivos estão pejados de crónicas pavorosas - textos horríveis, mal escritos, mal pensados, cheios de ódio e clubismo doentio. Onde estão as crónicas que nos iluminam o dia? Por que razão se convidam pessoas apenas por serem "famosas"? Qual é o interesse em acompanhar os delírios de Eduardo Barroso, Sílvio Cervan ou Pedro Marques Lopes senão pelo facto de estarmos a ler o que escrevem e o que pensam (mal) um cirurgião, um político e um comentador televisivo? Que sentido faz ler uma pessoa apenas porque é famosa? O mediatismo ensina a gostar de futebol, a saber escrever, a apaixonar o leitor?

Tudo aquilo é angustiante porque não tem qualquer valor. Uma sucessão de frases-feitas com críticas idiotas aos árbitros e piadas broncas aos adversários, nada mais. O "meu Sporting", o "Carrega, Benfica", o "Somos Porto" de dezenas de adeptos VIP que espalham a mediocridade pelos jornais, que incitam a maus pensamentos e péssimas acções, que são o espelho mais fiel de uma sociedade corrompida pelos interesses pessoais.

Onde estão as crónicas dos ilustres, daqueles que nos faziam e fazem aprender mais sobre o jogo, gostar mais do jogo, viver mais o jogo? Onde está o brio de um Director que convida a mediocridade para tentar vender mais jornais através do mediatismo do medíocre cronista? Onde estão o Carlos Pinhão, o Assis Pacheco, o Nelson Rodrigues, o Artur Semedo, o Artur Agostinho, o Rui Tovar, o O'Neill, o Cesariny, o Ruy Belo, o Galeano? Isto podia ser tudo um bocadinho mais bonito.

7 comentários:

Paranoid Android disse...

Podia e devia. O clientelismo fala mais alto.

Benfiquista Tripeiro disse...

Vai sonhando, Ricardo, esse tempo já foi.

Os jornais apresentam o que as massas querem e sabem ler. E a bola de neve vai rolando montanha abaixo. Basta olhar para o JN, um jornal de referência durante décadas transformado em sei lá o quê, sempre atrás das audiências que o cm lhe roubou.

Anónimo disse...

Não esquecer da Leonor Pinhão...

Anónimo disse...

Já agora parece que a Bola tem dois a menos: Eduardo Barroso e Rui Gomes da Silva. Aos poucos o ar vai ficando mais limpo...

Rui disse...

Tens razão, evidentemente, Ricardo, mas cada um deles fala para as suas audiências e a imprensa reproduz aquilo que se vê nos "programas de conversa sobre futebol".

Infelizmente, não só no futebol, o panorama desportivo está cada vez mais sectário. Infelizmente, também, a grande maioria dos adeptos é profundamente sectária. Aliás, com tanta lixeirada que se vê por parte de dirigentes e comentadores, só muito poucos conseguem ter o distanciamento necessário para não se contagiar.

Triste imprensa, triste desporto, triste país.

Anónimo disse...

Quem não vai nessa conversa,são os presidentes(infelizmente)

R.B. NorTør disse...

Consequências dos tempos. Longe vão os tempos em que o jornalismo deportivo era uma escola, quer dos que iam para outras paragens, quer dos que aí começavam uma carreira nas letras.

Só que o que dizes é tão verdade para o desporto como para a imprensa em geral. Daí que eu me tenha rendido ao que a Tribuna Expresso vai fazendo. Se não estão ao nível de lendas, estão suficientemente acima da mediocridade geral.