É
importante dar as boas-vindas a Luís Filipe Vieira, neste seu regresso
ao planeta Terra após dez longos e extenuantes anos pelo espaço sideral.
Desejar-lhe um bom resto de mandato e, se possível, que seja campeão já
em andamento para a reforma do Benfica, porque certamente tem mulher,
filhos, cães, papagaios, abutres e dinossauros à espera no alpendre de
sua casa.
Como
é sabido, entre asteróides, planetas anões, estrelas, cometas e buracos
negros, o cérebro tem tendência a mirrar de espanto perante tamanha
grandiosidade universal; não raras vezes - pelos relatos a que temos
tido acesso -, acaba
mesmo por explodir, devido à compressão do ar, o que o faz, primeiro,
expandir-se dentro do crânio, depois soltar-se aos jorros de sangue e,
por fim, já em plena comunhão com o espaço, gravitar em milhares de
pedacinhos para todo o sempre.
Ao
de Vieira, valha-nos nossa senhora!, esta tragédia não ocorreu mas,
pelas declarações feitas ao sair da nave, penso ser da mais elementar
evidência afirmarmos que se encontra num estado quase fetal - um cérebro
ao nível de um rebento em gestação com duas semanas de vida umbilical.
Por
outro lado, tenhamos a decência de dar um contributo positivo a tudo
isto: haja compreensão. O que se terá passado - relatará a agência
"LUSA" nos próximos dias - terá sido aquilo a que os especialistas
consideram como um "salto no tempo", dimensão já por todos sabida ser de
grande volatilidade aquando de uma massa cinzenta sem chão
gravitacional. Vieira e o seu cérebro mirrado encontram-se hoje, em
2012, num loop que advém de terem parado há 10 anos atrás na vida
terrestre, altura em que, vestido a preceito, subiu as escadas da nave
enfiado numa máscara de carnaval muito parecida ao boneco Michelin com
um penico na cabeça e esvaiu-se verticalmente num peido astrológico,
furando, criando mazelas e destruindo a fina camada que protege o
planeta do obscuro mundo infinito que o rodeia.
Importa,
portanto, nesta altura do campeonato, relativizar. O que pensa e,
sobretudo, o que diz. Importa, numa primeira instância, ensinar-lhe a
doença que tem - que é uma junção de amnésia com nescidade - e depois,
já ciente da labareda que o afronta, pedir-lhe que feche os lábios muito
devagarinho e que assim os mantenha até ao fim dos seus dias.
Conceitos
como "credibilidade", "competitividade", "estabilidade", são ideias
muito interessantes para o ano 2000. Fazem sentido, imperam num Benfica
destroçado por uma conjugação de factores, tractores e detractores e são
obrigatórios para que o futuro comece a ser construído. O problema -
para Vieira e, em consequência, para nós - é que o ano não é o de 2000,
mas o de 2012, com novos desafios, novas metas e, acima de tudo, novas e
astronómicas (não astrológicas) dívidas. Enquanto Vieira, da distância
sideral, falava aos terráqueos benfiquistas durante estes 12 anos, o
clube - pasmemo-nos todos! - existiu e foi transportado para ínvios
caminhos alicerçado nos discursos e acções do nosso astronauta
moribundo.
Agora
é, talvez, tarde para tão meritório discurso. Os avisos de alguns, ao
longo desta longa caminhada no deserto - pontuada com breves momentos de
chuva, que logo terminavam em seca profunda -, nunca chegaram
devidamente catapultados pela força da tecnologia aos ouvidos - largos -
do viajante do espaço e, gradualmente, enquanto a doença crepitava
silenciosa por entre os pneus intergalácticos, adormeceram e
extinguiram-se.
Alguns
dos que aqui permaneceram, poucos, foram avisando para o perigo de
serem comandados do espaço por um líder eufórico - não de alegria, mas
pelos ares opiáceos da grande mancha infinita. Levantaram-se
problemáticas, indicaram-se novos caminhos, houve medo, preocupação,
angústia. A tudo, o astronauta respondeu com a sabedoria dos pouco
sábios: não ouviu. Imerso na alucinante janela da velocidade astral, o
astronauta afundou o clube e afundou os que patrocinaram a sua epopeia
além-planeta. Hoje, como ontem, o que permanece, o que verdadeiramente
sobrevive aos actos grotescos de quem nunca amou o Benfica - porque
nunca o chorou - é a capacidade regenerativa que nos faz, terrestres sem
bilhetes de ida, preservar o nosso mundo.
Ao
astronauta enfermo, resta-nos reservar-lhe a nossa profunda e sentida
mágoa, quase piedade. E enchermos o peito de ar, semearmos na terra um
novo horizonte e esperar. Devagar, sem pressas, esperar. Pode ser que um
dia acabemos por gostar de nós.
5 comentários:
é do estilo e os passarinhos alegremente esvoaçam, está um sol quentinho e tudo na terra está numa estranha harmonia... é mais ou menos né???
E não é que não aparece o crl de uma candidatura de oposição mesmo que fosse aquela oposição acarvalhada!
Afundou o clube... e eu a pensar que o tinha erguido e recuperado a credibilidade, o bom nome, as modalidades.. enfim.
Como estou enganado.. eu e os demais benfiquistas que democraticamente lá irão dar novo mandato a esta direcção.
Sim, que oposição digna desse nome com um projecto sem ser o dizer mal da direcção e esperar por derrotas do Benfica, não aparece...
Já pensaram que tanto dizer mal já mete nojo?
Eu já pensei que me mete nojo assistir a benfiquistas autistas que vêem o Benfica ser afundado numa crise desportiva, financeira e moral e ainda conseguirem ter a lata de vir dar lições de benfiquismo aos outros.
Também já pensei que tanto dizer bem à incompetência me causa asco.
E outras coisas e pessoas que me enojam.
Mas se ele é assim tão mau e se o Benfica está tão mal como é que não aparece um grande benfiquista com um projecto??
Porque é que nem o Bruno Carvalho que tanto gosta de criticar e fala diariamente do seu grupo de "salvamento do Benfica" ainda não arranjou ninguém? Acabou-se o financiamento vindo do norte?
Se calhar O Benfica não está assim tão mal. Pelo menos não precisa de vender meio-plantel para pagar dividas e ordenados em atraso. Não tem de entrar em saldos para conseguir vender os seus jogadores. E assim depois 70 milhões recebidos continuamos a ter Artur, Luisão, Garay, Maxi Pereira, Melgarejo, Matic, Carlos Martins, Bruno César, Aimar, Enzo Perez, Nolito, Gaitan, Salvio, Rodrigo, Cardozo, Lima e outros. Mais a equipa B com grandes promessas e verdadeiras possibilidades de ganhar a Liga Orangina.
Mas se alguns acham que o campeonato já está perdido quem sou eu para os desmentir. Espero que o tempo lhes demonstre o contrário.
PORQUE O BENFICA TEM UM PASSIVO MONSTRUOSO SUPERIOR AO DO BARCELONA!
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