Um dos principais assuntos nesta segunda metade da época tem
sido o contraste entre a produção da equipa do Benfica nos jogos em casa e
fora.
A tese que mais vejo defendida tem sido baseada em motivos psicológicos. Dentro
do clube, e também na boca de alguns adeptos com menor capacidade critica, a
tese é a da negação, utilizando palavras como pragmatismo e expressões como “1º
lugar”.
Para mim esta discussão tem de ser sobre táctica.
Quando se discutem os 3 grandes muito dificilmente nos
lembramos de analisar o adversário.
O Benfica não muda. Tem a sua identidade e filosofia de
jogo. O que muda é a postura dos adversários na Luz ou fora desta.
Os piores resultados, as piores exibições e as mais desapontantes performances
da equipa do Benfica foram em que jogos?
– Liga dos Campeões, jogos com equipas
de qualidade igual ou superior ao Braga e também nos jogos fora da Luz.
Não há coincidências. Nós somos iguais mas os adversários são diferentes ou apresentam-se de forma diferente.
Não há coincidências. Nós somos iguais mas os adversários são diferentes ou apresentam-se de forma diferente.
Este Benfica é uma equipa de ataque, de transacções rápidas
e de muita correria. É um Benfica que ataca com 8 e em velocidade e que defende
em esforço com os que tiverem recuados ou pernas para acompanhar. É um esquema
muito bem trabalhado pelo Jorge Jesus, uma filosofia que já está num grau de
maturação muito elevado e há um enorme mérito do treinador no modo rotinado e
natural como isto funciona.
Contudo o demérito acompanha estes méritos. Não temos plano B e o plano A é
fenomenal para jogos de massacre mas débil para jogos mais equilibrados.
Na luz a maioria das equipas apresenta-se de forma defensiva, com as linhas
muito recuadas, sem procurar ter bola e jogando na expectativa de um contra
ataque.
É com equipas assim posicionadas que o Benfica se sente mais à vontade.
Nesses jogos o Benfica quase só ataca e é para o momento ofensivo que esta equipa está montada.
Vejamos: Maxi, Eliseu, Samaris, Pizzi, Salvio, Nico, Lima e Jonas. 8 jogadores que gostam de atacar e que são ofensivos nas posições em que se apresentam.
É com equipas assim posicionadas que o Benfica se sente mais à vontade.
Nesses jogos o Benfica quase só ataca e é para o momento ofensivo que esta equipa está montada.
Vejamos: Maxi, Eliseu, Samaris, Pizzi, Salvio, Nico, Lima e Jonas. 8 jogadores que gostam de atacar e que são ofensivos nas posições em que se apresentam.
O que acontece quando a equipa que se encolheu na Luz,
recebe o Benfica?
As equipas fora do top 4 nacional, fora jogam mais
recolhidas mas jogando em casa libertam-se mais, procuram ter bola, disputar o
jogo, sobem as linhas e têm mais vontade de jogar futebol.
Isso faz com que o Benfica recue as suas linhas, elimina a constância de momentos ofensivos encarnados, obriga o Benfica a disputar o domínio do meio-campo e afasta os nossos 5 atacantes da área adversária.
O Benfica fica mais desconfortável em campo.
Isso faz com que o Benfica recue as suas linhas, elimina a constância de momentos ofensivos encarnados, obriga o Benfica a disputar o domínio do meio-campo e afasta os nossos 5 atacantes da área adversária.
O Benfica fica mais desconfortável em campo.
Vejamos: Lima, Jonas, Nico e Salvio, 4 atacantes que se
esforçam defensivamente mas que são jogadores puramente de ataque; Pizzi um
médio ofensivo lutador mas com evidentes carências defensivas; Samaris um médio
com gosto pelo ataque adaptado a 6; Maxi um lateral todo o terreno e com grande
tendência para subir pela ala; Eliseu… extremo sem qualidade defensiva e mesmo
assim adaptado a lateral.
Portanto para mim está aqui a explicação para a diferença do Benfica na Luz ou
fora da Luz: postura do adversário.
E atenção. Estou longe de criticar a qualidade defensiva da
nossa equipa. É impressionante o modo como o Luisão orienta a nossa linha
defensiva, como o Salvio e o Nico recuam no terreno e como o Lima ajuda na luta
do meio-campo. Nos jogos referidos o Benfica não defende mal, à excepção de
erros individuais de um ou outro jogador. Nesses jogos o Benfica tem é muita
dificuldade em ter meio-campo, em ter bola e em sair para o ataque. Portanto o
adversário está mais próxima da nossa área, tem menos preocupações defensivas,
tem mais bola, mais iniciativa de jogo e como tal torna-se mais perigoso, ao
contrário de nós.
Claro que a qualidade dos jogadores também conta para muito. Por isso, apesar
de maiores dificuldades, temos conseguido ganhar a maioria dos jogos
forasteiros.
