segunda-feira, 2 de abril de 2018
A loucura mexicana
Neste momento de ternura entre o Raúl e a bola - olham-se mutuamente, rindo muito, por no mundo só eles e o Jonas saberem o que vai acontecer -, o mexicano já sentiu onde está o brasileiro e já sentiu onde estará o brasileiro daqui a 2 segundos para fazer o golo. A bola, o Raúl e o Jonas estão os três ligados entre eles e desligados de tudo o resto. Só eles viram a loucura a nascer, a crescer, a tornar-se adulta, a ser real, a maravilhar, a dar alegria aos olhos infantis de todos os adeptos que viram aquele golo. Uma loucura que é o futebol no seu estado de sangue. Uma loucura impossível de enfiar num gráfico, numa estatística, num quadro de ensinamentos sobre o jogo.
A bola vai sair, o pé esquerdo não tem grande arte, o pé direito talvez se fantasie de pé esquerdo mas vai precisar de um voo, de um passe de dança, de um mergulho para o ar, para fora do pé, do joelho, da perna, do mundo. A bola vai sair e é preciso dar-lhe um toque de ternura. É preciso um poema.
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