Quando o fosso entre a qualidade dos jogadores já não é assim tão grande a
conversa tem sido diferente. A única excepção foi a vitória no Dragão, sobre a
qual não me canso de repetir o quanto enorme foi apesar de uma fraca exibição
nossa que ainda por cima contou com a incompetência ofensiva do adversário –
ineficácia.
Este Domingo na Luz o Porto poderá causar grandes
dificuldades ao Benfica. Quando a equipa portista está bem aquele 4-3-3
normalmente superioriza-se à filosófica do Jorge Jesus.
Não sei que Porto teremos mas sei que teremos de correr e lutar muito mais que
eles, sei que se jogarmos para o empate, sei que se jogarmos com maior cautela,
provavelmente iremos sofrer bastante.
Se o JJ optar por usar a equipa habitual com a filosofia habitual, teremos de
ir para cima deles. Para jogar de forma mais equilibrada e segura seria
primeiro necessário alterar alguns jogadores e posicionamentos na equipa, sendo
que estrear tal inovação nesta altura do campeonato seja um risco pouco
aconselhável.
Nesse caso estaria a falar do Almeida no lugar do Eliseu,
estaria a falar num meio-campo diferente, com Samaris acompanhado por Amorim ou
Fejsa ou Cristante ou mesmo por 2 destes, abdicando neste último caso de um dos
2 avançados.
Antevejo que o Jorge Jesus irá jogar com o 11 habitual mas que a equipa irá
jogar mais recuada do que o costume na Luz.
Pessoalmente, condicionado pelas rotinas da equipa tão perto do final do
campeonato, apostaria num 11 com Júlio César, Maxi Pereira, Luisão, Jardel,
André Almeida, Samaris, Ruben Amorim, Salvio, Nico Gáitan, Lima e Jonas e acima
de tudo numa equipa ofensiva, sem receios da derrota e sem pudor em tentar
impôr a sua ideia de jogo.
3 comentários:
bem escrito. mas eu insisto: nao ha plano B em nenhuma equipa de topo. tem é que haver qualidade de plantel para que o plano A, com nuances, continue com alguma eficacia nesses jogos de que falas.
e o plantel do benfica levou uma razia. o nosso plantel em qualidade individual de base e quase o do sporting. estarmos na frente é algo que so pode ser explicado com o trabalho de elite de jorge jesus.
por amor de deus: eliseu, jardel, samaris a aprender um lugar novo, pizzi a aprender um lugar novo, antes o talisca a aprender um lugar novo. jonas? era um dispensado do valencia em que ninguem acreditava. maxi é bom - mas nao é um danilo. luisao é grande - mas tenhamos presente os seus 34 anos. lima tem algumas limitacoes. andre almeida? num braga era suplente! podem ter a certeza! perdas de markovic, rodrigo, garay, siqueira, oblak. e FEJSA e AMORIM quase um ano inteiro no estaleiro...
domingo? domingo temos que ser fortes a muitos niveis. e nao, nao é para entrar a maluca.
Anónimo das 20:27,
Percebo o que dizes mas não concordo totalmente.
As tais equipas de topo também não jogam com um 11 tão de risco, são tacticamente mais equilibradas, como tal dentro do mesmo 11 conseguem fazer alterações tácticas se o jogo pedir.
O plano alternativo deste Benfica é só um, tirar o 6 e colocar mais um avançado, e sabemos que isso deu sempre borrada.
O Jorge Jesus realmente tem muito mérito no trabalho que fez com este plantel. Está cá há seis anos e acreditando muito no seu trabalho conseguiu já implementar um estilo de jogo cimentado no Benfica, onde os jogadores é que se adaptam à filosofia do treinador.
Mas... Todas essas opções duvidosas que referes, todas essas adaptações, são opção do treinador. Esses jogadores foram escolhidos pelo treinador. Vários desses jogadores adaptados foram contratados por vários milhões, investimento que poderia ser feito em jogadores da posição. E o plantel tem outras soluções que não são exploradas pelo treinador.
Portanto tudo isso é que aponta são opções, decisões e crenças do treinador, não limitações.
Entrar à maluca nunca. Temos de entrar como entramos sempre. Com este 11 e processos se entrarmos recuados seremos frágeis.
Abraço.
a diferença entre os jogos em casa e fora é a postura do adversário e basta estes subirem ligeiramente as linhas para o pizzi deixar de ter os meios campistas adversários à sua frente para passar a envolverem-no e ai seria preciso um pizzi com cultura tactica e mais agressivo defensivamente coisa que ele neste momento não é, e não sei se algum dia o vai ser, funcionou com o enzo porque ele compensava as deficiências que tinha com raça coisa que o pizzi não tem.
curiosamente vamos passar uma época inteira a adaptar jogadores no meio campo depois de meia época a adaptar um 6 quando ele começa a produzir mais ou menos começa-se a adaptar a outra posição isto tudo na zona mais nevrálgica da equipa e era evitável se em vez de andarmos a adaptar jogadores os contratasse-mos para as posições de origem era uma ideia.
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